Xico Sá
pede demissão da Folha de S.Paulo depois de ter um artigo censurado pelo
jornal. No texto, o jornalista e escritor declarava voto em Dilma neste 2º
turno e explicava as suas razões
O
jornalista e escritor Xico Sá pediu demissão da Folha
de S. Paulo depois de
ter tido um artigo vetado pelo jornal. Na coluna, que seria publicada no sábado
11, no caderno Esporte, ele declarava seu voto na presidente Dilma Rousseff
(PT), candidata à reeleição.
No sábado, Xico Sá disparou ataques contra o que chamou de
“imprensa burguesa” e contra o candidato Aécio Neves (PSDB) em sua página no
Twitter. Ele também declarou seu voto em Dilma na rede social.
“Foda-se o PT, a merda é q ñ há a mínima manchete contra os
outros. Aí tá a putaria jornalística e eu, lá de dentro, sei como funciona”,
escreveu Xico Sá no Twitter. “Amo encher a boca e dizer IMPRENSA BURGUESA. É q
só há um lado a foder, nisso é desonesta, escrota, fdp. Pq ñ investigar
todos?”, questionou em seguida.
“Nego acha q por trabalhar na imprensa burguesa desde os 18 anos ñ
posso ser contra a orientação política dos chefes. Oxe, aí q devo ser mesmo. Um
dia ainda vou contar tudo q a imprensa ñ deixa sair se for contra a orientação
política dos grandes jornais. Só podem os reinaldões etc”, ameaçou, citando o
colunista Reinaldo Azevedo, de Veja.
Sobre as eleições, publicou: “Façam
bonito, vcs são do jogo, mas o governo brasileiro foi muito importante para o
meu povo e eu estou com meu povo. Dilma é foda!!!”. E ainda: “se fosse votar
por vcs burgueses era Aécio até o talo; mas como prefiro votar pelo meu povo da
porra e q necessita, é Dilma, carajo”. Xico Sá criticou Aécio e perguntou: “na
boa, do fundo del corazón, como alguém pode votar em Aécio? juro q não vou
julgá-lo por nenhuma das 50 escrotidões q poderia julgá-lo”.
Xico ainda fez restrições sobre a
cobertura eleitoral: “lindo qdo um menino d hj fala no roubo do PT, sobre o
qual há dúvida, e mal sabe q fui repórter d política e provei muitos roubos do
PSDB”.
Caso Maria Rita Kehl
O episódio de Xico Sá, em certa medida,
lembra o ocorrido há pouco mais de quatro anos, em 6 de outubro de 2010, com a
psicanalista Maria Rita Kehl. Ela foi demitida do jornal O Estado de S.
Paulodepois de escrever um artigo, publicado na véspera, sobre
“desqualificação” dos votos das pessoas pobres. Na ocasião, deu entrevista ao repórter Bob Fernandes,
no portal Terra Magazine, e disse ter sido dispensada por um
“delito” de opinião.
O artigo, intitulado Dois Pesos…,
terminava assim: “Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima
da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre
caracterizaram as políticas locais pelo interior do país, dizem que votar em
causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania
conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte
dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade
de seus votos”.
Na entrevista, Maria Rita chegou a declarar
que considerava um “erro estratégico” do governo queixar-se da imprensa, mas
também não conhecia nenhuma ação concreta do governo para cercear a mídia. Por
outro lado, acrescentou: “A imprensa, que tem seus interesses econômicos,
partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um ‘delito’ de
opinião”.
FONTE: Pragmatismo Político
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