Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro*
Começou a circular, via redes sociais,
nesta segunda-feira (20/10), a notícia de que o prefeito de Rio das Ostras, Alcebíades
Sabino, encaminhou à Câmara Municipal proposta de aumento salarial de 35% para os
procuradores do Município e, que tal proposta, será colocada em votação na
sessão parlamentar desta terça-feira (21/10), marcada para o horário de 17:30.
Se tal notícia procede, mais uma vez o
prefeito demonstra o seu menosprezo pelos servidores públicos de Rio das Ostras,
como fez no ano passado recusando-se a negociar um acordo coletivo de trabalho,
mesmo
havendo cinco categorias ganhando menos de um salário mínimo.
O prefeito nos vem passando, desde o
início do seu mandato, um quadro caótico dos cofres públicos. Recentemente, em
várias ocasiões, na presença de servidores, o prefeito tem repetido não saber
como pagará o funcionalismo público.
A frase atribuída ao nazista Joseph
Goebbels — uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade— tem sido a
resposta preferida do prefeito Sabino e sua equipe diante de críticas, das
demandas salariais e de condições de trabalho dos servidores públicos e das
reivindicações da população. O problema é quando a verdade, repetida mil vezes,
continua sendo verdade, sem contraponto ou contraditório capaz de desmenti-la.
E
a verdade está escancarada para os servidores e a população. Em vez do
princípio da soberania popular – “O governo do povo, pelo povo e para o povo”
(Abraham Lincoln) – , os chamados “donos do poder”, isto é, a oligarquia que
domina o município, tendo, atualmente, como representante dela, no governo municipal, o senhor Alcebíades
Sabino, não querem uma administração pública orientada no atendimento das
demandas populares. Os políticos de Rio das Ostras, sejam da facção “verde” ou
da “laranja”, defendem com unhas e dentes – e mandando
matar também, de acordo com o histórico desta cidade – a plutocracia aqui
existente. [Plutocracia: sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo
mais rico.] Querem manter as coisas como elas estão. Isto é, nas eleições, a
margem de escolha popular se reduz a decidir quem entre os representantes dos
ricos será o encarregado de aplicar as políticas que seguirão beneficiando os
próprios ricos. Em vez de soberania popular, defendem o governo dos ricos,
pelos ricos e para os ricos.
A proposta de aumento salarial para os
procuradores do município é mais uma verdade que desmente a retórica alarmista
do sr. Prefeito – e replicada, a exaustão, pelo seu secretariado e pela turma
ocupante de cargos comissionados ou funções gratificadas.
Em verdade, o que o prefeito Sabino
reserva aos servidores públicos municipais é uma austera política de arrocho
salarial, de precarização das condições de trabalho e de um quadro de humilhação
e opressão econômica.
Diante da política de pilhagem a que
estão sendo submetidos os servidores públicos de Rio das Ostras, A LUTA É MAIS
DO QUE JUSTA. Não se pode aceitar o argumento de equilíbrio das contas públicas
para justificar a violação dos direitos, mais do que legítimos, dos servidores.
Não se pode aceitar a regra dos donos do poder de “socialização dos prejuízos”,
afetando seriamente os serviços públicos que assistem à população mais pobre
(educação e saúde).
Conforme salienta o jornalista português
e militante comunista Miguel Urbano Rodrigues:
A história
ensina que na vida dos povos vítimas de uma opressão intolerável, as grandes
lutas fermentam por tempo variável até que eles se levantam em explosões
sociais vitoriosas. Então exercem o direito de resistência e à rebelião -
direito que é antiquíssimo e consta do artigo 2º da Declaração Universal dos
Direitos do Homem e do Cidadão promulgada pela Revolução Francesa de 1789. É o
direito à resistência contra a opressão econômica e social, direito que, após
os horrores da Segunda Guerra Mundial, foi incluído na Declaração Universal dos
Direitos do Homem (artigos 22 a 25).
A Constituição da Republica Federativa
do Brasil menciona-o no artigo 9. Como consta abaixo:
Art. 9º É
assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender.
Ora, o direito de greve é uma das formas
de se exercer, ainda que parcialmente, o direito à resistência contra a
opressão econômica. Opressão a que estão sendo submetidos os servidores
públicos de Rio das Ostras.
Onde
há luta tudo é conquistável e potencialmente
perdível. Mas onde não há luta a
derrota é certa.
Transformar a indignação e o inconformismo passivo numa atmosfera
de combatividade crescente dos servidores públicos será um avanço. Será um
golpe importante na engrenagem da máquina pública municipal, assentada no
mandonismo, no clientelismo, no nepotismo e na repressão (de várias ordens).
Será um passo importante para forçar a democratização das relações poder
público X cidadãos no município de Rio das Ostras.
* Professor de História da Rede
Municipal de Ensino Público de Rio das Ostras. Matrícula: 6273-1. Lotado na
Escola Municipal Padre José Dilson Dórea, bairro Âncora, Rio das Ostras.
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