sexta-feira, 9 de junho de 2023

Estreia no Rio a peça teatral "Olga e Luiz Carlos – Uma História de Amor"

Dia 15 de junho, na Arena do Sesc Copacabana estreia o espetáculo "Olga e Luiz Carlos – Uma História de Amor", baseado na troca de correspondência entre o líder comunista brasileiro, Luiz Carlos Prestes (1898-1990), e a militante comunista alemã, Olga Benario Prestes (1908-1942), em que ambos se encontravam presos. Ele no Brasil, ficando 9 anos preso, em grande parte, incomunicável, e ela prisioneira, na Alemanha, do regime nazista de Adolf Hitler, vindo a ser assassinada na câmara de gás do campo de  Bernburg, em abril de 1942. A criação e direção geral é de Silvio Tendler e a direção do espetáculo de Isabel Cavalcanti.

"Olga e Luiz Carlos – Uma História de Amor"

Arena do Sesc Copacabana 

De quinta a domingo às 20h.

Endereço: R. Domingos Ferreira, 160 – Copacabana

sábado, 27 de maio de 2023

Estreia do espetáculo "Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança"

Via fanpage Coletivos de Galochas


O grupo de teatro Coletivo de Galochas estreia o espetáculo "Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança no dia 2 de junho, sexta-feira, no Teatro Arthur Azevedo, às 21 horas, com ingressos gratuitos.

Dirigida por Rafael Presto, que também assina a dramaturgia junto de Antonio Herci, a montagem busca reconstruir cenicamente uma das passagens mais icônicas e importantes da história do Brasil do século XX, a marcha da Coluna Prestes, que tinha por objetivo libertar o povo da exploração e da ignorância, evento que marca o fim da Primeira República.

O enredo se passa no década de 1920, quando a Coluna Prestes rasga o país. Durante a marcha, um grupo de oito pessoas, dos mais diferentes lugares, formam uma inusitada família, entrelaçando e mudando suas vidas. É com essa gente simples que Luiz Carlos Prestes aprende, forjando seu espírito revolucionário.

Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança é resultado do projeto de mesmo nome contemplado na 39ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. No processo de criação, o Coletivo de Galochas realizou oficinas profissionalizantes, ciclos temáticos de palestras sobre a prática e a fundamentação teórica do teatro historicista e intervenções artísticas em locais que foram bombardeados ou que têm relação com a Revolução Paulista de 1924.

Serviço

Espetáculo: Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança
Estreia: 2 de junho de 2023 – Sexta, às 21h
Temporada: 2 a 25 de junho - Sexta e sábado (às 21h) e domingo (às 19h).
Ingressos: Gratuitos – Retirar na bilheteria 1h antes das sessões.
Duração: 100 minutos. Gênero: Drama. Classificação: 14 anos.

Sinopse: Brasil, década de 1920. A Coluna Prestes rasga o país. Durante a marcha, um grupo de oito pessoas, dos mais diferentes lugares, formam uma inusitada família, entrelaçando e mudando suas vidas. É com essa gente que Luiz Carlos Prestes aprende, forjando seu espírito revolucionário.

FICHA TÉCNICA – Direção: Rafael Presto. Dramaturgia: Antonio Herci e Rafael Presto. Direção musical, arranjos, regência e sonoplastia: Antonio Herci. Elenco / personagens: Benedita Maria de Jesus Bueno Dias (Isabel Pisca-Pisca), Daniel Lopes (Soldado Ângelo), Diego Henrique (Sargento Garcia), Eder dos Anjos (Cabo Firmino), Ivone Dias Gomes (Onça), Kleber Palmeira (Comandante Prestes), Mona Rikumbi (Tia Maria) e Wendy Villalobos (Santa Rosa). Coro Cênico: Luísa Borsari, Maria Kowales Aguirre, Matheus Kawa, Giovana Carneiro, Jota Silva, Leandro Duarte, Mateus Vicente, Nayra Priscila, Priscila Ribeiro, Silvia Lys, Tércio Moura e Victor Carriel. Musicistas/músicos: Antonio Herci (piano e sintetizadores), Jéssica Nunes (sanfona), Lula Gama (violão de 7 cordas), Miguel D’Antar (contrabaixo acústico) e Natália Lima (percussão e bateria). Cenografia, figurino e adereços: Kleber Montanheiro. Iluminação: Sueli Matsusaki e Marcos Feire. Coreografia: Letícia Doretto. Técnico de som: Gustavo Trivela. Provocação cênica: Júlio Silvério. Colaboração na criação: Nicolle Puzzi e Verônica Valentino. Audiovisual e vídeo mapeado: Diogo Gomes. Direção de produção: Gabriela Morato. Produção: Maura Cardoso. Gestão de redes sociais: Dora Scobar. Fotos: Camila Rios e Diogo Gomes. Designer Gráfico: Gustavo Oliveira. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização e realização: Coletivo de Galochas.

Teatro Arthur Azevedo
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca. São Paulo/SP.
Telefone: (11) 2604-5558. Na rede: @teatroarthurazevedosp.




sexta-feira, 19 de maio de 2023

Para download: György Lukács – “A Evolução do Racismo: da teoria das raças ao nazifascismo“ (2023) [PDF]

Em distribuição digital gratuita, o site "TraduAgindo – Formação política para a emancipação humana!" lança o livro em PDF “A Evolução do Racismo: da teoria das raças ao nazifascismo“, de György Lukács, com textos originalmente publicados no livro “A Destruição da Razão” publicado pelo Instituto Lukács, em 2020, e prefácio de Aimé Cesáire, intitulado "Introdução ao Discurso contra o Colonialismo".


O livro contem os seguintes textos de György Lukács:

  • Os inícios da teoria das raças no século XVIII
  • Gobineau e a fundação da teoria das raças
  • O darwinismo social
  • H. St. Chamberlain como fundador da teoria moderna das raças
  • A “visão de mundo nacional-socialista” e a teoria das raças

CLIQUE AQUI PARA BAIXAR O LIVRO EM PDF:

https://traduagindo.files.wordpress.com/2023/05/gyorgy_lukacs_a_evolucao_do_racismo.pdf

Segundo Wenderson Ribeiro, na "Apresentação" do livro, as justificativas para se destacar esse texto, em que Lukács aborda o desenvolvimento histórico da teoria das raças, e publicá-lo isoladamente da obra original “A Destruição da Razão” seriam: 

"A primeira justificativa é que ele apresenta uma abordagem original e ainda possui validade analítica ao discutir as mudanças e transformações nas teorias das raças, de acordo com os interesses da burguesia."

"A segunda justificativa está relacionada com a tradição lukacsiana no Brasil. O psicólogo e professor Márcio Farias, em seu brilhante texto “Lukács: apontamentos críticos acerca do racismo“, aborda os limites de alguns seguidores de Lukács no debate sobre a questão racial. [...] Além disso, ele critica outros que ignoram a importância da questão racial para compreender a objetivação do capitalismo brasileiro ou tratam qualquer discussão sobre racismo como “identitária”. Segundo Márcio Farias, esses seguidores lukacsianos estão aquém da abordagem rigorosa sobre raça e racismo feita pelo mestre húngaro."





[CLIQUE AQUI PARA BAIXAR “A DESTRUIÇÃO DA RAZÃO” DE GYÖRGY LUKÁCS]


FONTETraduAgindo – Formação política para a emancipação humana!

Luiz Carlos Prestes: o “Manifesto de Maio” e a “Revolução de 30”

Texto da historiadora Anita Prestes publicado no Blog da Boitempo, em 18/05/2023, comentando sobre o "Manifesto de Maio de 1930", assinado por Luiz Carlos Prestes, tornado público no Brasil no dia 29 de maio daquele ano na 2ª edição do jornal paulistano Diário da Noite. O documento consagrou a ruptura de Prestes com o movimento tenentista e explicitou sua posição revolucionária, anti-imperialista e de luta contra o latifúndio e pelo poder para os trabalhadores.

"Para impulsionar a luta revolucionária em nosso país, é necessário encarar a formação histórica em que essa luta sempre foi travada e hoje continua sendo. Uma formação histórica marcada pelo controle das instituições públicas e do Estado por classes dominantes conservadoras e poderosas, proprietárias de grandes extensões de terras e, durante quatro séculos, mantenedoras do regime escravista. Classes dominantes que sempre apelaram para inaudita violência contra os trabalhadores, impedindo as tentativas de organização popular que foram tentadas, inclusive pelos comunistas, sempre perseguidos e impedidos de alcançar vitórias que não fossem efêmeras."

LEIA O TEXTO COMPLETO CLICANDO NO LINK ABAIXO:

https://blogdaboitempo.com.br/2023/05/18/luiz-carlos-prestes-o-manifesto-de-maio-e-a-revolucao-de-30/



sábado, 13 de maio de 2023

Anita Prestes é capa do jornal alemão Berliner Zeitung



A historiadora Anita Prestes é capa da edição da última sexta-feira, dia 12/05/2023, do jornal alemão Berliner Zeitung e é retratada na página 3 por Niklas Franzen. Anita está na Alemanha participando de uma série de atividades relacionadas com o lançamento do seu livro Olga Benario Prestes. Eine biografische Annäherung (Olga Benario Prestes. Uma abordagem biográfica), publicado pela editora alemã Verbrecher Verlag.



A reportagem aborda notícias do lançamento da edição alemã do seu livro e sobre sua visita à "pedra do tropeço" (Stolperstein)* em homenagem à sua mãe, Olga Benario Prestes (1908-1942). O título da matéria de Niklas Franzen é "Stolpersteine: Wofür Anita Prestes ihre Mutter Olga Benario bewundert" ("Tropeços: por que Anita Prestes admira sua mãe Olga Benario"). O subtítulo diz: "Nascida em uma prisão de Berlim, Anita Prestes veio a Berlim para visitar o Stolperstein em Neukölln por causa de sua mãe, que foi assassinada pelos nazistas". O primeiro parágrafo diz o seguinte:

Anita Leocádia Prestes vira na Innstraße, passa por uma loja noturna, passa por homens com garrafas de cerveja. Ela para em frente à casa número 24, olha para a fachada e depois para o chão. Sobre uma superfície dourada, ligeiramente desgastada, está escrito: “Olga Benario viveu aqui. Nascido em 1908. Preso desde 1936. Campo de concentração de Ravensbrück em 1939. Assassinado no sanatório de Bernburg em abril de 1942.” No meio de Neukölln está a pedra de tropeço para uma mulher que foi muitas coisas. Comunista, judia, internacionalista, vítima do terror nazista. Anita Prestes, 86 anos, uma mulher elegante com grandes óculos escuros, lenço de seda e cabelos tingidos de ruivo, é sua filha.



Na revista BuchMarkt, os editores Kristine Listau e Jörg Sundermeier da editora Verbrecher Verlag, falam da felicidade de ter Anita na capa da edição de 12/05/2023 do jornal alemão Berliner Zeitung.

Jörg Sundermeier comenta: “Anita Prestes é filha da mundialmente famosa revolucionária Olga Benario, que estava grávida e, portanto, extraditada ilegalmente pelas autoridades brasileiras para a Alemanha nazista em 1936. Em novembro do mesmo ano, Benario deu à luz sua filha Anita em uma prisão feminina em Berlim, e é somente graças à perseverança da avó e tia brasileiras de [Anita] Prestes, que lançaram uma campanha mundial de Paris para libertar Olga Benario e sua filha, que Anita, de pelo menos 14 meses, foi entregue à família pelos nazistas. Infelizmente, a mãe não foi libertada, embora o México tenha oferecido asilo. Olga Benário Prestes foi assassinada pelos nazistas em 1942.”

Kristine Listau acrescenta: "É bom ver que Anita Prestes ainda está tendo um impacto tão amplo com a história de sua mãe - e também sua própria história - e continua atingindo um grande público. As leituras anteriores foram todas completamente esgotadas. Também estou pessoalmente satisfeito por poder conversar com ela sobre a publicação do livro "Berliner Kommunistische Jugend" que Olga Benario publicou na União Soviética em 1929 e que estou apenas traduzindo de volta para o alemão para a primeira edição em língua alemã . O livro vai aparecer na nossa programação de outono – Anita Prestes nos prometeu um posfácio, o que também me deixa muito feliz.”



* As “Pedras de Tropeço”, Stolpersteine, são plaquinhas feitas por iniciativa de Gunter Demnig, com as informações mais importantes sobre a vida das vítimas do nazismo (não só judeus, mas também ciganos, perseguidos políticos, homossexuais e pessoas deficiências físicas e mentais), e são colocadas na frente de onde essas pessoas moravam, ou de onde elas trabalhavam.


quinta-feira, 11 de maio de 2023

"Olga Benário é exemplo de resistência contra o fascismo"

Sobrevivente do nazismo, Anita Prestes lança em Berlim livro sobre a mãe, a revolucionária comunista Olga Benário e fala sobre volta da extrema direita no mundo.

Por Rayanne Azevedo

Passados 15 anos desde a sua última visita à Alemanha, a historiadora brasileira Anita Leocádia Benário Prestes, 86, lançou nesta segunda-feira (8/5) em Berlim a edição alemã da biografia de sua mãe, a revolucionária comunista Olga Benário.




Recebida com entusiasmo e reverência pelo público em evento organizado pela Fundação Rosa Luxemburgo, ligada ao partido alemão A Esquerda, Anita emocionou-se diversas vezes ao falar de Olga.

Ícones da luta antifacista, seus pais, Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, se conheceram na União Soviética. Enviados ao Brasil em 1935 para organizar uma fracassada tentativa de golpe contra a ditadura de Getúlio Vargas, a dupla acabou presa no ano seguinte.

Sob protesto internacional, Olga – que, além de comunista e judia, estava grávida de sete meses – acabaria entregue aos nazistas pelo governo brasileiro. 

Apesar da pressão internacional e dos intensos esforços da família de Prestes para libertar mãe e filha, apenas Anita pôde ser resgatada, em 1938. Olga foi assassinada pelos nazistas em 1942. Já Prestes só sairia da prisão em 1945.

Arquivos da Gestapo revelaram detalhes sobre últimos dias de Olga

Baseado em arquivos inéditos da Gestapo, a polícia secreta nazista, o livro é a tradução revista de obra publicada no Brasil em 2017 sob o título Olga Benário Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo.

Disponibilizada digitalmente em 2015, a documentação revela detalhes até então desconhecidos dos últimos anos de vida de Olga na Alemanha – como os maus-tratos, castigos e sucessivos interrogatórios a que foi submetida, e o trabalho forçado que ela e outras prisioneiras do campo de concentração em Ravensbrück, quase 100 quilômetros ao norte de Berlim, prestavam para a Siemens. 

O rigor dos nazistas era tamanho que, além de reter correspondências, eles chegaram a barrar até mesmo o envio de um livro em português a Olga – um pedido à sogra, mãe de Prestes, para ajudá-la a manter o contato com o idioma. A obra – Iracema, de José de Alencar – nunca chegou às mãos da prisioneira porque a Gestapo considerou seu conteúdo subversivo.


Os revolucionários comunistas Olga Benário e Luiz Carlos Prestes. Foto: Neue Visionen


Segundo Anita, a documentação também deixa claro que o tratamento dado à Olga, a manutenção de sua prisão e, por fim, seu assassinato, se deveram muito mais à "firmeza e convicção que ela tinha na luta que travava" do que à sua origem judaica. Para os nazistas, argumenta Anita, a alemã que se recusou a delatar companheiros era, acima de tudo, uma comunista perigosa.

"Se outros se tornaram traidores, eu jamais o serei", recita Anita, lembrando uma frase frequentemente proferida por Olga ao ser interrogada, e que virou epígrafe do livro. "Às vezes ela ficava dois, três meses em cela, isolada, sendo interrogada."

México, União Soviética e Inglaterra ofereceram asilo a Olga. A família Prestes, na figura da avó paterna, Leocadia, e da tia, Lygia, empenhavam-se pela sua soltura. "Mas a Gestapo era categórica: Olga era uma comunista, fanática, incorrigível. E ela tinha que delatar os companheiros. Enquanto ela não falasse, ela não saía", conta Anita à DW.

Fora da Alemanha e sem explicações ou informações concretas, a família se desesperava. As cartas redigidas por Olga, sob vigilância e censura constante dos nazistas, não forneciam nenhuma pista.

Sem notícias da filha

Sob pressão internacional, os nazistas aceitaram entregar Anita à família em 1938. O que ela só foi saber quase 80 anos depois, com a liberação dos arquivos da Gestapo, é que também nesse ponto os burocratas nazistas foram especialmente cruéis com Olga.

"Os advogados pediram que ela pelo menos visse que eu estava sendo entregue à família do meu pai. Pediram isso encarecidamente. E não foi permitido", relatou Anita à plateia em Berlim.

O receio da Gestapo, afirma, é que Olga enviasse alguma mensagem secreta pela roupa da criança. "Havia diretivas explícitas para que ela de maneira nenhuma soubesse para onde estava indo a criança. Daí a grande tensão a que ela foi submetida. Ela ficou vários dias sem saber se eu não tinha sido entregue para um orfanato nazista, que era o destino habitual dessas crianças que nasciam de pais comunistas ou judeus que estavam presos."

Em uma carta a Prestes na prisão, relata Anita, Olga descreveu aqueles como os piores dias de sua vida.

Apesar do horror, Anita diz que cresceu sabendo que os pais não queriam que ela fosse educada para ser uma vítima, e sim entender que ambos estavam felizes porque tinham a consciência da justiça pela qual lutavam.

"Olga é um exemplo de que é possível resistir contra a repressão e o fascismo. Não era só ela. Nos campos de concentração, naquelas condições assustadoras, terríveis, o pessoal resistia."

Preocupação com extrema direita e esquerda desmobilizada

O lançamento do livro em Berlim coincidiu com o Dia da Libertação, data em que a Europa celebra a capitulação da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – nascida em 1936 na prisão feminina da Barninstrasse, em Berlim, Anita é ela própria uma sobrevivente do Terceiro Reich.

Comunista convicta, a historiadora diz ver com preocupação a ascensão da extrema direita ao redor do mundo, fenômeno que associa à crise do capitalismo e à crescente concentração de renda. "Nesses momentos de crise, quando o capital [financeiro] vê que está com dificuldade de controlar a situação, aí apela para o fascismo. Foi assim nos anos 1930 e o perigo existe, está aí", afirma.

Quanto ao Brasil, ela se diz pouco otimista e critica a falta de organização popular, que atribui à herança escravagista do país. Sem um processo de conscientização e mobilização, continua, o risco é voltar a eleger alguém como o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2026. 

"O máximo que acontece hoje é: o Lula mobiliza um ato público, vai uma porção de gente que aplaude, e depois volta todo mundo para casa. Daquilo ali não sai uma organização", critica.

Ao falar à plateia em Berlim, a professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também opinou sobre as pautas identitárias. "O problema é que eles ficam cada um no seu nicho e não adquirem força para mudar a situação", avalia. "O capitalismo é o causador de todos esses problemas, daí a necessidade de lutar pelo poder e da unificação de todas essas lutas, que são importantes por si, mas perdem seu valor se ficarem isoladas."

Ela também criticou a ausência de uma cultura da memória no Brasil, citando a anistia a torturadores e o incômodo entre os militares com a Comissão da Verdade, instaurada durante o governo de Dilma Rousseff.

Em agosto do ano passado, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia chegou a defender que a corte pedisse perdão pelo chancelamento à deportação de Olga Benário.

Indagada sobre o caso, Anita reagiu com descrença, lembrando as torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar (1964-1985). "Não sei até se já se esqueceram [do assunto no STF]", desconversou. "Acho muito pouco provável que alguém vá pedir desculpas. A tradição no Brasil é de nunca punir os torturadores e criminosos."

FONTEhttps://www.dw.com/pt-br/olga-ben%C3%A1rio-%C3%A9-exemplo-de-resist%C3%AAncia-contra-o-fascismo/a-65566863