terça-feira, 29 de outubro de 2019

Ken Loach: uberização é o trabalho escravo moderno

''Todo filme é um ato político'', diz um dos maiores cineastas vivos, o britânico Ken Loach, em entrevista ao jornal The Guardian, após o sucesso do seu novo filme, 'Sorry We Missed You', considerado como uma continuação de 'Eu, Daniel Blake'

Por Redação Carta Maior



Pouco tempo depois do sucesso no recente Festival de Cinema de Cannes, o diretor britânico Kenneth Charles Loach, de 82 anos, concedeu a entrevista abaixo ao jornal de Londres The Guardian onde fala sobre seu cinema e sobre a política, dois temas que sempre estiveram entrelaçados na sua premiada e histórica filmografia.

Mestre do filme político e do realismo social do seu país, Sorry We Missed You começou a ser exibido na Europa inaugurando a estação cinematográfica nobre, do outono, com imenso sucesso de público e de crítica. Estimamos que até o fim deste ano ele esteja nas telas do Brasil.

O título Sorry We Missed You contém a ironia que se refere ao aviso deixado nas caixas do correio quando não é possível fazer a entrega da encomenda a um destinatário ausente.

É um libelo contra a uberização do trabalho e, assim como o seu festejado Eu, Daniel Blake, do qual é uma espécie de suíte, o filme relata a atual precariedade do trabalho, uma alternativa para aqueles que fogem, desesperados, do desemprego (o formal, que se torna arcaico) e mostra o empobrecimento da população das pequenas classes médias no Reino Unido.

O roteiro do seu filme, mais uma vez, é do escritor Paul Laverty, grande amigo de Loach. “Para pesquisar o assunto, ’’ diz o cineasta, ‘’ ele perambulava pelos estacionamentos conversando com motoristas de entregas a domicílio, fazia viagens em sua companhia e observava o quanto eles bebiam para manter a energia física e o seu apodrecimento.’’ O ator principal, Kris Hitchen, trabalhou nos últimos vinte anos como encanador autônomo. E muitos dos demais atores são motoristas de entrega domiciliar; trabalhadores uberizados.

O plot de Loach/Laverty levanta a vida de Ricky e sua mulher, Abby. Ela vende o seu carro e passa a usar transportes públicos para que o marido possa comprar uma camionete e fazer os turnos de 12/14 horas durante seis dias por semana, uma ocupação como solução possível para resolver os seus problemas financeiros. A equação familiar completa-se com os dois filhos.

Ambos os filmes, este e Eu, Daniel Blake, são ambientados na cidade de Newcastle, num cenário de economia quebrada e de empresas que tentam convencer os trabalhadores, desonestamente, das vantagens de serem seus próprios patrões.

Mas neste novo mergulho no realismo social britânico, embora com tom globalizante, Loach continua conferindo aos seus personagens um profundo humanismo.

Ken Loach (Getty Images)


A entrevista ao The Guardian:

The Guardian - Por que você escolheu situar a ação de Sorry, We Missed You em Newcastle, como a de Daniel Blake, ao invés de Irlanda ou mesmo na Escócia, onde você já filmou muito?

Ken Loach - Nós não queríamos arriscar ficarmos atolados no debate sobre a independência escocesa. O tema do filme não é um problema escocês, mas europeu. No entanto, a escolha de Newcastle não foi feita por acaso. É, antes de tudo, uma cidade pequena, não um grande centro como Manchester ou Birmingham. Tem uma forte identidade local, e nela se fala um dialeto ainda muito praticado. Ela está localizada em uma parte da Inglaterra relativamente separada do resto do país, onde as pessoas são orgulhosas da sua região e da sua cidade. A economia desenvolvida ali, a partir de indústrias antigas, incluindo a mineração e a construção naval, que agora foram deixadas para trás, resultaram num alto desemprego e uma profusão de empregos informais.

The Guardian – Como é a cultura local?

KL –
 É a conjunção entre uma cultura de classe trabalhadora rica e antiga, por um lado, e uma situação socioeconômica difícil, por outro, o que tornou a cidade um lugar ideal para situar a ação do filme.

The Guardian - Você poderia ter dado o título ao seu filme de ‘’ um mundo livre com trabalhadores temporários ,’’ por exemplo. Por que você escolheu o trabalho de motorista de entrega domiciliar entre várias possibilidades de outras profissões?

KL - A profissão de motorista de entregas é   particularmente vulnerável. E não queríamos filmar dentro de um centro de distribuição porque seria exigido um local enorme que excedia o orçamento que tínhamos. A vantagem de encenar um motorista de entrega é eu ele dirige através da cidade. Isto permite esboçar um retrato dela e apresentar toda uma gama de habitantes através dos destinatários das encomendas que Ricky, o entregador, distribui: o homem deficiente a quem ele ajuda a transportar as malas, o torcedor de futebol...

The Guardian – Com este filme, os espectadores podem se sentir culpados por encomendar produtos pela Internet?

KL – O tema não é a moral individual, mas a grande transformação do mundo do trabalho. Empregos fixos, com duração de oito horas por dia, com pagamento suficiente para atender às necessidades das famílias, possibilitando planejar o futuro e encontrar habitação, são transferidos para empregos instáveis e inseguros onde se é obrigado a trabalhar 12 ou 14 horas por dia para ganhar um salário mínimo, sem seguro desemprego, licença remunerada ou salário doença. Em suma, onde todos os riscos passam a ser do funcionário. Esta transferência de poder dos trabalhadores para os empregadores impede que os sindicatos funcionem; eles tentam, mas não conseguem se organizar entre esses trabalhadores.

The Guardian – No filme, a única vez em que os sindicatos são mencionados é através do perfil de Molly, um cliente de Abbyativista sindical antigo, idoso, que fala sobre as grandes greves de 1984...

KL - Sim, esta é uma das chaves do filme, ou seja, a inevitável implantação do capitalismo. O próprio funcionamento do capitalismo provoca cenas de violência. É muito simples: se houver uma competição para ganhar contratos, é o mais barato que ganha; mas para oferecer os preços mais baixos você tem que cortar o custo do trabalho.

The Guardian – E como proteger os empregos?

KL - Você não pode proteger os empregos se você não planejar a economia. E você não pode planejar o que você não tem. Os empregadores recrutam empregados somente quando precisam. Usam trabalhadores temporários ou os chamados contratados por conta própria sem assumir qualquer responsabilidade por eles. Imitam seus concorrentes, porque caso contrário eles são eliminados da corrida. Infelizmente, acredito que os políticos estão perdendo este fenômeno. Agora, eles começam a falar sobre a reabilitação dos sindicatos. Muito bem. Mas eles não têm uma compreensão do que está acontecendo e como corrigi-lo. São as próprias fundações do mercado livre que devem ser abordadas. Esse é o ponto que estamos tentando sublinhar no nosso filme.


The Guardian - Você diz que o tema do filme não é a moral individual. Os personagens de Ricky e Abby estão lutando para permanecer humanos apesar de tudo. Ainda assim, Ricky não vacila quando um de seus colegas é demitido e ele pode obter o turno de trabalho dele.
KL - Sim, é tudo contraditório. Ricky ajuda, por exemplo, um homem que tem problemas de saúde para transportar seus pacotes; mas por outro lado é levado a não fazê-lo. O sistema atual incentiva as pessoas a serem concorrentes - não camaradas. Maloney, o gerente de armazém, tenta o tempo todo jogar os motoristas uns contra os outros: "Trabalhe duro e você terá um turno mais rentável; você terá benefícios extras, mais dinheiro."

The Guardian - Os membros das classes trabalhadoras que você mostra, no entanto, continuam demonstrando o que George Orwell chama de "decência comum." Eles se comportam humanamente. Mas isso não os impediu de votar em políticos que defendem a concorrência distorcida...

KL - É uma profunda contradição. Por que as pessoas votam contra os seus próprios interesses? É um problema tão antigo quanto o sufrágio universal: a classe dominante consegue manipular o voto das classes trabalhadoras.

The Guardian – Manipulação?

KL -
 Por que se demorou tanto para sair do feudalismo? Porque havia a igreja em particular, que incentivou as pessoas a permanecer no seu lugar. Hoje, ela foi substituída nesta função pela mídia. Então, por que as pessoas votam no fascismo? Por que eles estão votando em Le Pen? É uma pergunta difícil. A resposta envolve analisar os mecanismos de construção de consciência de classe, na minha opinião.

The Guardian - No entanto, no filme não há qualquer referência à política ou aos meios de comunicação.

KL - Discutimos muito sobre isto entre nós. O problema é que quisemos apresentar uma história simples que não é inequívoca em qualquer sentido. Se tivéssemos colocado nela um representante sindical, teria sido como se eu fosse o único a me dirigir ao público diretamente para pregar a boa palavra para a platéia. E eu teria matado o filme. Os espectadores odeiam que lhes diga o que pensar. Mas ao mesmo tempo tentamos despertar neles certa raiva; fazê-los terem a vontade de se sindicalizar, por exemplo. Estamos procurando tentando fazer o público se questionar, perguntar o que podemos fazer sobre tudo isso. Mas se lhes fornecemos a resposta, isso prejudicaria toda a energia do filme.

The Guardian - A revolta, especialmente a revolta adolescente, atravessa a sua filmografia. Sebastian, o filho mais velho, é de alguma forma o único personagem no filme que realmente se rebela contra o absurdo do sistema capitalista em que todos lutam.

KL - A adolescência é a idade em que o caráter é formado e o futuro surge em aberto: é importante e interessante escutar os adolescentes. Ao mesmo tempo, a maioria dos pais entra em tensão com seus filhos em algum momento. Aqui, é porque Ricky e Abby estão exaustos pelo seu trabalho: eles não estão em casa quando as crianças chegam da escola, ou mesmo mais tarde à noite. Não é uma situação extraordinária que estamos mostrando. Cada família se reconhece nela até certo ponto.

The Guardian - Por que você escolheu uma família que não pertence à parcela mais baixa das classes sociais, mas uma que pode ser chamada de classe média mais baixa?

KL - Isso mesmo, não é a classe trabalhadora absoluta. Mas depende de como se define uma classe social. Existem diferentes níveis de pobreza dentro da classe trabalhadora. A família que mostramos faz parte, entretanto, da classe trabalhadora. São trabalhadores que não controlam sua ferramenta de produção.

The Guardian - Mas eles não têm dificuldades como alguns dos personagens de seus filmes anteriorescomo Daniel Blake ...

KL - Sim, isso é exatamente o que temos tentado mostrar: é uma boa família. Ricky e Abby estão animados. Eles querem trabalhar e são capazes disso. Eles cuidam de seus filhos, não usam drogas, não jogam dinheiro fora... Todos os ingredientes para uma vida familiar bem-sucedida estão reunidos. Exceto o fato de eles trabalharem tempo demais. Não têm segurança no trabalho nem todos os direitos conquistados pelos sindicatos como, por exemplo, um dia de oito horas, um salário decente. É por isso que o sistema os destrói de qualquer maneira.

The Guardian - Você mostra a ambivalência das novas tecnologias. Elas dizem aos funcionários o que fazer, dizem que eles podem enriquecer com a vida cotidiana. Qual é o papel do digital nesta transformação do capitalismo que você está tentando mostrar?

KL - Ricky é controlado permanentemente. Ele sabe que a qualquer hora do dia se sabe onde ele está e verifica-se, em tempo real, se cada entrega foi feita. Lembra aqueles que chicoteavam os escravos nas galeras. É a pior forma de agir do capataz nas linhas de produção. A tecnologia deve pertencer aos povos; não é para usá-los, para escravizá-los.

The Guardian - Você terá escolhido papéis muito estereotipados como a mãe assistente de enfermagem, o filho rebelde, a filha dócil? Você acha que o gênero é uma questão importante ou você vai atrás das relações de classe?

KL - Eu acho que é um problema quando as pessoas não são tratadas de forma justa e há desigualdades em termos de direitos e em termos de remuneração. Entre os motoristas de entrega a domicílio do filme há algumas mulheres; tentamos refletir o mundo social como ele é. Alguns dos cuidadores (personagem da mãe, por exemplo) são do sexo masculino, especialmente para cuidar de pessoas que precisam ser fìsicamente assistidas.

The Guardian - Você conhece o (diretor francês) Robert Guediguian? Na França, com frequ~encia, os seus filmes são comparados aos dele. Vocês dois, às vezes, são acusados de "compassivos" porque basicamente as pessoas, sem seus filmes, são "boas’’. O que você diz àqueles que o acusam de ser demasiado otimista em relação à natureza humana?

KL - Acho que as pessoas que dizem isso certamente tiveram más experiências. Em nossos filmes estamos simplesmente tentando refletir o mundo como o vemos. E acho que as pessoas costumam ser como as que mostramos. Sugiro àqueles que não estão convencidos disso de irem ao encontro de homens e mulheres em profissões comuns. Eles vão ver que essas pessoas se comportam principalmente de uma forma amigável e não hostil.

The Guardian - Você fez poucos documentários em sua carreira, e preferiu a forma da ficção. Por quê?

KL - Fizemos um documentário sobre o governo britânico de 1945, O espírito de 45, que tratou do período pós-guerra imediato, quando Churchill foi derrotado na eleição geral, e todos pensavam que ele seria reeleito. Era o grande líder da guerra. Mas as pessoas se lembraram, quando votaram, da década de 1930, do desemprego endêmico, da pobreza. Eles queriam um governo trabalhista que construiu o chamado Estado de Bem-Estar, que nacionalizou as grandes indústrias, a energia, a água... O documentário queria capturar esta respiração, mas também a maneira pela qual todo este edifício foi destruído - ou pelo menos tentou ser destruído – com o governo Thatcher. Além do mais, ficção permite mais complexidade.

The Guardian – Qual o valor do documentário e o da ficção?

KL - Documentários e ficções são apenas dois gêneros diferentes. Cada um tem o seu valor. Impossível dizer se um é melhor do que o outro. Fizemos um documentário sobre a grande greve dos mineiros de 1984, talvez o evento mais decisivo no Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial. Uma vez eleita, a estratégia de Margaret Thatcher foi lutar contra a classe trabalhadora de frente. E os canais de TV se recusaram a transmitir esse nosso documentário...

The Guardian – Mas e em termos de valor? Doc ou ficção?

KL - 
Com o documentário as mensagens podem ser transmitidas de forma muito direta enquanto a ficção nos permite explorar a complexidade das relações e as interações entre as pessoas, ao mesmo tempo em que ela lida com o contexto social mais geral. Podemos, assim, mostrar tanto os debates de idéias e os sentimentos, e a psicologia que anima cada um dos personagens. É a mesma diferença que existe entre ensaios e romances. De alguma forma a ficção permite mais complexidade.

The Guardian - Considera que o seu cinema é político?

KL – Meus dois filmes mais recentes coincidiram com a ascensão de Jeremy Corbyn. Ele é um líder. Na verdade, é um homem de esquerda. Eu apoio Jeremy Corbyn – a ele e ao seu programa. E acredito que cada um dos nossos atos pode refletir a nossa sensibilidade política, inclusive no cinema: o assunto que escolhemos para lidar, os personagens que colocamos na tela... e ilustrar o que é importante para o autor. Tudo isso tem implicações políticas porque se você não se sente preocupado com a desigualdade, a exploração, as consequências do imperialismo e o sofrimento dos outros, isto aparecerá no trabalho. Você se afastar de tudo isso, é uma escolha política! Todo filme é um ato político.

Sorry We Missed You - trailer legendado (direção de Ken Loach)


sábado, 26 de outubro de 2019

Milicias Nacionales Revolucionarias: “El derecho a defender la soberanía de la patria"


Junto a Camilo rodeados de un millón de cubanos concentrados frente al Palacio Presidencial anuncia la creación de las Milicias Nacionales Revolucionarias. Foto: Fidel Soldado de las Ideas.


Hace 60 años Fidel Castro fundaba frente al Palacio Presidencial las Milicias Nacionales Revolucionarias para defender a la isla de las amenazas de agresión militar provenientes de Estados Unidos y para la protección de objetivos civiles contra acciones de grupos terroristas. Recordamos hoy el mensaje que enviara Fidel a los miembros de las MNR a 15 años de su fundación:


Queridos compañeros:

En el curso del presente año hemos conmemorado el decimoquinto aniversario de diversas instituciones creadas por la Revolución durante aquellos meses de agudo enfrentamiento ideológico y político que sucedieron a la victoria de la insurrección popular en enero de 1959,  cuando las clases explotadoras y el imperialismo norteamericano comenzaron a medir sus armas contra el proceso liberador que se iniciaba.

Como ha ocurrido desde entonces, el proceso revolucionario afrontaba de modo simultáneo las tareas económicas y políticas derivadas de la situación neocolonial a la que fue sometido nuestro país por espacio de más de medio siglo, y la necesidad no menos imperiosa de quebrar la resistencia de las fuerzas reaccionarias y hacer fracasar las medidas agresivas de todo tipo con las que el gobierno imperialista de los Estados Unidos ha pretendido doblegar la voluntad emancipadora de nuestro pueblo y aplastar su Revolución.

Frente a esta alternativa, de cuya solución dependía la supervivencia misma del poder revolucionario, surgió una respuesta: las Milicias Nacionales Revolucionarias.

Y fue en aquella memorable jornada del 26 de octubre, en la multitudinaria concentración convocada para condenar el criminal bombardeo contra la población civil, realizado en el mismo centro de la capital por mercenarios al servicio del imperialismo, y para reafirmar la unidad de las masas en torno a la Revolución frente a las deserciones y traiciones cuando se expuso ante el pueblo la decisión de armar y entrenar militarmente a los obreros, a los campesinos, a los estudiantes e intelectuales, para que estuvieran en condiciones de ejercer su derecho a defender la soberanía de la patria, a salvaguardar las conquistas de la Revolución y a preservar su porvenir de dignidad y justicia social.

Así, en el fragor de la lucha ideológica y como expresión inequívoca de la conciencia revolucionaria y la decisión de lucha del pueblo trabajador, nacieron nuestras gloriosas Milicias Nacionales Revolucionarias, hace hoy quince años. En indestructible hermandad de clase con las Fuerzas Armadas Revolucionarias y el Ministerio del Interior, nutriendo las filas de estos organismos que constituyen el brazo armado de la Revolución, las Milicias Nacionales Revolucionarias han actuado en todo momento como dignas herederas de la heroicas tradiciones del Ejército Mambí, de la dase obrera y del Ejército Rebelde.

Con el nombre ya inmortal de Girón, podemos resumir y sintetizar lo que han significado y significan nuestras milicias obreras y campesinas en la historia cercana y entrañable de estos quince años y para la lucha de los pueblos de América Latina por alcanzar su verdadera y definitiva independencia.

Girón es un testimonio vivo de que las armas del pueblo pueden triunfar frente a los más poderosos enemigos; Girón simboliza Ia victoria de la primera revolución socialista en el continente americano; Girón representa la voluntad de nuestra clase obrera de defender, aún a costa de su sangre y de la vida de sus hijos, el poder revolucionario conquistado después de más de un siglo de lucha y sacrificio.

El ejemplo de Girón creó en nuestras milicianos una tradición de combate y de victoria que se manifestaría de nuevo en la lucha contra bandidos, en la crisis de octubre, en todos y cada uno de los momento de prueba y de peligro que hemos afrontado como consecuencia de las agresiones del imperialismo y sus agentes.

Esa es la tradición mambisa, revolucionaria, marxista-leninista que han heredado y enriquecido nuestros milicianos junto a los combatientes de las Fuerzas Armadas Revolucionarias y del Ministerio del Interior.

Es nuestro deber todavía continuar haciendo los mayores esfuerzos por alcanzar el máximo de preparación combativa y eficiencia militar en los cuadros y en las tropas de nuestras gloriosas milicias.

Cuba en el futuro no será ya el único bastión del socialismo en América, nuestro pueblo formará parte de una comunidad latinoamericana independiente y soberana; la energía, el tesón, la valentía, la inteligencia que tuvo nuestro pueblo un día que dedicar fundamentalmente a la guerra, estará dedicado íntegramente al trabajo creador y al bienestar, el progreso y la dignificación del hombre.

Vendrá ese futuro y estos días que vivimos serán también parte de la historia y con más fuerza y profundidad evocarán entonces las generaciones que están por venir, el recuerdo de estos años heroicos.

Ese recuerdo permanecerá vivo, y en él se acrecentará el mérito y el honor de los fundadores y combatientes de nuestras Milicias Nacionales Revolucionarias.

Permítanme por ello en este día, que en nombre del Partido y del Gobierno Revolucionario les haga llegar a todos nuestra más sincera, fraternal y emocionada felicitación.

Fidel Castro Ruz

Comandante en Jefe

Mensaje del Comandante en Jefe a los Miembros de las Milicias Nacionales Revolucionarias en el XV Aniversario de su creación.

FUENTE: Cubadebate

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Para download: "Educação de jovens e adultos trabalhadores: história, lutas e direito em risco"

Rummert, Sonia Maria (Org.) Educação de jovens e adultos trabalhadores: história, lutas e direito em risco. Uberlândia: Navegando Publicações, 2019.



Os estudos aqui reunidos voltam-se para a análise das políticas de educação e para a reconstrução histórica de iniciativas do Estado Ampliado, compreendido como expressão da correlação de forças do Trabalho e do Capital, no âmbito da Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores. Objetivam, assim, concorrer para a compreensão das questões educacionais a partir de seus nexos com a sociedade e com as classes fundamentais que a constituem.
As pesquisas que fundamentam a presente obra sublinham o fato de que a Educação de Jovens e Adultos, tal como concebida e executada pelas forças dominantes ao longo da história republicana do
Brasil, não se reveste de potencial para sanar o déficit histórico da educação da classe trabalhadora e, mais grave, não é para isso concebida. Na verdade, as políticas de educação da classe trabalhadora constituem, com diferentes roupagens, versões renovadas de processos de expropriação do direito ao conhecimento.
Desejamos que esta publicação venha a contribuir para uma reflexão acurada acerca da Educação de
Jovens e Adultos Trabalhadores, simultaneamente divulgando resultados de pesquisas recentes e concorrendo para que estudiosos do tema avancem na produção do conhecimento a partir das contribuições aqui expostas.
Sonia Maria Rummert

LINK PARA DOWNLOAD:

Sumário

APRESENTAÇÃO

Sonia Maria Rummert


I - A FORMAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES NA IMPRENSA BURGUESA DO FINAL DOS ANOS 1940: O DITO E O NÃO DITO PELOS JORNAIS

Maria Inês Bomfim


II - MOBILIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DOS SETORES POPULARES: A EXPERIÊNCIA DOS COMITÊS POPULARES DEMOCRÁTICOS E DA UNIVERSIDADE DO POVO

Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro

III - ESCOLAS DE TRABALHADORES FEITAS PELOS PRÓPRIOS TRABALHADORES

Osmar Fávero

IV - O DIREITO À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES PODE SERVIR ÀS LUTAS SOCIAIS?

Marcia Soares de Alvarenga
Handerson Fábio Macedo

V - DIREITO À EJA EM RISCO: UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE NÍVEL MÉDIO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Jaqueline Ventura

VI - O DIREITO À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES EM MUNICÍPIOS DA BAIXADA FLUMINENSE

Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão


VII - ANÁLISE ESPACIAL DA RELAÇÃO ENTRE OFERTA E DEMANDA POR EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Ênio Serra
Emilio Reguera


VIII - O CAPITAL INDUSTRIAL E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES

Sonia Maria Rummert

SOBRE OS AUTORES

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

I Festa do Livro na UFF – FLUFF (Campus Gragoatá)

Livros com descontos a partir de 40%.

A I Festa do Livro na UFF – FLUFF vai acontecer entre os dias 04 e 07 de novembro  nas dependências da Universidade Federal Fluminense – UFF – Campus Gragoatá, a partir do Pilotis dos blocos D e E, na rua Alexandre Moura, nº 8, Bairro São Domingos, Niterói, RJ. Entre 9h e 20h.

Realização: Eduff - Editora da UFF e Consequência Editora.

Mais informações na página do evento no Facebook:



EDITORAS CONFIRMADAS

Editora 34
Alameda Editorial
Bazar do Tempo
Boitempo
Companhia das Letras
Consequência Editora
Dublinense
Eduff - Editora da UFF
Editora Elefante
FGV Editora
Lamparina editora
Paco Editorial
Lote 42
Grupo Autêntica
Grupo Editorial Record
Editora Revan
Ubu Editora
Editora da Unicamp
Editora Vozes
Zahar

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Para download: Apostila "A democracia pode ser assim"

Os organizadores (Boitempo Editorial e SESC São Paulo) do Seminário Internacional "Democracia em colapso?" disponibilizaram online, gratuitamente, o material didático produzido especialmente para o curso "A democracia pode ser assim", que corre em paralelo ao seminário. Além dos resumos de aula de cada um dos professores, a apostila traz ainda textos de apoio de Raymond Williams, István Mészáros, Vladímir Lênin, Wolfgang Streeck, Christian Laval e Pierre Dardot.

Em quatro aulas, Marilena Chaui, Antonio Carlos Mazzeo, Virgínia Fontes e Luis Felipe Miguel abordam de forma didática os sentidos do conceito de democracia a partir de diferentes perspectivas. Indo além, ao relacioná-lo com questões históricas, sociais e com formas de organização política, este curso visa apresentar um arcabouço introdutório que permitirá balizar as reflexões e discussões da programação de debates do seminário “Democracia em colapso?” e oferecer ferramentas de interpretação e intervenção social. O livreto de cem páginas pode baixado em formado PDF no site oficial do seminário.

LINK PARA DOWNLOAD:


Anita Prestes "Em Defesa das Ciências Humanas"

Participação da historiadora Anita Prestes no Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFRJ 

"Em Defesa das Ciências Humanas"
Dia 21 de outubro de 2019, às 19h, na Sala Celso Lemos, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS)



Informações sobre o evento clique no link abaixo:


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Disponível em PDF: "Padrões de dominação externa na América Latina" (Texto de Florestan Fernandes)

O texto Clássico do Volume 11, Número 1 da revista  Germinal: Marxismo e Educação em Debate selecionado para este número da revista, com o auxílio da pesquisadora Gilcilene Barão, é de Florestan Fernandes: “Padrões de dominação externa na América Latina”. O autor faz uma cuidadosa análise das determinações dos processos históricos que colocam a América Latina em situação subordinada ao capitalismo em sua fase imperialista mais agressiva, visível desde o final dos anos 60 do século XX. Ante o projeto de “revolução dentro da ordem social” nos processos de desenvolvimento econômico e social da América Latina, Florestan apresenta outra possibilidade aberta que, numa conjuntura angustiante, desejamos destacar:

A outra resposta alternativa só pode surgir de uma rebelião popular e radical, de orientação socialista. A estranha combinação de uma ampla maioria de gente destituída, miserável ou quase-miserável, a uma exploração externa implacável e uma péssima utilização interna da riqueza, por minorias privilegiadas, gera um componente histórico imprevisível. A explosão social não é planejada com antecipação. Como em Cuba, ela pode sobrevir inesperada e dramaticamente.
A estrutura da sociedade e suas permanentes condições de anemia contêm os ingredientes básicos da desintegração: quando as forças da rebelião são liberadas, a ordem social não pode funcionar como um fator de autopreservação e de auto regeneração, porque ela não é desejada sequer pelos que tiram proveito das desigualdades e iniquidades existentes. A última alternativa, sem dúvida, abre caminho para a realização dos padrões mais elevados da razão humana e para a liberação real das sociedades latino-americanas. Todavia, ambas as soluções poderiam dar início a novas vias de evolução da América Latina, na direção de uma história de povos livres e independentes (FERNANDES, Florestan, 1975).

Padrões de dominação externa na América Latina

Por Florestan Fernandes
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 1, p. 310-324, abr. 2019.

Texto completo em PDF:


Resumo

A presente discussão não pretende descrever todos os aspectos da dominação externa e como ela foi ou é mantida socialmente[i]. Considerada sociologicamente, a América Latina defronta-se com dois grandes problemas. O primeiro é a nova forma de imperialismo e a sua difusão sob a hegemonia de uma superpotência capitalista, os Estados Unidos. O outro consiste em como enfrentar o imperialismo, na época das grandes empresas corporativas e da dominação implacável por parte de uma nação americana, dadas as debilidades econômicas, socioculturais e políticas predominantes, mesmo nos países mais avançados da região. Ambas as questões implicam uma discussão preliminar do assunto geral, já que a docilidade dos interesses privados latino-americanos em relação ao controle externo não constitui tão-somente uma estratagema econômico. Trata-se de um componente dinâmico de uma tradição colonial de subserviência, baseada em fins econômicos, mas também na cegueira nacional, até certo ponto estimulada e controlada a partir de fora.
[i]Sobre esse assunto e pata bibliografia básica, ver esp. F. Fernandes, Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1968, cap. 11, ps, 21.103, 204-256, e T. Halperin Donghi, Hist6ria Contemporânea da América Latina, Madri, Alianza Editorial, 1969. As seguintes contribuições recentes merecem atenção especial: A. G. Frank, Capitalism and Underdeuelopment in Latin .Amerlca, Nova York, Monthly Review Press, 1967; J. Graciarena, Poder y Clases Sociales en el DesarroIlo de América Latina, Buenos Aires, Editorial Paidós, 1967; C. Furtado, Deueloprnent and Stagna .. tion in Latin América, New Haven, Vale University Press, 1965; F. H. Cardoso e E. Faletto, Depen dencia y Desarrollo en América Latina, México, Sigla Veintiuno Editores SA., 1969; R. Vekernans, Ismael Fuenzalida e outros, M arginalidad en América Latina, Santiago deI Chile, nasxt-Editorial Herder, 1969 (cap. 1); A. Garcia, La Estrutura del Atraso en América Latina, Buenos Aires, Editorial Pleamar, 1969; R. N. Adams, Th e Second Sotoing, San Francisco, Cal., Chandler Publishing COI J 1967.


Palavras-chave

Formação Social Brasileira; FERNANDES, Florestan

Florestan Fernandes (1920-1995) sempre lutou por justiça social, liberdade e igualdade / Revista Práxis

domingo, 13 de outubro de 2019

OS MANUSCRITOS ECONOMICO-FILOSÓFICOS DE 1844 DE KARL MARX: dificuldades para publicação e interpretações críticas

Por Marcello Musto

Resumo
MUSTO, Marcello. OS MANUSCRITOS ECONOMICO-FILOSÓFICOS DE 1844 DE KARL MARX: dificuldades para publicação e interpretações críticas. Cad. CRH [online]. 2019, vol.32, n.86, pp.399-418.

Os Manuscritos econômico-filosóficos de 1844 constituem um dos escritos de Karl Marx mais célebres e difundidos em todo o mundo. Todavia, este texto, tão debatido e tão presente nos debates marxistas permaneceu desconhecido por muito tempo. As leituras instrumentais, que um e outro grupo fizeram sobre os Manuscritos econômico-filosóficos de 1844, são um claro exemplo de como a obra de Marx tenha sido constantemente objeto de conflitos teórico-políticos. Para melhor evidenciar tal realidade, o segundo e o terceiro parágrafo deste artigo reconstroem as dificuldades editoriais ligadas à sua publicação. Os parágrafos quarto, quinto e sexto apresentam, no entanto, uma breve resenha. Uma análise filológica dos Manuscritos econômico-filosóficos de 1844 foi desenvolvida no sétimo e oitavo parágrafos, tendo por base a nova edição históricocrítica MEGA. Na conclusão, segue uma tabela que reconstrói a cronologia da elaboração dos manuscritos e dos cadernos de extratos do período.

Palavras-chave : Manuscritos Econômico-Filosófico de 1844; Jovem Marx; Marxismo; Alienação; MEGA.

LINK DO ARTIGO EM PDF: 

Escultura de Karl Marx, do artista plástico Sergio Romagnolo.

Para download: "A formação política e o trabalho do professor", texto de Florestan Fernandes




A formação política e o trabalho do professor
Florestan Fernandes
1ª edição
LUTAS ANTICAPITAL
Marília - 2019

O livro pode ser "baixado" no link abaixo:

O livro impresso pode ser adquirido por R$ 20,00 no link abaixo:

Dentre aqueles/as que pensaram com radicalidade sobre a formação social brasileira, Florestan Fernandes foi um dos que mais contribuiu para o campo educacional. Aliando o rigor teórico das análises sobre o Brasil com o reconhecimento (militante) da relevância das lutas em defesa da escola pública, tratou dos principais dilemas da educação sem se iludir com o potencial dessas lutas. Formação política e o trabalho do professor é um texto essencial nesse sentido e, também, um modo de compreender mais sobre nossa própria história.

LALO WATANABE MINTO | Faculdade de Educação – UNICAMP

Neste texto Florestan Fernandes apresenta a crítica ao utopismo daqueles que defenderam a educação pública sem colocar em questão nossas particularidades históricas. A partir de uma análise brilhante, o sociólogo reivindica o estudo e a compreensão de nossa condição dependente e subdesenvolvida como parte essencial da formação do professor para o exercício de seu trabalho em sintonia com os desafios educacionais de uma sociedade profundamente desigual e injusta.

FABIANA RODRIGUES | Faculdade de Educação – UNICAMP


Sumário

Nota do coordenador da Coleção “O pensamento
educacional de Florestan Fernandes”................7
Julio Hideyshi Okumura

Quem foi Florestan Fernandes?.......................13
Marcelo Augusto Totti

Democracia, educação e revolução: o pensamento educacional de Florestan Fernandes nas
décadas de 1980-90........................................29
Julio Hideyshi Okumura
Henrique Tahan Novaes

A formação política e o trabalho do professor...61
Florestan Fernandes

sábado, 12 de outubro de 2019

O DISCURSO DE PRESTES NO FUNERAL DE MARIGHELLA

O discurso foi disponibilizado pelo site A Coluna, do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes (PCLCP). Trata-se de um importante documento para a história das esquerdas no Brasil. Segue a reprodução da postagem.


Em 1979, já nos chamados anos de distensão da ditadura, foi publicada a lei da anistia que permitiu a volta de muitos dos exilados políticos ao país. Entre eles estava Luiz Carlos Prestes que participou da cerimônia de exumação de transporte dos restos mortais de Carlos Marighella, assassinado pela ditadura em 1969. Na ocasião do novo “funeral” de Marighella, Prestes como antigo camarada, proferiu um discurso demonstrando que embora tenham tido diferentes interpretações da realidade brasileira pós-golpe e, por isso, situado-se em campos políticos distintos, o Velho mantinha uma grande admiração pelo mais importante guerrilheiro do Brasil.

É importante destacar o tom crítico e auto-crítico com que Prestes entende o seu comportamento político e de ambos os dirigentes comunistas na época. Sem titubear, Prestes é firme na consideração de que a luta armada foi um erro tático. Todavia, reconhece que a estratégia etapista de direita adotada pelo PCB durante boa parte da sua existência foi o que levou a erros táticos e criou o fosso separando Marighella, Prestes e tantos outros.

A Coluna disponibiliza abaixo a transcrição desse discurso gentilmente cedido por Anita Prestes, a quem agradecemos pela presteza e receptividade com nosso pedido.

Discurso de L. C. Prestes na solenidade de transladação dos restos mortais de Carlos Marighella

Aqui estou para prestar meu testemunho de admiração a um filho do povo, a um revolucionário, a um patriota que foi até o sacrifício extremo da própria vida na luta pelo ideal que defendia, pela felicidade do povo, pela completa emancipação da Pátria e pelo progresso social.

Convivi e lutei com Carlos Marighella por mais de vinte anos. Já conhecia a valentia com que se comportava quando preso, após os acontecimentos de 1935. Mas durante os vinte anos em que atuamos juntos na direção do Partido Comunista Brasileiro pude admirar suas qualidades pessoais de um legítimo filho do povo, que justamente por isso sabia ganhar o apoio do povo – de pessoas das mais variadas classes e camadas da sociedade – para a luta dos comunistas. Pude apreciar sua imensa capacidade de trabalho, seu talento , sua valentia e combatividade, a valentia com que enfrentava a reação policial, sua integral dedicação à causa por que juntos lutávamos.

As vicissitudes ou a dialética da vida nos separou, nos colocou em campos diferentes ou, mesmo, política e ideologicamente opostos. Suas próprias qualidades pessoais, em particular sua valentia e combatividade, não lhe permitiram compreender ou avaliar com acerto o momento político que atravessávamos; que a classe operária, com o golpe militar reacionário e contrarrevolucionário de 1964, fora derrotada e sofrera a pior derrota, uma derrota sem luta. Estava por isso obrigada a recuar para recuperar forças. Entravamos num difícil e duro processo de acumulação de forças , tínhamos como inimigos uma ditadura militar reacionária, a mais cruel e sanguinária e que só poderia ser derrotada por um amplo e vigoroso movimento de massas. E que esse movimento só poderia ser criado através de uma luta demorada e paciente pelo esclarecimento dos trabalhadores, a começar pelo levantamento de suas reivindicações mais elementares. Chamar naquele momento a classe operária a empunhar uma arma era dela nos separar e mal conseguir um minoria combativa, mas desligada das massas. E sem estas não se derrota nenhuma tirania. Acaba-se por dar argumentos à ditadura para tentar justificar uma repressão cada vez maior.

Mas na ocasião do erro de Marighella não foi apenas dele. Também nós, como já o dissemos no VI Congresso do nosso Partido, tínhamos uma linha política que padecia de erros de direita, de ilusões na burguesia e, fundamentalmente, de confundirmos a possibilidade que surgiu no movimento comunista, após a derrota do nazismo e do surgimento do sistema socialista mundial, de se poder chegar ao socialismo sem guerra civil ou insurreição armada, confundíamos isso com passividade. Este nosso erro contribuiu também para fazer surgir entre nós e Marighella o antagonismo que nos separou.

Só a prática da vida poderia revelar com quem estava a razão. O processo de acumulação de forças, a utilização inclusive do voto como arma de protesto, levou à derrota da ditadura em 1974, à evidência de seu isolamento das massas populares, principalmente da classe operária e, consequentemente, às vitórias, ainda pequenas, mas vitórias do povo que não deixariam de alegrar o grande revolucionário que foi Carlos Marighella.

Carlos Marighella! Teu nome e tua memória não serão jamais apagados da história do nosso povo. Teu exemplo de lutador pela felicidade do povo, por uma transformação social profunda, que acabe com a exploração do homem pelo homem, juntamente com a de todos que nestes últimos quinze anos souberam lutar até o fim pela completa emancipação da Pátria do jugo imperialista e pelo processo social, educará as novas gerações da classe operária e as de todos os trabalhadores brasileiros, contribuirá para reforçar a sua organização e unidade, ajudará a educar e formar a juventude que continuará a tua luta, a nossa luta revolucionária de comunistas, democratas e patriotas, elevará a cada dia mais alto as bandeiras do socialismo e as levará à vitória.

O Brasil popular e socialista cultuará para todo o sempre a tua memória!

São Paulo, 11/07/79.




FONTE: A Coluna

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Para download: "Luiz Carlos Prestes – textos resgatados do esquecimento", livro organizado por Anita Prestes



Luiz Carlos Prestes – textos resgatados do esquecimento
Anita Leocádia Prestes (Organizadora)
1ª edição
LUTAS ANTICAPITAL
Marília - 2019

O livro pode ser "baixado" no link abaixo:

O livro impresso pode ser adquirido por R$ 12,00 no link abaixo:
https://lutasanticapital.milharal.org/luiz-carlos-prestes-textos-resgatados-do-esquecimento/

Sumário

O legado revolucionário de Luiz Carlos Prestes
Anita Leocádia Prestes...............................................7

Apresentação dos textos
Anita Leocádia Prestes.............................................11

Aspectos da luta contra o subjetivismo no 49º
aniversário do PCB
Luiz Carlos Prestes..................................................15

Como cheguei ao comunismo
Luiz Carlos Prestes..................................................39


terça-feira, 8 de outubro de 2019

Para download: "A Contribuição do Pensamento Latino-Americano: Resistir e Transformar a Realidade do Lado de Cá"

Livro fruto das conferências e debates realizados no decurso do I Seminário Estado, Trabalho, Educação e Desenvolvimento: o pensamento crítico latino-americano, realizado entre os dias 27 de novembro e 1º  de dezembro de 2017, na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (FEUFF). O Seminário teve como objetivo promover o debate em torno da leitura crítica de autores que pensaram e pensam a especificidade das sociedades latino-americanas sob as diferentes temáticas: povos originários, diáspora africana, meio-ambiente, geopolítica, dependência e imperialismo, movimento empresarial, educação escolar e formação humana, que se materializam nesta coletânea intitulada: “A Contribuição do Pensamento Latino-Americano: Resistir e Transformar a Realidade do Lado de Cá”. O E-book gratuito pode ser baixado nos endereços eletrônicos da editora: <https://www.editoranavegando.com/> e <https://issuu.com/navegandopublicacoes/docs/livro_completo_zuleide-min>..



SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 
1
Zuleide S. Silveira
Luiz Claudio Duarte

PARTE 1 – INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE LATINOAMERICANA: AS CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE, FLORESTAN FERNANDES E JOSÉ MARIATÉGUI

AMÉRICA LATINA, COLONIALIDADE E PROJETOS DE
LIBERTAÇÃO: A PRÁXIS POLÍTICO-SOCIAL DE PAULO FREIRE
Maria Teresa Esteban
7

INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE LATINO-AMERICANA: 17
A CONTRIBUIÇÃO DE FLORESTAN FERNANDES
Marcos Marques de Oliveira

TEMAS DA EDUCAÇÃO: A PRÁXIS POLÍTICO-SOCIAL DE JOSÉ
CARLOS MARIATÉGUI
Gilberto Calil
37

PARTE 2 – MEIO AMBIENTE, POVOS ORIGINÁRIOS E
DIÁSPORA NA/DA AMÉRICA LATINA

EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE: A URGÊNCIA DE UMA
UTOPIA VERMELHA E VERDE
Marcos P. Barreto
59

ARTESÃOS ASSOCIADOS NO RECIFE OITOCENTISTA: “LEI
DOS ENTRAVES”, MUTUALISMO, LUTA POR DIREITOS E
PATERNALISMO.
Marcelo Mac Cord
77

INTELECTUAIS DE ESQUERDA E A QUESTÃO RACIAL
NOS NOSSOS DIAS
Mário Luiz de Souza
95

AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E OS DESAFIOS NA
EFETIVAÇÃO DE DIREITOS CONQUISTADOS
Norielem de Jesus Martin
111

PARTE 3 – GEOPOLÍTICA, MOVIMENTO EMPRESARIAL
E DISPUTAS DE PROJETO DE EDUCAÇÃO

SUPRANACIONALIDADE, INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA E
POLÍTICAS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICA E EDUCACIONAIS
EM QUESTÃO
Zuleide S. Silveira
133

AMERICAN WAY OF BUSINESS: EMPRESARIADO E
CONTRARREVOLUÇÃO PREVENTIVA NO CAMINHO
DO GOLPE EMPRESARIAL-MILITAR DE 1964 NO
BRASIL
Martina Spohr
155

A ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA E O LUGAR DO
BRASIL NO OCIDENTE RESSIGNIFICADO
(1989/2010)
Luiz Claudio Duarte
171

SOBRE OS AUTORES 
191