segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A nova composição da Câmara dos Deputados

"Independente de quem sair vencedor das urnas [Dilma ou Aécio]no próximo domingo –ou num segundo turno em 26 de outubro– a vitória já tem dono. Ou melhor, donos. Os mesmos de sempre."
As duas candidaturas (Aécio e Dilma) são variantes do mesmo modelo. Dilma Rousseff representa uma vertente mais social do liberalismo e Aécio Neves é liberalismo puro, na sua forma mais reacionária, conforme definiu Michael Löwy em entrevista exclusiva à Carta Maior.

O tão falado conservadorismo do Congresso não é tanto de ordem ideológica. Aliás ideologia ou projeto político é algo que passa longe da maioria dos parlamentares brasileiros. O conservadorismo expressa mais que tudo a defesa dos interesses de quem sempre comandou o país e paga as campanhas.

As reformas populares não estão bloqueadas há décadas na sociedade brasileira por acaso. Alguém acha que a bancada ruralista permitirá uma reforma agrária? Ou que o lobby dos bancos no Congresso e nos governos dará sinal verde para a reforma do sistema financeiro? Ou ainda que o setor imobiliário e as empreiteiras permitirão que os governos que eles financiaram faça reforma urbana?

O financiamento de campanha eleitoral é um poderoso instrumento de poder. Quem paga a banda escolhe a música, diz o velho dito. E assim é. Para não acharem que é papo de comunista, cito o juiz eleitoral Marlon Reis: "Chegamos ao grau da insustentabilidade. As eleições são um jogo comprado no Brasil". (trecho do texto "Elesvenceram outra vez", de Guilherme Boulos)

A nova composição da Câmara dos Deputados

Ao todo, 28 partidos elegeram deputados federais. PT, PMDB e PSDB têm, em ordem decrescente, as três maiores bancadas. Veja a lista completa dos eleitos

O Congresso em Foco apresenta aqui em primeira mão a lista dos deputados federais eleitos no Distrito Federal e nos 26 estados brasileiros. Os resultados ainda estão sujeitos a alteração se candidatos com o registro atualmente negado pela Justiça eleitoral – como o ‘ficha suja’ Paulo Maluf (PP-SP) – conseguirem reverter essa decisão. Mas o quadro das candidaturas pendentes não tem possibilidade de alterar de maneira significativa a distribuição das cadeiras entre os partidos.

Os resultados eleitorais disponíveis mostram que o número de partidos com representação na Câmara – e, de tabela, no Congresso Nacional – aumentará de 22 para 28.

O PT, com 18 deputados a menos, foi o partido que mais perdeu parlamentares. Quem mais ganhou foi o PSDB, cuja bancada subiu de 44 para 55 integrantes.

Um aspecto importante é que vários ex-deputados federais voltarão ao Parlamento como o mais votado de seus respectivos estados. É o caso de Moroni Torgan (DEM-CE), Alberto Fraga (DEM-DF) e Celso Russomano (PRB-SP), o deputado federal mais votado no Brasil, com mais de 1,5 milhão de votos.

Outra peculiaridade da disputa para a Câmara é a grande votação alcançada por políticos conservadores, como Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Luiz Carlos Heinze (PP-RS), ambos os mais votados em seus estados.

Veja como é hoje e como ficará a composição partidária da Câmara dos Deputados a partir de 1o de fevereiro, data de início da nova legislatura.

Partido – Número atual de deputados – Total de eleitos

PT – 88 – 70
PMDB – 71 – 66
PSDB – 44 – 55
PP – 40 – 37
PSD – 45 – 37
PR – 32 – 34
PSB – 24 – 34
PTB – 18 – 26
DEM – 28 – 22
PRB – 10 – 20
PDT – 18 – 19
SD – 22 – 16
PSC – 12 – 12
Pros – 20 – 11
PPS – 6 – 10
PCdoB – 15 – 9
PV – 8 – 8
Psol – 3 – 5
PHS – nenhum – 4
PEN – 1 – 3
PMN – 3 – 3
PTN – nenhum – 3
PRP – 2 – 2
PTC – nenhum – 2
PSDC – nenhum – 2
PRTB – nenhum – 1
PSL – nenhum – 1
PTdoB – 3 – 1


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