A versão final do documento do Vaticano foi radicalmente revista na referência sobre os homossexuais, eliminando linguagem anterior mais positiva.
O resultado é uma derrota para o papa Francisco, que vinha defendendo que a igreja adotasse uma posição mais includente tanto aos homossexuais quanto aos católicos divorciados ou que voltaram a se casar.
O papa Francisco chega à sessão do Sínodo, encontro de bispos que debate a abordagem de questões familiares, no Vaticano |
O Vaticano eliminou a expressão
"boas-vindas aos homossexuais" do relatório final do Sínodo dos
Bispos sobre a família convocado pelo papa Francisco. O documento foi aprovado
neste sábado (18), após duas semanas de reuniões.
A versão final do documento do Vaticano
foi radicalmente revista na referência sobre os homossexuais, eliminando
linguagem anterior mais positiva.
O resultado é uma derrota para o papa
Francisco, que vinha defendendo que a igreja adotasse uma posição mais
includente tanto aos homossexuais quanto aos católicos divorciados ou que
voltaram a se casar.
Ao todo, 183 religiosos participaram da
votação de cada um dos 62 parágrafos. Para que fosse aprovado, cada capítulo
deveria receber dois terços de votos favoráveis. Três não atingiram essa
maioria -- dois sobre os homossexuais e um sobre o acesso dos divorciados que
voltaram a se casar aos sacramentos da igreja.
Após uma primeira versão lançada na
segunda-feira (13), os bispos conservadores prometeram alterar o texto, dizendo
que houve confusão entre fiéis e ameaçou prejudicar a "família
tradicional".
Os dois parágrafos finais do documento
que tratam dos homossexuais foi intitulado "atenção pastoral para com as
pessoas com orientações homossexuais". A versão anterior, de três
parágrafos, era chamada de "boas-vindas aos homossexuais."
A versão anterior falava em
"aceitar e valorizar orientações sexuais (dos homossexuais)" e
dar-lhes "uma casa acolhedora". A versão final eliminou essas frases.
A nova versão usa um termo mais vago,
repetindo declarações anteriores da igreja de que os gays "devem ser
acolhidos com respeito e sensibilidade" e que a discriminação contra gays
"deve ser evitada".
A versão final sublinhou ainda que
"não há fundamento absoluto" para comparar o casamento homossexual ao
casamento heterossexual, chamando o casamento heterossexual "plano de Deus
para o matrimônio e da família".
Segundo o cardeal Gianfranco Ravasi, o
papa Francisco vai decidir se o documento será "divulgado
imediatamente". Até o momento, o papa não se pronunciou sobre o assunto,
"apesar de seu estilo ser de difusão de documentos", acrescentou o
cardeal, chefe da comissão que elaborou a mensagem do Sínodo.
O documento foi aprovado com 158 votos a
favor, de um total de 174, ressaltou o porta-voz do Vaticano, padre Federico
Lombardi. Neste domingo (19) será
encerrado oficialmente o encontro, que reuniu no Vaticano 253 bispos e membros da
Igreja Católica. (Com agências internacionais)
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