Sob
perspectivas teóricas diferentes no campo do marxismo, segue abaixo
duas ressenhas – especialmente escritas para o blog marxismo21 – sobre A MONTANHA QUE DEVEMOS CONQUISTAR. Reflexões sobre o Estado, de István Mészáros, Boitempo editorial. 2015.
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A MONTANHA QUE DEVEMOS CONQUISTAR
Por Maria Cristina Soares Paniago /Docente da Faculdade de Serviço Social – UFAL
Nesse fevereiro de 2015, mais um livro
do filósofo húngaro marxista, István Mészáros, chega às livrarias no
Brasil. Fato que se tornou corriqueiro, dada a enorme difusão de seu
pensamento entre nós, realizada de forma mais intensa a partir da
publicação de sua obra maior, Para Além do Capital – rumo a uma teoria da transição, em 2002. Trata-se do A Montanha que Devemos Conquistar,
cujo tema principal é a crítica radical ao Estado e à função vital que
exerce para a reprodução do sistema do capital, sob efeito da crise
estrutural do capital e sua abrangência global.
O livro está dividido em sete capítulos.
Conta ainda com dois apêndices, sendo que o primeiro é uma republicação
do capítulo 13 – Como poderia o Estado Fenecer?, do Para Além do Capital,
e o outro contém uma entrevista realizada com o autor, por Eleonora de
Lucena, em 2013, publicada, à época, na Folha de S. Paulo – Caderno
Ilustríssima. Logo na Introdução, Mészáros, nos alerta para o fato de
que este livro é parte de um estudo mais completo em andamento, que
constituirá um “volume vindouro” sob o título de “Critique of the State”. (Mészáros, 2015, p.15).
Recentemente, a Mothly Review Press (New York, 2015) publicou, do mesmo autor, The Necessity of the Social Control, cujo título remete a um dos títulos já publicado no Brasil, em 1987, pela Ensaio (A Necessidade do Controle Social)
num pequeno formato; este último corresponde apenas ao primeiro
capítulo, em um total de doze capítulos neste formato mais recente. O
seu décimo segundo capítulo, sob o título de “The Mountain we Must Conquer: Refletions on the State”, corresponde ao livro que ora conhecemos no Brasil – A Montanha que Devemos Conquistar – acrescido dos dois apêndices acima mencionados.
Estas duas publicações, quase
simultâneas, nos permitem dirimir toda a dúvida que possa ser
disseminada entre nós sobre a relação entre o titulo do livro no Brasil –
A Montanha que Devemos Conquistar – e a concepção crítica do
autor sobre a essência histórico-ontológica do Estado e de seu papel no
processo de transição para uma sociedade que supere o capital, e todas
as formas sociais, políticas e econômicas que o constituem. ler mais
RETOMAR O DEBATE SOBRE O ESTADO
Por Luciano Cavini Martorano/ Universidade Federal de Alfenas, MG
A mais recente crise do capitalismo,
iniciada em 2008, voltou a colocar no centro do debate politico,
econômico e teórico o papel central do Estado nas formações sociais
capitalistas. Contrariando a tese neoliberal sobre o “Estado mínimo”,
inúmeros governos adotaram medidas para enfrentar a crise – ela mesma
consequência da política neoliberal antes adotada –, que por seu
conteúdo, significado, dimensão e profundidade só poderiam ser
realizadas pelo Estado: ajuda financeira massiva a bancos e empresas,
incluindo a estatização parcial ou não de alguns deles; amplos programas
de incentivo à produção e ao consumo, tanto interno como externo; ações
preventivas e ofensivas para conquistar e-ou assegurar mercados
externos de matéria-prima e mão-de-obra a preço mais baixo, etc. Tais
medidas não só contrariavam o neoliberalismo, como também o próprio
liberalismo que defende um Estado sempre afastado da economia. E eram
também mais uma negação da teoria política liberal que continua
defendendo a substituição da noção de Estado por alguma outra – por
exemplo, a de sistema politico.
Nesse contexto, a última obra de István Mészáros, A montanha que devemos conquistar,
oferece ao leitor brasileiro a possibilidade de retomar o debate sobre o
tema do Estado. Tema historicamente bastante discutido não só entre as
diferentes correntes marxistas, como também com as demais teorias
(liberalismo, pluralismo, decisionismo, etc.), e isso já a partir do
próprio Marx em suas polêmicas com Bakunin, Lassale e outros, e
atravessando o século XX para chegar até os nossos dias.
Tendo como tema central o Estado, o
presente trabalho de Mészáros, apresenta setes pequenos ensaios com base
no material de conferências feitas em universidades brasileiras, além
de dois apêndices: o primeiro é uma versão revisada do capítulo 13 do
livro Para além do capital – “Como poderia o Estado fenecer?”-,
e o segundo é uma entrevista concedida à jornalista Eleonora de Lucena e
publicada em 17 de novembro de 2013.
Mas por que Mészáros retoma o tema do
Estado, e mais do que isso, anuncia estar preparando uma outra obra a
ser lançada com o título Critique of the State (A crítica do Estado) ? ler mais
FONTE: marxismo21
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