segunda-feira, 30 de março de 2020

Para download: "Narrativa, sentido, história", de Ciro Flamarion Cardoso

CARDOSO, Ciro Flamarion Santana. Narrativa, sentido, história. Campinas: Papirus, 1997.

LINK PARA DOWNLOAD: 
[Confira o Dossiê Ciro Flamarion Cardoso do blog marxismo21, publica uma parte do vasto material produzido pelo (e sobre o) historiador Ciro Flamarion Santana Cardoso (1942-2013)]

Obra reflete sobre metodologia
CLÁUDIA PAS
da Agência Folha

Folha de São Paulo, Ilustrada
São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998 

"Narrativa, Sentido, História", livro que abre a coleção "Textos do Tempo", nasceu de muitas discussões em sala de aula entre o autor -o historiador Ciro Flamarion Cardoso- e seus alunos da Universidade Federal Fluminense.

Cardoso volta a discutir metodologia histórica, mas agora com enfoque na aplicação dos métodos derivados dos estudos literários de Tvzetan Todorov e Lucien Goldmann e da aplicação da semiótica na pesquisa historiográfica.

Cardoso defende o uso da semiótica como instrumento de pesquisa para a história e convida os historiadores a usarem a semiótica de forma pragmática, principalmente como instrumental para a leitura de documentos históricos. Segundo ele, o uso da semiótica reforça a necessidade do rigor na análise de documentos históricos.

A semiótica de que fala Ciro é principalmente a francesa estruturalista, em torno da qual se desenvolveram os trabalhos de Todorov e Goldmann comentados no livro, deixando de lado aquela de Dominique Lacapra, Pierce e Haydn White.

domingo, 29 de março de 2020

HISTÓRIA DO DIREITO, HISTÓRIA TOTAL, por Pierre Vilar

VILAR, P. História do Direito, História Total. Projeto História – História e Direitos, n. 33. Trad. Ilka Stern Cohen. São Paulo, Educ,, p. 19-44 dez. 2006.


CLIQUE NO TÍTULO ABAIXO PARA ACESSAR O TEXTO COMPLETO EM PDF

Pierre Vilar
Tradução de Ilka Stern Cohen
* VILAR, P. Une histoire en construction. Paris, Gallimard/Le Seuil, 1982, pp. 265-291.


O historiador Pierre Vilar, assumindo os lineamentos ontológicos de Marx, assegura que “é a sociedade civil que faz o Estado e não o Estado que faz a sociedade civil”. As formas políticas e jurídicas são sempre produtos da história, exprimem antagonismos próprios à atividade prática sensível de indivíduos sociais. O reconhecimento do primado da vida prática ancora-se na dinâmica da forma de produção e reprodução da existência material. Vilar atenta para o momento específico em que Marx, dirigindo a antiga Gazeta Renana, se vê diante dos interesses materiais, do vínculo entre forma jurídica e a propriedade privada, que se afirma ante seus olhos e o seu arsenal teórico arrimado na filosofia idealista alemã e não lhe permitia desvendar a natureza efetiva da politicidade. No fundo, Vilar mostra a gênese dos direitos burgueses precisamente assentado na dominância dos proprietários privados: “Trata-se da transição de um modo de produção para outro modo de produção, da morte da sociedade feudal, e a cristalização no direito dos princípios fundamentais do capitalismo” (p. 27).


sexta-feira, 27 de março de 2020

Para download gratuito: 5 mini livros da Boitempo Editorial

Para download gratuito, cinco mini livros com conteúdos exclusivos de publicações da Boitempo Editorial. Aproveite!


◢ A mulher negra como teórica social crítica, de Patricia Hill Collins

◢ Uma breve biografia de Karl Marx, de Friedrich Engels

◢ A história oculta da fofoca, de Silvia Federici




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quarta-feira, 25 de março de 2020

Dossier sobre «Marx y la Historia»

 Revista Nuestra Historia, Número 5 (primer semestre de 2018)

 En 1983, Pierre Vilar, conmemorando en Madrid el centenario de la muerte de Marx se preguntaba humorísticamente quien podía tener miedo al pensador revolucionario alemán. La respuesta, en el mismo tono, era que cualquiera, menos los historiadores. [...] Nos apropiamos de la respuesta a la retórica pregunta del gran historiador marxista Pierre Vilar: no sólo no tenemos miedo a Pensar con Marx hoy, sino que creemos que el debate crítico sobre su obra y su pensamiento constituye hoy un ejercicio imprescindible. (Editorial / Consejo de Redacción de Nuestra Historia)


Dossier: Marx y la Historia, 1818-2018
  • Presentación: razones y avatares de una encuesta. Consejo de Redacción de Nuestra Historia. [pdf]
  • La formación de un historiador marxista. Josep Fontana. [pdf]
  • Repensar el marxismo: después de las derrotas. Carlos Forcadell Álvarez. [pdf]
  • La historiografía catalana y el marxismo. José Luis Martín Ramos. [pdf]
  • Marx y la Historia. Carlos Martínez Shaw. [pdf]
  • El marxismo y la Historia: balance, aportaciones, posibilidades. Carme Molinero. [pdf]
  • Un discreto encanto. Algo queda de Marx. Xosé M. Núñez Seixas. [pdf]
  • Marx y el materialismo histórico: pasado, presente y futuro. Bryan D. Palmer. [pdf]
  • Marx para historiadores: aportaciones y estancamientos, capacidades y límites. Juan Sisinio Perez Garzón. [pdf]
  • Pensar la Historia con Marx (1818-2018). José Antonio Piqueras. [pdf]
  • La vigencia del marxismo en el análisis de las sociedades antiguas. Domingo Plácido. [pdf]
  • Marx: la revolución en el conocimiento histórico. Juan Trías Vejarano. [pdf]
  • Karl Marx y el aporte del marxismo para las 
Ciencias Sociales del Siglo XXI. Carlos Antonio Aguirre Rojas. [pdf]
Número 5 en A4 [versión en A4, con marcadores, para ver en pantalla: 9,4MB]
Número 5 en B5 [tamaño B5, sin marcadores, versión para imprimir: 20MB]


terça-feira, 24 de março de 2020

LUDWIG FEUERBACH E O FIM DA FILOSOFIA CLÁSSICA ALEMÃ

Por Friedrich Engels

Na seção clássicos [da revista Germinal: Marxismo e Educação em Debate,  v. 4, n. 2 (2012)], trazemos o texto “Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã”, que é uma obra escrita por Friedrich Engels em 1886 e publicada primeiramente, nesse mesmo ano, no jornal socialista alemão Die Neue Zeit (“Os Novos Tempos”). Posteriormente, em 1888, em Estugarda, foi publicada a segunda edição, com algumas alterações, junto a qual também já foi publicada pela primeira vez as 11 Teses sobre Feuerbach de Karl Marx. A obra tinha a finalidade de levar à cabo a crítica iniciada por Marx e Engels contra a intelectualidade neo-hegeliana e refutar o idealismo que estava ressurgindo junto à classe dominante alemã. A justificativa para a publicação deste texto nesta edição da Germinal é que, como ela tem como foco central a História da Educação na Perspectiva do Marxismo, ao fazer a crítica e refutar o idealismo, os autores afirmam uma nova concepção de História que coincide com a perspectiva Materialismo Histórico Dialético. Na primeira parte desta obra, Engels trata do período que vai do idealismo de Hegel ao materialismo de Feuerbach e da filosofia alemã. Depois discorre sobre o desaparecimento do idealismo e o crescimento do materialismo na filosofia.  Na sequência, discute sobre a filosofia da religião de Feuerbach e, finalmente, numa espécie de síntese, afirma que o cristianismo não só se tornou ideologia da classe dominante, como também foi transformado numa ferramenta de domínio dessa classe. (Trecho do Editorial "Desafios da História da Educação na Perspectiva Marxista", por Paulino José Orso)



segunda-feira, 23 de março de 2020

"Gramsci y la ciencia histórica", de Josep Fontana

Sección "Nuestros Clásicos" de la Revista Nuestra Historia, Número 6 (segundo semestre de 2018)

Reproducción - traducido al castellano por Cristian Ferrer - de artículo del historiador Josep Fontana sobre "Gramsci y ciencia histórica". El texto, publicado originalmente en la fundamental revista cultural del PSUC Nous Horitzons en 1967, aparece  aquí precedido por una introducción de José Luis Martín Ramos que explica esta aportación gramsciana y, más ampliamente, las colaboraciones de Fontana en aquella revista.

Nuestros Clásicos

  • La aportación gramsciana de Fontana en Nous Horitzons. José Luis Martín Ramos. [pdf]

  • Gramsci y la ciencia histórica. Josep Fontana i Lázaro. [pdf]



quarta-feira, 18 de março de 2020

149 anos depois: A COMUNA DE PARIS VIVE!

Neste dia, 18/03, há 149 anos, Paris foi despertada por um grito de trovão: "VIVE LA COMMUNE"! 

O blog marxismo21 republica um dossiê sobre este relevante episódio da história das lutas políticas e sociais em defesa do socialismo.

Textos de clássicos do marxismo, de autores brasileiros, vídeos e filmes etc. compõem este dossiê.

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ACESSAR O DOSSIÊ.


domingo, 15 de março de 2020

KARL MARX, UM LEGADO REVOLUCIONÁRIO!!!

Neste 14 de março de 2020, completa-se 137 anos da morte de Karl Marx (1818-1883). Para marcar essa ocasião, segue os textos publicados  na revista Germinal: Marxismo e Educação em Debate (Salvador, v. 10, n. 1, mai. 2018), na Seção Documentos Clássicos, um conjunto de cartas que recuperam Karl Marx no seio das relações íntimas, possibilitando-nos uma aproximação aos feitos do grande pensador, a partir da perspectiva dos que o amaram e com ele conviveram (Engels, Eleanor e Lafargue), fazendo frente aos ataques que Marx sofre pós morte.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Camarada Gregório Bezerra, presente!!! Agora e sempre.

No dia 13 de março de 1900, exatamente 120 anos atrás nascia Gregórgio Lourenço Bezerra, dirigente e militante comunista e lendário ícone da resistência à ditadura militar no Brasil.



Assista ao clip da música “Século de Ferro e Flor”, em homenagem ao líder revolucionário Gregório Bezerra, clicando no link: https://www.youtube.com/watch?v=i0TdqWrCaKI

Leio clicando no link abaixo o texto "Gregório Bezerra personificou os explorados e oprimidos do Brasil", escrito pela historiadora Anita Prestes como apresentação do livro Memórias (Boitempo, 2011), autobiografia do revolucionário comunista Gregório Bezerra.



domingo, 8 de março de 2020

30 anos sem Luiz Carlos Prestes: o seu papel na história do Brasil e o seu legado

Por ocasião dos 30 anos da morte de Luiz Carlos Prestes (1898-1990), completados no dia 07/03/2020, segue abaixo texto de abertura do livro "Luiz Carlos Prestes – textos resgatados do esquecimento", publicado pela editora Lutas Anticapital (2019), de autoria da historiadora Anita Prestes e intitulado "O legado revolucionário de Luiz Carlos Prestes".

"Faleceu o único herói brasileiro que não forjou o pedestal de sua gloria. Homem simples e franco no trato cotidiano, era um líder político (e militar) nato. Depois da célebre marcha, na qual sobrepujou em argúcia e espirito inventivo as Forças Armadas oficiais, poderia ter se tomado um dos "grandes da República", Getúlio Vargas tentou seduzi-lo, mas encontrou o repúdio a qualquer composição política pessoal. O rebelde não se despia de suas convicções antioligárquicas e democráticas, buscando servir a nação - e a sua independência — e submeter-se a uma vida de sacrifícios exemplares que o enobrecem como figura humana e como agente histórico." (trecho do texto "O Herói Sem Mito", de Florestan Fernandes, publicado no encarte da revista Trilha Socialista, em 1990)


O LEGADO REVOLUCIONÁRIO DE LUIZ CARLOS PRESTES

Recife, 26 de novembro de 1945. Logo atrás, Gregório Bezerra.
Luiz Carlos Prestes nasceu em 3/01/1898, em Porto Alegre (RS), e faleceu em 7/03/1990, no Rio de Janeiro, aos 92 anos de idade. Desde muito jovem, Prestes revelou indignação com as injustiças sociais e a miséria de nosso povo, mostrando-se preocupado com a busca de soluções efetivas para a situação deplorável em que se encontrava a população brasileira, principalmente os trabalhadores do campo, com os quais tivera contato durante a Marcha da Coluna (1924-27), que ficaria conhecida como a Coluna Prestes. Muito antes de tornar-se comunista, Prestes já era um revolucionário. Sua adesão aos ideais comunistas e ao movimento comunista apenas veio comprovar e confirmar sua vocação revolucionária, seu compromisso definitivo com a luta pela emancipação econômica, social e política do povo brasileiro. Como revolucionário, Prestes foi um patriota - um homem que dedicou sua vida à luta por um Brasil melhor, por um Brasil onde não mais existissem a fome, a miséria, o analfabetismo, as doenças, a mortalidade infantil e as demais chagas que continuam a infelicitar nosso país.

 A descoberta da teoria marxista e a adesão ao comunismo representaram, para Prestes, o encontro com uma perspectiva, que lhe pareceu factível, de realização dos anseios revolucionários por ele até então alimentados, principalmente durante a Marcha da Coluna. A luta à qual resolvera dedicar sua vida encontrava, dessa forma, um embasamento teórico e um instrumento para ser levada adiante - o Partido Comunista. O Cavaleiro da Esperança, uma vez convencido da justeza dos novos ideais que abraçara, tornava-se também um comunista convicto e disposto a enfrentar toda sorte de sacrifícios na luta pelos objetivos traçados. 

No processo de aproximação ao PCB, Prestes rompeu de público com seus antigos companheiros - os jovens militares rebeldes conhecidos como os tenentes -, posicionando-se abertamente a favor do programa da revolução agrária e anti-imperialista‖ defendido pelos comunistas brasileiros. Seu Manifesto de Maio de 1930 consagra o início de uma nova fase na vida do Cavaleiro da Esperança. A partir daquele momento, Prestes deixava definitivamente para trás os antigos compromissos com o liberalismo dos tenentes‖ e enveredava pela via da luta pelos ideais comunistas que passariam a nortear toda sua vida. 

Pela primeira vez na história do Brasil, uma liderança de grande projeção nacional, a personalidade de maior destaque no movimento tenentista, - na qual apostavam suas cartas as elites oligárquicas oposicionistas, na expectativa de que o Cavaleiro da Esperança pusesse seu cabedal político a serviço dos seus objetivos, aceitando participar do poder para melhor servi-las -, recusa tal poder, rompendo com os políticos das classes dominantes para juntar-se aos explorados e oprimidos, para colocar-se do lado oposto da grande trincheira aberta pelo conflito entre as classes dominantes e as dominadas, entre exploradores e explorados. Prestes tomava o partido dos oprimidos, abandonando as hostes das elites comprometidas com os donos do poder, não vacilando jamais diante dos grandes sacrifícios que tal opção lhe acarretaria.

Tratava-se de um fato inédito, jamais visto no Brasil. Luiz Carlos Prestes, capitão do Exército, que se tornara general da Coluna Invicta, que fora reconhecido como liderança máxima das forças oposicionistas ao esquema de poder vigente no Brasil até 1930, talhado, portanto, para transformar-se no líder da revolução das elites oligárquicas, numa liderança política confiável dessas elites, usava seu prestígio para indicar ao povo brasileiro um outro caminho – o caminho da luta pela reforma agrária radical e pela emancipação nacional do domínio imperialista, o caminho da revolução social e da luta pelo socialismo.

Como foi sempre coerente consigo mesmo e com os ideais revolucionários a que dedicou sua vida, sem jamais se dobrar diante de interesses menores ou de caráter pessoal, Prestes despertou o ódio dos donos do poder, que se esforçariam por criar uma História Oficial deturpadora tanto de sua trajetória política quanto da história brasileira contemporânea.

Mesmo após seu falecimento, Prestes continua a incomodar os donos do poder, o que se verifica pelo fato de sua vida e suas atitudes não deixarem de serem atacadas e/ou falsificadas, com insistência aparentemente surpreendente, uma vez que se trata de uma liderança do passado, que não mais está disputando qualquer espaço político. Num país em que praticamente inexiste uma memória histórica, em que os donos do poder sempre tiveram força suficiente para impedir que essa memória histórica fosse cultivada, presenciamos um esforço sutil, mas constante, desenvolvido através de modernos e possantes meios de comunicação, de dificultar às novas gerações o conhecimento da vida e da luta de homens como Luiz Carlos Prestes, cujo passado pode servir de exemplo para os jovens de hoje.

Luiz Carlos Prestes dedicou 70 anos de sua vida à luta por um futuro de justiça social e liberdade para o povo brasileiro. Luiz Carlos Prestes foi um revolucionário, um patriota, um comunista e um internacionalista, que jamais vacilou na luta pelos ideais socialistas e pela vitória da revolução socialista no Brasil e em nosso continente latino-americano. Prestes foi um defensor consequente dos países socialistas, tendo à frente a URSS. Esteve sempre solidário com as Revoluções Cubana e Nicaraguense. O legado revolucionário de Luiz Carlos Prestes deve ser preservado e desenvolvido pelas novas gerações de brasileiros e latino-americanos.

Rio de Janeiro, junho/2019 
Anita Leocádia Prestes 
Professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ e Presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes 

*****

PARA DOWNLOAD: O livro "Luiz Carlos Prestes – textos resgatados do esquecimento", Anita Leocadia Prestes (Organizadora), 1ª edição, Lutas Anticapital, 2019, pode ser baixado em PDF clicando AQUI.
O livro impresso pode ser encomendado pelo e-mail edlutasanticapital@gmail.com (falar com Mariana).


quarta-feira, 4 de março de 2020

Entrevista com Gustavo K. Rolim, organizador de textos inéditos de Luiz Carlos Prestes

A Editora Lutas anticapital publicou recentemente o livro Herança, Esperança e Comunismo: Luiz Carlos Prestes e o movimento Comunista brasileiro – documentos (1980-1994), organizado por Gustavo Rolim.

O Livro custa R$ 55 (+ 12 de despacho). Encomendas : edlutasanticapital@gmail.com (Falar com Mariana)

Confira abaixo a entrevista com Gustavo Rolim, concedida à Editora Lutas anticapital.

1. “Herança, Esperança e Comunismo: Luiz Carlos Prestes e o movimento comunista brasileiro – documentos (1980-1994)” foi lançado recentemente pela Editora Lutas Anticapital. Antes de qualquer coisa, sobre o que é o livro?

Gustavo: o livro é um dossiê de documentos produzidos por Luiz Carlos Prestes, Anita Leocádia Prestes e o movimento comunista surgido ao entorno das posições do “Cavaleiro da Esperança”, a partir de 1980, quando este rompe com o Comitê Central do PCB. Temos, além dos textos de ambos autores mencionados acima, periódicos como o Ecos a Carta de Prestes, o Voz Operária, e os primeiros números do Jornal Avançando.

Da autoria de Luiz Carlos Prestes trazemos a Carta aos Comunistas, documento fundamental para o entendimento das posições políticas de Prestes naquele momento, dessa nova fase vivida pelo dirigente comunista; Aprender com os erros do passado para construir um partido novo, efetivamente revolucionário (1981) e Proposta para discussão de um programa de soluções de emergência – contra a fome a carestia e o desemprego (1982) são dois escritos de Prestes publicados no Voz Operária, que decidimos destacar no livro para chamar a atenção do leitor para o desenvolvimento das proposições de Prestes para o movimento dos trabalhadores. Ainda temos outros dois escritos de Prestes que entram em consonância com diversos temas presentes nos jornais do movimento comunista vinculado a ele, o Discurso em Havana na conferência da dívida externa (1985) e Um “poder” acima dos outros (1988). O primeiro trata-se de uma amostra da imensa importância que Prestes tinha a nível internacional. Mesmo em meados dos anos 1980 ele seguia sendo convidado para expressar suas visões sobre os desafios dos movimentos dos trabalhadores a nível internacional. Na época, tratando sobre um importantíssimo assunto, a dívida externa, que seria assunto onipresente na América pós-ditatorial. O segundo é um daqueles textos cuja apreensão pela esquerda é inversamente proporcional a sua importância. Prestes sempre denunciou o caráter conservador do advento da Nova República, e um desses elementos conservadores foi a presença, em nossa Constituição da possibilidade de intervenção militar. Isso demonstra (e hoje nos vemos cada vez mais presos nesta realidade) que os militares nunca saíram de uma posição de poder e de capacidade de tomada de rumos em nossa república. A espiral de acontecimentos recentes deixa apenas mais dramática esta específica ferida aberta em nosso país.

Acrescidos a estes documentos procuramos adicionar os textos de Florestan Fernandes, pela sua aguda capacidade de sintetizar em linhas gerais as contribuições de Prestes e de suas posições políticas para a revolução brasileira.

Se fossemos falar em linhas gerais, o livro é sobre ambas as disputas e polêmicas do movimento comunistas nos estertores da ditadura, assim como um livro que permite ver o desenvolvimento do pensamento de Prestes nos seus últimos dez anos de vida – posicionamentos estes que seguem via de regra nos meios políticos e acadêmicos muito mal compreendidos e incorporados.

2. Como foi o processo de organizar o livro?

Gustavo: tudo começou quando o Jornal Avançando, de 1983 acabou em minhas mãos através de militantes que compunham a Juventude naquela época. Comecei a ler também Florestan Fernandes com mais afinco e já acompanhava o pensamento de Prestes e de Anita - já havia lido a biografia de autoria da professora e os textos da Carta e A que Herança devemos renunciar. Em um segundo momento, adquiri em um sebo o Discurso em Havana na conferência da dívida externa. Comecei a perceber que havia uma série de documentos e textos que, ou não haviam sido publicados de nenhuma forma (Jornal Avançando) ou encontraram publicações completamente apartados de outros textos que poderiam ampliar o seu significado (os textos de Prestes e da Professora Anita). Quando conversei com a querida Silvia Petersen, minha professora de graduação da UFRGS, ela me deu um apoio crucial para tomar coragem de montar a publicação.

Uma pesquisa mais a fundo me revelou que grande parte da documentação (Ecos a Cartas de Prestes e Voz Operária) estava presente no Arquivo Edgar Leuenroth, o qual disponibilizou fotocópias sem problemas. Transcrevi a documentação com ajuda imprescindível de Graziele Corso e devagar o livro ia tomando forma. Tive também auxílio e ajuda da professora Anita Prestes e do professor Lincoln Secco, a quem sou deveras grato.

Entretanto vale destacar que ainda é um corpus documental incompleto. Existem alguns números a mais da Voz Operária e do Ecos a serem adicionados. O mesmo vale para os Jornais Avançando, estes não sei nem ao certo o número completo de periódicos existentes. Fora as publicações sindicais para congressos de categorias ou da CUT (Central Única dos Trabalhadores). O livro é também um convite para que historiadores e historiadoras desvelem esta documentação para futuros estudos mais aprofundados. Creio que ainda temos muito a aprender com o movimento comunista alinhado a Prestes e as posições deste.

3. Porque “Herança, Esperança e Comunismo”?

Gustavo: Herança é o termo que Anita Prestes utiliza em seu texto, resgatando um termo de Vladmir Lenin, em A que herança renunciamos de fins do século XIX. Em se tratando de um olhar sobre Luiz Carlos Prestes e o movimento geral dos comunistas e dos trabalhadores há mais de 30 anos atrás, me parece propício. Esperança é o termo pelo qual Prestes ficou designado desde a Coluna, sendo chamado de Cavaleiro da Esperança. Mostra também um pouco da utopia, necessária de termos em voga nos momentos mais duros. O último texto que trago dos “comunistas que se alinham...” se chama A Herança e a Esperança. Eu não poderia simplesmente repetir o título, adicionei “comunismo”, porque afinal de contas, era a ideologia defendida por todos aqueles indivíduos históricos. Mais: era a batalha pela permanência de um marxismo-leninismo revolucionário em um momento de assenso de massas no Brasil – e também um momento em que cresciam ideias completamente contrárias ao materialismo histórico-dialético. Assim como Florestan dizia em 1980, que era necessário voltar à ótica comunista de Marx e Engels, achei que fazia por bem também colocar o termo já no título do livro.

4. Porque a letra “Voz do Leste” de Taiguara para abrir o livro?

Gustavo: este ano Taiguara completaria 75 anos. Foi o artista mais censurado da ditadura, por suas músicas que, de poéticas e românticas começavam a ganhar tons cada vez mais interessantes de crítica social ao fechamento do regime. Passou por dois exílios. Silenciamento. Esquecimento forçado. E mesmo assim escolheu, retornando ao Brasil, o caminho mais difícil, mais complicado. Alinhou-se ao comunismo de Prestes e ganhou novo motivo para ser censurado, por militares, mídia e um público que não queria saber de política. É uma trajetória única e merece ser mais reconhecida dentre a esquerda brasileira.

O álbum Canções de amor e liberdade é extremamente político em toda a sua montagem, e Voz do Leste é uma música em homenagem ao periódico Voz Operária e aos comunistas alinhados a Prestes. Me pareceu justo fazer este encontro de camaradas na publicação.

5. Qual a sua trajetória acadêmica? Quais os planos?

Gustavo: desde 2016, quando encerrei o mestrado e as pesquisas em história medieval, dediquei-me ao estudo de revolucionários africanos. A primeira “experiência” saiu na forma de um capítulo no livro O Pensamento Africano no Século XX, organizado pelo professor José Rivair Macedo e publicado pela Expressão Popular. Agora ingressei no doutorado da UFRGS (com orientação do professor Rivair) para estudar o processo revolucionário na Guiné-Bissau e Cabo Verde, tendo como eixo a definição do que se entendia, naquele processo revolucionário, por “Libertação Nacional”. Mas recém começamos as pesquisas, há muita água a rolar embaixo da ponte...


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A tradicional promoção da Boitempo em homenagem ao Dia Internacional da Luta das Mulheres começa hoje!

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Em Viver é tomar partido: memórias, Anita Leocadia Prestes narra sua extraordinária trajetória de vida, militância e pensamento. Autora de mais de uma dezena de livros sobre a história do comunismo no Brasil e no mundo, passando pela vida de seus pais – objeto de suas publicações mais recentes, Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro (Boitempo, 2015) e Olga Benario Prestes: uma...


 Ano de publicação: 2019.





terça-feira, 3 de março de 2020

“A Revolução de Anita”

Escrito pela autora canadense Shirley A. Langer, a obra é um relato ficcional da campanha de alfabetização realizada em Cuba no ano de 1961, em que mais de 700 mil pessoas – em sua maioria camponeses pobres – aprenderam a ler e a escrever. Tal ação tornou a pequena ilha território livre de analfabetismo. Essa campanha foi uma das primeiras iniciativas da Revolução Cubana para libertar o povo e o país do domínio colonial e da ignorância.

Ao acompanharmos a trajetória de Anita Fonseca, vemos a transformação de uma menina, de 14 anos de idade, cheia de privilégios, mas que impactada pela revolução – e pelo assassinato de Conrado Benítez, um jovem que queria alfabetizar camponeses – decide se tornar voluntária da campanha de alfabetização. Por meio de seu diário e de suas cartas, vivenciamos as contradições de uma jovem que está passando por várias transformações tanto sentimentais quanto físicas.

Além disso, podemos ver também uma pequena (grande) parte das mudanças que ocorreram na vida de Ramón, Clara e Zenaida, camponeses educandos de Anita, principalmente com relação à perspectiva de que suas vidas e seu futuro poderiam ser diferentes.


Trechos do livro
“1º de janeiro de 1962. Queridos Clara, Ramón e Zenaida, acredito que provavelmente sou a primeira pessoa a escrever-lhes uma carta. É maravilhoso estar em casa com a minha família, mas sinto saudades da minha vida com a família Pérez, mais do que eu possa lhes dizer. Outro dia, o meu pai disse algo maravilhoso quando falávamos sobre a campanha. Ele disse que durante a campanha, os camponeses descobriram o mundo das palavras e os brigadistas descobriram o povo esquecido de Cuba. Agora que eu os descobri, não quero perdê-los, então espero que vocês me respondam e contem sobre vocês. Por favor, não se preocupem com erros. Havia 1 milhão de pessoas ou mais no comício. Quando as pessoas aplaudiam, eu imaginava que estavam aplaudindo vocês”. (Diário de Anita, Trinfo da Campanha de Alfabetização)




Temporada do espetáculo "Olga" em Porto Alegre

De 6 a 29 de março
De sexta a domingo, às 20h.
Sala Carlos Carvalho
Casa de Cultura Mário Quintana



Matéria do jornal Correio do Povo, 28/02/2020, sobre o espetáculo "Olga".

Evento "30 anos sem Luiz Carlos Prestes" e lançamento do livro de Anita Prestes

Editado em 12/03/2020: AVISO URGENTE: O EVENTO "30 ANOS SEM PRESTES" E 
LANÇAMENTO DO LIVRO DE ANITA PRESTES NO DIA 19/3 NO IFCS  FOI SUSPENSO DEVIDO  AO CORONAVIRUS - DECISÃO DO REITOR DA UFRJ, SUSPENDENDO TODAS AS ATIVIDADES  EXTRA-CLASSES.

Dia 19/03/2020, às 18h, Sala 109, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ

Palestras de Anita Prestes (PPGHC/UFRJ) e Marcos Cesar de O. Pinheiro (FEBF/UERJ)
Coordenação: Elina Pessanha (UFRJ)
Realização: 
AMORJ - Arquivo de Memória do Rio de Janeiro
ILCP - Instituto Luiz Carlos Prestes

domingo, 1 de março de 2020

Arquivo Nacional publica imagens inéditas de quase um século da história da cidade do Rio

Calendário com 12 fotos raras está disponível para download no site da instituição
(Download no final da postagem)

Pedro Zuazo
01/03/2020 

Imagem antiga de Copacabana e Leme. Arquivo Nacional vai lançar calendário com imagens raras do Rio em homenagem ao título de Capital Mundial da Arquitetura concedido à cidade Foto: Arquivo Nacional


RIO — A Avenida Rio Branco, uma das mais movimentadas do Rio, já exibiu, no início do século XX, quando ainda se chamava Avenida Central, delicados lampadários em estilo art nouveau. A iluminação luxuosa faz parte do passado, mas está eternizada em um retrato de 1906 que servia de propaganda para o projeto modernizador da capital, empreendido pelo então prefeito Pereira Passos, que queria transformar o Rio em uma Paris tropical. Um desses registros da história da cidade ilustra agora o mês de setembro de um calendário comemorativo recém-lançado pelo Arquivo Nacional.

Com 12 imagens raras da cidade, criteriosamente pinçadas de um gigantesco acervo, o calendário está disponível para download no site da instituição. A iniciativa celebra a nomeação do Rio como Capital Mundial da Arquitetura pela Unesco e prepara o terreno para o 27º Congresso Mundial de Arquitetos, que vai acontecer em junho.

De janeiro a dezembro, é possível passear por registros que cobrem quase um século de história: desde uma foto de 1890, que mostra a entrada da Baía de Guanabara, vista de Santa Teresa, até um retrato de 1970, no qual se observa a encosta do Morro da Mangueira, dominada por barracos de madeira.

— Selecionar as imagens foi um desafio porque o Arquivo Nacional tem um acervo muito rico. Para se ter ideia, só o arquivo do jornal Correio da Manhã contém um milhão de fotografias — conta a historiadora e pesquisadora do Arquivo Nacional Claudia Heynemann.

Cada imagem traz uma legenda que explica o contexto do registro ou destaca aspectos arquitetônicos e urbanísticos da cidade na época em que a fotografia foi captada. Ícone da arquitetura modernista brasileira, o Edifício Gustavo Capanema, por exemplo, ilustra o mês de julho. Construído entre os anos de 1937 e 1944, o projeto foi idealizado por uma equipe liderada pelo arquiteto Lucio Costa e formada por Affonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer, Jorge Machado Moreira e outros, com a consultoria do arquiteto Le Corbusier. A obra ganhou jardins de Burle Marx e painéis de Candido Portinari.

Diretora-executiva do comitê organizador Rio Capital Mundial da Arquitetura, Valéria Hazan destaca a contribuição do calendário para um resgate histórico:

— É preciso conhecer e reconhecer a história da cidade para pensar o futuro. Neste momento de discussão do amanhã, temos que revisitar o passado. Esse calendário mostra grandes eventos e transformações que mudaram as características do Rio.

Entre as imagens históricas, duas se destacam pelo modo como foram feitas: tratam-se de estereoscopias. Populares no início do século XX, esses registros traziam duas fotografias, uma ao lado da outra, captadas com uma pequena diferença de ângulo. Vistas através de um aparelho, elas se mesclam em uma única imagem 3D.

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Arquivo Nacional lança calendário com imagens raras do Rio de Janeiro. Iniciativa celebra título inédito de Capital Mundial da Arquitetura concedido à cidade. O calendário comemorativo pode ser obtido AQUI.