terça-feira, 30 de abril de 2013

1º de maio em Petrolina: Anita Prestes e os movimentos sociais na Plenária da Classe Trabalhadora



No dia 1º de maio, dia dos trabalhadores e das trabalhadoras, haverá a Plenária da Classe Trabalhadora, com a participação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outros movimentos sociais. A plenária acontecerá no auditório da Univasf – Petrolina, às 10h e contará com a presença de Anita Prestes.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Devolução do Museu do Índio aos indígenas


Luta em defesa do patrimônio histórico e do respeito às comunidades indígenas

Assine aqui a petição: 


Por que isto é importante?

Através desta petição, mobilizando amplos setores da sociedade civil, busca-se pressionar o Governo do Rio de Janeiro e o Governo Federal a devolver aos índios o Museu do Índio e que seja tombado, reformado, transformado em um ponto de cultura e hotel de trânsito, onde os índios que vierem estudar, desenvolver suas pesquisas, participar de eventos e vender seus artesanatos possam ficar.


Assista e baixe (grátis) o documentário "1964 - Um Golpe contra o Brasil"


O Núcleo de Preservação da Memória Política e a TVT - Televisão dos Trabalhadores disponibilizaram o documentário 1964 - Um golpe contra o Brasil na internet, em duas versões: completa e dividida em 10 capítulos - para facilitar a utilização por professores e organizações interessadas em debater o golpe de Estado.



O filme, uma produção conjunta desta parceria, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, foi dirigido pelo jornalista Alipio Freire e vem tendo grande procura por organizações da sociedade civil, escolas de ensino médio, cursinhos pré-universitários e universidades.

Desde o lançamento no Memorial da Resistência de São Paulo, em 2 de março, foram realizadas sessões e debates na abertura do Projeto Cine Bijou - Cinema e Memória, em 16 de março, nas três unidades do Cursinho da Poli (Santo Amaro, Lapa e Itaquera), em sessão especial para professores no Itaú Cultural promovida pela Apeoesp - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, todas em São Paulo, no MIS - Museu da Imagem e do Som, em Campinas (SP), na Escola Florestan Fernandes do MST - Movimento dos Trabalhadores sem Terra, em Guararema (SP), e por organizações sociais do Vale do Aço, em Minas Gerais.

O Núcleo de Preservação da Memória Política produziu 200 cópias do documentário, que foram disponibilizadas para organizações da sociedade civil interessadas em promover discussões acerca do golpe civil e militar de 1964. Elas têm a opção de retirar a cópia no Núcleo (Av. Brigadeiro Luís Antonio, 2.344, conjunto 45, São Paulo (SP), tel. [11] 2306-4801, e-mail contato@nucleomemoria.org.br) ou solicitar que seja remetida via Correios. Nesse caso, será cobrada a taxa de envio. A prioridade é para organizações que programem atividades utilizando o filme.

O Núcleo Memória autoriza a todos os que receberem cópias do filme a fazerem pelo menos 10 cópias e entregar a outros interessados, aos quais se pede que façam novas cópias e as distribuam, de modo a contribuir para a difusão do documentário.

Documentário está no Youtube

O filme foi publicado no Youtube, em duas versões: completa e dividida em 10 capítulos - para facilitar a utilização por professores e organizações interessadas em debater os motivos que levaram ao golpe de Estado, em 1964, quem esteve por trás dele, quem se beneficiou com isso e as consequências para o país.

Assista agora à versão completa do documentário ou faça o download para o seu computador.

Assista ao documentário completo clicando no link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=jXUYZQWD-fg

Se optar por assistir ou baixar em capítulos, acesse os links abaixo:

Capítulo 1
http://www.youtube.com/watch?v=fwChqqkzR5A

Capítulo 2
http://www.youtube.com/watch?v=cI-NtKBig-4

Capítulo 3
http://www.youtube.com/watch?v=PqM-rP20hkU

Capítulo 4
http://www.youtube.com/watch?v=Opz-z6lSjzI

Capítulo 5
http://www.youtube.com/watch?v=3BO5ljhxBGQ

Capítulo 6
http://www.youtube.com/watch?v=7TatSLXc2NE

Capítulo 7
http://www.youtube.com/watch?v=ImcO4DpuWyg

Capítulo 8
http://www.youtube.com/watch?v=G9VEZ3UGN2E

Capítulo 9
http://www.youtube.com/watch?v=_Dsf_AOEppo

Capítulo 10
http://www.youtube.com/watch?v=jR4ZWI6uNGg


Copyright © 2013 nucleo memoria, All rights reserved.
Discussão sobre o tema da ditadura

Our mailing address is: 

nucleo memoria
av. brigadeiro luiz antonio
Sao Paulo, São Paulo 01402000
Brazil

domingo, 28 de abril de 2013

Anita Prestes em Petrolina, Feira de Santana e Salvador: debate e lançamento de livro


A historiadora Anita Prestes participa de debate e lançamento do livro "Luiz Carlos Prestes: o combate por um partido revolucionário (1958-1990)" na UNIVASF em Petrolina (30/4), na UEFS em Feira de Santana (2/5) e no SINDAE em Salvador (3/5).



A América Latina como vanguarda das lutas antiimperialistas

Entrevista de Atílio Boron para a Cartago Televisión

Entre as várias questões tratadas, estão: A geopolítica do imperialismo, a luta antiimperialista na América Latina, o legado político de Hugo Chávez, a importância de resgatar a história de Luiz Carlos Prestes e da Coluna Prestes (no vídeo 3), o agravamento da crise do capitalismo, a luta pelo socialismo, a unidade latino-americana (Pátria Grande), Alca X Alba, a falência do Estado de Bem-Estar.


Vídeo 1


Vídeo 2


Vídeo 3



MAIORIDADE PENAL - BANDEIRA DESUMANA E DA BARBÁRIE FASCISTA!

Por Antonio Carlos Mazzeo


"[...] E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer

Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal [...]
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos"
(Caetano Veloso)






Em tempos de barbárie a violência generalizada mostra sua cara, mas essa vem coberta pela neblina, na forma de vulto obscuro em que não vemos além da superfície manifesta, como se topássemos com o fenômeno escancarado sem, no entanto, poder ver sua essência.


Tudo aquilo que se manifesta cotidianamente aparece de imediato, com falsa aparência de realidade, como se fantasiada de algo que é sem ser. Estou falando da contradição entre aparência e essência. O que nos vem como generalização é na verdade uma  particularidade-concreta.



A propagada "violência generalizada" tem razão de ser. Não nasceu do éter, ou de uma pretensa maldade inerente aos homens (aqui no sentido de humanidade). Ela possui determinações sociais. De modo que iniciemos a dar forma a esse conceito preconcebido, que retira a hominidade concreta da tal "violência".



Ela começa na violência de uma sociedade que retira os direitos reais das pessoas, ou dizendo de modo preciso, de um segmento da sociedade que já perdeu tudo, dos miseráveis, dos abandonados e desvalidos, dos rebotalhos de uma sociabilidade que suga até o bagaço a vida e a alma das pessoas e depois as joga à margem, ao Deus-dará.



Assim vivem a maior parte dos homens e mulheres da sociedade brasileira, por sua origem mesma, pela história de 400 anos de escravidão e de latifúndio, pelos vários períodos de ditaduras, pela exclusão-inclusora, pela autocracia burguesa, pelo descaso e pela manipulação dos poderosos. 



Nas últimas décadas a ofensiva neoliberal contra os trabalhadores foi de grande intensidade, balizadas pela renovada experiência fascistizante inaugurada pela defunda agente do capital financeiro e do imperialismo, Margaret Thatcher. Em um país como o Brasil, de larga tradição de repressão aos movimentos dos trabalhadores - em que presidentes da república, como o nada saudoso Washington Luís , definiam a questão social como "caso de polícia" - essa política caiu como uma luva. Rapidamente a burguesia brasileira incorporou as políticas de desmonte das conquistas dos trabalhadores a seu dicionário prático, contando com a poio do mais eficaz agente da modernização conservadora, o Partido dos Trabalhadores (e seus aliados), transformado em estafeta dos interesses dos monopólios, da agroindústria e do capital financeiro. 



Mais do que isso, sob o silêncio conivente do govermo federal, muitos governos estaduais abriram guerra declarada contra os lutadores sociais - sindicalistas de oposição, líderes comunitários, líderes de trabalhadores rurais e lideranças étnicas - jogando suas tropas policiais contra os movimentos reivindicatórios e, principalmente contra os pobres e incluídos-excluídos. Assim está sendo no Rio de Janeiro, com a fúria demente de Cabral contra populações faveladas. Em São Paulo, o governador católico fundamentalistaque  apoia entusiasticamente uma das mais violentas polícia do mundo, a PM paulista - que diariamente assassina dezenas de negros e mestiços, todos eles pobres e, como diz o poeta, "mulatos e outros quase brancos. Tratados como pretos".  No campo, assassinam líderes de trabalhadores sem terras, matam e tratam índios como lixo. Nas cidades, perseguem os miserávies zumbis vítimas das drogas como se fossem animais raivosos!



Nesse quadro terrível de ascensão fascista - estrategicamente apoiada pela mídia brasileira, sabidamente golpista e aduladora dos poderosos, serviçal e baba-ovo do imperialismo estadunidense - a burguesia abre um novo front na guerra contra os pobres e miseráveis, voltando suas baterias contra os filhos menores do proletariado. O novo front de guerra contra os miseráveis quer institucionalizar o que já faz há anos; é abandeira da redução da idade penal.  Não é novidade o massacre sistemático das crianças filhas da pobreza, integrantes do contingente dos sem-futuro, basta que lembremos da chacina de crianças abandonadas e esfomeadas na Candelária, no Rio de janeiro, em 1993  - como diz outro poeta:"Já foi nascendo Com cara de fome. E eu não tinha nem nome Prá lhe dar." 



Na contra-mão da civilidade, ou do que resta dela na sociabilidade capitalista, os setores mais reacionários lançam a campanha que visa a legalização do aprisionamento de crianças e adolescentes. Contra tudo que o conhecimento científico demonstra, a burguesia em sua fúria, escancara seus dentes. Recusa o que dizem os mais respeitados pedagogos, psícólogos e sociólogos, de que o processo pedagógico mais eficiente é o do acolhimento e da proteção. Optam pela "pedagogia do fascismo", isto é, integrar os que são integrados e eliminar os incluídos-excluídos. Melhor dizendo: "criança infratora boa é morta". Afinal, matar bandidos infantís é antecipar a "profilaxia social" ! 



Não faltam boçais truculentos de plantão,  os falastrões fascistas da mídia golpista a incentivar, inclusive a adoção da pena de morte, até para os menores infratores. Basta ligar a TV a partir das 17:00h, para assistir programas macabros que tratam a delinquência resultante de uma sociabilidade truculenta que marginaliza e criminaliza a pobreza como questão de "índoles" ou de "falta de deus no caração". Como se o "mal" fosse uma opção e não resultado de complexas condições sócioeconômicas, educacionais e culturais. 



No mundo hodierno a mídia tem papel decisivo, enquanto complexo de aparelhamento ideológico e de hegemonia. Não se enganem, eles "fazem cabeças" e corações, instigam a verdadeira violência, quebram todas as necessárias mediações e ponderações analíticas sobre a relação da miséria humana e a violência. Sem temor de sermos minoria, temos que saber que a maioria da população está propensa a apoiar a redução da maioridade penal. Quero ilustrar minha argumentação, com duas cartas de leitores, do "painel do Leitor" da Folha de São Paulo" de 17/04/2013, sobre o massacre do carandiru. 

Por razões óbvias, cito apenas as iniciais dos nomes dos emitentes: 

Carandiru



1. "Tanto a imprensa como o promotor têm se pronunciado de forma inadequada sobre o tema. No processo ocorre uma eversão. A Promotoria não se desincumbiu de apontar os responsáveis pelo fato, elegendo a polícia como bode expiatório. Quem merece punição é o amotinado, não quem os reprimiu. A função do Ministério Público é a defesa da sociedade ou de facínoras?"

J.F.C (São Paulo, SP)


2. "É justa a indenização a familiares dos presos mortos no Carandiru. Mas que esse dinheiro venha do patrimônio pessoal das autoridades responsáveis pelo massacre e também, no caso das autoridades eleitas, do dinheiro das empresas que financiaram suas campanhas (elas são coautoras). Não tenho nada com isso."

O. C.G.  (São Paulo, SP)


A primeira carta citada é explícita, apoia o massacre, entendido como punição necessária, pelo fato dos amotinados serem prisioneiros condenados, ou como define, "fascínoras". Aqui, o Estado é entendido como organismo "vingador" da sociedade, com conotações bíblicas do Velho testamento, do deus vingador.


A segunda carta citada, como podemos ver, é mais comedida, compreende a necessidade de indenizar os parentes da vítimas, mas exige que se desencumba o Estado e a sociedade, porque não tem "nada com isso"


Ambas expressam a posição de um largo segmento ganho pela ideologia da barbárie. Um, do fundamentalismo religioso, que transforma as instituições em instrumentos de vingança contra "pecadores". Outro, exime a sociedade e culpabiliza indivíduos. As duas posições materializam, hoje, um senso comum construído durante e depois da ditadura militar  



Nosso desafio é abrir uma contra ofensiva, dentro dos limites que temos, e colocar à discussão em nossos sindicatos e em nossos locais de militância e de trabalho essa questão, dentro de um outro parâmetro. Descriminalizar a pobreza implica, também, em apontar soluções para a criminalidade. Não a fascistizante, que deixa as penitenciárias em condições degradantes, que desagregam ainda mais o punido e que se constitui em escola de crime, uma senzala de desvalidos. Não as casas de acolhimento de menores nos moldes de casas de correções que desfiguram a infância e a adolescência, tornando-os homens lumpen-proletários precocemente degrados. 


É desafiante integrar incluídos-excluídos que fazem parte integrante da concepção societal engendrada pelo capitalismo. Isso, como sabemos, será possível apenas em outra sociabilidade. Por ora, devemos procurar salvar esses brasileiros "sem eira nem beira" da sanha fascista. A luta pelos direitos e pela dignidade desses irmãos é o mínimo...e não podemos mais perder tempo! 

Mafalda e a poderosa crítica de valores





Argentina e universal, personagem de Quino segue jovem aos 50: sua ironia permanece viva, numa sociedade cada vez mais desigual
Por Carlos Eduardo Rebuá Oliveira
Difícil encontrar alguém que não conheça uma baixinha argentina chamada Mafalda. Seja como souvenir, estampando camisas e cartazes do movimento estudantil, ou através dos já clássicos livros-coletânea, a quase “cinquentona” menina insiste em se fazer presente. Apesar da curta trajetória (1964 a 1973), trata-se da personagem de histórias em quadrinhos (hq’s) mais popular da Argentina e uma das mais conhecidas no mundo.
Ao contrário do que muitos pensam, Mafalda não foi contemporânea da ditadura do triunvirato Videla, Massera e Agosti, conhecida como Proceso de Reorganización Nacional (1976-1983) – um dos seis golpes civil-militares pelos quais aquele país passou no século XX, com um saldo de cerca de trinta mil mortos/desaparecidos. A personagem de Quino“nasceu” na conturbada década de 1960, durante o governo de Arturo Umberto Illia (1963-1966), derrubado por outro golpe – a chamadaRevolução Argentina,que colocou no poder os generais Onganía, Levingston e LanusseMais exatamente, o “nascimento” de Mafalda se dá no mesmo ano em que no Brasil é deflagrado o Golpe que duraria vinte e um anos.
Em seu curto período de vida, Mafalda e sua turma (ela só “existe” a partir das relações que constrói com a família e com os amigos Manolito, Miguelito, Susanita, Felipe, Libertad ) “assistiram” a inúmeros acontecimentos significativos – a caça aos comunistas pós-Revolução Cubana; as ditaduras civil-militares na América do Sul, também com forte ingerência estadunidense; o assassinato de líderes como Martin Luther King (em 1968) e Malcom X (em 1965), bem como o de Che Guevara (1967), na Bolívia, com participação da CIA; o Maio de 1968 na França, sob o lema “a imaginação no poder”, que incendiou a juventude; o Festival de Woodstock (1969), com seu pacifismo à moda flower power ; a Primavera de Praga, que tentou construir uma democracia socialista na Tchecoslováquia de Dubcek; a derrota estadunidense no Vietnã, à custa de milhares de vidas dos dois lados; a eleição de Salvador Allende no Chile (1970), a chegada do homem (estadunidense) à Lua (em 1969), no contexto da corrida espacial com a URSS; o fim dos Beatles (fato que sem dúvida afetou profundamente Mafalda…) e o tricampeonato da seleção brasileira de futebol no México (o que também não deve ter agradado os conterrâneos da “baixinha”), ambos em 1970.
Mafalda na aula de História
Até há pouco tempo, as histórias em quadrinhos “entravam” na escola pela “porta dos fundos” e, na universidade, após um pedido de desculpas. Eram considerados uma subarte, uma subliteratura, representando uma linguagem “menor” e assumindo um caráter apenas de brincadeira. Felizmente, muita coisa mudou nestes últimos trinta anos no que diz respeito ao olhar acadêmico sobre as hq’s.
A criticidade na aula de História é requisito fundamental, bem como a associação entre processos históricos e a identificação de rupturas e permanências ao longo do tempo. Mafalda faz isso a todo instante: analisa criticamente a realidade, sem buscar uma pretensa neutralidade. (Esse é outro requisito importante nos debates realizados numa aula de História: tomar partido.) Ela não aceita o mundo que “recebeu” e o questiona constantemente. Ora tem atitudes de uma criança “típica” (que tem medo, depende dos pais, é ingênua…), ora age como uma criança excepcional (não no sentido de superdotada) e constrói belas metáforas, “saindo” da dimensão do concreto que caracteriza a criança em seus anos iniciais. Lúcida, crítica, consegue discutir a Guerra do Vietnã, por exemplo, e muitas vezes colocar os adultos em situações embaraçosas.
Em minha dissertação, defendida em 2011 no Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ, intitulada “Mafalda na aula de História: a crítica aos elementos característicos da sociedade burguesa e a construção coletiva de sentidos contra-hegemônicos”, analisei Mafalda buscando investigar como é possível, a partir da baixinha argentina, “tocar” em elementos basilares do tipo de sociedade da qual fazemos parte, grosso modo, há mais de duzentos anos: o individualismo, a democracia burguesa, o estímulo ao consumo, a valorização do lucro, a propriedade privada, o progresso, o livre-comércio, a naturalização das diferenças, a desumanização e a competição.
Como professor da Educação Básica (Ensinos Fundamental e Médio) e do Ensino Superior, a experiência com hq’s tem sido muito rica. Como um apaixonado por Mafalda, gosto de usá-la em provas, debates, trabalhos, tentando “extrair” ao máximo sua criticidade, suas indagações diante de um mundo confuso e “ao contrário”. O curioso é que Mafalda – uma personagem criança que não foi produzida pensando no público infantil – dialoga com diferentes faixas etárias. A partir dela é possível, por exemplo, tanto debater a democracia grega com o sexto ano como problematizar o conceito de alienação, a partir da mídia e do consumo, com uma turma de graduação em Pedagogia. Eis as tiras usadas nesses casos:
 tira Mafalda
tiraMafalda2_maior
As hq’s são recursos poderosos, ferramentas importantes na relação de ensinar-aprender. E Mafalda é um exemplo paradigmático, dada a atualidade da crítica e o alcance da narrativa tecida pelo artista argentino. Todavia, é fundamental lembrar que as hq’s sozinhas não tornam uma aula mais ou menos atraente, tampouco transmitem um conteúdo em toda a sua integridade.
A genialidade de Quino
Quino é um dos artistas mais completos que surgiram em nuestra America. Embora Mafalda não tenha sido editada na forma de gibi (como a Turma da Mônica, por exemplo), seja datada (trata da Guerra Fria, das ditaduras na América Latina, etc.) e tenha durado apenas sete anos, a personagem fez e continua a fazer sucesso, tendo sido traduzida em países como Japão, Noruega, Austrália – sociedades muito distintas das existentes em nosso continente.
O enorme alcance da obra de Quino (cuja genialidade vai muito além de Mafalda) deve-se ao fato de que o artista argentino abordou questões “permanentes”, como a da liberdade ou da soberania de um povo, por exemplo. Esta talvez seja a marca fundamental de um gênio – seja Beethoven, Dostoiévski ou… Quino.
Ao responder pergunta sobre se é possível modificar algo através do humor, Quino certa vez afirmou: “Não. Acho que não. Mas ajuda. É aquele pequeno grão de areia com o qual contribuímos para que as coisas mudem”.1 Não tenho dúvidas de que Mafalda e sua turma representam importantes “grãos de areia” na construção de outras leituras/interpretações de nossa realidade, e logo, no limite, na construção de um outro mundo possível e necessário.

Carlos Eduardo Rebuá Oliveira, licenciado em História pela UFF, mestre e doutorando em Educação, é professor de ensino superior e da educação básica nas redes pública e privada.

Referências
QUINO. Toda Mafalda. Rio de Janeiro: Martins Fontes Editora, 2002.
REBUÁ, Eduardo. Mafalda na aula de História: a crítica aos elementos característicos da sociedade burguesa e a construção coletiva de sentidos contra-hegemônicos.Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – ProPEd/UERJ. Rio de Janeiro, 2011.
1 Em entrevista traduzida para o português pelo site http://www.mafalda.net/(sem data).

sábado, 27 de abril de 2013

Camarada Antonio Gramsci, presente!!! Agora e sempre!!!

Há exatamente 76 anos atrás, em 27 de abril de 1937, morreu Antonio Gramsci, comunista italiano.



Cronologia da vida de Antonio Gramsci

Da edição brasileira dos Cadernos - 1999

1891

22 de janeiro. Nasce em Ales (Cagliari, Sardenha), filho de Francesco e Giuseppina Marcias, quarto de sete filhos (Gennaro, Grazietta, Emma, Antonio, Mario, Teresina, Carlo). O pai, filho de um coronel da polícia militar, nascera em Gaeta em 1860, descendente de uma família de origem albanesa. Concluído o ginásio, Francesco passa a trabalhar no cartório de Ghilarza, em 1881. Em 1883, casa-se com Giuseppina Marcias e, pouco tempo depois, transfere-se para Ales. A mãe, nascida em Ghilarza em 1861, era sarda por parte de pai e mãe e tinha parentesco com famílias ricas de sua cidade.


1894-96


Antonio tem saúde frágil. Aos quatro anos, cai dos braços de uma babá, fato que será depois relacionado com seu defeito físico (ele era corcunda). Pesquisas mais recentes atribuem esse defeito à doença de Pott, uma espécie de tuberculose óssea, diagnosticada somente no cárcere, mas que Antonio teria contraído desde a infância.


1897-98


O pai é afastado do emprego e, depois, preso e condenado, acusado de irregularidades administrativas. A mãe, com os sete filhos, volta a morar em Ghilarza. Antonio (cujo apelido familiar era "Nino") freqüenta a escola primária.


1903-05


Concluído o curso primário, em 1902, é obrigado, pelas difíceis condições econômicas da família, a trabalhar por dois anos no cartório de Ghilarza. Estuda em casa.


1905-08


Graças à ajuda da mãe e das irmãs, retoma os estudos e freqüenta os três últimos anos do ginásio em Santu Lussurgiu, a 15 quilômetros de Ghilarza. Em torno de 1905, começa a ler a imprensa socialista, sobretudo o jornal Avanti!, enviado pelo irmão mais velho, Gennaro, que prestava serviço militar em Turim.


1908-11


Concluído o ginásio em Oristano, ingressa no curso colegial em Cagliari. Vive com o irmão Gennaro, que trabalhava numa fábrica de gelo e era tesoureiro da Câmara do Trabalho local e, mais tarde, secretário de seção do Partido Socialista Italiano (PSI). Gramsci freqüenta o movimento socialista e participa ativamente dos grupos juvenis que discutem os problemas econômicos e sociais da Sardenha. Manifesta-se nele um profundo sentimento de rebelião contra os ricos, marcado pelo orgulho regionalista. Em 1910, publica em L´Unione Sarda o seu primeiro artigo. Remontam também a esses anos suas primeiras leituras de Marx, feitas -- como ele dirá depois -- "por curiosidade intelectual". Durante as férias, para ajudar nos gastos com a escola, faz trabalhos de contabilidade e dá lições particulares. 


1911


No verão, conclui o segundo grau. Para poder inscrever-se na Universidade, decide concorrer a uma bolsa de estudos para alunos pobres do antigo Reino da Sardenha, uma bolsa de baixo valor, concedida apenas por dez meses ao ano. Em outubro, parte para Turim, onde presta o concurso (no qual também se inscreve Palmiro Togliatti) e obtém a bolsa. No mês seguinte, inscreve-se na Faculdade de Letras. Mora durante algum tempo com Angelo Tasca, companheiro de estudos e dirigente do movimento juvenil socialista.


1912


Nos primeiros meses como estudante universitário, vive isolado, sofrendo graves dificuldades materiais e padecendo de um esgotamento nervoso. Interessa-se particularmente pelos estudos de glotologia, realizando algumas pesquisas sobre o dialeto sardo. Freqüenta também o curso de literatura italiana ministrado por Umberto Cosmo. Nessa época, conhece Togliatti, de quem se torna amigo. Pouco tempo depois, fazem juntos uma pesquisa sobre a estrutura social da Sardenha.


1913


Estuda bastante, freqüentando no ano letivo 1912-1913 vários cursos nas Faculdades de Letras e de Direito. Contudo, por causa das precárias condições de saúde, não consegue prestar nenhum exame. 
Outubro. Estando em Ghilarza, Gramsci adere ao "Grupo de ação e propaganda antiprotecionista", adesão registrada em La Voce, de 9 de outubro. Assiste na Sardenha à campanha eleitoral para as primeiras eleições italianas realizadas com sufrágio universal. Nos meses subseqüentes, estabelece seu primeiro contato com o movimento socialista de Turim, em particular com sua seção juvenil. É provável que remonte a essa época a inscrição de Gramsci na seção socialista de Turim.



1914


Lê assiduamente La Voce e L´Unità, jornais dirigidos respectivamente por Giuseppe Prezzolini e Gaetano Salvemini, importantes intelectuais italianos da época. Com alguns amigos, projeta fundar uma revista socialista. Gramsci se põe ao lado dos grupos mais radicais de operários e estudantes (socialistas, libertários, etc.), que formam em Turim a fração da esquerda revolucionária. 
Outubro. Intervém no debate sobre a posição do PSI diante da guerra, com o artigo "Neutralidade ativa e operante" (Il Grido del Popolo, 31 de outubro), polemizando com o amigo Angelo Tasca, que era favorável à "neutralidade absoluta". Um dos seus professores informa à fundação que lhe concede a bolsa que "o jovem sofre periodicamente de crises nervosas que o impedem de cumprir plenamente suas tarefas acadêmicas".


1915

No inverno de 1914-15, segue um curso de filosofia teórica ministrado por Annibale Pastore, do qual recebe também aulas particulares. Em abril, presta exames de literatura italiana; depois disso, abandona a Universidade, embora -- pelo menos até 1918 -- pareça continuar afirmando sua intenção de graduar-se em glotologia.
No outono, volta a colaborar em Il Grido del Popolo, semanário socialista, com uma série de notas e artigos de tema social e literário. Em dezembro, passa a fazer parte da redação turinense do Avanti!, o cotidiano do PSI.


1916

Dedica-se a uma intensa atividade jornalística, como cronista teatral, redator de notas sobre costumes e polemista na coluna "Sotto la Mole" do Avanti! Um dos seus principais alvos é a retórica nacionalista. Pronuncia conferências nos círculos operários de Turim, tratando de temas como Romain Rolland, a Comuna de Paris, a Revolução Francesa, Marx, etc.


1917


Fevereiro. Quando ainda era (como dirá depois nos Cadernos) "sobretudo tendencialmente crociano", organiza e redige o número único de La Città Futura, uma publicação da Federação Juvenil Socialista do Piemonte, na qual publica os artigos "Três princípios, três ordens", "Indiferentes", "A disciplina" e "Margens", bem como escritos de Benedetto Croce e Salvemini.
Em alguns artigos e notas publicados em Il Grido del Popolo, em abril e julho, exalta a figura de Lenin e chama a atenção para o caráter socialista da Revolução Russa.

Setembro. Depois da rebelião operária de 23-26 de agosto e da prisão de quase todos os dirigentes socialistas de Turim, Gramsci se torna secretário da Comissão Executiva Provisória da seção turinense do PSI e assume, de fato, a direção de Il Grido del Popolo, ao qual dedica, até outubro de 1918, "boa parte de seu tempo e da sua freqüentemente tumultuada atividade".

18-19 de novembro. Participa em Florença da reunião clandestina da "fração intransigente revolucionária" do PSI, constituída no mês de agosto. Estão presentes a essa reunião, entre outros, Giacinto Menotti Serrati (principal líder da corrente maximalista, majoritária, do PSI) e Amadeo Bordiga (líder da fração maximalista abstencionista, e que seria depois um dos fundadores do Partido Comunista da Itália, PCI). Gramsci concorda com Bordiga sobre a necessidade de uma intervenção ativa do proletariado na crise provocada pela guerra.

Dezembro. Propõe a criação em Turim de uma associação proletária de cultura e afirma a necessidade de complementar a ação política e econômica dos socialistas com um organismo de atividade cultural. Com alguns jovens, funda um "Clube de vida moral", sobre o qual consulta o pedagogo idealista Giuseppe Lombardo Radice.

Nesse mesmo mês, trata da tomada do poder na Rússia pelos bolcheviques no famoso artigo "A revolução contra O Capital", publicado no Avanti! de Milão, em 24 de dezembro. Nos meses seguintes, sobretudo em Il Grido del Popolo, trava uma batalha pela renovação ideológica e cultural do movimento socialista, ao mesmo tempo em que publica comentários, notícias e documentos sobre a revolução na Rússia.

EUA negam autorização para filha de Raúl Castro receber prêmio na Filadélfia

Mariela Castro era esperada para uma conferência na próxima semana sobre direitos civis de comunidades LGBTT


A filha do presidente cubano Raúl Castro teve negada pelo Departamento de Estado americano a permissão para ir até a cidade da Filadélfia, na Pensilvânia, para participar de uma conferência e receber um prêmio por seu ativismo pelo direito dos homossexuais, segundo informações da agênciaAP
Leia entrevista com Mariela Castro:




Mariela Castro era esperada para uma conferência na próxima semana sobre direitos civis de comunidades lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, patrocinada pelo Fórum da Igualdade, de acordo com Malcolm Lazin, representante jurídico do organizador. Ao final do evento, a cubana receberia um prêmio após um jantar.

“Nós achamos chocante que nosso Departamento de Estado negue o direito de liberdade de expressão, particularmente em um encontro internacional sobre direitos civis, para qualquer pessoa, muito menos para a filha do presidente cubano”, disse Lazin.


Porta-voz do órgão do governo norte-americano, Noel Clay afirmou que não faria comentários sobre o caso porque os registros de vistos são confidenciais. Mariela estava em Nova York nesta quinta-feira participando de uma reunião das Nações Unidas.O Departamento de Estado proíbe diplomatas cubanos de viajar a mais de 40 quilômetros da região central de Manhattan.



Mariela, sobrinha de Fidel, é diretora do Centro Nacional para Educação Sexual de Cuba. Proeminente ativista no país, Mariela instituiu campanhas de conscientização e treinamento policial especificamente para lidar com a comunidade LGBT e age para legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo.

FONTE: Opera Mundi