quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O COMBATE AO DUALISMO ESCOLAR: EXPERIÊNCIAS CONTRA-HEGEMÔNICAS NO CAMPO EDUCACIONAL BRASILEIRO (1945-1957)

Por Amália Cristina Dias da Rocha Bezerra e Marcos Cesar Oliveira Pinheiro
Professores Adjuntos de História da Educação da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ)

Revista Agência Social, volume 10, número 1

Texto completo:

Resumo
A partir de uma síntese histórica do debate educacional e das políticas de educação produzidas pelo Estado Novo brasileiro (1937-1945), analisam-se as funções sociais da escolarização de ensino primário, médio e superior em face da organização do mundo do trabalho e da cultura. Nessa perspectiva, as políticas públicas em educação do governo de Getúlio Vargas aprofundaram a dualidade educacional presente entre os níveis de ensino e os públicos a que se destinavam. Em contrapartida, no período pós-guerra (1945-1964) surgiram experiências educativas contra-hegemônicas organizadas pelo PCB (denominado naquela época Partido Comunista do Brasil), que buscavam a alfabetização da população e sua formação política para luta pelos direitos sociais. Aborda-se neste trabalho a experiência de educação popular desenvolvida pelos Comitês Populares Democráticos e pela Universidade do Povo, que desempenharam um papel de considerável importância na mobilização e organização de setores populares nos bairros e locais de trabalho de várias cidades brasileiras daquele momento histórico, em que a cultura e a educação passam a se integrar com mais força ao rol de preocupações dos movimentos populares. O nível de organização e o alcance dessas experiências educativas da esquerda apontam a necessária problematização da historiografia da educação brasileira, que realiza enquadramentos e seleções temáticas que deixam na invisibilidade o debate educacional enfrentado por intelectuais e movimento sociais de esquerda assim como as ações empreendidas.

Palavras-chave
Partido Comunista, Universidade do Povo, Política Educacional, redemocratização.


terça-feira, 29 de agosto de 2017

Lima Barreto: “No ajuste de contas…” // Especial Revolução Russa

Lima Barreto (1881-1922)

O Blog da Boitempo recupera, no contexto do dossiê especial sobre o centenário da Revolução Russa, uma série de artigos de Lima Barreto – todos escritos no calor da hora em 1918. A enérgica e afiada defesa pública da Revolução Russa que emerge nesses textos se mostra tanto mais audaciosa por parte de Lima Barreto se considerarmos que a tônica geral das referências da elite intelectual da época aos acontecimentos de Outubro e ao recém estabelecido governo soviético era bastante depreciativa, para dizer o mínimo.

Este primeiro artigo, intitulado “No ajuste de contas…” e publicado originalmente no dia 11 de maio de 1918 no periódico carioca A.B.C, ficou conhecido como “manifesto maximalista” pois apresenta uma série de propostas de mudanças políticas e sociais para o Brasil declaradamente inspirados na revolução bolchevique.

* * *

No ajuste de contas…

Por Lima Barreto.
11.5.1918, A.B.C.

A nossa burguesa finança governamental só conhece dois remédios para equilibrar os orçamentos: aumentar os impostos e cortar lugares de amanuenses e serventes. Fora desses dois paliativos, ela não tem mais beberagem de feiticeiro para curar a crônica moléstia do déficit.

Quanto ao cortar lugares, é engraçado o que se passa na nossa administração. Cada ministro, e quase anualmente, arranja uma autorização para reformar o seu ministério. De posse dela, um, por exemplo, o da Guerra, realiza a sua portentosa obra e vem cá para fora blasonar que fez uma economia de sessenta e nove contos, enquanto o do Exterior, por exemplo, com a sua aumentou as despesas de sua pasta em mais de cem contos.

Cada secretário do presidente concebe que governo é só e unicamente o seu respectivo ministério e cada qual puxa a brasa para a sua sardinha.

Cabia ao presidente coordenar estes movimentos desconexos, ajustá-los, conjugá-los; mas ele nada faz, não intervém nas reformas e deixa correr o marfim, para não perder o precioso tempo que tem de empregar em satisfazer os hipócritas manejos dos caixeiros da fradalhada obsoleta ou em pensar nas coisas de sua politiquinha de aldeola.

Enquanto as reformas com as hipotéticas economias são em geral obra dos ministros, o aumento de imposto parte, em geral, dos nossos financeiros parlamentares. Eles torram os miolos para encontrar meios e modos de inventar novos; e, como bons burgueses que são, ou seus prepostos, sabem, melhor que o imperador Vespasiano, que o dinheiro não tem cheiro. Partem desse postulado que lhes remove muito obstáculo e muitas dificuldades e chegam até às latrinas, como aconteceu o ano passado.

Essa pesada massa de impostos, geralmente sobre gêneros de primeira necessidade, devendo ser democraticamente igual para todos, vem verdadeiramente recair sobre os pobres, isto é, sobre a quase totalidade da população brasileira, que é de necessitados e pobríssimos, de forma que as taxas dos Colberts da nossa representação parlamentar conseguem esta coisa maravilhosa, com as suas medidas financeiras: arranham superficialmente os ricos e apunhalam mortalmente os pobres. Pais da pátria!

Desde que o governo da República ficou entregue à voracidade insaciável dos políticos de São Paulo, observo que o seu desenvolvimento econômico é guiado pela seguinte lei: tornar mais ricos os ricos; e fazer mais pobres os pobres.

São Paulo tem muita razão e procede coerentemente com as suas pretensões; mas devia ficar com os seus propósitos por lá e deixar-nos em paz. Eu me explico. Os políticos, os jornalistas e mais engrossadores das vaidades paulistas não cessam de berrar que a capital de São Paulo é uma cidade europeia; e é bem de ver que uma cidade europeia que se preza não pode deixar de oferecer aos forasteiros o espetáculo de miséria mais profunda em uma parte de sua população.

São Paulo trabalha para isso, a fim de acabar a sua flagrante semelhança com Londres e com Paris; e podem os seus eupátridas estar certos que ficaremos muito contentes quando for completa, mas não se incomodem conosco, mesmo porque, além de tudo, nós sabemos com Lord Macaulay que, em toda a parte, onde existiu oligarquia, ela abafou o desenvolvimento do gênio.

Entretanto, não atribuirei a todos os financeiros parlamentares que têm proposto novos impostos e aumento dos existentes; não atribuirei a todos eles, dizia, tenções malévolas ou desonestas. Longe de mim tal coisa. Sei bem que muitos deles são levados a empregar semelhante panaceia, por mero vício de educação, por fatalidade mental que não lhes permite encontrar os remédios radicais e infalíveis para o mal de que sofre a economia da nação.

Quando se tratou aqui da abolição da escravatura negra, deu-se fenômeno semelhante. Houve homens que por sua generosidade pessoal, pelo seu procedimento liberal, pelo conjunto de suas virtudes privadas e públicas e alguns mesmo pelo seu sangue, deviam ser abolicionistas; entretanto, eram escravocratas ou queriam a abolição com indenização, sendo eles mais respeitáveis e temíveis inimigos da emancipação, por não se poder suspeitar da sua sinceridade e do seu desinteresse.

É que eles se haviam convencido desde meninos, tinham como artigo de fé que a propriedade é inviolável e sagrada; e, desde que o escravo era uma propriedade, logo…

Ora, os fundamentos da propriedade têm sido revistos modernamente por toda a espécie de pensadores e nenhum lhe dá esse caráter no indivíduo que a detém. Nenhum deles admite que ela assim seja nas mãos do indivíduo, a ponto de lesar a comunhão social, permitindo até que meia dúzia de sujeitos espertos e sem escrúpulos, em geral fervorosos católicos, monopolizem as terras de uma província inteira, títulos de dívida de um país, enquanto o Estado esmaga os que nada têm com os mais atrozes impostos.

A propriedade é social e o indivíduo só pode e deve conservar, para ele, de terras e outros bens, tão-somente aquilo que precisar para manter a sua vida e de sua família, devendo todos trabalhar da forma que lhes for mais agradável e o menos possível, em benefício comum.

Não é possível compreender que um tipo bronco, egoísta e mau, residente no Flamengo ou em São Clemente, num casarão monstruoso e que não sabe plantar um pé de couve, tenha a propriedade de quarenta ou sessenta fazendas nos estados próximos, muitas das quais ele nem conhece nem as visitou, enquanto, nos lugares em que estão tais latifúndios, há centenas de pessoas que não têm um palmo de terra para fincar quatro paus e erguer um rancho de sapê, cultivando nos fundos uma quadra de aipim e batata-doce.

As fazendas, naturalmente, estarão abandonadas; por muito favor, ele ou seus caixeiros permitirão que os desgraçados locais lá se aboletem, mas estes pobres roceiros que nelas vegetam, não se animam a desenvolver plantações, a limpá-las do mato, do sapê, da vassourinha, do carrapicho, porque, logo que o fizerem, o dono vendê-las-á a bom preço e com bom lucro sobre a hipoteca com que a obteve, sendo certo que o novo proprietário expulsá-los-á das terras por eles beneficiadas.

Na Idade Média e, mesmo no começo da Idade Moderna, os camponeses de França tinham contra semelhantes proprietários perversos que deixavam as suas terras en friche, o recurso do haro, e mesmo se apossavam delas para cultivá-las; mas a nossa doce e resignada gente da roça não possui essa energia, não tem mesmo um acendrado amor à terra e aos trabalhos agrícolas e procedem como se tivessem lido o artigo XVII da Declaração dos Direitos do Homem.

O que se diz com relação à propriedade imóvel, pode-se dizer para a móvel. Creio que é assim que os financistas denominam as apólices, moedas, títulos, etc.

O povo, em geral, não conhece esta engrenagem de finanças e ladroeiras correlativas de bancos, companhias, hipotecas, cauções, etc.; e quando, como atualmente, se sente esmagado pelo preço dos gêneros de primeira necessidade, atribui todo o mal ao taverneiro da esquina.

Ele, o povo, não se pode capacitar de que a atual alta estrondosa do açúcar é obra pura e simples do Zé Bezerra e desse Pereira Lima que parece ter sido discípulo dos jesuítas, com a agravante de que o primeiro foi e o segundo é ainda ministro de Estado, cargo cuja natureza exige de quem o exerce o dever de velar, na sua esfera de ação, pelo bem público e para a felicidade da comunhão.

Não estará tal coisa nas leis ou nos regulamentos; mas, evidentemente, se contém na essência de tal função administrativa.

Bastiat, nas suas Mélanges d’Économie Politique, tem um interessante capítulo, intitulado – “O que se vê e o que não se vê”. Pouco ou nada se relaciona com o nosso assunto; mas citei-o, porque foi a sua leitura que me fez considerar e analisar melhor certos fatos e não ficar como o grosso do povo preso “ao que se vê”, sem procurar a verdadeira explicação no “que não se vê”.

É difícil imaginar, para quem se atém unicamente “ao que se vê”, como esse negócio de apólices é o cancro do orçamento e a fonte de todos os nossos males, provocados pelo critério supersticioso que têm os nossos financistas sobre a propriedade privada.

Poderia encher isto aqui de algarismos, obtidos nos relatórios pantafaçudos ou nas tabelas do orçamento, para provar o que digo; mas deixo essa difícil exibição sabichona para o Senhor Oto Prazeres, a fim de que ele possa fazer mais um livro e ir ainda uma vez levá-lo em pessoa ao Senhor Venceslau Brás.

O caso das apólices é muito semelhante ao da escravatura na geração anterior à nossa. É um ônus que, em geral, herdamos das gerações passadas. Não garanto; mas, parece-me que ainda pagamos juros de apólices emitidas em 1867; e mesmo que isto não seja inteiramente verdade, deve ser aproximadamente, porquanto, de onde em onde, o governo, por isso ou aquilo, as substitui por outras, continuando, as novas, a serem virtualmente as velhas que aquelas substituíram.

Mirabeau, respondendo às objeções feitas a reformas radicais que rompiam totalmente com o passado, teve na Assembleia Constituinte de 89, uma comparação eloquentíssima. Se todos os nossos antepassados, dizia ele, ocupassem com os seus túmulos a superfície total da Terra, nós, os atuais habitantes, teríamos todo o direito de desenterrar os seus ossos, para cultivar os campos, criar gado, tirar da terra, enfim, a nossa subsistência.

Cito de memória; mas, julgo não ter deturpado o pensamento do grande conde de Mirabeau, o qual vem esclarecer o meu, quando não quero aceitar uma carga injusta dos nossos pais e lembro que essa obrigação herdada por nós de pagar prêmios de apólices de empréstimos de que as gerações passadas abusaram, deve cessar inteiramente, pois é tal verba orçamentária que nos esmaga de impostos e faz a nossa atual vida dificílima, mais ainda do que os estancos de Limas Pereiras, Bezerras e caterva.

No próprio ponto de vista dos usurários e truculentos capitalistas, a apólice é um mal, é um capital imobilizado que não concorre para o desenvolvimento do país; pois quem tem poucas, guarda-as, para receber juros como achego; e quem tem muitas, guarda-as também, para não fazer nada e viver do rendimento.

Contaram-me que há uma senhora que é possuidora de duas mil apólices de conto de réis; tem ela, portanto, a cinco por cento, o rendimento anual de cem contos de réis. Vive na Europa e não vem ao Brasil, há perto de trinta anos. Não gasta aqui um tostão, não dá aqui uma esmola, não paga um criado aqui e recebe quase tanto quanto o presidente da República, sem contar com a verba “representação”, aliás, sempre aumentada.

Se o povo “visse”, se o povo soubesse, como no caso da senhora, que nós já pagamos em juros o valor dessas apólices, pediria fossem elas canceladas e não continuassem a vencer prêmios e a vultosa quantia empregada no pagamento deles, cerca de sessenta mil contos, sendo suprimida do orçamento, serviria para aligeirar os impostos que oneram a carne-seca e outras utilidades indispensáveis à vida de quase a totalidade dos habitantes do país.

Outra medida que se impõe, é o confisco dos bens de certas ordens religiosas, bens que representam dádivas e ofertas da piedade, ou quer que seja, de várias gerações de brasileiros e agora estão em mãos de estranhos, porque os nacionais não querem ser mais frades. Voltem à comunhão os bens.

Pode-se admitir que os conventos sejam asilos de crentes de ambos os sexos que se desgostaram com o mundo. Admito, na minha tolerância que quisera bem ser renaniana; mas os estatutos dessas ordens não deixam perceber isso. Para os conventos de freiras, para as próprias irmãs de São Vicente de Paula (sei que não são freiras), não se entra sem um dote em dinheiro, sem um caríssimo enxoval, e, afora exigências de raça, de sangue e família.

Só se desgosta com o mundo, só tem ânsia de ser esposa de Jesus ou praticar a profunda caridade vicentina, as damas ricas e brancas, como a Nossa Senhora da Aparecida, de São Paulo. É mesmo católica essa religião?

Nos mosteiros de frades, é a mesma coisa e, sabido como todos eles são ricos, não se apreende para que exigem tanta despesa dos noviços, criando dificuldades para iniciação monástica, quando o interesse da religião estava em facilitá-la. Há quem suspeite que esse dinheiro todo, os santos monges pretendem empregá-lo para a nossa desunião… O tempo nos dirá o que for verdade…

Um governo enérgico e oriundo do povo que surgir tem o dever de confiscar esses bens, de retalhar as suas imensas fazendas, de aproveitar os seus grandes edifícios para estabelecimentos públicos e vender, assim como as terras divididas, os prédios de aluguel que essas ordens possuem, em hasta pública.

A confiscação desses bens obriga, para ser a medida completa, o governo a suprimir inteiramente todos os colégios de religiosos de ambos os sexos, sobretudo os destinados a moças ricas, por intermédio dos quais o clero acaba dominando os seus futuros maridos ou amantes; e, sabendo-se que estes são, em geral, pessoas poderosas e em altos cargos, a gente de sotaina pretende, desse modo, influir decisivamente nos atos dos poderes políticos do país e obter a nossa completa regressão aos áureos tempos das fogueiras e do beatício hipócrita. Há mais.

Uma das mais urgentes medidas do nosso tempo é fazer cessar essa fome de enriquecer característica da burguesia que, além de todas as infâmias que, para tal, emprega, corrompe, pelo exemplo, a totalidade da nação. Para amontoar milhões, a burguesia não vê óbices morais, sentimentais nem mesmo legais. Toca para adiante, passa por cima de cadáveres, tropeça em moribundos, derruba aleijados, engana mentecaptos; e desculpa-se de todas essas baixezas, com a segurança da vida futura dos filhos. Não encontraria mais motivo para proceder dessa maneira, mais infame do que o dos antigos salteadores dos grandes caminhos, se riscássemos do Código Civil o direito de testar, e as fortunas, por morte dos seus detentores, voltassem para o Estado; e nisto, imitaríamos os seus maiores, os burgueses da Revolução Francesa, que golpearam profundamente a nobreza, estabelecendo a igualdade de herança entre os filhos. O feudo, o castelo desapareceram, pois a fortuna deixou de passar intacta ou quase intacta, do marquês para o seu filho mais velho.

Todas estas medidas têm caráter financeiro, sem deixar de ter social; mas, a que me parece, mais urgente, é uma reforma radical do casamento, medida puramente social.

Eu sou por todas as formas de casamento; não me repugna admitir a poligamia ou a poliandria; mas transigiria se fosse governo. Continuaria a monogamia a ser a forma legal do matrimônio, mas suprimiria toda essa palhaçada de pretoria ou juizado de paz. O Estado só interviria para processar e condenar o bígamo; tudo o mais correria por conta das famílias dos nubentes. Os pais é que se encarregariam do processo, hoje chamado – “papéis de casamento” –, e das cerimônias que fossem do seu gosto realizar; e o Estado só saberia do “caso”, como atualmente, com o nascimento, por comunicação escrita das partes, para o competente registro. Não haveria nunca comunhão de bens; a mulher poderia soberanamente dispor dos seus.

O divórcio seria completo e podia ser requerido por um dos cônjuges e sempre decretado, mesmo que o motivo alegado fosse o amor de um deles por terceiro ou terceira.

A muitos leitores parecerão absurdas essas ideias; não pretendo convencer desde já todos, espero que o tempo e o raciocínio irão despertar neles simpatia por elas e a convicção da sua utilidade social.

Apelo para todos aqueles que não têm a superstição da lei, dos códigos, dos praxistas, dos acórdãos, dos arestos, do Pegas, do Lobão, das Ordenações e outros alfarrábios caducos; e quanto aos doutores do Direito que estão envenenados, intoxicados até à medula, com tudo o que decorre do sinistro e cruel direito romano, codificado, em grande parte, por um tirano das margens do Propôntida e pela prostituta sua mulher, como diz Condorcet, nas suas Réflexions sur l’Esclavage des Nègres; quanto a tais chacais e hienas a serviço dos burgueses, eu tomo a liberdade de dizer-lhes que, tarde ou cedo, sem eles ou com eles, há de se fazer uma reforma social contra “o Direito” de que são sacerdotes, pois o seu deus já está morto no coração da massa humana e só falta enterrá-lo, com o seu cortejo de apostilas e sebentas, de consolidações e manuais, não levando tal enterro senão as grinaldas dos arqueólogos, antiquários, geólogos e paleontólogos. Requiescat in pace!

Muitas outras medidas radicais me ocorrem, como sejam: uma revisão draconiana nas pensões graciosas, uma reforma cataclismática no ensino público, suprimindo o “doutor” ou tirando deste a feição de brâmane do código de Manu, cheio de privilégios e isenções; a confiscação de certas fortunas, etc., etc.

Iremos, porém, devagar e por partes; e, logo acabada esta guerra que é o maior crime da humanidade, quando os filhos e os outros parentes dos pobres-diabos que lá estão morrendo às centenas de milhares, ou se estropiando, tiverem de ajustar contas com esta burguesia cruel, sem caridade, piedade e cavalheirismo, que enriqueceu e está se enriquecendo de apodrecer, com esse horroroso crime, nós, os brasileiros, devemos iniciar a nossa Revolução Social, com essas quatro medidas que expus. Será a primeira parte; as outras, depois.

Terminando este artigo que já vai ficando longo, confesso que foi a Revolução Russa que me inspirou tudo isso.

Se Kant, conforme a legenda, no mesmo dia em que a Bastilha, em Paris, foi tomada; se Kant, nesse dia, com estuporado assombro de toda a cidade de Koenigsberg, mudou o itinerário da excursão que, há muitos anos, fazia todas as manhãs, sempre e religiosamente pelo mesmo caminho – a comoção social maximalista tê-lo-ia hoje provocado a fazer o mesmo desvio imprevisto e surpreendente; e também a Goethe dizer, como quando, em Valmy, viu os soldados da Revolução, mal-ajambrados e armados, de tamancos muitos, descalços alguns, destroçarem os brilhantes regimentos prussianos – dizer, diante disto, como disse: “A face do mundo mudou.”. Ave Rússia!

FONTE: Blog da Boitempo

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Martínez Heredia: Algo intermedio es confusión; se trata de o el capitalismo, o el socialismo (+ Video)

Transcripción de la entrevista realizada al fallecido intelectual cubano Fernando Martínez Heredia, Premio Nacional de Ciencia Sociales, por José Manzaneda, coordinador de Cubainformación, en diciembre de 2016, en la que conversaron sobre temas como las relaciones Cuba-EE.UU, la disyuntiva socialismo-capitalismo, la cultura, el mercado, los medios de comunicación y la información.
Fernando Martínez Heredia respondió a las preguntas de José Manzaneda, director de Cubainformación. Foto: CubaInformación


Transcripción de la entrevista realizada a Fernando Martínez Heredia por José Manzaneda, coordinador de Cubainformación, diciembre de 2016

Fernando Martínez Heredia (izq) dialoga con José Manzaneda.

José Manzaneda.– Uno de los intelectuales claves para entender la Cuba de hoy y también la Cuba de mañana, es Fernando Martínez Heredia, el director del Instituto de Investigación Cultural Juan Marinello.

Fernando, el gobierno de Estados Unidos parece apostar por las vías amables para forzar un cambio político en Cuba, tratando de influir en diferentes sectores sociales con dos vías: la de la división y la de la confusión. ¿Realmente lo está consiguiendo?

Fernando.- Yo te diría en dos palabras que no; pero hay que decir más: los Estados Unidos no son nuevos en esto; incluso, hace 115 años casi, el presidente Roosevelt, el viejo, que era joven, dijo que el garrote y la zanahoria; el garrote era lo que él usaba más en ese momento contra Venezuela, por cierto. Con nosotros han usado el garrote más de medio siglo, después de 1959, pero lo usaron muy duro en 1898 cuando nos invadieron y ocuparon; pero también usaron la zanahoria. Y en todo el sistema de 60 años de dominación que hubo en Cuba, Estados Unidos practicó las formas de penetración cultural de encontrar cómplices, y los encontró, de tener un sistema que por eso es que se llama neocolonialismo, porque consiste por un lado en dominar económicamente, pero también culturalmente, y por otro lado en tener cómplices subordinados que reciben beneficios, dominan el país y los sirven a ellos, son dominantes dominados.

De manera que ellos se han dado cuenta, de pronto, que después de más de medio siglo de guerra prácticamente abierta, ilegal, inmoral, todo esto que sabemos, pues más valía como bien dice el presidente de la República, Obama, cambiar la táctica, pero no la estrategia. Pero lo que pasa es que a veces ellos tienen cosas que parecen como un niño malicioso, que dicen: él no se va a dar cuenta. Si no fueran criminales uno se reiría.

Yo estuve en Panamá hace año y medio, en aquella reunión a la que Obama fue, porque si no no iba a haber reunión, si no iba Cuba no iba a poder, entonces allí parecía que todo era zanahoria, incluso hubo medios verdaderamente conservadores, para no decir reaccionarios, que decían que el personaje más importante que estaba allí era Raúl Castro; eso se lo mandaron a decir.

Pero nosotros, por suerte, incluso no los viejos, si no los jóvenes cubanos, tenemos mucha experiencia, es un combate contra el país más poderoso militarmente del mundo, pero también más poderoso culturalmente del mundo, eso nos ayuda mucho, porque ellos están aplicando a fondo, tienen centenares de acciones culturales legales; nosotros denunciamos las ilegales, pero las legales aquí están, centenares sucedieron el año pasado, centenares están sucediendo este año.

Ellos están permitiendo y auspiciando que entre en Cuba la mayor cantidad de dinero posible desde Estados Unidos, en la forma de remesa que siempre ha sido muy hermoso que los familiares ayuden a su familia; pero ahora, más bien, es que se hagan inversiones por lo que ellos aspiran a que mañana sea un empresariado burgués en Cuba y apoyar esas inversiones.

No creo que tampoco ellos estén pensando solamente en lo que ellos llaman ni la sociedad civil ni el pequeño empresario, ellos están pensando en todo, están tratando de confundirnos a fondo, de encontrar cómplices dentro del país.

Bueno, está bien, por lo menos hay quien dice: Pero por lo menos lo dicen. Yo no hallo que eso sea algo especialmente bueno, es que hay formas de trabajar, una de las formas de trabajar del imperialismo norteamericano es la aparente franqueza, o lo que actualmente llaman transparencia.

Yo no creo que estén teniendo éxitos, pero sí creo muy fuertemente que no hay que descuidarse nunca y que, incluso, es terrible cómo vienen decenas y decenas de miles de norteamericanos que ninguno ni es mala persona, ni pretende nada malo con Cuba; pero nosotros somos una pequeña isla que ha sido sometida al colonialismo nuevo norteamericano demasiado tiempo y no podemos ver nada inocentemente.

José Manzaneda.– Fernando, en tus escritos afirmas que el dilema de la Cuba de hoy y del futuro sigue siendo entre el desarrollo del socialismo, que debe ser profundizado, y el retorno al capitalismo. ¿Realmente esto es un peligro hoy? ¿Es una hipótesis el regreso al capitalismo? Y si es así, ¿sería más fuerte este riesgo hoy que hace 10, 15 o 20 años?

Fernando.- Sí, yo creo que son reales las dos cosas. Es decir, primero, el peligro es real, es una disyuntiva y no hay fórmulas intermedias.

Yo les decía a mis compañeros del Consejo Nacional de la UNEAC hace unos meses, que el capitalismo sueco puede tener cosas buenas y malas, pero sin dudas es sueco; el capitalismo cubano no podría ser cubano, tendría que ser norteamericano-cubano, es decir, para Cuba no hay una posibilidad de capitalismo autónomo. Entonces, de entrada, la disyuntiva no puede ser: bueno, vamos a seguir introduciendo cosas del capitalismo, vamos a hacer lo que antiguamente algunos llamaban un socialismo de Estado, que es un tránsito hacia que una cantidad de funcionarios se conviertan en empresarios, etcétera, no es factible, eso no es factible en Cuba.

En Cuba no es factible que digamos: sí, vamos a hacer un capitalismo, pero no va a ser neoliberal, ustedes verán que vamos a tener una política social muy buena. Nada de eso es factible.

Podría ser, incluso, que algunas personas hasta lo crean, de buena intención, y digan: si hacemos un pluripartidismo, por ejemplo, y un sistema democrático de elección de personas, vamos a evitar que haya corrupción, que los pobres empiecen a pasar hambre, etcétera. Eso, desgraciadamente hay demasiados ejemplos en el mundo de que no es posible, ni siquiera en Estados Unidos donde casi 4 millones de personas no tienen donde dormir, y le tildaron de comunista a este presidente que está terminando porque trató de que una parte grande de los 52 millones de personas que no tienen posibilidad de una asistencia médica correcta, tuvieran algo.

Es decir, nosotros por lo menos tenemos, y en Cuba creo que eso es de lo más importante, una población con un grado de conciencia política que posiblemente sea un récord mundial y eso sí es una cosa muy, muy valiosa. Y por esto es que yo digo muy claramente: no hay nada intermedio, creer que hay algo intermedio es confusión; se trata de o el capitalismo, o el socialismo.

Hay quien dice, exagerando mucho, que si Cuba pasara al capitalismo sería como Haití; no, como Haití nada más que es Haití, cada uno vive su desgracia, pero la nuestra sería grande, entre otras cosas, porque hemos dado no solo un ejemplo al mundo de cómo es posible que incluso un pequeño país al lado de Estados Unidos, como se decía siempre, subdesarrollado, haya cambiado tan profundamente la vida en favor de toda la población y no de una fracción pequeña de ella.

Pero, bueno, no solo es un ejemplo del mundo, sobre todo que es la vida de nosotros, es lo que hemos logrado hacer entre todos, y no es posible permitir, de ninguna manera, que nuestros hijos y nuestros nietos vuelvan a lo que hubo.

José Manzaneda.- Fernando, tú afirmas que el capitalismo sigue existiendo hoy agazapado en diferentes actitudes, en diferentes prácticas, en cierta psicología social, que de alguna manera habría venido fortalecida por la reintroducción de algunos factores de mercado en los últimos años en la sociedad cubana, ¿cuál es el antídoto?

Fernando.- Yo tengo dificultades para la gran prensa; por ejemplo, yo soy marxista, pero no me queda más remedio, porque me permite darme cuenta de que no se trata meramente de que haya manera de producir, de intercambiar, de ganar dinero los que son dueños, no, se trata de mucho más; se trata de una cultura, el capitalismo es una cultura y en esa cultura, por ejemplo, no es conseguir que la mayoría esté de acuerdo o se sienta mal muchas veces y otras no, o se sienta bien porque hay fiestas, o cobra más dinero; pero no pretenda para nada cambiar lo esencial de la existencia, eso es la cultura capitalista. Por eso se puede tener una cantidad enorme a veces de diversidades, otras veces no, otras veces se decreta un Estado de excepción y no se puede tener ninguna; pero lo esencial es cultural. Toda dominación bien establecida, moderna, es cultural, siempre fue así, de un modo u otro, pero ahora más que nunca.

Entonces hay un capitalismo del comercio exterior, y Cuba lo sufre muy duro; hay un capitalismo del bloqueo contra Cuba que es una barbaridad, veinticinco veces le han dicho que no, y es simpático cómo los de la zanahoria mandaron a la señora a abstenerse. Si yo lo estoy acusando a usted o usted es inocente o es culpable, pero no es que se abstuvo, es una de dos.

Pero, bueno, son formas, digamos, más brutales; pero hay formas más sutiles y una de ellas importantísima es el capitalismo de la educación que cada uno recibió, de la educación que desde niño era lo tuyo, si acaso cuando más lo de tu familia, el interés personal, el egoísmo, aunque se dijera que el afán de lucro no; el egoísmo que opera tanto contra la solidaridad entre las personas y que entonces es muy difícil de erradicar y tiene la capacidad de regresar, de retornar; tiene la capacidad de aparecerse de modo difícilmente censurable, como cuando dice: no, pero él está tratando de resolver, por ejemplo —resolver es un verbo cubano—, y en realidad, ¿a costa de quiénes?, habría que preguntar, ¿contra quiénes?, ¿exigiendo que les paguen lo que nunca se pagó, por ejemplo? ¡Pero qué hermoso es que todos los servicios sociales, que todo lo que son bienes de las personas lo tengan las personas, sin ser otra cosa que personas y no por el dinero que tienen en el bolsillo!

El dinero, como equivalente general de la mercancía es un gravísimo problema cultural; ningún país como Cuba, aunque tenga un poder como el que tenemos, lo ha podido quitar, el salario tampoco. Por eso yo dije al inicio que, bueno, como soy marxista me doy cuenta de que vivimos en una transición socialista, por muy solidarios y humanos a fondo, y con ganas de que ya no haya ninguna forma de dominación.

Lograr, por ejemplo, que todos los cubanos entendieran que la mitad de los cubanos no era inferior a la otra mitad, por ser mujeres, ya fue un éxito dificilísimo, no fue de un día para otro y todos éramos socialistas, vaya; y una parte de los socialistas decía: sí, pero ella que es socialista e inferior a mí que soy socialista.

¿Qué quiere?, que la transición exige no solo paciencia, sino mucho trabajo, no solo usar un tiempo largo, sino educar una y otra vez, y un conjunto de formas que van desde la coerción social hasta la autoeducación, es complejo, y a nosotros se nos ha hecho difícil por una cantidad de las medidas que se han aplicado a partir de los primeros años noventa, porque se han introducido fórmulas primero para sobrevivir, después para que fuera viable la economía del país y todavía estamos en lo segundo, ya lo tenemos, pero una y otra vez hay que volverlo a tener. Entonces esto ha hecho que crezcan diferencias sociales entre nosotros que no había y que crezca entonces el valor del dinero, que no lo tenía, tenía valor, pero poco; que crezca entonces también la relación directa de lo que cada persona hace, con lo que recibe personal o familiarmente y la calidad de la vida que en algunos aspectos tiene.

Es decir, la relación que tenía la actividad de los cubanos con esto, era muy indirecta, a pesar de lo que dicen a veces los manuales que son tonterías, aquí toda cubana, todo cubano, por ejemplo, tenía derecho gratuitamente a todos los servicios, y los servicios eran de verdad universales y muy satisfactorios, así fue subiendo el grado cultural y con él suben lo que llaman los sociólogos, expectativas. Usted quiere más, porque sabe más, porque tiene un mundo más complejo interior, porque tiene más gustos desarrollados y entonces cuando no hay más y le dicen: Sí, pero si tuvieras dinero habría más; sí, pero si tienes dos trabajos hay más; sí, pero si consigues de algún modo, aunque no sea lícito, sino incluso que pueda ser delictivo, pues aparecen problemas que vienen de una cosa que pudiéramos hasta llamar monstruosa, el aumento enorme de la cultura, de las capacidades laborales pero de todo tipo, del gusto, de las expectativas y el no aumento a ese tamaño de los bienes y servicios.

Entonces la diferenciación social es un enemigo que toca duro a la puerta en nombre del capitalismo, aunque no lo parezca.

José Manzaneda.- El Instituto de Investigación Cultural Juan Marinello, que dirige Fernando Martínez Heredia, realiza numerosas actividades en el campo de la investigación cultural, los estudios de opinión, sobre diferentes grupos sociales, actividades académicas, presentaciones, publicaciones. Me gustaría, Fernando, que nos presentaras el instituto y cuáles son algunas de las líneas fundamentales de trabajo.

Fernando.- No me gusta, porque es como hacerse propaganda, aprovechando lo solidario, pero es una institución grande, para los tamaños nuestros, y se tiene que ocupar de cosas muy diversas, entonces hacer ese tipo de relaciones con siete líneas, por ejemplo, puede ser aburrido para el lector. Prefiero llamar la atención sobre el hecho de que, por ejemplo, a nosotros nos interesa mucho la participación en el consumo cultural, no meramente cuánto hay, cómo es, dónde hay más o menos, sino también cómo puede participar la población en ese consumo desde la elección del consumo, desde el conocimiento de los factores que pueden haber o no, y, claro, hay un problema también en este caso de la educación y del gusto.

O sea, nosotros tenemos que vernos hasta un punto, que en nuestro caso es pequeño, con las bellas artes y hasta un punto, que en nuestro caso es muy grande, con las formas de cultura popular; en ese sentido puede que tengamos trabajos históricos que son muy importantes, como las tradiciones orales, los conjuros, las formas que tiene la gente de ejercer una cultura que los que van a la universidad no siempre se dan cuenta de que también es cultura.

O el trabajo con los que son portadores, como llamamos en la jerga, culturales; porque en un poblado de oriente o de Pinar del Río han mantenido durante más de un siglo una forma cultural expresiva con danza, música y una letra que o viene de uno de los que construyeron Cuba con sus culturas —y no digo de los que aportaron, porque casi siempre se dice que aportaron los africanos, y el que aportó es porque era una persona secundaria, y es que todos concurrieron—, y nosotros, por ejemplo, no solo lo investigamos, y es una fase la investigativa, sino que también lo promovemos en la medida pequeña en que podemos hacerlo. Por ejemplo, hace 10 días tuvimos la reunión anual de premiación de lo que llamamos memoria viva, que es una premiación no de un primer premio, sino de unos 30 premios, son gentes que son grupos culturales de todo el país, de todas las provincias que concurren aspirando, y lo importante, por un lado, es que gana premio una cantidad y, por otro lado, que se presenta un número muchísimo mayor y son tan importantes como los que ganaron los premios; pero son portadores los grupos.

También premiamos a personas que han echado la vida entera como personalidades, pero personalidades que solo son conocidas en la comunidad, en el barrio, cuando más en el municipio, que no salen por la noche en el noticiero cuando cantan ni cuando bailan y que son también portadores culturales importantes. Bueno, eso se llama Memoria Viva y todos los años se convoca, se hace con mucha seriedad y se otorga el premio, y esto fue hace 10 días.

Hay cosas de otro tipo que pueden ser hasta un poco farragosas para el que no le gusta, ¿no?, como el uso de la estadística y tenemos que con las estadísticas discutir con funcionarios, porque les aportamos un trabajo sociológico ya de otro tipo, cuantitativo, con instrumentos cuantitativos que ayuden a discernir mejor y no lo que se le ocurre a uno que es bueno. En ese sentido apoyamos a la institución a la que pertenecemos que es el Ministerio de Cultura; pero también partimos de esto, y con esto termino, de que no hacemos solamente lo que nos piden que hagamos, que eso sería muy estrecho y pequeño y no nos permitiría ni siquiera hacer bien lo que nos piden, hay que tener ideas propias tienen que ocurrírseles a uno con temas necesarios y llevarlos adelante, y eso hacemos.

José Manzaneda.- En tus escritos y en tus reflexiones, Fernando, insistes en la necesidad de impulsar la participación en el país, impulsar el debate franco, transparente, sin miedo a la discrepancia. ¿Cómo está la salud de la participación y la salud del debate discrepante en la Cuba de hoy?

Fernando.- Nunca está de más hablar de eso. Y alguna vez yo he escrito para ser más fuerte, que el debate en el socialismo es como la respiración para las personas, de ese mismo tamaño, es vital; el debate en el capitalismo puede ser incluso interesantísimo, pero tiene otras funciones, tiene las funciones del sistema en el cual existe; cuando participas en él y corren las consecuencias, personas que están opuestas al sistema, es interesante, pero el sistema se encarga de que no sea capaz de acabar con él. En el socialismo tiene que suceder lo contrario, es decir, el sistema tiene que promover el debate, tiene que promover la discusión, tiene que promover la diferencia, tiene que promover, incluso, las divergencias.

A mí me gusta mucho lo que dijo el Presidente nuestro, que es un guerrillero antiguo, Raúl Castro, que le tocó, porque le tocó ser el ministro de las Fuerzas Armadas toda la vida, y resulta que un militar de toda la vida, cuando tomó posesión, al poco tiempo hizo un discurso donde dijo: yo lo que les pido a todos, por favor —porque Fidel es tan grande que solo entre todos lo podemos sustituir—, es que tengamos discusiones y que tengamos discrepancias entre los compañeros. Yo dije: ah, qué bien, porque cada profesión tiene su defecto profesional, y él demostró no solo que no lo tenía, sino que tenía muy claro qué cosa era muy necesario.

Pero no es fácil, los hábitos de autoritarismo que no siempre vienen de algo malo, por ejemplo, para los viejos la lucha frontal fue algo familiar y saben que a veces si no era autoritario no había posibilidad, pero los hábitos de autoritarismo tienen que ser desterrados y no lo han sido, y hay una lucha con ello, y reaparecen de pronto y uno se asombra y dice: ¿Todavía tú piensas así como un troglodita? ¿Todavía tú crees que hay un compañero que no es contrarrevolucionario, pero no sabe que está sirviendo sin querer a la contrarrevolución?, como dice a veces algún que otro funcionario nuestro. Ah, bueno, esas son cosas reales contra las cuales hay que luchar.

Ahora, debatir por debatir, para sentir cómo se hace ruido no vale la pena tampoco. A mí me parece que para debatir hay que estar bien informado, si no se hace real que las áreas tienen que informar de verdad y que los periodistas tienen que servir de verdad, y los medios, por tanto, y que no puede haber lo que en Cuba llaman secretismo contra los que no son secretos de seguridad para nada, entonces, ¿cómo va uno a opinar si no tiene información? La información es básica, la información, como diría un filósofo europeo, es necesaria, pero no es suficiente; es necesario entonces que se discuta, pero para esto también es conveniente, por lo menos, que haya una educación sobre discusiones, sobre discutir.

Si no hay educación yo no me opongo, más vale que sean ineducados, pero que discutan; pero si se discute educadamente, se avanza muchísimo más y no se pierde la fraternidad. Pero, además, se gana en eficiencia, es decir, el debate para algo. Y por esto decía: no solamente por hacer ruido, sino para que se convierta por un lado en una norma que hay que hacerle caso a los debates, no es posible que incluso se diga: pero qué bien se ha discutido algo, pero después no hicieron nada. Entonces es frustrante, se convierte en un adorno; el debate como adorno hay que rechazarlo.

El capitalismo tiene sus adornos, el socialismo debe tener sus adornos, pero otros adornos, los adornos con los cuales se adorne la gente, se adornen las calles, se adornen las fiestas, pero que alguna cosa que tiene que servir para avanzar no sirva como un adorno; es decir, estoy en contra de que se prohíba y en contra de que no sirva para nada.

José Manzaneda.- Hemos conversado, con mucho placer, con Fernando Martínez Heredia, uno de los grandes intelectuales de la Revolución Cubana, director del Instituto de Investigación Cultural Juan Marinello, nos ha recibido en su casa y realmente se lo agradecemos.

Despedimos nuestro programa desde la capital de Cuba, desde La Habana.

(Transcripción de Dialogar, dialogar)


FUENTE: Cubadebate

sábado, 26 de agosto de 2017

"Olga" é ficção, mas ajudou a despertar interesse de milhões por realidade, diz professor da Uerj

Filme foi exibido na UFF/Rio das Ostras durante atividade de formação de professores, organizada pelo Sepe, Aduff e movimento estudantil, para celebrar o Centenário da Revolução Russa 

Anita Prestes, Winnie Freitas e Marcos Cesar no debate após a exibição do filme "Olga", atividade do I Seminário de Formação Política do Sepe Rio das Ostras, realizado no campus da UFF deste município, no dia 23/08/2017.
Estudantes e professores da rede municipal de Rio das Ostras estiveram no campus da UFF naquela cidade para participar, conjuntamente com a comunidade universitária, do seminário de formação do Sepe - Sindicato dos Profissionais de Educação, que, com o apoio da Aduff e do movimento estudantil, tinha com objetivo discutir o legado da Revolução Russa no ano em que se comemora o centenário do levante dos trabalhadores soviéticos.

A atividade inicial dessa quarta-feira (23) contou com a exibição do filme “Olga”, dirigido por Jayme Monjardim e lançado em 2004, que foi inspirado na biografia escrita por Fernando Morais sobre a alemã, judia e comunista, companheira de Luís Carlos Prestes. A produção enfatiza a relação amorosa entre o casal, tendo como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial e a força dos regimes totalitários na Europa, a exemplo do nazismo na Alemanha, pelo o qual Olga foi assassinada.

Após, houve um momento de debates, contando com as considerações do professor Marcos César de Oliveira Pinheiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da rede municipal de Rio das Ostras; da professora da Winny Freitas – dirigente do Sepe, professora da cidade e ainda estudante em Serviço Social da UFF em Rio das Ostras; e da estudante secundarista Paula. As duas últimas destacaram a necessidade de mobilização dos estudantes e, sobretudo das mulheres, nesse contexto de retirada de direitos trabalhistas, sociais e previdenciários.

Já Marcos Cesar, discorrendo especificamente sobre o filme, afirmou que é preciso que os espectadores se atentem que se trata de uma obra ficcional, apesar de estar baseada em história real. “A película é baseada na visão da roteirista e do diretor, que destacam a história de amor de Benário e Prestes. Eles não estavam preocupados em falar dos acontecimentos. Entretanto, o filme despertou curiosidade do grande público em conhecer a história de Olga”, problematizou o docente.

Segundo Marcos – apesar da escolha feita pelo diretor e pela roteirista, Rita Buzzar, em contar uma história de amor – o filme permite que se perceba a força que o fascismo e o nazismo tiveram na Europa do século 20. Para o professor, por meio daquela narrativa, garante que os espectadores possam estabelecer uma ponte para compreender a intolerância contra minorias em todo o mundo. “Devemos continuar lutando. É preciso assumir posição e não renunciar aos nossos ideais, tal como Olga; temos ciência da justeza da nossa causa”, concluiu.  

Presença ilustre: “Sou filha da Solidariedade Internacional”, disse Anita Prestes

Anita Prestes participando do debate na UFF/ Rio das Ostras após a exibição do filme “Olga", atividade do I Seminário de Formação Política do Sepe Rio das Ostras, realizado no dia 23/08/2017.


Houve ainda a ilustre participação da pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Anita Leocádia Prestes – filha do casal protagonista do filme, nascida em campo de concentração durante o Holocausto e separada da mãe pouco depois de completar um ano. “Sou filha da Solidariedade Internacional”, contou a docente ao referir-se a campanha feita pela avó Leocádia para obter a sua guarda e impedir que fosse parar em um orfanato alemão.

Anita esteve na UFF em Rio das Ostras para proferir conferência sobre a Revolução Russa – o que aconteceria no turno da noite - e promover o lançamento do livro “Olga Benário: uma comunista nos arquivos da Gestapo”, publicado pela Boitempo Editorial esse ano.

Mas, diante de um auditório lotado, com muitos sentados no chão, Anita Prestes antecipou-se e dialogou com os presentes por pouco mais de uma hora.

Para ela, o filme emociona, é bem feito. Porém, também destacou que durante o lançamento da película, ainda em 2004, o diretor Jayme Monjardim havia dito publicamente que não estava interessado em abordar a conjuntura política da primeira metade do século 20 e apenas a história de amor entre Prestes e Benário.

Anita Prestes contou que cresceu ouvindo seus familiares explicarem-na sobre a importância de seus pais terem lutado por um mundo em que houvesse liberdade e igualdade social para todos. “Havia um retrato deles na parede e eu me despedia todas as noites”, rememorou.

Anos depois – durante a convivência com o pai, que esteve incomunicável na prisão por nove anos – Anita ouvia Prestes dizer que se a mãe dela havia sido forte o suficiente para resistir a toda aquela violência, sem capitular diante do inimigo ou ainda delatar seus companheiros de luta, era porque acreditava na justeza da causa pela qual militavam.


“Hoje, a delação está na moda e sendo incentivada”, alfinetou a docente da UFRJ, para quem é importante combater os discursos e práticas conservadoras que se afinam com doutrinas nazistas e fascistas ainda em voga na sociedade. “Há grupos de caráter ‘fascistoides’ levantando a cabeça. Vou citar Antônio Gramsci para dizer que ‘odeio os indiferentes’. É necessário tomar posição, ainda que possamos incorrer em erros e, mais adiante, tenhamos que revê-la”, considerou. 

FONTE: ADUFF-SSind

“Nazismo também esteve a serviço do lucro das multinacionais capitalistas", diz Anita Prestes

Docente participou de debate na UFF/ Rio das Ostras após a exibição do filme “Olga"; atividade integrou seminário de formação docente, organizado pelo Sepe, Aduff e movimento estudantil, em comemoração ao Centenário da Revolução Russa. 

Por Aline Pereira/ Aduff-SSind, enviada a Rio das Ostras. 

A historiadora Anita Prestes participou do I Seminário de Formação Política do Sepe Rio das Ostras/Casimiro de Abreu, realizado no campus da UFF de Rio das Ostras, no dia 23 de agosto de 2017.
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff-SSind.

“É necessário sinalizar que por trás do fascismo e do nazismo existiam interesses comerciais”, afirmou Anita Leocádia Prestes, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em atividade realizada no campus da UFF em Rio das Ostras, na tarde do dia 23 de agosto. 

A docente esteve na cidade para conversar com estudantes e professores da rede municipal de Rio das Ostras e ainda com a comunidade universitária sobre o centenário da Revolução Russa. 

Pouco após a exibição do filme “Olga” – dirigido por Jayme Monjardim e lançado em 2004 a partir de biografia escrita por Fernando Morais –  Anita Prestes, filha da protagonista do filme, conversou com a plenária que lotava o auditório da instituição.  

Anita Prestes participou de debate na UFF/ Rio das Ostras após a exibição do filme “Olga"

Durante a atividade, que contou com organização do Sepe - Sindicato dos Profissionais de Educação, da Aduff e do movimento estudantil, a professora da UFRJ criticou o enfoque dado por certa vertente historiográfica que discute o nazismo, considerando apenas o Holocausto. Para ela, o regime que teve em Adolf Hitler seu principal expoente, esteve a serviço de grandes multinacionais que utilizavam o trabalho dos prisioneiros em campo de concentração em condições análogas à escravidão. 

De acordo com Anita Prestes, a Alemanha nazista contou com forte propaganda ideológica e Hitler encontrou, não sem resistência de parcelas da população que foi duramente reprimida, amparo entre os alemães da época. “Importante que as pessoas saibam que ele chegou ao poder por meio de eleições. E que, logo após, houve uma onda de forte repressão aos comunistas no país”, disse a professora observando que o nazismo nunca rompeu com o capitalismo, aprofundando, inclusive, a exploração do homem pelo homem.

Explicitou também que o nazismo se opunha não apenas aos judeus, mas a todos os grupos considerados “inferiores”, entre eles os eslavos, os negros, os homossexuais.  “Não podemos esvaziar o conteúdo de classe do nazismo”, concluiu Anita Prestes.


FONTE: ADUFF SSind

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Curso completo sobre “O capital”, de Marx, no YouTube

Os professores Eleutério Prado, Leda Paulani, Marcelo Carcanholo e Jorge Grespan introduzem a obra-prima de crítica da economia política de Karl Marx ao longo de quatro aulas na TV Boitempo



Edição especial do tradicional Curso Livre Marx-Engels, organizado pela Boitempo Editorial, dedicada inteiramente à obra-prima de crítica da economia política de Marx.

Coordenado pelo economista Marcelo Dias Carcanholo, o curso é dividido em quatro módulos, ministrados por alguns dos maiores estudiosos da obra marxiana no Brasil: Eleutério Prado, Leda Paulani e Jorge Grespan, além do próprio Carcanholo. Assista ao curso completo abaixo:

1. Estrutura da obra e método, com Eleutério Prado


2. Teoria do valor, com Leda Paulani



3. Capital e fetichismo: historicidade, classes sociais e luta de classes, com Marcelo Carcanholo


4. Leis tendenciais: capital, acumulação e crise, com Jorge Grespan



Os livros




A publicação dos três Livros de O capital: crítica da economia política é um dos pontos altos do ambicioso projeto Marx-Engels da Boitempo. Com tradução vencedora do prêmio Jabuti, as edições se destacam pelo uso do farto material disponibilizado pelos pesquisadores da MEGA-2, sempre acompanhadas de cuidadosas notas e comentários, além de textos complementares de alguns dos principais estudiosos da obra marxiana no Brasil e no mundo.


O capital, volume I, de Karl Marx

Texto da orelha de Francisco de Oliveira.
Textos introdutórios: Jacob Gorender, José Arthur Giannotti e Louis Althusser.
Disponível também em versão capa dura.

O capital, volume II, de Karl Marx

Prefácio de Michael Heinrich.
Texto da orelha de Ricardo Antunes.
Disponível também em versão capa dura.

O capital, volume III, de Karl Marx

Prefácio de Friedrich Engels.
Apresentação de Marcelo Carcanholo.
Texto da orelha de Sara Granemann.
Disponível também em versão capa dura.

Grundrisse [Esboços da crítica da economia política], de Karl Marx

Apresentação e supervisão de tradução de Mario Duayer
Orelha de Jorge Grespan
Quarta capa de Francisco de Oliveira

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Académicos y procesos emancipatorios

ACADÉMICOS Y PROCESOS EMANCIPATORIOS EN AMÉRICA LATINA. Carta Abierta a los colegas de CLACSO sobre la situación imperante en Venezuela.
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Buenos Aires, 20 de Agosto, 2017

Estimados colegas: días pasados llegó a mis manos una solicitud elaborada por el Grupo de Trabajo de CLACSO sobre "Ciudadanía, organizaciones populares y representación política" en donde se "demandan a los actuales directivos de CLACSO una condena pública a la deriva dictatorial que ha tomado el régimen madurista en Venezuela, así como la exigencia del restablecimiento del Estado de Derecho, la libertad de los presos políticos, y el fin de la represión a las protestas populares."

Dada la trascendencia del tema planteado por este pedido y la muy preocupante tendencia del mundo de las ciencias sociales a adoptar cada vez con más frecuencia posturas conservadoras en relación a las luchas populares y las experiencias progresistas y de izquierda en América Latina y el Caribees que me parece oportuno compartir estas dos breves reflexiones sobre el asunto.

Primero, es indudable que hay una tragedia en curso en Venezuela, y que si no se detiene su dinámica -como, felizmente, está comenzando a suceder debido a la convocatoria a elecciones de gobernadores y alcaldes- la escalada de la violencia ​podría llegar a tener un desenlace aún más sangriento que lo que hemos visto en los últimos meses. Sin embargo, no creo que sea una contribución positiva a este fin una presentación como la que hacen los integrantes del GT ​en la cual se omite la imprescindible referencia a la génesis de esta desgraciada situación. Por muchas críticas que merezca el gobierno de Nicolás Maduro no fue este quien inició este horrendo espiral de violencia que hoy agobia a Venezuela. La verdad histórica es que esta fue producto de la decisión de la fracción extremista y violenta de la oposición (cuyos líderes tuvieron activa participación en el frustrado golpe de estado de Abril del 2002)  de alterar por la fuerza el orden constitucional vigente en Venezuela primero en febrero del 2014 (mediante una operación sugestivamente llamada​ "La Salida") y más recientemente a partir de abril del corriente año con una potenciada apelación a tácticas violentas que, en su conjunto, configuran el delito de sedición que en Estados Unidos, por ejemplo, es un crimen federal purgado con largos años de cárcel e inclusive con pena de muerte. Hemos visto en ese país con asombro y consternación desmanes y atrocidades como pocas veces, si alguna, se han registrado en la historia de América Latina y el Caribe. Por ejemplo, quemar vivas a personas sospechosas de simpatías chavistas. Sería largo y ocioso enumerar los crímenes en los cuales incurrió una oposición deseosa -como lo declararan una y otra vez sus líderes- de acabar con el gobierno de Maduro, a cualquier precio y sin atenerse a la normativa vigente. Tentativas que, como lo confirman sucesivas declaraciones del Director de la CIA, Mike Pompeo; el Secretario de Estado, Rex Tillerson y el propio presidente Donald Trump fueron estimuladas, amparadas y financiadas por el gobierno de Estados Unidos. Y este es un dato que debería servir para dividir claramente las aguas de la política porque, por más críticas que puedan dirigirse en contra de un gobierno democráticamente electo como el de Nicolás Maduro es éticamente inadmisible cohonestar los planes del imperio  para derrocarlo. Hacer eso es cruzar una “línea roja” que jamás debería ser traspasada por quienes deberían saber que sin autodeterminación nacional la democracia y la soberanía popular se convierten en inocuas entelequias. Desgraciadamente, en la solicitud que el GT eleva a las autoridades de CLACSO no parece haber consciencia de este problema. Por el contrario, se perfila un sesgo muy claro que se traduce en una visión ofuscada y maniquea en donde el demiurgo de la maldad es el gobierno, mientras que la fracción terrorista de la oposición que organizó violentas “guarimbas”,  saqueos, asesinatos y que propició que incendiaran maternidades y escuelas y prendieran fuego a personas ni es mencionada en su petición o se la (mal) representa como si fuera una oposición democrática respetuosa de las leyes y la institucionalidad vigentes y como si el imperialismo no tuviera nada que ver en esta situación. Coincido en que no se puede seguir ignorando la tragedia en curso en Venezuela, y también creo que sólo un planteamiento equilibrado -en donde las responsabilidades de la oposición y del gobierno sean adecuadamente sopesadas- podría ser conducente al logro de los objetivos que el GT se propone. El debate sobre la génesis, desarrollo y perspectivas de la crisis venezolana es una obligación impostergable de los científicos sociales de la región. Pero esto supone la capacidad para examinar esta delicadísima situación desde diferentes ángulos y no sólo desde una de las dos partes en conflicto, la oposición, como claramente se revela en la solicitud del GT.

Segundo, no puedo dejar de señalar que el requerimiento del GT parece ignorar que hay varias tragedias en curso en Nuestra América, y sería bueno que conscientes de la situación los colegas también exigieran una toma de posición ante ellas, cuyo costo medido en vidas humanas -si es que se acepta este criterio como uno de sus indicadores de la crisis- es muchísimo más oneroso que el que se registra en la República Bolivariana. Solicitar a las autoridades que se pronuncien sobre la situación de Venezuela está bien, si se hace con ecuanimidad; pero ¿qué decir de los 200.000 muertos ocasionados por la "guerra contra las drogas en México", los más de 28.000 desaparecidos en ese país, los ocho periodistas asesinados en lo que va del año, las fosas comunes que periódicamente aparecen ante la luz pública, la atrocidad perpetrada en Ayotzinapa, el fraude sistemático de sus procesos electorales? ¿Y qué decir de la violencia sin fin que enluta a Colombia, que en poco más de un año sufrió el asesinato de unos 150 líderes sociales sin que esta sangría mereciese una línea en los principales  medios de comunicación como tampoco la mereció el desplazamiento forzado de más de siete millones de campesinos expulsados de sus tierras por el paramilitarismo​? ¿O de la violencia descargada sobre los pueblos de Honduras y Paraguay luego de los "golpes blandos" perpetrados en el 2009 y 2012 respectivamente? ¿O del "golpe blando" tramado por una gavilla de bandidos en el Congreso brasileño, instalando en la presidencia de ese país a uno de los personajes más corruptos y más odiados de la política brasileña? ¿O de los presos políticos que si hay en Argentina (Milagro Sala es solo la más famosa) y el caso de Santiago Maldonado, desaparecido por la Gendarmería Nacional en un ataque a una comunidad Mapuche en Esquel​? Hablar sobre Venezuela y callar sobre todo lo demás es una actitud​ reñida con la necesaria ecuanimidad que debemos observar los científicos sociales.



​Ojalá que estos comentarios sirvan para estimular un debate largamente postergado en el campo de las ciencias sociales y las humanidades.

Atilio A. Boron

Já estão disponíveis as comunicações do Colóquio Marx e o Marxismo 2017, nos anais do evento.

Colóquio Internacional Marx e o Marxismo 2017  
De O capital à Revolução de Outubro (1867 – 1917)
Organização: Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo (NIEP-Marx)
Niterói, agosto de 2017

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ACESSAR OS ANAIS DO COLÓQUIO INTERNACIONAL MARX E O MARXISMO 2017



sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Para download: História do Marxismo vol. 1 em português

1º volume da coleção coordenada por Eric Hobsbawm - publicada no Brasil pela Ed. Paz e Terra.

HISTORIA DO MARXISMO - VOL. 1: O MARXISMO NO TEMPO DE MARX
Os ensaios deste primeiro volume indicam os temas que pontuam as reflexões sobre o marxismo no tempo de Marx: o socialismo antes do filósofo; o materialismo histórico; a crítica da economia política; evolução, revolução e Estado; a transição do capitalismo ao socialismo.

Link para download:


quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Leituras Brasileiras: DERMEVAL SAVIANI | A pedagogia histórico-crítica

Leituras Brasileiras: o pensamento crítico brasileiro em 20 minutos.
Episódio 3: Dermeval Saviani, professor emérito da Unicamp e pesquisador emérito do CNPq.

DERMEVAL SAVIANI | A pedagogia histórico-crítica
CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ASSISTIR O VÍDEO


Bibliografia relacionada:

0:51 O conceito de sistema na Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional - Dermeval Saviani
2:16 Política e educação no Brasil: o papel do Congresso Nacional na legislação do ensino - Dermeval Saviani
2:42 Educação brasileira: estrutura e sistema - Dermeval Saviani
2:42 A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas - Dermeval Saviani
2:50 Da LDB ao novo PNE: por uma outra política educacional - Dermeval Saviani
3:03 O Plano de Desenvolvimento da Educação: análise crítica da política do MEC - Dermeval Saviani
3:03 Sistema Nacional da Educação e Plano Nacional da Educação: significado, controvérsias e perspectivas - Dermeval Saviani
6:57 A reprodução - Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
7:44 Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado - Louis Althusser
11:46 Escola e democracia - Dermeval Saviani
14:54 Para além da teoria da curvatura da vara - Escola e democracia, cap. 3 - Dermeval Saviani
17:18 História das ideias pedagógicas no Brasil - Dermeval Saviani

Leituras Brasileiras
Uma produção de Rodolfo Pelegrin e Panamá Filmes
Ep.3 - Dermeval Saviani
Direção: Rodolfo Pelegrin
Fotografia: Caio Mazzilli
Audio, edição e finalização: Filipe Franco

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Anita Prestes na UFF de Rio das Ostras

I Seminário de Formação Política do SEPE Rio das Ostras
Palestra da historiadora Anita Prestes: "Centenário da Revolução Russa: a atualidade da Revolução de Outubro de 1917"
Lançamento do livro "Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo" (Boitempo Editorial, 2017)

Evento totalmente gratuito e aberto a profissionais da educação, estudantes secundaristas e universitários, público interessado

Haverá emissão de certificado

Dia 23 de Agosto, na UFF Campus Rio das Ostras.
Pólo Universitário de Rio das Ostras - PURO
Endereço: Rua Recife, Lotes 1-7 - Jardim Bela Vista, Rio das Ostras - RJ

PROGRAMAÇÃO

14h - 17h
Cine Debate do filme Olga (do diretor Jayme Monjardim)
Mediador: Prof Dr Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro - Professor Adjunto de História da Educação da UERJ (campus Duque de Caxias, Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - FEBF)

18h - 21h 

Fala de saudação dos representantes das entidades organizadoras do evento:
  • SEPE RJ - Oficial - Professor Luciano 
  • ADUFF SSind- Wanderson de Mello 
  • Coletivo Construção- Lucas Brandão
Palestra "Centenário da Revolução Russa: a atualidade da Revolução de Outubro de 1917", ministrada pela historiadora Anita Prestes, professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.
Lançamento do livro "Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo" (Boitempo Editorial, 2017)

Evento no facebook:
https://www.facebook.com/events/115672149056342/?acontext=%7B%22source%22%3A22%2C%22action_history%22%3A%22[%7B%5C%22surface%5C%22%3A%5C%22timeline%5C%22%2C%5C%22mechanism%5C%22%3A%5C%22surface%5C%22%2C%5C%22extra_data%5C%22%3A[]%7D]%22%2C%22has_source%22%3Atrue%7D&source=22&action_history=[%7B%22surface%22%3A%22timeline%22%2C%22mechanism%22%3A%22surface%22%2C%22extra_data%22%3A[]%7D]&has_source=1&fref=mentions

Anita Leocadia Prestes nasceu em 27 de novembro de 1936 na prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, na Alemanha nazista, filha dos revolucionários comunistas Luiz Carlos Prestes, brasileiro, e Olga Benario Prestes, alemã. Afastada da mãe aos quatorze meses de idade, antes de vir para o Brasil, em outubro de 1945, viveu exilada na França e no México, com a avó paterna, Leocadia Prestes, e a tia Lygia. Autora de vasta obra sobre a atuação política de Prestes e a história do comunismo no Brasil, é doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense, professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.