quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

BNCC e Common Core (padronização educacional e avaliação censitária)

Por Luiz Carlos de Freitas
Professor da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.


The Washington Post publica artigo no qual descreve como Bill Gates financiou o Common Core americano, equivalente à nossa BNCC, Base Nacional Comum Curricular, mas restrita a leitura e matemática. O pressuposto equivocado foi que o problema da educação americana era a “variabilidade”, a falta de “uniformidade”. Diane Ravitch comenta em seu blog dizendo:

“Bill Gates, Arne Duncan, o presidente Obama e outros que promoveram os “Common Core State Standards” gostam de dizer que eles foram desenvolvidos pelos estados, pelos governadores, por professores, por pessoas na base. Não foi bem assim. Um artigo de Lyndsey Layton no Washington Post explica que Bill Gates financiou o Common Core do início ao fim.”
“Gates e outros erroneamente assumiram que o maior problema na educação americana era a variação, a diversidade, a falta de uniformidade. Gates fez vários discursos sobre a necessidade de padrões uniformes, comparando-os com os padrões de eletricidade, permitindo que alguém conecte um aparelho em qualquer lugar. Nunca lhe ocorreu que as crianças não são torradeiras e os professores não são meramente distribuidores de conteúdo. Ele parece ignorar completamente a estreita correlação entre renda familiar e desempenho acadêmico."
“Em alguns anos, os padrões serão esquecidos, obsoletos. Os padrões de eletricidade podem ser nacionais e estáveis. Mas, ensinar e aprender são dinâmicos, dependentes das condições sociais das famílias e das crianças, bem como da mudança do conhecimento sobre o ensino e a aprendizagem.”

É isso que copiamos com a nossa BNCC. Aqui só mudou o nome do financiador: Lemann.

No Brasil o MEC tem o discurso de que os padrões não impedem que os estados façam seus currículos e que os professores estabeleçam suas metodologias. Mas isso oculta que a política de responsabilização baseada em testes exige que as crianças, os professores e as escolas para serem consideradas “boas”, tenham bom desempenho nos testes, os quais são feitos a partir dos padrões previamente fixados. Portanto, o que é “teoricamente” concedido, é na prática retirado pela avaliação censitária das avaliações nacionais. Para que o desejo do MEC se concretizasse, as provas nacionais não poderiam ser censitárias, mas apenas amostrais. E isso está fora de cogitação, pois rompe o pilar básico da responsabilização verticalizada e autoritária que se quer criar.



VÍDEO
Aula inaugural "Bases nacionais, padronização e a política educacional atual" dos Programas de Pós-Graduação em Educação da UFSC e da UDESC, realizada em 17/08/2016, com o professor Luiz Carlos de Freitas.




Para download: "Educação, Poder e Sociedade no Império Brasileiro"

GONDRA, José Gonçalves; SCHUELER, Alessandra. Educação, poder e sociedade no Império Brasileiro. São Paulo: Cortez, 2008. 

Links para download:

ou




terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Relatório mostra que universidade particular no Brasil não produz conhecimento

By Carta Campinas / in Economia e Política, Manchete 



O relatório Research in Brazil, disponibilizado pela Clarivate Analytics à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e divulgado no último dia 17 de janeiro, mostra que as universidades particulares não produzem absolutamente nada de conhecimento relevante no Brasil.

A produção científica no país é dependente exclusivamente das universidades públicas. Recente relatório do Banco Mundial não levou em conta essa produção. A destruição das universidades públicas no Brasil, como está acontecendo com a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), pode ser a destruição de todo o conhecimento científico que o país produz.

O relatório traz também um ranking das universidades públicas que mais produzem conhecimento científico relevante. A Unicamp ficou em terceiro lugar, atrás apenas da USP e da Unesp. A UERJ, por sinal, é a décima universidade que mais produz conhecimento científico. (Veja quadro.)

Um outro fator relevante é que os grandes empresários brasileiros não investem em pesquisa. Nas parcerias de pesquisa com empresas, a única grande empresa que investe de forma relevante em desenvolvimento tecnológico no Brasil é uma estatal, a Petrobras. Exceto o setor farmacêutico, que é o único setor apontado com investimento em ciência e tecnologia, a iniciativa privada no Brasil não produz conhecimento.

O documento traz o desempenho da pesquisa brasileira em um contexto global entre os anos 2011 e 2016. Os dados foram obtidos do InCites, plataforma baseada nos documentos (artigos, trabalhos de eventos, livros, patentes, sites e estruturas químicas, compostos e reações) indexados na base de dados multidisciplinar Web of Science – editada pela Clarivate Analytics (anteriormente produzida pela Thomson Reuters).

O relatório mostra que as as universidades públicas produzem artigos científicos altamente citados e alcançou boas taxas entre 1% dos papers mais citados do mundo.  Os critérios analisados foram: a quantidade de documentos produzidos, o impacto da citação, artigos no top 1% e 10% dos mais citados do mundo, colaboração com a indústria e colaborações internacionais.

O número de citações que uma publicação de pesquisa recebe reflete o impacto que teve em pesquisas posteriores. As publicações científicas citam documentos anteriores para validar uma contribuição intelectual. Portanto, pode-se dizer que uma publicação (ou uma coleção de publicações) com uma contagem de citações mais elevada teve um impacto maior no campo de conhecimento ao qual se relacionou. (Carta Campinas com informações de divulgação)


Para download: Sete Olhares Sobre a Antiguidade - Ciro Flamarion Cardoso

Links para download:
https://carlosprado1985.files.wordpress.com/2015/02/ciro-flamarion-cardoso-sete-olhares-sobre-a-antiguidade-2c2aa-ed-1998.pdf

ou

https://pt.scribd.com/document/126747734/Sete-Olhares-Sobre-a-Antiguidade-Ciro-Flamarion-Cardoso

O texto abaixo é um trecho da resenha do livro feita pelo professor Pedro Paulo A. Funari (https://www.academia.edu/13925825/Resenha_de_Sete_Olhares_sobre_a_Antiguidade_de_Ciro_Flamarion_Cardoso)

Ciro Flamarion Cardoso pode ser considerado, com justiça, o historiador brasileiro mais conhecido em nível internacional. Seus livros de metodologia da História são utilizados, há já muitos anos, nos países da América Latina e na Espanha como manuais básicos, e gerações de estudantes passaram a conhecer o ofício do historiador graças aos livros de Ciro F. Cardoso. Autor de inúmeros livros sobre variados temas, conseguiu a proeza de chegar à décima reedição de diversos volumes, alguns deles sobre a Antiguidade. Seu posicionamento marxista toma sua trajetória intelectual ainda mais notável e digna de reflexão. 

Sete olhares sobre a Antiguidade reúne ensaios de caráter variado sobre a Antiguidade Oriental e Clássica, alguns quase didáticos, outros monográficos ou metodológicos. O marxismo transparece, nos artigos, em primeiro lugar como oposição àquelas tendências contemporâneas chamadas de "estruturalistas e pós-estruturalistas, adquirindo estas últimas no período mais recente fortes tendências irracionalistas e intelectualmente 'neoanarquistas'" (p. 180). Não é difícil identificar a crítica, direta ou indireta, a Foucault (p. 170) e a diversos outros autores, como Moses Finley, "fortemente idealistas" (p. 182). 


Para download: La Teoría Social Latinoamericana (textos escogidos). 3 tomos. Ruy Mauro Marini y Márgara Millán (Compiladores)

La Teoría Social Latinoamericana (textos escogidos). Tomo I. 359 págs.
De los orígenes a la CEPAL
Ruy Mauro Marini y Márgara Millán (Compiladores) 

La Teoría Social Latinoamericana (textos escogidos). Tomo II. 383 p.
La teoría de la dependencia
Ruy Mauro Marini y Márgara Millán (Compiladores) 

La Teoría Social Latinoamericana (textos escogidos). Tomo III.401 págs.
La centralidad del marxismo
Ruy Mauro Marini y Márgara Millán (Compiladores) 

domingo, 28 de janeiro de 2018

"Nunca deveria estar nas mãos do mercado", Chile aprova ensino superior público universal

O governo chileno decidiu aprovar uma reforma do ensino superior que põe fim às universidades privadas e adota um modelo de ensino superior gratuito e universal.



O Congresso chileno aprovou esta semana uma reforma que vinha sendo debatida pelos parlamentares do país desde o início do segundo governo de Michelle Bachelet, em 2014. A promessa de gratuidade universal do ensino superior era a principal promessa da chefe do executivo chileno.

Além da gratuidade universal, a reforma chilena cria ferramentas para avaliação do ensino superior que possam garantir a qualidade.

O Ministério da Educação do Chile divulgou informações de que nos últimos 4 anos o governo conseguiu aprovar um total de 29 leis sobre educação.

A votação se encerrou na quarta-feira (24), e apontou 102 votos a favor e duas abstenções. A aprovação na Câmara dos Deputados é a etapa final para que a lei seja aprovada.

Segundo informa a Carta Educação, Paula Narváez, porta-voz do governo, teria afirmado que a lei "dá tranquilidade aos jovens para que seus talentos, suas capacidades, sua inteligência possam se desenvolver em um Estado que lhes dá oportunidades".

A presidente do país, Michelle Bachelet, comemorou a aprovação no Twitter, lembrando que acredita que sua lei de Universidades Estatais "fortalece uma gestão institucional, devolve ao Estado seu papel de protagonismo para assegurar uma educação superior pública de qualidade". (https://twitter.com/mbachelet)

A reforma é uma resposta a um projeto da ditadura de Augusto Pinochet, considerada a ditadura mais sangrenta da América Latina. Entre 1980 e 1990, uma série de privatizações foram realizadas no país.

A ditadura militar chilena retirou do Estado a responsabilidade de oferecer direitos sociais como a educação, e abriu espaço para um ensino privado. Sem regulamentação, as mensalidades de ensino dispararam nos anos 1990.
Até então, o governo financiava escolas privadas e as universidades públicas eram pagas. Dessa forma, estudantes utilizavam financiamentos de bancos privados para que pudessem estudar e iniciavam a vida adulta com dívidas.

Em 2006, esse formato da educação gerou os maiores protestos da história do país desde a ditadura, o que ficou conhecido como "revolta dos pinguins". Os "Pinguins", como ficaram conhecidos os estudantes secundaristas chilenos devido ao uniformes com terno e gravata, foram às ruas e ocuparam escolas em todo o pais reivindicando gratuidade do ensino e também do transporte. Em 2011, outra onda de protestos de estudantes universitários também exigia mudanças no modelo.

"Ao avançar com a gratuidade na educação superior, queremos construir um país mais igualitário, com igualdade de oportunidades. Com a aprovação no Congresso, consagramos como lei um direito social que nunca deveria estar nas mãos do mercado!", afirmou a presidente no Twitter. (https://twitter.com/mbachelet)

Bachelet preside o país desde 2014. Ela pertence ao Partido Socialista do Chile, e já foi presidente do país entre 2006 e 2010. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Defesa na América Latina e a primeira mulher a se eleger para a presidência do Chile.


165 aniversario del natalicio del Apóstol José Martí, Héroe Nacional de Cuba

Martí y Fidel: La misma luz dos veces

Nunca se cansó de buscarlo aunque lo encontró muchas veces. En aquel hombre vestido con traje negro, el Comandante de uniforme verde olivo halló razones y fuerza para defender lo justo, pues aunque había vivido en otra época, nadie supo como él mostrarle los caminos

Por Yunet López Ricardo

Obra Dos Amigos. Autor: Kamyl Bullaudy 


«Pero súbase el sombrero un poco, que así no lo veo», le dijo Fidel un día de 1976 a un hombre de memoria fresca que mecía sus más de 90 inviernos en un sillón de madera frente a él.

Entonces Salustiano Leyva, con agilidad de chiquillo, puso a la luz su frente y unos ojos chicos y oscuros como linternas gastadas que ya casi no veían, pero hacía muchos años habían detallado el rostro del hombre que el Comandante buscaba.

Por eso, ante las preguntas del que usaba siempre uniforme verde olivo, con exactitud de brújula nueva, el viejo volvió a sus 11 años y a la medianoche del 11 de abril de 1895, cuando despertó por unos golpes que asustaron la puerta del bohío donde vivía con su familia, muy cercano a Playita de Cajobabo, en Guantánamo.

Esa noche estaba más oscura que otras, y el niño, mirando a los extraños que su madre escondería en el monte, se impresionó mucho por aquel que se quitó el sombrero para saludarlos. «Era un hombrecito blanquito, de ojitos negros, lampiñito», decía hace ya 42 años.

Y así Fidel Castro, aquella tarde, se acercó un poco más a José Martí. Lo conocía desde mucho antes, tal vez por los tiempos en que en la escuelita pública de Birán aprendió algunos de sus versos, y aseguraría después, cuando a su «madera de héroe tallaba el artista» —como vaticinó el Padre Llorente—, que antes de ser marxista, fue martiano.

«Sentí una enorme admiración por Martí; pasé por un proceso previo de educación martiana, que me inculqué yo mismo leyendo sus textos. Tenía gran interés por sus obras, por la historia de Cuba, empecé por aquel camino», contó a la periodista y escritora Katiuska Blanco en el Tomo I del libro Fidel Castro Ruz: Guerrillero del Tiempo.

«Es difícil que exista algo de lo escrito por Martí, de sus proclamas políticas, sus discursos, que constituyen dos gruesos volúmenes, deben ser unas 2 000 páginas o algo más, que no haya leído cuando estudiaba en el bachillerato o estaba en la Universidad».

Fue el Maestro quien desde las letras le enseñaba a andar por los espinosos caminos de la política y la lucha, para que en 1953, en el año del Centenario de su nacimiento, aquel joven abogado no dejara morir sus ideas y guiara una generación de muchachos a las balas, las rejas, las aguas y los combates.

Lo que puede más que un ejército

«¿Quién es el autor intelectual?», le interrogó el fiscal, imaginando tal vez que su respuesta sería el silencio; pero Fidel respondió con seguridad: «El autor intelectual es José Martí».

Y esa declaración tenía lugar en medio del juicio al joven de 26 años por asaltar, junto a otros valientes, la segunda fortaleza militar del país. Ya no pudieron preguntarle más.

«Defendí la apelación a la violencia, a las armas, porque a ellas acudieron hombres como Maceo y Martí…, me aferré a la historia de Cuba», aseguraba.

Durante aquellos días, Fidel escribió una carta al tribunal denunciando un plan que pretendía su ausencia en la sala y, además, un intento de asesinato. En una de esas líneas estaba el Apóstol: «Tomé una frase de Martí para espetarles: “…un principio justo desde el fondo de una cueva puede más que un ejército”».

Y cuando regresó a aquella salita pequeña con muy pocas personas, alegó: «…Se prohibió que llegaran a mis manos los libros de Martí; parece que la censura de la prisión los consideró demasiado subversivos. ¿O será porque yo dije que Martí era el autor intelectual del 26 de Julio? Se impidió, además, que trajese a este juicio ninguna obra de consulta sobre cualquier otra materia. ¡No importa en absoluto! Traigo en el corazón las doctrinas del Maestro y en el pensamiento las nobles ideas de todos los hombres que han defendido la libertad de los pueblos».

Contaría después que el alegato era «una síntesis de ideas martianas y marxistas. Hay una continuidad de pensamiento de las ideas de Martí. Y si Martí fue capaz de tener aquel pensamiento en aquella época, hoy Martí sería marxista-leninista, sería comunista, no hay la menor duda. En su época y su entorno era imposible, pero era un pensamiento avanzado, luminoso. Asombra que un hombre en sus circunstancias fuera capaz de concebir ideas tan avanzadas como las suyas».

Fidel tenía en aquel José de palabra alumbrada un camino seguro. Aquella vez los injustos lo condenaron, como mismo a Martí siendo un jovencito de 16 años; pero en sus días en la prisión de Isla de Pinos, leyó sus libros cientos de horas.

Cuando ya estaba en libertad, el 7 de julio de 1955, antes de subir al avión que lo llevaría a México para entrenar y organizar las fuerzas del futuro Ejército Rebelde, en sus declaraciones a la prensa, dijo: «Como martiano, pienso que ha llegado la hora de tomar los derechos y no pedirlos, de arrancarlos en vez de mendigarlos. La paciencia cubana tiene límites».

Y una vez fuera de Cuba, buscó ayuda en los emigrados. «Viajé, efectivamente, por los lugares donde estuvo Martí: Nueva York, Filadelfia… Un poco imitábamos lo que había hecho Martí en su época, creando grupos; seguíamos la misma forma de organización, nuclear grupos de cubanos que apoyaran al Movimiento 26 de Julio.

«Fueron surgiendo los primeros grupos con aquellas familias simpatizantes, algo parecido a los clubes revolucionarios que tenía el Partido Revolucionario Cubano de Martí».

Y sería ese el Partido único que uniría siempre a los revolucionarios, pues continuó existiendo en aquel que Julio Antonio Mella fundó en 1925 y los otros que Fidel crearía al triunfo de 1959 hasta que en 1965 nació el que agrupa hoy a los comunistas del país.

La historia, con sus senderos y encrucijadas, en la similitud de sus hombres encuentra días de coincidencias. Y así, como Martí llegó en un bote a Cuba para seguir la lucha, en diciembre de 1956 lo hacía Fidel en el Granma por Los Cayuelos, una zona pantanosa cercana a las arenas y farallones de Playitas de Cajobabo.

La Sierra Maestra lo esperaba; y luego de muchos disparos haría realidad el sueño por el que Martí tanto luchó y salió al combate, a contraorden, aquel 19 de mayo de 1895.

Allí, en la Plaza de la Revolución en La Habana, ante su imagen inmensa de mármol blanco, hablaría muchas veces el Comandante en Jefe con su palabra viva, calmada y enérgica, que conmueve y convence, muy parecida a aquella con la que el Maestro movilizaba.

«Martí tiene una oratoria muy compleja, muy elegante, con imágenes verdaderamente bellas, pero no es fácil comprender sus discursos. Como he dicho otras veces: Martí vertía una catarata de ideas en un pequeño arroyo de palabras», comentaba.

Toda la gloria del mundo

Nunca se cansó de buscarlo aunque lo encontró muchas veces. Allí, donde llegó el Apóstol en el remo de proa, estuvo Fidel en 1976. «Imagino lo que tuvo que haber sido para él, quien no tenía experiencia de la guerra, que no era un hombre físicamente fuerte, que había dedicado su vida a un trabajo de organización, a la creación literaria, política, intelectual, de dónde encontró fuerzas para realizar una proeza semejante: remar, desembarcar, cargar con su mochila, su fusil, sus cien balas, caminar de noche por esos lugares donde nosotros, con mucho trabajo hemos llegado de día».

Y caminaba con su uniforme de la montaña por la arena, y miraba las piedras, el cielo, y no dejaba de pensar en aquel que había muerto unos 30 años antes de que él naciera y le había dejado un camino seguro y difícil hacia la libertad de la tierra que los recibió a los dos.

«Él mismo decía que de la felicidad que el hombre encuentra cuando está realizando una tarea como esa es que saca fuerzas», afirmaba Fidel y otra vez perdía la vista en la espuma y los rompientes a los que regresaría con un asta en las manos 19 años más tarde.

También era una noche oscura como esa en que Salustiano conoció a Martí. Según el historiador Eusebio Leal, solo se sentía el rozar de las olas sobre las arenas. «Y cuando llegó el momento, alguien pasó y le entregó la bandera. Entonces él, que estaba absolutamente absorto en el recuerdo de aquello, entró en el agua. Las botas entraron en el agua y la movió hacia los cuatro puntos cardinales».

Esas mismas franjas con la estrella única son las que descansan hoy sobre el Héroe Nacional y las que viajaron toda la Isla en el último viaje que hizo el Comandante.

Hace ya 165 años del nacimiento de Martí, solo uno y dos meses de que Fidel se fue. Siguen como siempre, uno cercano al otro, allá donde nace el sol, en el cementerio de Santa Ifigenia en Santiago de Cuba. El primero en un monumento alto, el segundo en una piedra con forma de grano de maíz, porque ahí, según presagió el Apóstol, es donde estaría toda la gloria del mundo.

Fuentes consultadas:

Blanco Castiñeira, Katiuska, 2012. Fidel Castro Ruz: Guerrillero del Tiempo. Casa Editora Abril.
Álvarez, Santiago, 1977. Documental Mi hermano Fidel.
Artículo Martí en Fidel, de Pedro Pablo Rodríguez, publicado en el periódico Trabajadores, el 10 de agosto de 2008.

(Tomado de Juventud Rebelde)

FUENTE: Mesa Redonda

Da inspiração à formulação da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC)

Os três momentos da PHC que toda teoria verdadeiramente crítica deve conter

Entrevista de Dermeval Saviani publicada na revista Interface (Botucatu) vol.21 no.62 Botucatu jul./set. 2017.

Esta entrevista foi uma adaptação da conferência proferida pelo professor Saviani no Seminário “Dermeval Saviani e a educação brasileira”, realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em outubro de 2016. O próprio Saviani se responsabilizou pela adaptação, sugerindo as questões que poderiam orientar a síntese de sua teoria.



Preliminarmente, pode nos esclarecer como você se inspirou para elaborar uma nova teoria pedagógica?

Saviani: É claro que a inspiração ocorre geralmente em um contexto de rica experiência com vários elementos concorrendo para sua emergência. Assim, enquanto estudante de filosofia nos anos de 1964 a 1966 na PUC de São Paulo, em um contexto de debate sobre a reforma universitária e de resistência à ditadura, vinham à baila as insuficiências educacionais e as limitações políticas, instigando-nos a procurar compreender os problemas enfrentados e a formular alternativas de superação. No entanto, em termos sistemáticos, posso dizer que uma primeira experiência marcante que me inspirou a formular as primeiras teorizações sobre a educação deu-se na disciplina Teoria do Conhecimento que cursei no terceiro ano de filosofia em 1965. A disciplina foi ministrada pelo professor Michel Schooyans, belga, da Universidade de Louvain, que tinha vindo para o Brasil. Ele introduziu os trabalhos com uma análise da estrutura do sujeito cognoscente tomando como referência o curso de Georges Van Riet, Notions d’epistemologie (notes d’étudiants), ministrado na mesma universidade belga.

A referida descrição fenomenológica do sujeito cognoscente procurava responder a perguntas do tipo: como está constituído o sujeito cognoscente? Qual a sua estrutura? Ou seja, de quais características ele é dotado que lhe permitem exercer a atividade de conhecer?

Ora, o sujeito cognoscente é o homem. Portanto, a referida descrição fenomenológica do sujeito cognoscente não é outra coisa senão a descrição fenomenológica do sujeito humano. Essa descrição foi, para mim, um achado. Propus-me, assim, a tomar a análise da estrutura do homem como referência para equacionar o problema da educação. E, tendo sido convidado, no ano seguinte, 1966, quando cursava o quarto ano de filosofia, a trabalhar no segundo semestre na cadeira de Filosofia da Educação no curso de Pedagogia, elaborei o programa da disciplina a partir da referida análise da estrutura do homem. E, dando um passo além, tomei-a como referência para efetuar a análise da estrutura do homem brasileiro tendo em vista a elaboração de uma espécie de teoria da educação brasileira.

Tal descrição fenomenológica impressionou-me por fornecer uma visão de certo modo completa da estrutura do homem, mas apresentava um resultado paradoxal, pois punha em evidência um ser constituído por elementos opostos. Com efeito, pelo aspecto empírico com os seus quatro a priori (físico, biológico, psicológico e cultural), o homem se caracterizava como um ser situado, determinado pelas condições materiais, condicionado pelo meio em que vivia. Já pelo aspecto pessoal, ele se afirmava como um ser livre capaz de opções e de intervir na situação para aceitar, rejeitar ou transformar. Por fim, pelo aspecto intelectual, ele se manifestava como um ser consciente capaz de transcender as opções pessoais e as determinações situacionais para compreender a realidade e se comunicar com os outros seres humanos. O que a análise fenomenológica revelava, portanto, era que o homem se constituía como um ser paradoxal, ou seja, um ser estranho cujos aspectos se negavam entre si.

Diante desse quadro, propus-me a incorporar essa abordagem, mas indo além, superando o paradoxo pela via da dialética. Assim, ao elaborar minha tese de doutorado tratando do problema da existência ou não de sistema educacional no Brasil, lancei mão da referida análise para buscar responder à pergunta: como pode o homem sistematizar? Ao discutir o problema metodológico, passei em revista os vários métodos que poderiam ser adotados, a saber, o método lógico-conceitual, o método empírico, o empírico-logístico, o fenomenológico, o dialético para, finalmente, articulando os dois últimos, adotar o método que chamei de fenomenológico-dialético. Seguira esse caminho por entender que não é possível chegar à compreensão dialética do todo, isto é, como um conjunto dinâmico que se movimenta pela ação e reação de seus múltiplos aspectos sem a mediação da análise que possibilita identificar os vários elementos que formam o todo. Tal formulação obtinha respaldo em Lefebvre, Sartre e Marcuse, sendo que este último chegara a afirmar “Só uma síntese de ambos os métodos – uma fenomenologia dialética – que é um firme método de extrema concreção – permite à historicidade da existência humana tornar-se adequada”[1] (p. 80).

Logo, porém, de modo especial a partir do estudo detido do texto “O método da economia política”, de Marx [2], compreendi que esse movimento que parte da síncrese (a visão caótica do todo) e chega, pela mediação da análise (as abstrações e determinações mais simples), à síntese (uma rica totalidade de determinações e de relações numerosas) constitui o próprio método dialético. Consequentemente, não havia necessidade, para nomear o método, de anteceder o termo ‘dialético’ pelo prefixo ‘fenomenológico’.

A partir daí fiz um percurso em busca de uma teoria da educação efetivamente dialética, especificamente baseada no materialismo histórico. Nessa caminhada, a primeira constatação a que cheguei foi que nas matrizes do materialismo histórico não encontramos uma teoria sistematizada da educação. Nem Marx e Engels, nem Lênin, Lukács ou Gramsci, assim como os mais recentes como Mészáros, dedicaram-se direta e especificamente à elaboração teórica no campo da educação. O que encontrei foram estudos que buscaram identificar no conjunto da obra as passagens referidas à educação ou extrair das análises marxianas e marxistas sobre a história, economia e sociedade derivações de sentido para a educação.

Busquei, então, nos escritos de autores marxistas sobre educação e nas experiências dos países socialistas, a sistematização teórica ou, pelo menos, elementos que apontassem na direção de uma teoria histórico-dialética da educação. Foi assim que, além de ler os estudos marxistas sobre educação, ministrei disciplinas cuja bibliografia incluía autores como Pistrak, Makarenko, Manacorda, Lucio Lombardo Radice, Dina B. Jovine, G. Betti, F. Lombardi, Snyders, Schmidt-Kowarzik, Suchodolski e textos analisando as experiências pedagógicas na União Soviética, China, Cuba, República Democrática da Alemanha.

Concluí, então, que, para a construção de uma pedagogia inspirada no materialismo histórico, não basta recolher as passagens das obras de Marx e Engels diretamente referidas à educação, como o fizeram Dommanget [3], Dangeville [4] e Manacorda [5], que acrescentam lúcidas e pertinentes reflexões úteis, sem dúvida, à construção de uma pedagogia marxista. Também não é suficiente perscrutar as implicações educacionais do conjunto da obra dos fundadores do materialismo histórico, como o fez Suchodolski [6].

Penso que a tarefa da construção de uma pedagogia inspirada no marxismo implica a apreensão da concepção de fundo (de ordem ontológica, epistemológica e metodológica) que caracteriza o materialismo histórico. Imbuído dessa concepção, trata-se de penetrar no interior dos processos pedagógicos, reconstruindo suas características objetivas.

Em suma, quando tomei conhecimento da afirmação de Vigotski [7], em seu trabalho “O significado histórico da crise da psicologia”, que “A psicologia precisa de seu Capital – seus conceitos de classe, base, valor etc., com os quais possa expressar, descrever e estudar seu objeto” (p. 393), ocorreu-me que o caminho que percorri me colocou nessa mesma situação de considerar que também a pedagogia tinha necessidade do seu ‘Capital’. É verdade que Vigotski conseguiu avançar bem mais na formulação da psicologia dialética do que eu até agora pude fazer na formulação da pedagogia dialética. Mas, assim como ele contou com colaboradores que deram continuidade a sua iniciativa, felizmente também conto com companheiros que vêm se dedicando resolutamente à construção da pedagogia dialética identificada com a pedagogia histórico-crítica.



Então, quais são os três momentos da pedagogia histórico-crítica que, em seu entender, toda teoria verdadeiramente crítica deve conter?

Saviani: Sinteticamente, os três momentos são os seguintes:

a) Aproximação ao objeto em suas características estruturais de modo a apreendê-lo em sua concreticidade.
b) Contextualização e crítica do tratamento dado ao objeto pelas teorias hegemônicas.
c) Elaboração e sistematização da teoria crítica.

No caso que nos ocupa, trata-se de:

a) Apreender a essência da educação identificando suas características estruturais. Importa, pois, compreender e explicitar a natureza e especificidade da educação.
b) Empreender a crítica contextualizada das principais teorias que vêm hegemonizando o campo da educação.
c) Elaborar e sistematizar a teoria crítica da educação representada, no caso, pela pedagogia histórico-crítica.

Importa, de antemão, lembrar que, como momentos, esses três pontos não devem ser considerados formalmente ou cronologicamente em sequência mecânica. Trata-se de momentos que se interpenetram relacionando-se e se condicionando reciprocamente, ainda que, no plano da exposição, nós os abordemos um após o outro.

Che Guevara, apóstol de los oprimidos


El cincuentenario del asesinato del Che en Bolivia el 9 de octubre de 1967 ofrece la ocasión de evocar la trayectoria del revolucionario cubano-argentino que dedicó su vida a defender a los humillados.

Por Salim Lamrani*



I. El Che y la Revolución Cubana

¿Cuál fue el papel del Che Guevara en la Revolución Cubana?  

El Che era uno de los principales dirigentes del Ejército Rebelde, después de Fidel Castro que era el líder indiscutible e indiscutido del Movimiento 26 de Julio y la figura más emblemática de la Revolución Cubana. Ocupaba el mismo rango que Raúl Castro, Camilo Cienfuegos, Ramiro Valdés y Juan Almeida, entre otros, pero era quien tenía la mayor afinidad intelectual con Fidel Castro.

Tenía una valentía extraordinario, al límite de la temeridad, y sentía un desprecio soberano por el peligro. Su prestigio se extendió rápidamente entre las tropas combatientes y los simpatizantes del Movimiento en la isla. Se sabía que un argentino, con un acento raro, estaba combatiendo al lado de Fidel y su compromiso suscitaba la admiración del pueblo cubano. No era tan conocido en el mundo como Fidel Castro pero su rostro ya había aparecido reiteradas veces en la prensa internacional, particularmente estadounidense.

¿En qué circunstancias nombró Fidel Castro comandante al Che?

Guevara fue el primero en ser nombrado Comandante, mucho antes que Raúl Castro, por sus cualidades excepcionales de combatiente, de estratega astuto y su don natural de liderazgo. El Che era argentino de nacimiento y decidió integrarse en el movimiento revolucionario cubano para liberar a Cuba de la dictadura militar de Fulgencio Batista, pero sobre todo de la tutela hegemónica de Estados Unidos. Tenía conciencia de que arriesgaba su vida cada instante, por los peligros de una guerra de guerrilla contra un enemigo numéricamente superior. Sobresalió rápidamente entre el grupo de 82 insurgentes demostrando una valentía a toda prueba. Cada vez que se presentaba una misión peligrosa era el primer voluntario. Naturalmente conquistó el corazón y el respeto de sus compañeros, admirados de ver a un extranjero arriesgar la vida por una patria que no era la suya.

Fidel Castro discernió las virtudes extraordinarias del Che y decidió promoverlo al grado de comandante. El argentino se enteró de su promoción del siguiente modo: el 21 de julio de 1957, Fidel Castro encargó a su hermano Raúl la redacción de una carta a Frank País, líder del Movimiento 26 de Julio en la provincia de Santiago de Cuba, en nombre del grupo. Cuando puso el nombre el Che entre los firmantes, Raúl le preguntó a su hermano qué grado poner para el Che. La respuesta fue la siguiente: “Ponle comandante”.

¿El Che era médico o guerrillero?

Hay una anécdota muy reveladora sobre el estado anímico del Che. La expedición desde México hasta Cuba duró siete días y no cinco. En vez de llegar a Cuba el 30 de noviembre, el barco Granma tocó las costas cubanas el 2 de diciembre de 1956. En Santiago, ciudad al este de Cuba, ocurrió un levantamiento para celebrar y apoyar el desembarco. No obstante, el ejército, al tanto de la inminente llegada de los revolucionarios, esperaba el desembarco de la expedición. Por otra parte, además de la extenuante travesía, los guerrilleros desembarcaron en la zona pantanosa de Las Coloradas y el recorrido desde el barco hasta tierra firme fue un calvario.

Además, apenas unos minutos después de su llegada, mientras se encontraban en un estado de agotamiento total, la aviación militar localizó a los insurrectos y los rodearon los soldados de la dictadura. La tropa tuvo que dispersarse. El Che, en esta vorágine, se encontró en posesión de dos mochilas, una con municiones y otra con medicamentos. Le era físicamente imposible cargar ambas mientras lo perseguía el ejército. Optó entonces por la mochila de municiones pues consideró que era revolucionario antes que médico.

¿Cómo se llamaba el batallón del Che?

La columna del Che se creó con su ascenso a comandante. El único batallón existente era el de Fidel Castro y llevaba el nombre de “Columna 1”. Lógicamente habría tenido que llevar el nombre de “Columna 2”, pero para engañar al enemigo sobre el tamaño de las fuerzas revolucionarias, Fidel Castro decidió llamarla “Columna 4”.

Luego el Che se encargó del “Pelotón Suicida”, que se componía de los combatientes más aguerridos y cuyo papel era llevar a cabo las misiones más peligrosas. Por la excesiva temeridad del Che, Fidel decidió confiarle la responsabilidad del grupo con la condición de que no participara en ese tipo de operaciones, concentrándose en las tareas estratégicas, tácticas y organizativas.

El líder de la Revolución Cubana sabía que el país necesitaría semejante cuadro y era vital preservarlo. En cada misión, uno o varios combatientes perdían la vida, de ahí el nombre de “Pelotón Suicida”. En su diario, el Che cuenta una situación insólita y recurrente: Cada vez que un miembro del Pelotón Suicida perdía la vida, se designaba a otro para sustituirlo. Y cada vez asistía a escenas en las que jóvenes combatientes lloraban, decepcionados por el hecho de no haber tenido el honor de integrarse al grupo y mostrar así su valentía.

¿Como trataba el Che a los prisioneros?

El Che era implacable con los violadores, los verdugos, los traidores y los asesinos, y la justicia revolucionaria era expeditiva. En cambio, era cuestión de honor para él preservar la vida de los prisioneros y curar a los heridos del campo enemigo. Había dos razones para ello. La primera era de orden moral y ético: la vida de un prisionero era sagrada y había que protegerla. La segunda era de orden político: mientras que el ejército batistiano llevaba una guerra sin cuartel, torturando y asesinando a los prisioneros de guerra, el Ejército Rebelde mostraba su diferencia con una conducta intachable.

Al inicio del proceso revolucionario ningún soldado se rendía pues todos estaban persuadidos de que serían ejecutados por los rebeldes. Al final de la guerra insurreccional los soldados de Batista, cuando se enteraron de la conducta noble de los alzados, se rendían en masa cuando se hallaban rodeados por los revolucionarios, pues sabían que salvarían la vida.

Una anécdota ilustra el comportamiento del Che al respecto: Después de un combate con el ejército, un rebelde remato a un soldado herido sin dejarle tiempo para que se rindiera. Ese rebelde había perdido a toda la familia tras un bombardeo. El Che se puso rojo de ira diciéndole que su conducta era indigna del Ejército Rebelde, que se debía preservar la vida de los soldados cuando era posible y que jamás se debía disparar sobre un herido. Al escuchar esas palabras, otro soldado, también herido, que se había escondido debajo de un árbol, se señaló gritando ¡“No disparen!”. Lo curaron los rebeldes y cada vez que aparecía un guerrillero, levantaba los brazos y gritaba «¡El Che dijo que no se mataba a los prisioneros!”

¿Cuál era la fama del Che?

El Che era un jefe con una autoridad natural y un gran prestigio, conquistado en el campo de batalla. Era muy exigente y tenía una firmeza a toda prueba, pero siempre predicaba con el ejemplo y no sólo con palabras. Era intransigente con los principios y odiaba el ventajismo y los privilegios. En las montañas de la Sierra Maestra, cuando un cocinero quiso buscarse los favores del Che llenándole el plato de comida más que el de los demás combatientes, suscitó la ira del Che, que le dijo de todo. Era igualitario y deseaba ser tratado como los demás compañeros. De esa actitud ejemplar nace su prestigio y la admiración del pueblo cubano por él. Era duro y seco, pero justo y recto.

¿Cuáles eran sus opiniones políticas cuando triunfó la Revolución el 1ro de enero de 1959?

El Che se definía como marxista-leninista. Ya tenía una formación teórica sólida antes de integrarse al movimiento revolucionario cubano. De su experiencia en Guatemala, descubrió hasta qué punto la hegemonía económica estadounidense estrangulaba a América Latina y constituía un obstáculo para todo proceso de transformación social. La situación cubana, donde los sectores estratégicos de la economía cubana se encontraban en manos de las multinacionales estadounidenses, le permitió tomar conciencia de que la lucha por la libertad, la igualdad y la justicia era también una lucha contra el imperialismo estadounidense. Estaba absolutamente convencido de que el Estado debía tomar el control de los recursos estratégicos del país, proceder a una amplia reforma agraria, diversificar la economía, multiplicar los socios comerciales para emanciparse de la dependencia del poderoso vecino, universalizar el acceso a la educación, la salud, la cultura, el deporte y brindar un apoyo indefectible a los pueblos en lucha por su dignidad.


II. Las primeras medidas revolucionarias

El Comandante Ernesto Che Guevara pronuncia su último discurso en un evento internacional en el Segundo Seminario Económico de Solidaridad Afroasiática, 24 de febrero de 1965 en Argel.

¿Fue el Che Guevara uno de los primeros guerrilleros en entrar en La Habana?

Después del fracaso de la ofensiva batistiana de junio y julio de 1958 destinada a liquidar una vez para todas a la guerrilla, Fidel Castro decidió lanzar a finales de agosto una contraofensiva y extender la insurrección armada a toda la isla. El Che y Camilo Cienfuegos encabezaron dos columnas y se marcharon a la zona central de la isla, Villa Clara. El periplo de cerca de 500 kilómetros duró un mes en condiciones sumamente difíciles. Los guerrilleros sólo pudieron alimentarse 11 veces en 30 días e incluso tuvieron que comer “una yegua cruda sin sal”. “Sólo los insultos y las amenazas de todo tipo lograban hacer caminar a esta masa agotada”, escribió el Che en su diario. A finales de diciembre, las tropas del Che y Camilo asaltaron la ciudad de Santa Clara y se apoderaron del famoso tren blindado lleno de armas y municiones. Al alba del 1 de enero de 1959, Batista abandonó al poder y huyó a la República Dominicana del tirano Trujillo. Fidel Castro ordenó entonces al Che y a Camilo marchar sobre La Habana y apoderarse del cuartel de la Cabanael primero y del campo militar de Columbia el segundo.  

¿Cuáles eran las grandes figuras de la Revolución Cubana el 1 de enero de 1959?

La principal figura revolucionara cuando triunfó la Revolución Cubana el 1 de enero de 1959 era indiscutiblemente Fidel Castro. Ningún otro cuadro del Movimiento 26 de Julio estaba en condiciones de disputarle el liderazgo. Fidel personalmente simboliza la aspiración del pueblo cubano a la dignidad y la emancipación. La otra gran figura era, desde luego, el Che, que representa el arquetipo del internacionalista solidario dispuesto a arriesgar la vida por la libertad de una tierra que no era la de sus antepasados y que hizo suya la máxima de José Martí, el Héroe Nacional cubano, “Patria es Humanidad”. El tercer gran personaje de la Revolución es Camilo Cienfuegos, procedente del pueblo, dotado de una extraordinaria valentía, y muy cercano al Che. Había una gran complicidad entre ambos. Para la anécdota, era el único que se atrevía a cortarle las cuerdas de la hamaca cuando dormía allí. La otra figura incontestable es evidentemente Raúl Castro quien, a pesar de su juventud, mostró en el campo de batalla sus cualidades de combatiente, de estratega y de líder. Conviene recordar que Raúl Castro empezó la guerra como simple soldado. Como todos los demás, tuvo que demostrar en el campo de batalla. Podríamos mencionar también a Juan Almeida, a quien debemos la famosa frase que pronunció durante el primer combate contra el enemigo “Aquí nadie se rinde carajo”, y también a Ramiro Valdés, entre otros.

¿Por qué el apodo de “Che”?

El primero en apodarlo “Che” fue Antonio “Ñico” López, un miembro del grupo del Moncada que lo conoció en Guatemala. “Che” es una interjección típicamente argentina. Como Guevara, argentino, solía empezar sus frases con “Che”, fue apodado así.

¿Qué papel desempeñó el Che en la elaboración del programa revolucionario?

El Che desempeñó un papel clave en la creación del Instituto Nacional de la Reforma Agraria y en la elaboración de la Ley de Reforma Agraria que se promulgó en mayo de 1959. Según él, “ el guerrillero es, fundamentalmente y antes que nada, un revolucionario agrario”. Interpreta los deseos de la gran masa campesina de ser dueña de la tierra, dueña de los medios de producción, de sus animales, de todo aquello por lo que ha luchado durante años”. Luego fue nombrado Ministro de Industria.

El Che también apoyó la creación del Instituto Cubano de Artes e Industrias Cinematográficas (ICAIC), creado el 2 de marzo de 1959 mediante la ley 169. Desde los tiempos iniciales el Gobierno revolucionario hizo de la cultura una prioridad nacional. El arte es necesario para el equilibrio de una sociedad y es un vector de ideas y principios. El Séptimo Arte es un instrumento de opinión y de formación de la consciencia individual y colectiva y contribuye a la difusión de los valores necesarios para la edificación de una sociedad nueva basada en la solidaridad, el interés general y la repartición. Es un arma de lucha contra la ignorancia y los prejuicios cuando se utiliza para alcanzar logros nobles y generosos.

¿Por qué Che Guevara fue nombrado Fiscal de La Cabaña y encargado de los tribunales revolucionarios?

El prestigio y la autoridad del Che eran indiscutibles en Cuba. Era conocido por su rectitud moral y su intransigencia. Durante la lucha revolucionaria se mostró implacable con los poderosos, los verdugos, los torturadores y los asesinos, y benevolente con los débiles, las víctimas y el pueblo explotado y humillado. Durante la guerra revolucionaria, Fidel Castro le hizo el juramento al pueblo de que serían castigados los criminales. La dictadura de Fulgencio Batista causó cerca de 20.000 víctimas. Durante su primer discurso el 1 de enero, el líder de la Revolución lanzó un llamado al pueblo, conjurándolo a que no cediera a las sirenas de la venganza, asegurándole que los tribunales revolucionarios castigarían a los culpables. De hecho, el pueblo cubano dio prueba de un gran civismo cuando triunfó la Revolución y no se hundió en la violencia vengadora. Sabía que llegaría la hora de la justicia y Fidel Castro cumplió su palabra y nombró al Che, prestigiosa figura del movimiento revolucionario, Fiscal de La Cabaña.

La justicia revolucionaria siempre fue una justicia sumaria y expeditiva, en todos los países del mundo. Los individuos culpables de crímenes de sangre fueron condenados a la pena capital. Era una necesidad política, una exigencia popular y un deber de justicia juzgar a los criminales de guerra y a los verdugos. Hubo alrededor de 500 ejecuciones después del triunfo de la Revolución durante juicios públicos, pues el pueblo debía ser informado del desarrollo del proceso judicial de modo transparente.

En Estados Unidos, la administración Eisenhower y la prensa lanzaron una campaña de desprestigio contra el Gobierno revolucionario, denunciando las ejecuciones. Curiosamente, durante la sangrienta dictadura de Batista todos -con algunas excepciones– guardaron un silencio cómplice mientras perseguían, violaban, torturaban y asesinaban a cubanas y cubanos.

A guisa de comparación, durante ladepuración que se llevó a cabo en Francia después de la Segunda Guerra Mundial, más de un millón de personas fueron arrestadas y cerca de 100.000 fueron condenadas. Hubo cerca de 10.000 ejecuciones entre ellas 9.000 extrajudiciales.

¿Estuvo implicado el Che en las Unidades Militares de Ayuda a la Producción?

El Che no estuvo en el origen de las UMAP. En Cuba el servicio militar es obligatorio. En los años 60 las personas que no desean realizar el servicio por razones éticas, filosóficas, religiosas o personales, tenían que hacer un servicio cívico encargándose de trabajos agrícolas en unidades del campo. En las UMAP los homosexuales fueron víctimas de discriminaciones, vejaciones, humillaciones y burlas y fueron alojados en viviendas separadas.

Esas violaciones de los derechos humanos llegaron a conocimiento de Vilma Espín, esposa de Raúl Castro, y sobre todo Presidenta-fundadora de la poderosa Federación de Mujeres Cubanas. Informó a Fidel Castro. Éste, que siempre se apoyó en la juventud y en los estudiantes, decidió mandar clandestinamente a un grupo de militantes de la Unión de Jóvenes Comunistas a las UMAP para averiguar los hechos. Después de varias semanas de observación, entregaron un informe abrumador que confirmada los atentados contra los derechos de esas personas y se cerraron las UMAP en 1968, o sea, poco menos de dos años después de su creación. Conviene recordar que el único papel que desempeñó Fidel Castro en las UMAP fue proceder a su cierre definitivo.

¿Cuáles fueron las relaciones del Che con la prensa?

Como figura importante de la Revolución Cubana, la prensa nacional y extranjera solicitaba regularmente al Che, deseosa de cuestionar a un argentino que dedicó su existencia al proceso de transformación social de la isla. El Che era consciente de la importancia de los medios de comunicación en la guerra política e ideológica que había que librar contra las fuerzas conservadoras.

El Che estuvo en el origen de la creación de Radio Rebelde en las montañas de la Sierra Maestra el 24 de febrero de1958, fecha conmemorativa de la sublevación de Baire de 1895 que marcó el inicio de la segunda guerra de independencia que inició José Martí. Con material rudimentario y una conexión artesana, el Che logró romper el monopolio mediático de la dictadura militar de Fulgencio Batista. La revista Verde Olivo es el órgano de prensa de las fuerzas armadas cubanas y fue creada en abril de 1959 por el Che, Camilo Cienfuegos y Raúl Castro. En esta revista el Che publicó sus experiencias de guerra y una sección titulada “Consejos al combatiente”, así como una crónica regular bajo el seudónimo de “Francotirador” Los objetivos de la revista son cultivar la memoria histórica de las luchas en Cuba y transmitir los testimonios de los combatientes.

Del mismo modo, en junio de 1959, nació Prensa Latina. El objetivo era dotar al país de una agencia de prensa poderosa para contrarrestar las campañas de propaganda hostiles procedentes de Estados Unidos. Además permitía ofrecer una mirada latinoamericana sobre la realidad del Tercer Mundo y emanciparse así de la hegemonía mediática de la prensa occidental.

¿Por qué, tras el triunfo de la Revolución, fueron prohibidos algunos diarios y se nacionalizaron los canales de televisión?

La inmensa mayoría de los medios de comunicación se encontraban en manos privadas cuando triunfó la Revolución Cubana, lo que representaba un peligro para el proceso emancipador de transformación social. La mayor parte de los medios de comunicación en las manos de los capitales de la época se oponían a que se pusiera en tela de juicio el orden establecido y a toda abolición de las jerarquías sociales y de los privilegios. Además fueron aliados naturales de Washington, que se opuso inmediatamente al proceso revolucionario acogiendo a los verdugos de Batista que acababan de robar las reservas del Banco Nacional de Cuba. La nacionalización de los medios de comunicación era una necesidad política y estratégica y puso término al monopolio del poder del dinero en ese sector.

¿Cuándo se tomó la famoso fotografía del Che?

Alberto Korda tomó la fotografía el 6 de marzo de 1960 en La Habana durante el homenaje fúnebre a las víctimas civiles del atentado contra el barco francés La Coubre que transportaba armas y municiones belgas a Cuba. El 4 de marzo de 1960, mientras se descargaba el barco, ocurrió una doble explosión que mató a más de un centenar de personas y dejó cientos de mutilados y heridos. El atentado fue obra de la CIA, que llevó desde 1959 una campaña de terrorismo contra la isla con el objetivo de derrocar al Gobierno revolucionario. En total, Estados Unidos orquestó cerca de 10.000 atentados contra Cuba, causó la muerte de 3.478 personas y lesionó de modo permanente a otras 2.099 personas más. Washington había presionado a los países occidentales para que no suministraran armas a Cuba. El objetivo era llevar a Cuba hacia la esfera soviética para poder así justificar su política hostil hacia La Habana. Bélgica se negó a someterse a las ordenes estadounidenses. Tras el atentado de La Coubre, tuvo que interrumpir sus suministros de armas a Cuba.

La fotografía adquirió notoriedad en 1967 tras el asesinato del Che cuando el editor italiano Feltrinelli decidió hacer afiches. Desde esa fecha el Che se convirtió en un símbolo internacional de la resistencia a la opresión.

¿Qué papel desempeño el Che frente a la hostilidad de Estados Unidos?

Conviene recordar que el conflicto entre Cuba y Estados Unidos es asimétrico. Hay una superpotencia hostil y agresiva, Washington, y una víctima, La Habana. Es Estados Unidos el que se opuso a la aspiración del pueblo cubano a la libertad, a la emancipación, a la justicia social y a la soberanía decidiendo los destinos de la isla y apoyando a las dictaduras al servicio de sus intereses. Es Estados Unidos el que acogió con los brazos abiertos a los verdugos y criminales del antiguo régimen después del 1 de enero de 1959. Es Estados Unidos el que financió, organizó y llevó a cabo una campaña de terrorismo contra Cuba. Es Estados Unidos el que se negó a refinar el azúcar cubano y el petróleo procedente de la Unión Soviética. Salvo la reforma agraria, todas las medidas que tomó en Gobierno revolucionario después de 1959 fueron respuestas a una agresión por parte de Estados Unidos.

¿Cuál fue el papel del Che en la invasión de Bahía de Cochinos en abril de 1961 y durante la Crisis de los Misiles en octubre de 1962?

Durante la invasión de Bahía de Cochinos y la Crisis de los Misiles, el Che se encargó del mando militar de la zona occidental del país.

Tras la Crisis de los Misiles y su desenlace, los cubanos tuvieron la certeza de que la defensa de la soberanía nacional solo dependía de ellos y que en caso de invasión militar por parte de Estados Unidos, la Unión Soviética no brindaría su concurso para la defensa del territorio nacional. En efecto, Moscú había aceptado negociar el retiro de los misiles nucleares sin dignarse a consultar a los cubanos mientras éstos arriesgaban su propia existencia. Fidel Castro, como el Che, tenía exigencias precisas: Washington debía abandonar los actos hostiles contra Cuba, levantar las sanciones económicas contra la isla, devolver la base naval de Guantánamo, garantizar que no habría invasión militar y dejar de financiar a los grupos terroristas que operaban en la Sierra del Escambray.

El desenlace final de la Crisis de los Misiles hundió a los cubanos en cierta amargura, el Che tomó sus distancias con Moscú y denunció incluso en el famoso discurso de Argel las relaciones desiguales entre el Bloque del Este y los países del Sur, así como su falta de solidaridad con los movimientos anticoloniales del Tercer Mundo. Conviene recordar su famosa exhortación: “Los países socialistas tienen el deber moral de liquidar su complicidad tácita con los países explotadores de Occidente”.  

III. Un revolucionario integral  



¿Cómo se convirtió el Che en Presidente del Banco Nacional de Cuba?

El Che no era economista de formación sino médico. Aunque tenía conocimientos en este campo, adquiridos gracias a diversas lecturas, el mundo bancario le era ajeno. Pero hacía falta una personalidad íntegra a la cabeza de una institución que había visto sucederse los ladrones, y el Che era la persona ideal. Aceptó la responsabilidad por deber revolucionario. Firmaba los nuevos billetes con su apodo “Che”. Siempre sintió un soberano desprecio por las riquezas materiales.

¿Cuándo fue nombrado Ministro de Industria?

El Che fue nombrado Ministro de Industria en febrero de 1961 con el objetivo de desarrollar y reforzar ese sector, vital para la economía cubana. Gracias a su experiencia en el Instituto Nacional de Reforma Agraria, y particularmente en el Departamento de Industrialización, fue considerado el más apto para el cargo. Lo ocuparía durante varios años.

Confrontado a la realidad del poder, el Che se volvió más pragmático, sin renunciar a los principios que constituyen el fundamento de su acción política. Según él, el Estado debe tomar el control de los medios de producción y de los sectores estratégicos del país y diversificar su economía para llegar a la soberanía energética, alimentaria, técnica y científica.

El Che tuvo que desarrollar su tarea en un contexto de lucha de clases sumamente marcado contra un viejo orden anticuado y moribundo que se negaba a admitir la nueva realidad revolucionaria. Cuba también tuvo que hacer frente a la escasez de especialistas y técnicos quienes en mayoría optaron por emigrar a Estados Unidos, atraídos por las condiciones de trabajo que ofrecían las autoridades estadounidenses. En su guerra ideológica contra La Habana, Washington lanzó una campaña destinada a saquear el país de su capital humano. El caso más emblemático y dramático fue el de los médicos: de los 6.000 médicos que tenía Cuba en 1959, más de 3.000 abandonaron el país en los primeros meses, ocasionando una grave crisis sanitaria en Cuba.

Como ministro el Che impuso disciplina y rigor predicando con el ejemplo. La eficiencia era la gran prioridad. Como miembro del Gobierno, el Che tenía algunas ventajas materiales. Una anécdota permite ilustra qué tipo de hombre era el argentino. Durante una reunión pública cuyo objeto era la libreta de abastecimiento, un ciudadano intervino para contradecir al Che diciéndole lo siguiente: “Comandante, usted dice esto porque su familia no vive con la libreta de abastecimiento”. Conviene recordar que la libreta de abastecimiento se estableció en 1960 tras las sanciones económicas que impuso Estados Unidos. El objetivo del Gobierno revolucionario era suministrar a toda la población con productos alimentarios básicos para una vida decente y evitar el desarrollo de la hambruna. El Che no respondió nada. Al día siguiente, convocó al ciudadano y le dijo: “Hasta ayer usted tenía razón”. El argentino, entonces ministro, exigió que su familia viviera en las mismas condiciones que los cubanos y que se alimentara mediante la libreta de abastecimiento. Esto ilustra la gran rectitud moral del Che.

¿Por qué Che Guevara escribía siempre en un diario?

El Che era un intelectual y, como hombre de ideas, le gustaba consignar sus reflexiones por escrito con el fin de desarrollarlas y transmitirlas. Tenía la preocupación de la transmisión del conocimiento. Su gran prioridad era hacer del pueblo cubano un pueblo educado y culto, pues estaba convencido de que la ignorancia sojuzgaba a los hombres y reforzaba los privilegios establecidos y las jerarquías sociales. Sin cultura no hay libertad posible y el argentino compartía la máxima de José Martí según la cual había que ser culto para poder emanciparse de las cadenas de la explotación y la opresión. Desde los tiempos iniciales del proceso revolucionario, el Che tuvo un diario en las montañas de la Sierra Maestra que tiene hoy un gran valor histórico. Ilustra las grandes facultades intelectuales del Che, particularmente su capacidad de síntesis. Pero había tomado la costumbre de anotar sus impresiones desde su primer viaje en motocicleta a través de América Latina en los años 50.

¿Cuál es el legado intelectual del Che?

El Che legó a la posteridad numerosos discursos entre los cuales los más famosos son el de Argel, el de la Tricontinental y su célebre discurso a la juventud. Escribió varios ensayos, particularmente su diario de campaña en Cuba, un libro sobre la guerra de guerrillas, y su famoso diario de Bolivia, entre otros. También redactó toda una serie de reflexiones que reflejan su pensamiento económico bajo el título “Apuntes críticos a la economía política”.

Una de sus obras maestras es “El socialismo y el hombre en Cuba” publicado en 1965. Analiza el comportamiento de los hombres y las mujeres en el desarrollo del proceso revolucionario, sus características y sus aspiraciones. Elabora la teoría según la cual el desarrollo económico del país debe avanzar al mismo ritmo que el desarrollo de la conciencia revolucionaria entre los ciudadanos para crear un hombre nuevo cuyo motor sería una base de valores morales, éticos y espirituales y no las gratificaciones de orden material. El hombre nuevo colocaría el interés general por encima de sus consideraciones personales y estaría movido por la generosidad, la solidaridad, el altruismo y el esfuerzo, el sentido colectivo y el desinterés. En una palabra, todas las virtudes que tenía el Che, que en ese campo era un hombre del futuro. Para él sólo el hombre nuevo será capaz de edificar el socialismo en Cuba y en otras partes. Sólo un trabajo político, ideológico y cultural podía forjar al hombre nuevo.

¿El Che estuvo en el origen del trabajo voluntario?

El Che era un hombre de pensamiento y acción que predicaba con el ejemplo. Era la mejor manera de conquistar la autoridad moral necesaria para hacer partícipe de sus exigencias al pueblo. Para el Che el trabajo es un deber social y la expresión máxima de este deber social es el trabajo voluntario, que es la mejor escuela para crear una conciencia revolucionaria. El Che estableció el trabajo voluntario y el objetivo era incitar a los cubanos, una vez que terminaran su jornada laboral reglamentaria, a presentarse voluntarios para realizar tareas a favor del país sin esperar una recompensa material a cambio, sino la simple satisfacción moral del deber cumplido.

El Che no rechazaba la retribución material, pero consideraba que el hombre nuevo debía alimentarse de esta satisfacción moral. Para el Che, el internacionalismo era la forma más avanzada del trabajo voluntario. Era a la vez un deber y una necesidad revolucionarios. El hombre nuevo, dotado de todas esas virtudes morales, se convertiría en revolucionario integral.

¿Qué significa la consigna “Trabajo, estudio, fusil” del Che?

Esta consigna, que es hoy día la máxima de la Unión de Jóvenes Comunistas de Cuba, la lanzó el Che en octubre de 1962 cuando se creó dicha institución. En una palabra, la juventud debía ser la vanguardia revolucionaria en todos los sectores de la sociedad y constituir el primer contingente de voluntarios para cubrir las necesidades del país. Los jóvenes debían ser los mas dedicados en el trabajo, los primeros en el estudio y sobre todo la primera línea para la defensa de la nación.

¿En qué contexto conoció el Che a Jean-Paul Sartre y Simone de Beauvoir?  

El encuentro tuvo lugar en 1969 en Cuba en la oficina del Presidente del Banco Central, ya que el Che ocupaba el cargo en esa época. Sartre y Simone de Beauvoir realizaron una estancia de un mes en Cuba. Para Sartre, el Che era el símbolo de la joven revolución cubana. Conviene recordar que en 1960, Fidel Castro tenía apenas 34 años y era el más viejo de los lideres revolucionarios. Para Sartre, sólo la juventud disponía de la energía y de la pureza necesarias para realizar una revolución. El filósofo se quedó muy impresionado por la vitalidad del proceso emancipador cubano y por la esperanza y el entusiasmo que suscitaba en el pueblo. Una sociedad nueva, más justa, se estaba edificando y se retaba a lo imposible. Sartre y Simone de Beauvoir sentían admiración por la inteligencia del Che y estaban asombrados del aspecto insólito de su cargo, que no se correspondía para nada con su personalidad.

¿Era el Che un revolucionario crítico?

El Che siempre fue muy exigente y se aplicaba ese criterio primero a su propia persona. No soportaba el diletantismo y el trabajo mal hecho. Odiaba la burocracia, que era la plaga del proceso revolucionario. Con su humor cáustico y su franqueza, no vacilaba en señalar las disfunciones de la administración y la tendencia funesta a copiar modelos inadaptables a la realidad cubana. Según él, la Revolución debía crear su propio modelo de sociedad inspirándose en las experiencias históricas del mundo pero sin caer en un dogmatismo destructor. Fue uno de los primeros en denunciar los lastres burocráticos que se convertían en aliados objetivos de la contrarrevolución.

¿Cuáles eran las críticas del Che a la Unión Soviética?

El Che siempre criticó el dogmatismo intransigente e inconsistente. Estaba convencido de que la liberación del Tercer Mundo sólo ocurriría a través de un cambio estratégico radical de los países socialistas. Para el Che, el modelo soviético llevaba a un callejón sin salida pues pretendía ser universal mientras que la construcción del socialismo dependía de la realidad de cada país. De hecho reprochó a Cuba la importación de los manuales soviéticos de filosofía política cuyo principal efecto fue impedir que los cubanos pensaran por ellos mismos. Por su parte, el Che era la antítesis del dogmatismo y un ferviente partidario del debate crítico, único medio de asumir los retos impuestos por la edificación de una nueva sociedad. El pensamiento del Che era un pensamiento en acción y en perpetua construcción.

¿Cómo percibía el mundo al Che?

Por su trayectoria, el Che era el arquetipo del revolucionario internacionalista. Era un dirigente de alto nivel, una figura emblemática de la Revolución Cubana, un hombre recto, honesto, intransigente sobre los principios, leal a Fidel Castro y a la dirección cubana y partidario de una solidaridad inquebrantable con los pueblos en lucha contra la opresión. El Che viajó varias veces a Argel, pues en los años 1960-70 Argelia era la Meca de los revolucionarios. Argelia era un refugio de todos los movimientos independentistas del Tercer Mundo y suministró ayuda material, humana, logística y financiera a todos los que llevaban la lucha anticolonial. Es uno de los capítulos más bellos de la historia de Argelia. Los gobiernos de Ahmed Ben Bella y de Houari Boumediene fueron amigos fieles y agradecidos de la Revolución Cubana y compartían los mismos ideales.

En su discurso de Argel del 24 de febrero de 1965, el Che recordaba que sólo se alcanzaría el socialismo con la abolición de la explotación del hombre por el hombre y que el mejor medio para alcanzar ese objetivo era que el Estado se apoderara de los medios de producción. Recordaba también que la gran prioridad era el desarrollo de la agricultura para asegurar la subsistencia alimentaria de los pueblos. El Che reprochaba a los países socialistas que impusieran relaciones capitalistas a las naciones del Tercer Mundo y las explotasen. Exigía más solidaridad de la URSS con los países que luchaban contra el imperialismo, particularmente el Congo y Vietnam.

¿Hubo una ruptura entre Che Guevara y Fidel Castro?

Nunca hubo una ruptura política o ideológica entre el Che y Fidel Castro. Al revés, siempre hubo una gran afinidad intelectual entre ambos. Los dos sentían un inmenso respeto el uno por el otro. El Che se consideraba un ferviente discípulo de Fidel Castro y lo recordaría en su carta de despedida. Fidel compartía las críticas del Che a la URSS. Sus destinos simplemente eran distintos. Fidel tenía la misión histórica de dirigir la Revolución Cubana y el Che deseaba hacer la revolución en Argentina. De hecho habían establecido un pacto durante su primer encuentro en México en 1955. El Che había pedido a Fidel que una vez que triunfase la Revolución en Cuba le permitiera ir a luchar por la liberación de su país de origen.

IV. Una figura internacional

El Che Guevara en su histórico discurso en Punta del Este, Uruguay. Foto: Archivo de Cubadebate

¿Era el Che el rostro de la Revolución Cubana?

Fidel Castro siempre fue la figura emblemática de la Revolución Cubana. El Che era el representante internacional. Che realizó su primera gira diplomática en el mundo en junio de 1959, la cual duró tres meses. Fidel Castro le confió la misión de recorrer África y Asia para buscar apoyo político. Ello ilustra la gran confianza que Fidel sentía por el argentino. El Che conoció a Nasser en Egipto, a Sukarno en Indonesia, a Nehru en la India. Visitó también Birmania, Japón, Singapur, Malasia, Tailandia, Hong-Kong, Pakistán, Grecia, Yugoslavia, Italia, Sudán y Marruecos.

Un año después, en octubre de 1960, realizó otra gira diplomática por los países socialistas con un objetivo más económico. Estuvo en Checoslovaquia, en Rusia y en China. Fue recibido con mucha fraternidad y recibió una ovación del pueblo en cada aparición pública. Tomó así la medida de la popularidad de la Revolución Cubana en el mundo.

Por otra parte, su participación en la Conferencia del Consejo Interamericano Económico y Social de Punta del Este, Uruguay, en agosto de 1961 lo transformaría en figura icónica de la izquierda latinoamericana.

¿Intentó la CIA asesinar al Che?

Desde los primeros tiempos Estados Unidos optó por el asesinato político de los líderes de la Revolución Cubana. El principal blanco era Fidel Castro que fue víctima de más de 600 intentos de asesinato. Pero el Che y Raúl Castro también estuvieron en el punto de mira de Washington.

¿Cuál fue el mensaje del famoso discurso del Che en las Naciones Unidas en diciembre de 1964?

Este discurso es un requisitorio contra el imperialismo, el colonialismo y el neocolonialismo. Es también un vibrante alegato por la autodeterminación de los pueblos de América Latina, África y Asia. Cuba es el símbolo de la pequeña nación que aspira a la soberanía bajo la amenaza del poderoso vecino. Muchos países del Tercer Mundo se reconocen en la lucha del pueblo cubano por la dignidad. El Che trae un mensaje de paz y de coexistencia pacífica entre todas las naciones del mundo con modelos de sociedad distintos, y no sólo entre los países más poderosos. El Che denuncia las agresiones imperialistas contra Vietnam, Camboya y Laos. Denuncia también el imperialismo belga en Congo, así como al régimen segregacionista del apartheid en Sudáfrica.

Otra cosa poco conocida, el Che lanza uno de los primeros llamados al desarme nuclear. Milita también por la indivisibilidad de China y por su ingreso en las Naciones Unidas. Termina su discurso denunciando el estado de sitio de Estados Unidos contra Cuba y recuerda la vocación internacionalista de la Revolución.

¿Qué papel desempeñó el Che en el apoyo a los pueblos en lucha?

El Che, en nombre de la Revolución Cubana, brindó su apoyo a todos los movimientos anticoloniales del mundo, en América Latina, en África y en Asia. La lucha por la emancipación humana debía ser global y cada progresista debía brindar su concurso. La teoría revolucionaria del “foco” del Che consistía en lanzar una guerra de guerrillas sin esperar a que estuvieran reunidas todas las condiciones subjetivas (organización del pueblo, sindicatos fuertes, predisposición a la lucha). Las condiciones objetivas (miseria, pobreza, explotación, opresión) estaban reunidas en todas partes. El objetivo era desatar, mediante la guerra de guerrillas, un levantamiento de las masas. La acción de guerrilla debía desarrollarse en el campo. El guevarismo es la ruptura de antiguo orden mediante la lucha armada. Se basa en el antiimperialismo y el marxismo. Según esta teoría revolucionaria, si están reunidas las condiciones objetivas, la guerra de guerrillas puede crear las condiciones subjetivas para derrocar el orden establecido y edificar una sociedad socialista.

¿Qué significó el llamado del Che “crear dos, tres… varios Vietnam”?

Para el Che, la solidaridad con la lucha del pueblo vietnamita por la libertad y contra el despiadado imperialismo estadounidense debía ser la prioridad de todos los revolucionarios. Vietnam llevaba la batalla más difícil contra Estados Unidos. Para debilitar el imperialismo había que abrir movimientos de lucha armada en todo el Tercer Mundo y obligar así al enemigo a que dividiera sus fuerzas.

¿Cuál era el pacto moral entre el Che y Fidel Castro?

Durante su primer encuentro en México, el Che, cuando se unió a la tropa del Movimiento 26 de Julio, pidió a Fidel Castro que lo liberara una vez que triunfase la Revolución en Cuba, para lanzar un movimiento guerrillero en Argentina. Fidel Castro estaba resueltamente opuesto a una salida del Che pues era un dirigente central en de la Revolución. Pero para él, la palabra empeñada era sagrada. Las condiciones indispensables al lanzamiento de una lucha armada en Argentina no estaban reunidas y Fidel Castro no deseaba arriesgar inútilmente la vida del Che.

Mientras tanto, Fidel Castro propuso al Che ir al Congo, donde existía un movimiento revolucionario. La historia es conocida y la relató el Che en su diario: fue un fracaso estrepitoso a causa de la falta de disciplina y debido a la conducta de los jefes que preferían vivir en el lujo de la capital en vez de enfrentar las inclemencias de la guerrilla en primera fila con sus hombres.

En 1965, Fidel Castro hizo pública la carta de despedida del Che, pues circulaban numerosos rumores sobre él. Después del fracaso del Congo, Fidel le propuso que regresara a Cuba para preparar su siguiente aventura en Bolivia. Tras muchos esfuerzos logró convencer al Che de que volviera a La Habana, pues ése sentía reticencia a la idea de reaparecer en Cuba tras la lectura de su carta de despedida. Regresó así de modo secreto disimulando su rostro bajo un disfraz que fue muy eficaz.

Después de su captura y ejecución, ¿por qué el cuerpo del Che fue mutilado y escondido?

Tras su asesinato el 9 de octubre de 1967, la CIA y el ejército boliviano decidieron filmar su cadáver para demostrar al mundo que el Che había muerto. Le cortaron las manos para poder averiguar su identidad mediante las improntas digitales con la policía federal argentina. El cuerpo fue enterrado clandestinamente en Valle Grande, en Bolivia. Sería descubierto en 1997 y repatriado a Cuba, donde reposa en un mausoleo a la memoria del Che en la ciudad de Santa Clara.

¿Cuál es el legado del Che hoy día?

El Che perdura en la memoria colectiva como el Apóstol de los oprimidos y el símbolo de la resistencia a la humillación y de la indignación frente a las injusticias. Renunció a sus intereses de clase y tomó las armas en nombre del interés superior de los desheredados. Es también el arquetipo de internacionalista solidario que tendió una mano fraterna y generosa a los pueblos en lucha por su emancipación. Los ideales del Che y su ejemplo viven aún, a pesar de los múltiples intentos de desfigurar su combate y mancillar su memoria.

*Doctor en Estudios Ibéricos y Latinoamericanos de la Universidad Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani es profesor titular de la Universidad de La Reunión y periodista, especialista de las relaciones entre Cuba y Estados Unidos. Su último libro se titula Cuba, ¡palabra a la defensa!, Hondarribia, Editorial Hiru, 2016. http://www.editorialhiru.com/informe/336-cuba-palabra-a-la-defensa.html Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel