sábado, 29 de abril de 2017

Olga nos arquivos da Gestapo

Mantidos em segredo pela polícia nazista, mais de dois mil documentos sobre a alemã que foi mulher de Luís Carlos Prestes são revelados em livro escrito pela filha do casal

Por Eliane Lobato 

 

A recente abertura dos arquivos da Gestapo, a Polícia Secreta da Alemanha de Hitler, revelou pertencer a Olga Benário (1908-1942) o mais extenso volume de documentos sobre uma única vítima do nazismo. São oito dossiês com cerca de dois mil itens: cartas, telegramas, anotações e fotografias da militante alemã que foi mulher do líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes (1898-1990). Sobre esse vasto material, a historiadora Anita Leocadia Benário Prestes, filha de ambos, se debruçou para escrever o livro “Olga Benario Prestes: Uma Comunista nos Arquivos da Gestapo” (Boitempo), com lançamento previsto para maio.

A pedido de ISTOÉ, Anita destacou três documentos que considera mais relevantes: “O passaporte concedido pelo consulado alemão no Rio de Janeiro dias antes de sua extradição para a Alemanha; a carta enérgica que ela escreveu ao chefe da Gestapo protestando por terem retirado a filha de sua companhia sem aviso prévio e sem que pudesse ter entregado a criança à avó paterna; e o relatório da Gestapo a Heinrich Himmler, comandante das SS, informando que Olga era uma comunista inteligente, perigosa e obstinada”, diz Anita. Olga se recusou a delatar companheiros nos interrogatórios, nos quais repetia: “Se outros se tornaram traidores, eu jamais o serei.”

Alemã de origem judia, Olga tentou obter a nacionalidade brasileira para escapar dos nazistas, mas nunca conseguiu porque não tinha certidão de casamento. “Meus pais viviam com documentos falsos, sem condições de realizar um casamento legal”, disse Anita. A Gestapo se referia a ela como “comunista e plenamente judia”, motivos pelos quais foi presa, em 1936, e enviada a campos de concentração até ser executada em uma câmara de gás, no campo de Bernburg, em 1942. Antes de chegar a este destino, conseguiu escrever e esconder uma mensagem, encontrada agora: “A última cidade foi Dessau. Mandaram-nos despir. Não maltrataram. Adeus.”

Iracema

A avó paterna, Leocádia Prestes, que resgatou Anita do presídio aos 14 meses de idade após longa batalha judicial, é descrita como “comunista fanática”. Um dos motivos foi ela ter enviado a Olga o livro “Iracema”, de José de Alencar, vetado pelo nazismo por descrever “a vida de luta de um combatente brasileiro pela liberdade” e “difamar em grande medida a forma de governo ordeira.” Aos 81 anos, Anita jamais se casou ou teve filhos.

Entrevista

“Minha mãe jamais delatou alguém”




Como foi rever os fatos dolorosos impingidos à sua mãe?

Além de ficar indignada e horrorizada com a crueldade indescritível praticada contra milhões de seres humanos pelo regime fascista que vigorou no III Reich, sinto-me orgulhosa com a intrepidez revelada pela minha mãe, que jamais delatou alguém, apesar de ter pago com a vida por isso.

O que determinou o assassinato de Olga: o governo brasileiro, ao entregá-la aos nazistas, o fato de ser comunista ou o de ser judia?

Os documentos do Arquivo da Gestapo revelam que seu assassinato decorreu, em primeiro lugar, por ser Olga uma “comunista perigosa” e mulher do líder comunista Luiz Carlos Prestes. A circunstância de ser judia contribuiu apenas para agravar a situação.

Em uma carta, Olga diz que gostaria “…principalmente, que Anita não seja bem-comportada e obediente demais.” A orientação foi cumprida?

Acho que sim, pois tanto minha avó Leocadia quanto minha tia Lygia, que me criaram e educaram, seguiram essas mesmas recomendações.

O que o livro acrescenta à imagem pública de sua mãe?

Principalmente, a intrepidez do seu comportamento que, como dizia meu pai, era proveniente da convicção da justeza da causa comunista pela qual eles lutavam.

 FONTE: Isto é

 


sexta-feira, 28 de abril de 2017

1ª greve geral do país, há cem anos, foi iniciada por mulheres e durou 30 dias

CAMILLA COSTA
DA BBC BRASIL EM SÃO PAULO


Greve teve início em uma fábrica têxtil na Mooca, em São Paulo.
Foto: Arquivo Edgar Leurenroth/Unicamp


Em junho de 1917, décadas antes da consolidação das leis trabalhistas no Brasil, cerca de 400 operários —em sua maioria mulheres— da fábrica têxtil Cotonifício Crespi na Mooca, em São Paulo, paralisaram suas atividades.

Eles pediam, entre outras coisas, aumento de salários e redução das jornadas de trabalho, que até então não eram garantidos por lei. Em algumas semanas, a greve se espalharia por diversos setores da economia, por todo o Estado de São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro e Porto Alegre. Era a primeira "greve geral" no país.

Mas uma das principais diferenças entre aquela e a greve geral convocada para esta sexta-feira, em protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência, é que, em 1917, ela não foi anunciada como tal, disse à BBC Brasil o historiador Claudio Batalha, da Unicamp.

"Não é uma greve que já tivesse bandeiras gerais. Ela começa com questões específicas dos setores que vão aderindo ao movimento grevista, alguns por solidariedade. Depois é que a pauta passou a incluir desde reivindicações relacionadas ao trabalho até reivindicações de cunho político —libertação dos presos do movimento, por exemplo."

Uma destas questões específicas, menos comentada nos livros de história, era o assédio sexual. Segundo Batalha, parte da revolta das funcionárias do Cotonifício Crespi era o assédio que sofriam dos chamados contramestres, funcionários que supervisionavam o chão de fábrica.

"Isso não era incomum na época. Greves anteriores já haviam começado contra determinado funcionário que tivesse um cargo de chefia e tirasse proveito desse poder", explica.

CRESCIMENTO

Mas se a convocação de 2017 reflete a insegurança causada pelo desemprego e pela recessão, em 1917, a indústria brasileira ia de vento em popa.

Na verdade, os lucros das empresas chegavam a duplicar a cada ano.

"Entre 1914 e 1917, com a Primeira Guerra Mundial, se passou de uma recessão econômica a um superemprego, porque os produtos brasileiros passaram a substituir os importados e a serem exportados", explica o historiador italiano radicado no Brasil Luigi Biondi, da Unifesp.

"Em 1914, o Cotonifício Crespi lucrou 196 contos de réis. No ano seguinte, o lucro foi de 350 contos de réis. E foi aumentando. Enquanto isso, aumentavam as horas de trabalho."

Com o aumento da produção, as fábricas brasileiras, que tinham poucas máquinas, vindas do exterior, tiveram que usá-las por mais tempo. Isso significava que os operários passaram a trabalhar até 16 horas por dia, sem aumento de salário.

No final de junho, a paralisação dos operários do Crespi contagiou os 1.500 operários da fábrica têxtil Ipiranga. Em seguida, se espalhou pela indústria de móveis, concentrada no Brás, e chegou até a fábrica de bebidas da Antarctica.

"Em julho, a greve parou a cidade (São Paulo). Havia embates de rua e tentativa de saques aos moinhos que produziam farinha por causa da crise de abastecimento. Muitos foram mortos e feridos nos confrontos com a polícia", diz Biondi.

O movimento ganhou mais fôlego no dia 11 de julho, quando milhares acompanharam o enterro do sapateiro espanhol José Martinez, de 21 anos.

Ele morreu com um tiro no estômago depois que uma unidade de cavalaria da polícia dispersou manifestantes que quebraram barris de cerveja diante da fábrica da Antartica, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", que noticiou o confronto.

"A partir daí, a greve se alastrou para quase todas as cidades do interior de São Paulo. Campinas, Piracicaba, Santos, Sorocaba, Ribeirão Preto. Até Poços de Caldas, no sul de Minas, que não era uma cidade industrial, teve movimentos de greve", afirma o historiador.

Repressão a grevistas aumentou a adesão de trabalhadores à paralisação, diz historiador.
Foto: Arquivo Edgar Leurenroth/Unicamp


NEGOCIAÇÃO

Em 16 de julho - mais de um mês após o início da paralisação no Cotonifício Crespi - um acordo entre autoridades, organizações trabalhistas e industriais, mediado por jornalistas, pôs fim à greve em São Paulo. Mais ainda não era o fim da greve geral.

"Só em São Paulo a greve de fato terminou com uma negociação única. No Rio e em Porto Alegre, os movimentos tiveram dimensões gerais, mas só terminaram na medida em que cada setor chegava a um acordo com seu patronato. O ritmo de saída da greve foi aos poucos, assim como a adesão", explica Batalha.

Segundo Biondi, até mesmo na cidade de São Paulo ainda havia categorias entrando em greve no dia 18 de julho, como os pedreiros.

Parte dos empresários se recusava a assinar os acordos e queria negociar condições diretamente com os funcionários.

Mesmo com a assinatura dos acordos, a consolidação dos direitos só viria em 1943, durante o regime de Getúlio Vargas.

"O que acontecia muitas vezes na época é que algo era obtido com uma greve, passava-se algum tempo e essa reivindicação voltava para nada", diz Claudio Batalha.

"Em 1907, também houve uma série de greves pedindo a jornada de trabalho de oito horas. E elas chegaram a diminuir, mas, depois de algum tempo, o patronato voltou a estabelecer as jornadas anteriores. O mesmo ocorreu após 1917."

A experiência da primeira greve geral também fez com que os empresários se preparassem para enfrentar futuras paralisações - o que tornou novas negociações mais difíceis para os trabalhadores.

"Uma das coisas que levou ao sucesso relativo da greve em 1917 é que as fábricas não tinham estoques. Quando os operários paravam, não havia produtos nas lojas. A partir daí, eles passaram a ter grandes estoques, e podiam permanecer sem funcionar um certo período porque tinham produção para vender."

Batalha lembra, no entanto, que o acordo só surgiu depois que "a greve atingiu dimensões tais que não tinha mais como controlar o movimento".

"A primeira tentativa de lidar com a greve foi de repressão. Essa era a tônica do período, tanto que houve mortes. Parte do processo de ampliação da greve, inclusive, se deveu a essas mortes."

"Até hoje a solução repressiva pode ser um desserviço às autoridades. Se a gente pensar nos protestos de 2013, a virada no número de pessoas em São Paulo foi quando houve uma repressão desproporcional à manifestação", afirma.

IDEOLOGIA

Em fevereiro de 1917, meses antes da greve brasileira, mulheres que trabalhavam na indústria têxtil deram início a protestos e a uma paralisação que teria consequências ainda maiores: a revolução russa.

"Essa greve também é importante porque mostra a conexão do Brasil com o resto do mundo. Naquele ano, greves como aquela ocorreram em diversos países", diz Luigi Biondi.

Ideologias como o anarquismo e o socialismo marxista, que chegaram a São Paulo principalmente pelos imigrantes italianos, tiveram um papel importante na organização do movimento.

"Por causa da Rússia, eles tinham a ideia de que aquilo poderia levar a uma insurreição dos trabalhadores. Isso não ocorreu, mas a cidade foi tomada. Pela primeira vez isso espantou as elites do país, que começaram a se dar conta de que a questão social urbana era grave e tinha que ser considerada."

Batalha acha que as correntes socialistas "tinham certa liderança", mas que sua influência era maior sobre trabalhadores qualificados.

"O que faz com que uma greve funcione é que as pessoas sintam que aquele estado de coisas chegou ao limite. Uma das características importantes de 1917 é que, pela primeira vez, setores que não participavam desse tipo de movimento começaram a participar." 


quinta-feira, 27 de abril de 2017

¿Quién fue la comunista más vigilada por la Gestapo?

Por Patrícia Álvares

Unas 2.000 páginas contiene el más extenso archivo de la Gestapo sobre una sola víctima del Tercer Reich. Sputnik entrevistó a Anita Prestes, quien estudió los documentos liberados por Moscú sobre su madre, Olga Benario, a los 75 años de su muerte en un campo de concentración, en 1942.

Olga Benario Prestes (1908-1942)

"No veo contradicción entre mi papel como historiadora y el hecho de ser hija de [Luiz Carlos] Prestes y Olga [Benario]", dijo a Sputnik Anita Prestes, quien lanza en los primeros días de mayo una nueva biografía sobre su madre en Brasil. "Una comunista en los archivos de la Gestapo", subtitula el libro que revela detalles del proceso de 2.000 páginas que resultó en la ejecución de la judía alemana y comunista en una cámara de gas por los nazis en 1942, a los 34 años.

"Olga Benario Prestes fue mi madre y la gran inspiración de toda mi vida. Mi padre, Luiz Carlos Prestes, también fue una gran inspiración. Antes de conocerlo en persona, a los nueve años de edad, ya conocía su historia, que me fue transmitida por mi abuela Leocadia Prestes y mi tía Lygia Prestes. Siempre estuve conectada con mi padre y su lucha abnegada por la revolución en Brasil. De adulta, me convertí en su interlocutora de confianza y actué como su asesora en sus últimos 15 años de vida", contó la historiadora.

Benario, nacida en Munich en 1908, tuvo desde muy joven un papel activo en los movimientos comunistas de Alemania. A los 20 años, debió exiliarse en la Unión Soviética con su pareja, el escritor Otto Braun, a quien ayudó a fugarse de la prisión, pero después se separaron.

En Moscú conoció al líder político brasileño Luiz Carlos Prestes, al que llamaban "Caballero de la Esperanza", porque entre 1925 y 1927 recorrió Brasil en una marcha de 25.000 kilómetros a pie, junto con 1.500 hombres para sembrar la revolución en el país. Los intentos de este grupo, conocido como 'Columna Prestes', fracasaron y debió partir al exilio a la Unión Soviética. En 1934 se le encargó volver a su país para liderar un nuevo movimiento y Benario recibió la misión de protegerlo, debido a que estaba militarmente entrenada por los soviéticos. Los dos viajaron encubiertos como una pareja en luna de miel.

Ficción y vida real se mezclaron: ambos establecieron una relación. Sin embargo, la pareja terminó en manos de la Policía más tarde. El Gobierno del entonces presidente de Brasil, Getulio Vargas, coqueteaba con las potencias del Eje. Una investigación conjunta con la Gestapo reveló la verdadera identidad de Benario, quien además era judía en plena época de persecución nazi. Pese a que estaba embarazada de un brasileño, se dictó su deportación a la Alemania en 1936.

A finales del mismo año nació Anita Leocadia Prestes en una cárcel de Berlín. Indagada sobre el peso de ser hija de personajes tan emblemáticos, la doctora en Filosofía por el Instituto de Ciencias Sociales de Moscú remarcó el orgullo que siente de sus padres y el ideal de la justicia social que le imprimieron.

Poco más de un año después de nacer, Anita Prestes fue separada de su madre y fue entregada a su familia brasileña para escapar de la prisión. Benario resistió seis años más y pasó por otros campos de concentración hasta que murió ejecutada en una cámara de gas el 23 de abril de 1942. En su última carta a Prestes y a su hija, Olga escribió: "He luchado por lo justo, por lo bueno y por lo mejor del mundo… Quiero que me entiendan bien: prepararme para la muerte no significa que me rinda, sino saber hacerle frente cuando llegue".

Una parte de esa historia ha sido retratada en numerosos libros y en una conmovedora película. Pero, ¿cómo describían a Olga los agentes de la Gestapo?

"Mi libro sobre mi madre está basado en documentación inédita del archivo de la Gestapo liberado al público hace dos años. Habrá muchas informaciones hasta ahora desconocidas. Por ahora, las mantengo en secreto para provocar la curiosidad del público", aseveró.

Dichos documentos suman cerca de 2.000 páginas del llamado "Proceso Benario". Los papeles habían sido aprehendidos por el Ejército Rojo, tras la derrota de Adolf Hitler en la Segunda Guerra Mundial. Se mantuvieron guardados durante décadas en la capital rusa.  De acuerdo con la presentación preliminar de la obra por la editorial responsable, Boitempo, el material revelado incluye una cincuentena de cartas recibidas y escritas por Olga para la familia de su marido, también detenido, pero en Brasil.

Anita, que estuvo exiliada en dos períodos de su vida en la Unión Soviética, recuerda con cariño esos momentos y destaca "la solidaridad del Gobierno y del pueblo soviético hacia los revolucionarios de todo el mundo que eran perseguidos en sus países de origen".

"Las entrevistas que he concedido buscan esclarecer mis libros al público, así como la vida y la actuación política de mis padres y de los comunistas. Como historiadora marxista, considero necesario contribuir para que las nuevas generaciones conozcan interpretaciones históricas comprometidas con la evidencia, como defendía el gran historiador Eric Hobsbawm. Por ello, considero importante hablar a la prensa siempre que soy solicitada", remarcó.

Anita Leocadia Prestes

Preocupada por la justicia social, la hija de Benario y Prestes manifestó su disconformidad  ante el Gobierno del actual presidente de Brasil, Michel Temer, a quien considera un "usurpador de un mandato que no le fue concedido por el pueblo brasileño". En ese sentido, reforzó su posición contraria al "golpe parlamentario" que destituyó a Dilma Rousseff.

Para Anita, hace falta que las "fuerzas democráticas y progresistas del país" se organicen para constituir una "real alternativa de poder que acoja las demandas de los trabajadores y de la mayoría de la población".

FUENTE: SPUTNIK

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Procópio Ferreira dando aula de Prosódia e Inflexão

Considerado um dos grandes nomes do teatro brasileiro


Procópio em gravura de J.Maia


[Video] Lenin: Siglo XXI


Intervenciones de Lucio Oliver, Gilberto López y Rivas y Nestor Kohan en la Jornada sobre “Lenin en el pensamiento latinoamericano del siglo XXI”. Organizada por el Centro de Estudios Latinoamericanos - CELA de la Universidad Nacional Autónoma de México - UNAM (marzo de 2017, México D.F., Auditorio “Ricardo Flores Magón” de la Facultad de Ciencias Políticas) y la Cátedra “De la teoría social de Marx a la teoría crítica latinoamericana” (Sociología, Universidad de Buenos Aires - UBA).


LENIN SIGLO XXI (Lucio Oliver, Gilberto López y Rivas y Nestor Kohan en CELA-UNAM, marzo 2017)

Para download: HORIZONTES GRAMSCIANOS

Un panorama representativo del estado actual de los estudios gramscianos.

Antonio Gramsci es sin duda uno de los pensadores marxistas más leídos, estudiados, comentados, citados y parafraseados del siglo XX y de lo que va del XXI. En efecto, con el pasaje de siglo, a diferencia de lo que lamentablemente pasó con la obra de otros destacados intelectuales marxistas, el interés por las ideas de Gramsci se ha mantenido en esencia intacto e inclusive ha crecido en algunos campos como los estudios culturales. Conceptos y enfoques gramscianos circulan ampliamente demostrando la vigencia analítica y explicativa de un marxismo crítico y abierto. Hegemonía, sociedad civil, subalternidad, intelectuales orgánicos, Estado ampliado, revolución pasiva, transformismo son algunas de las vetas más sugerentes y creativas de un arsenal conceptual que permite dar cuenta de aspectos fundamentales de las relaciones sociales y políticas en las sociedades contemporáneas.
LINK PARA DOWNLOAD:

Horizontes gramscianos. Estudios en torno al pensamiento de Antonio Gramsci.
Massimo Modonesi (coordinador)
Primera edición, 2013.
D.R. © Facultad de Ciencias Políticas y Sociales, UNAM.


terça-feira, 25 de abril de 2017

Uma volta a Gramsci para pensar na política de nosso tempo

Por João Vitor Santos | Tradução: Juan Luis Hermida

Guido Liguori recupera conceitos do pensador italiano em sua gênese e propõe reflexões que atualizam suas perspectivas como forma de tentar compreender o contexto do mundo hoje

Antonio Gramsci foi uma figura importante do Partido Comunista da Itália, mas, além de seu legado para a construção dessa perspectiva política, é interessante observar seus movimentos de revisão do pensamento sobre o Partido e dos próprios conceitos. É mais ou menos o que faz quando produz suas anotações na prisão, vítima do regime de Benito Mussolini. “Gramsci desde dentro de uma prisão fascista tinha visto melhor e mais longe, e o movimento comunista internacional e também o seu partido tiveram, no final, que lhe dar a razão, pelo menos parcialmente”, destaca o professor de História do Pensamento Político, o italiano Guido Liguori. “A Internacional Comunista teve que abandonar a política sectária e extremista do final dos anos ‘20 e do início dos anos 30’, reavaliar a questão do consentimento, das alianças, da democracia, reaproximando-se assim do pensamento gramsciano”, explica.

Tal movimento pode ser interessante, por exemplo, para pensar o papel e o lugar da esquerda no mundo de hoje. “A esquerda perdeu, em muitos países, a capacidade de uma proposta independente, cultural, bem como econômica, distintamente diferente daquela das classes dominantes”, aponta Liguori, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Para ele, o maior equívoco é apostar num mesmo remédio que a direita usa para enfrentar as crises. É “curar um sistema doente (o capitalismo), embora com diferentes medicamentos”. Assim, o professor destaca que o partido o qual Gramsci “pensa está de mãos dadas com os movimentos”, pois “sabe que não deve apenas ‘ensinar’ para as massas, mas também aprender com elas”. E aponta: “hoje a política e os partidos me parecem pouco dispostos a fazê-lo”.

Guido Liguori é professor de História do Pensamento Político na Universidade da Calábria, Itália e, atualmente, presidente da International Gramsci Society Italia (IGS Italia). Juntamente com Pasquale Voza, organizou Dicionário Gramsciano (São Paulo: Boitempo, 2017), recentemente lançado no Brasil. Liguori também é autor de Gramsci conteso. Storia di um dibattito 1922-1996 (Editori Riuniti, 1996) e Sentieri gramsciani (Carocci, 2006).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como o pensamento de Antonio Gramsci pode inspirar-nos a pensar sobre as crises do nosso tempo?

Guido Liguori – Há certas categorias de Cadernos do Cárcere que são muito úteis para ler a realidade contemporânea. As categorias de “Estado Expandido”, de “revolução passiva”, bem como a de “hegemonia”, a mais conhecida entre as categorias de Gramsci, e outras, parecem-me as mais úteis atualmente.

A categoria gramsciana que hoje tem mais necessidade de “tradução” (outra palavra que faz parte do vocabulário de Gramsci) é aquela de “príncipe moderno”, ou seja, a sua ideia de um partido político, que me parece em crise. Mas talvez até mesmo por este aspecto, penso que Gramsci não estaria errado: o partido o qual ele pensa está de mãos dadas com os movimentos, com as classes mais baixas: ele sabe que não deve apenas “ensinar” para as massas, mas também aprender com elas. E hoje a política e os partidos me parecem pouco dispostos a fazê-lo. Obviamente sobre o significado desses conceitos, dos quais não posso estender-me aqui, referencio o Dicionário Gramsciano (São Paulo: Boitempo, 2017), que fiz com Pasquale Voza, e que acaba de ser traduzido no Brasil.

IHU On-Line – Que associações – e dissociações – podemos fazer entre o que hoje chamamos de crise da esquerda no mundo com o enfraquecimento do movimento comunista e o fracasso da revolução Ocidental analisados – e vividos – por Gramsci?

Guido Liguori – Eles são, sem dúvida, diferentes períodos históricos: Gramsci, apesar de escrever em uma prisão fascista, tinha imaginado a superação do fascismo, mas não o fim da União Soviética. Nós, especialmente na Europa, temos em comum com Gramsci o ponto de partida: viemos de uma derrota histórica. Devemos ter, como ele, a capacidade de repensar toda a situação e, como consequência, as nossas categorias.

IHU On-Line – A ideia de classe de Gramsci nos ajuda a entender a ascensão e a queda de governos progressistas na América Latina (como na Argentina e até mesmo no Brasil)? Por que e como?

Guido Liguori – A meu ver, a categoria gramsciana que nos ajuda a este respeito é a de classes baixas e classes hegemônicas: não meras aglomerações socioeconômicas de tipo sociológico, mas um conjunto de interesses e ideias, valores, aspirações, mesmo mitos.

A esquerda perdeu em muitos países a capacidade de uma proposta independente, cultural, bem como econômica, distintamente diferente daquela das classes dominantes. Não é que não há diferenças entre as receitas anticrise de direita e de esquerda, mas elas permanecem no mesmo recinto: curar um sistema doente (o capitalismo), embora com diferentes medicamentos. Nas classes populares, só temos desprezo, protestos e, em seguida, a derrota.

IHU On-line – Como os conceitos de hegemonia, sociedade civil, classes mais baixas, revolução passiva e consenso são atualizados hoje? E que outros conceitos gramscianos ganham força no tempo em que vivemos?

Guido Liguori – Entre essas categorias, a de sociedade civil não é exatamente gramsciana. Gramsci pensa no Estado e na sociedade civil como um todo não indiferenciado, e sim intimamente relacionado. Ele diz explicitamente que o Estado-sociedade civil é uma dicotomia liberal, que ele critica.

Resta sempre atual a categoria de revolução passiva, mas lembrando que ela descreve os processos a partir de cima, que neutralizam a iniciativa das massas, mas têm conteúdo progressivo. Hoje, no entanto, as classes dominantes neoliberais agem brutalmente, pelos seus próprios interesses, sem fazer avançar a sociedade como um todo. A hegemonia da categoria continua a ser o mais comum, porque os processos culturais, ideológicos, de produção de sentido comum, portanto de consenso, estão se tornando mais penetrantes. Muita sorte teve, nos últimos anos, a categoria das classes mais baixas, uma vez que é mais rica do que a do proletariado clássico: a subordinação não é só econômica, ou em termos de força, mas é também cultural, e às vezes psicológica.

IHU On-Line – A leitura não determinista do marxismo, de Gramsci em diante, é importante para entender e atualizar o pensamento de Karl Marx ? E quais são os desafios para pensar o marxismo na pós-modernidade?

Guido Liguori – Com Marx, Gramsci é hoje o pensador marxista mais conhecido no mundo, porque o seu marxismo não é economicista, não vê a economia como seu único fator determinante. Por isso, eu diria que o único marxismo à altura do nosso tempo é o marxismo de Gramsci. Não esquecendo, claro, que ele parte especificamente de Marx, de alguns dos seus escritos, de uma leitura dos seus escritos, de fato uma leitura antieconomicista.

IHU On-Line – Que conceitos de Gramsci são adotados de forma errada? A que o senhor atribui estes desvios interpretativos?

Guido Liguori – Como eu disse, o conceito de “príncipe moderno” que Gramsci teve é, hoje, o menos próximo de nós entre os seus grandes conceitos. Porque a forma partido está em crise em toda parte. Devemos perguntar-nos se a confiança excessiva no sistema parlamentar (que Gramsci não desprezava, mas não absolutizava) não é uma das causas que levaram a esta crise.

IHU On-Line – Como foi o trabalho da reconstrução do sentido das palavras e dos conceitos presentes nos Cadernos do Cárcere? Quais são os maiores desafios para entender o léxico gramsciano?

Guido Liguori – Os Cadernos do Cárcere não são um livro bonito e acabado, entregue pelo autor para impressão. Eles são um laboratório, um work in progress (trabalho em andamento), um conjunto de notas tomadas no decurso de seis a sete anos. É importante datar, tanto quanto possível, as reflexões individuais de Gramsci, conectando-as com o desenvolvimento histórico; isto é, com o que estava acontecendo fora da prisão, com o que refletiu Gramsci, reconstruir o desenvolvimento e evolução dos termos e conceitos. Para as condições em que foram escritos (da prisão, a supervisão fascista, a incapacidade de dispor de livros e cadernos para escrever sem limitação), os Cadernos do Cárcere são textos aparentemente simples, mas, na verdade, muito difíceis de entender corretamente.

IHU On-Line – O senhor pode afirmar que, em seus últimos escritos, Gramsci faz crítica do seu próprio pensamento? Por quê? E como fazer esses movimentos?

Guido Liguori – Eu acredito que em Gramsci há um desenvolvimento, um progresso, não uma autocrítica. Porque os fatos lhe davam a razão: a Internacional Comunista teve que abandonar a política sectária e extremista do final dos anos ‘20 e do início dos anos 30’ (que Gramsci desde a prisão rejeitou), reavaliar a questão do consentimento, das alianças, da democracia, reaproximando-se assim do pensamento gramsciano. Gramsci desde dentro de uma prisão fascista tinha visto melhor e mais longe, e o movimento comunista internacional e também o seu partido tiveram, no final, que lhe dar a razão, pelo menos parcialmente.■



O livro será lançado em maio, mas a pré-venda já começou!


JÁ EM PRÉ-VENDA!
Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo

A abertura dos arquivos da Gestapo e sua disponibilidade recente revelaram uma importante fonte de documentos inéditos sobre Olga Benario Prestes, o que permitiu à historiadora Anita Leocadia Prestes, filha de Olga e Luiz Carlos Prestes, elaborar um texto original a respeito dessa intrépida revolucionária, vítima da barbárie nazifascista.

Essa breve narrativa biográfica contém não apenas preciosidades históricas e raridades documentais – que, por si sós, já valeriam a leitura –, ela oferece a perfeita dimensão da luta diária de Olga Benario Prestes por seus ideais, mesmo nas condições mais adversas. A resistência da jovem revolucionária diante da gigantesca e cruel máquina do Terceiro Reich, que a considerava uma “comunista perigosa”, parece ainda pulsar nestas páginas, como se seu coração, calado há 75 anos, ainda batesse.

O livro será lançado em maio, mas a pré-venda já começou!


Garanta o seu exemplar:

Travessa (de: R$ 37,00 por: R$ 29,23 - em até 3x sem juros)

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Vídeos - Aulas da disciplina Pedagogia Histórico-Crítica e a Escola Pública oferecida pelo Programa de Pós-graduação em Educação da FE-UNICAMP





→ Aulas da disciplina Pedagogia Histórico-Crítica e a Escola Pública oferecida pelo Programa de Pós-graduação em Educação da FE-UNICAMP sob a responsabilidade do professor José Claudinei Lombardi.

Aula 1 – Introdução
EXPOSITOR: Dermeval Saviani

Aula 2 – Fundamentos Históricos e Filosóficos da Pedagogia Histórico-Crítica
EXPOSITOR: Newton Duarte

Aula 3 – Fundamentos Psicológicos da Pedagogia Histórico-Crítica
EXPOSITORA: Lígia Márcia Martins

Aula 4 – Pedagogia Histórico-Crítica como teoria pedagógica para uma escola em tempos de transição
EXPOSITOR: Cláudio de Lira Santos Júnior, José Claudinei Lombardi e Paulino José Orso

Aula 5 – Pedagogia Histórico-Crítica e Concepção de Educação Integral e Tempo Integral
EXPOSITORES: Antonio Carlos Maciel e Mara Regina Martins Jacomeli

Aula 6 – Gestão da Educação e da Escola
EXPOSITORES: José Claudinei Lombardi, Luciana Coutinho e Marlene Andrighetti Bialeski

Aula 7 – Implementação do Currículo em Redes Municipais
EXPOSITORAS: Juliana Pasqualini e Rosiane Ponce

Aula 8 – Aprofundamento da Discussão Sobre a Implementação do Currículo
EXPOSITORES: Julia Malanchen e Ricardo Pereira

Aula 9 – Didática: Problemas Teóricos, Metodológicos e Práticos
EXPOSITORAS: Ana Carolina Galvão Marsiglia e Lígia Márcia Martins

Aula 10 –Contribuições da Pedagogia Histórico-Crítica ao Ensino Infantil
EXPOSITORAS: Alessandra Arce e Lucinéia Lazaretti

Aula 11 – Contribuições da Pedagogia Histórico-Crítica ao Ensino Fundamental
EXPOSITORES: Jeferson Gonzalez, Larissa Quacchio e Lucas Teixeira

Aula 12 –Contribuições da Pedagogia Histórico-Crítica ao Ensino Médio
EXPOSITORES: Ricardo Eleutério dos Anjos e Tiago Nicola Lavoura

Aula 13 - Educação Especial na Perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica
EXPOSITORES: Marilda Gonçalves Dias Facci, Silvana Tuleski, Sônia Maria Shima Barroco e Régis Henrique dos Reis Silva

Aula 14 – Formação de Professores na Perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica
EXPOSITORES: José Claudinei Lombardi, Luciana Coutinho e Newton Duarte

Aula 15 - Conclusão: Possibilidades e Perspectivas
EXPOSITORES: Dermeval Saviani e José Claudinei Lombardi

Para download: "A TRANSIÇAO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO: UM DEBATE"

A TRANSIÇAO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO: UM DEBATE
DOBBY, Maurice. Et all. 
Editora Paz e Terra
ano de edição: 2010
edição: 5ª

Link para download:

SINOPSE

A constituição do capitalismo foi um processo longo, durante o qual conviveram estruturas características do feudalismo com novas formas de exploração econômica. Os autores discutem, neste livro, as questões que marcaram e definiram a transição do feudalismo para o capitalismo: o papel do comércio na Idade Média, a evolução das rendas no período, as origens econômicas das cidades medievais, o fim da escravidão na Europa Ocidental e a relação entre campo e cidade.

sábado, 22 de abril de 2017

Para download: "Lenin reactivado: hacia una política de la verdad"


Lenin reactivado. Hacia una política de la verdad
Sebastian Budgen, Stathis Kouvelakis y Slavoj Zizek (eds.)
320 p.
Ediciones Akal, S. A., 2010
1.ª reimpresión, 2013
ISBN: 978-84-460-2869-7
Impreso en España




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Índice general

Introducción. Repetir Lenin (Sebastian Budgen, Stathis Kouvelakis
y Slavoj Zizek)

PRIMERA PARTE
Recuperar a Lenin
1. El Uno se divide en Dos (Alain Badiou) 
2. ¿Leninismo en el siglo XXI? Lenin, Weber y la política de la
responsabilidad (Alex Callinicos)
3. Lenin en la era posmoderna (Terry Eagleton)
4. Lenin y el revisionismo (Fredric Jameson)
5. Un gesto leninista hoy. Contra la tentación populista (Slavoj Zizek)

SEGUNDA PARTE
Lenin en la filosofía
6. Lenin y el camino de la dialéctica (Savas Michael-Matsas)
7. El redescubrimiento y la persistencia de la dialéctica en la filosofía
y la política mundiales (Kevin B. Anderson)
8. «¡Saltos! ¡Saltos! ¡Saltos!» (Daniel Bensaïd)
9. Lenin como lector de Hegel. Hipótesis para una lectura de los
Cuadernos de Lenin sobre La ciencia de la lógica (Stathis
Kouvelakis)

TERCERA PARTE
Guerra e imperialismo
10. El momento filosófico en la política determinada por la guerra:
Lenin 1914-1916 (Etienne Balibar)
11. Del imperialismo a la globalización (Georges Labica) 
12. Lenin y la Herrenvolk democracia (Domenico Losurdo) 

CUARTA PARTE
La política y su sujeto
13. Lenin y el partido, 1902-noviembre de 1917 (Sylvain Lazarus) 
14. Lenin el Justo, o el marxismo sin reciclar (Jean-Jacques Lecercle)
15. Lenin y el Gran Despertar (Lars T. Lih)
16. Qué hacer hoy con ¿Qué hacer?, o el cuerpo del general intellect
(Antonio Negri) 
17. Lenin y la hegemonía. Los sóviets, la clase obrera y el partido en
la Revolución de 1905 (Alan Shandro) 


Lenin reactivado es un llamamiento de algunos de los principales teóricos marxistas del mundo para recuperar la atención que merece la importante figura de Lenin. Como explican los editores del libro, fue Lenin quien hizo del pensamiento de Marx algo explícitamente político, quien lo extendió más allá de los límites de Europa y quien, finalmente, lo puso en práctica. Insisten, además, en la urgente necesidad de releer a Lenin ahora que el capitalismo global parece la única alternativa, el sistema democrático-liberal se ha erigido como forma superior de organización política de la sociedad y resulta más fácil imaginar el fin del mundo que un cambio en el modelo de producción. Si Lenin reestructuró el pensamiento de Marx según las condiciones históricas de 1914, Lenin reactivado insta a una reinterpretación del proyecto revolucionario para el momento presente. En estos ensayos, Lenin se enfrenta cara a cara con los problemas actuales, como la guerra, el imperialismo, el imperativo de construir una intelligentsia asalariada, la necesidad de inclusión de los éxitos de la burguesía y la modernidad en el proyecto social, y el amplio fracaso de la socialdemocracia. Demostrando que la variedad y el partidismo no son mutuamente excluyentes, como se suele decir, este libro plantea la tesis contraria: en la actualidad la verdad sólo puede articularse desde posiciones partidistas. [Texto tomado de la web de Akal].

sexta-feira, 21 de abril de 2017

"Há torturas que só as mulheres entendem", diz autora de livro sobre nazismo

Jornalista britânica conta a história do campo de concentração para mulheres

"Olga[Benario Prestes], por sua vez, foi uma das prisioneiras mais corajosas de Ravensbrück. Mesmo sofrendo a dor de estar separada de sua filha, assumiu um papel de liderança e protegeu as prisioneiras mais fracas. Defendeu rigorosamente o comunismo, e por isso não era popular em alguns grupos. Mas foi uma mulher determinada até o final, quando foi enviada para a câmara de gás." (Sarah Helm)


   
POR RENATO GRANDELLE


O campo visto do telhado da administração, em fotografia de 1941 - Reprodução


RIO — Mesmo localizado a apenas 80 quilômetros do Norte de Berlim, o coração do Terceiro Reich, o campo de concentração de Ravensbrück tem uma história muito menos conhecida e estudada do que as edificações de Auschwitz e Dachau.

Para a jornalista britânica Sarah Helm, autora do livro "Ravensbrück" (editora Record), a instalação criada exclusivamente para mulheres dá uma contribuição inestimável para a narrativa do império de Hitler. Foi construída antes da guerra, e foi a última a receber sua câmara de gás, o que só ocorreu no início de 1945. Entre os dois fatos, foi cenário da transformação da sociedade alemã e da escalada de horrores da Segunda Guerra Mundial.

Ravensbrück mostra também que o campo de concentração não era um fardo destinado apenas a judeus. De fato, apenas 10% de sua população era constituída por seguidoras da religião. A maioria das 130 mil mulheres que passaram por lá eram "associais" — nome que abrangia um amplo leque de indesejáveis pelo regime nazista, de prostitutas a deficientes —, prisioneiras políticas e integrantes de grupos de resistência de territórios invadidos.

Também não havia um espírito de união e cumplicidade entre as prisioneiras. Compartilhavam o ódio pelas guardas, mas, de resto, o clima era de disputa: as escolhidas para gerenciar blocos do campo de concentração aproveitavam esta posição para dar privilégios a suas escolhidas.

Uma das mais célebres vítimas de Ravënsbruck foi a comunista Olga Benário, mulher de Luiz Carlos Prestes, e uma das principais figuras políticas do campo de concentração. Outras figuras menos conhecidas também deixaram marcas no espaço, como a guarda Joanna Langefeld, que pediu demissão por não concordar com a tortura às prisioneiras.

Em entrevista ao GLOBO, Sarah Helm detalhou a estrutura, a rotina e as atrocidades do campo de concentração.

Por que os nazistas construíram um campo de concentração exclusivamente para as mulheres?

No início do Terceiro Reich, Hitler destinou estes campos somente para homens contrários ao seu regime. Isso começou a mudar por volta de 1937, quando Heinrich Himmler, chefe da SS (a polícia nazista), assumiu a administração dos acampamentos. Ele queria aumentar sua lotação e construir um império pessoal. Os primeiros detidos foram os “associais”, pessoas que eram consideradas sem valor: mendigos, desempregados e outras “bocas inúteis”. Claro que havia mulheres nesta categoria, como por exemplo prostitutas. Com a aproximação da guerra, Himmler percebeu que o número de prisões cresceria nos países ocupados, e por isso resolveu criar um campo de concentração feminino. Além disso — e pode parecer contraditório —, Himmler era uma espécie de puritano, e provavelmente pensou que seria “correto” separar as pessoas por sexo. E estabeleceu algumas diferenças nas regras: as guardas usavam cães em vez de armas, porque Himmler achava que mulheres sentem mais medo de cachorros do que os homens. Depois de alguns anos, todos os presos foram enviados para os mesmos locais de extermínio, como Auschwitz.

Apenas 10% das prisioneiras eram judias. Como os nazistas decidiam quem iria para o local?

Pela nacionalidade. No início da guerra, as presas eram alemãs ou austríacas, já que a ocupação de outros países ainda não havia começado. Depois das opositoras do regime e das “associais”, e com o avanço do Exército de Hitler, todos os tipos de mulheres eram enviadas ao campo. Os nazistas precisavam de mão de obra para fabricar munição.

Houve muitas revoltas entre as prisioneiras?

Sim. Uma das manifestações mais impressionantes foi realizada pelas “coelhas”, como eram chamadas as vítimas de experiências médicas. Elas realizaram uma marcha até o escritório do comandante do campo e exigiram o fim dos testes a que eram submetidas. Outra forma de protesto era a sabotagem do uniforme que elas eram obrigadas a costurar para os soldados alemães que lutavam no front oriental: elas afrouxavam a costura para que a roupa não pudesse ser usada.

Por que Himmler tinha um interesse especial por Ravensbrück?

São vários motivos e um deles era ver mulheres sofrendo. Mas a visita também era conveniente porque ele mantinha uma amante em uma fazenda nas proximidades. Assim, quando ia vê-la, podia dizer que tinha ido a Ravensbrück. No fim da guerra, alegando que inspecionaria o acampamento, ele organizava reuniões secretas na região para negociar tratados de paz com os Aliados.

Como era o relacionamento entre as guardas e as prisioneiras?

As mulheres detidas odiavam suas vigias, que eram vistas como tiranas que gostavam de promover o terror. Mas algumas eram consideradas humanas até certo ponto, porque protestaram contra maus tratos no campo. E também havia presas que, por terem maior nível de escolaridade, debochavam das guardas.


Havia divisões entre grupos de prisioneiras?

Sim. A SS não tinha condições de manter os campos sem a colaboração das detidas. Muitas concordavam em trabalhar como gerentes de blocos e aproveitavam esta posição para beneficiar suas amigas. Nos primeiros anos, a SS deu os cargos às “associais”, para evitar que as prisioneiras políticas assumissem o poder. A tática deu certo no começo, mas depois presas como Olga Benário conquistaram espaço.


Duas personalidades, de lados opostos, marcaram a história do campo: Olga Benário e Joanna Langefeld. Qual foi o papel desempenhado por elas?

Langefeld era uma guarda que tinha reservas sobre o modo como o campo era administrado. Pediu demissão porque não concordava com algumas ordens. Ainda assim, respeitou Hitler e Himmler até o fim. Olga, por sua vez, foi uma das prisioneiras mais corajosas de Ravensbrück. Mesmo sofrendo a dor de estar separada de sua filha, assumiu um papel de liderança e protegeu as prisioneiras mais fracas. Defendeu rigorosamente o comunismo, e por isso não era popular em alguns grupos. Mas foi uma mulher determinada até o final, quando foi enviada para a câmara de gás.

Para saber mais sobre a vida de Olga Benario Prestes frente à gigantesca e cruel máquina do Terceiro Reich, que a considerava uma “comunista perigosa”, leia o novo lançamento da Boitempo Editorial, recheado de documentos inéditos: Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo, de autoria da historiadora Anita Leocadia Prestes. MAIS INFORMAÇÕES CLIQUE AQUI.


Que tipo de experimentos médicos ocorreram no campo?

As mulheres eram usadas para testar os efeitos de uma droga chamada sulfonamida, adotada para curar feridos no campo de batalha. Os médicos de Ravensbrück eram instruídos a recriar condições que ocorriam no front, infectando as pernas das detidas com gangrena, tétano, quebrando ossos e até atirando nelas. Também houve exames para monitorar como elas reagiam a doenças como sífilis e gonorreia. E algumas mulheres foram enviadas para experiências no campo masculino de Dachau. Um dos testes tinha como objetivo ver se pilotos de avião, abatidos perto de mares congelados, conseguiam se recuperar ao ver mulheres nuas e ter relações sexuais.

Como Ravensbrück pode aumentar nosso conhecimento sobre a Segunda Guerra Mundial?

O campo mostra muitas histórias que não aconteceram em Dachau e Auschwitz, e por ter sido aberto às vésperas da guerra nos dá uma visão única do desenvolvimento da ideologia e dos métodos nazistas. Além disso, é um lugar único para estudar até onde pode chegar a depravação. Há torturas que só as mulheres entendem. As detidas tinham que entregar seus filhos, que eram levados para outros campos, e depois enviados de volta, só para que as mães os vissem morrendo. E, na libertação do campo, quando os nazistas já haviam deixado a região, os soldados do Exército Vermelho perseguiram as prisioneiras para estuprá-las. Ravensbrück foi a capital do crime contra a mulher.


FONTE: O Globo


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Olga Benario Prestes, uma comunista nos arquivos da Gestapo

Novo livro da historiadora Anita Leocadia Prestes
Publicação Boitempo Editorial

Da Gestapo à memória do Brasil

Esta breve narrativa biográfica contém não apenas preciosidades históricas e raridades documentais – que, por si sós, já valeriam a leitura –, ela oferece a perfeita dimensão da luta diária de Olga Benario Prestes por seus ideais, mesmo nas condições mais adversas. A resistência da jovem revolucionária diante da gigantesca e cruel máquina do Terceiro Reich, que a considerava uma “comunista perigosa”, parece ainda pulsar nestas páginas, como se seu coração, calado há 75 anos, ainda batesse. Um coração intrépido, que, encarcerado, soube conjugar a luta política, o amor pelo grande companheiro e a preocupação com a educação da filha, de quem fora afastada prematuramente.

Após a abertura dos arquivos da Gestapo, essa filha, a historiadora Anita Leocadia Prestes, debruçou-se sobre as cerca de 2 mil páginas a respeito de Olga, recheadas de documentos inéditos, para trazer à tona informações até então desconhecidas. Mais do que peças faltantes no quebra-cabeça da história, os documentos aqui reproduzidos, especialmente a correspondência inédita entre Olga e Luiz Carlos Prestes, nos permitem enxergar o presente com outros olhos.

Ficha técnica

autor
Anita Leocadia Prestes
título original
Olga Benario Prestes
páginas
144
Peso
350 gr
ano de publicação
2017
isbn
9788575595497



terça-feira, 18 de abril de 2017

Dossiê "Gramsci, diálogos inéditos

Na edição do mês de abril, já nas bancas, a Revista CULT publica um dossiê sobre o pensamento de Antonio Gramsci, organizado pelo professor Alvaro Bianchi. Segundo o seu organizador, o dossiê procura apresentar uma pequena amostra dos novos estudos gramscianos no Brasil e na Itália, resultando em um quadro variado a permitir ao leitor reconhecer o estado atual das pesquisas e suas novas direções.

Artigos que formam o dossiê:




Por Alvaro Bianchi
Os novos estudos e a recepção de seu pensamento na atualidade
(Arte Andreia Freire)


Por Alvaro Bianchi
O pensamento de Antonio Gramsci demonstra vitalidade na periferia do capitalismo, 80 anos após sua morte
Giulia Schucht com seus filhos Delio e Giuliano, anos 1930 (Foto: Reprodução)


Por Daniela Mussi e Alvaro Bianchi
O artista brasileiro é o autor de um dos mais antigos retratos feitos de Gramsci
Desenho de Lívio Abramo, "Retrato ideal de Antonio Gramsci", 1932/ (Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná [MAC-PR])


Por Guido Liguori
Gramsci confere originalidade a muitas das categorias mais importantes do pensamento político contemporâneo
Montagem sobre cadernos do cárcere de Gramsci (Arte: Andreia Freire)


Por Daniela Mussi
Gramsci é um legítimo representante da revolução derrotada que amaldiçoa os vencedores
(Arte Andreia Freire)


Por Giancarlo Schirrù
Para o filósofo, o processo de elaboração crítica da filosofia começa a partir da linguagem
(Arte Andreia Freire)


domingo, 16 de abril de 2017

Cuba /Educadora popular Marilín Peña: “El pueblo cubano sigue aspirando a un socialismo próspero y sostenible”.



Por Carlos Aznárez, Resumen Latinoamericano, 14 abril 2017

La educadora popular cubana e integrante del Centro Martin Luther King, Marilin Peña, conversó con Resumen Latinoamericano, acerca de los desafíos que se le presentan a Cuba y al Continente en este nuevo contexto y como la lucha de las mujeres y el papel de la educación popular en la isla siguen iluminando el camino revolucionario de Nuestra América.

Marilin Peña
Educadora popular cubana e integrante del Centro Martin Luther King
– ¿Cuál es tu actividad en el Centro Martin Luther King y a qué te dedicás en Cuba?

-Soy parte de la Red de Educadores y Educadoras Populares que anima el Martin Luther King en Cuba. Soy de Santiago de Cuba, la región más oriental del país. Desde la Red, doy mi aporte a la formación en educación popular.

-América Latina está atravesada por el extractivismo, tanto en los gobiernos progresistas como con la derecha. Cuba tiene suerte de no tener ese flagelo, por eso me gustaría una reflexión sobre qué significa para ustedes la tierra.

– Nosotras tenemos una etapa anterior en Cuba, cuando sí hubo extractivismo. La neo-colonia significó algo bien duro para muchas personas, la eliminación del indigenismo por el extractivismo del oro, del cobre. Es un fenómeno que la Revolución Cubana logró resolver pero que ha dejado huellas. Por ejemplo, una mina de cobre ha sido cerrada en el año 2001 por todo lo que contaminaba, porque era una mina explotada a cielo abierto. Traía desarrollo económico porque empleaba a mucha gente pero era insostenible ambientalmente. Ahí está también la huella del extractivismo. En América Latina es un desafío enorme cómo colocar en las agendas de los gobiernos esta situación.

-Tú también estuviste participando en el lanzamiento de la Cátedra Fidel Castro en Argentina y a nivel continental, que organiza el Movimiento hacia el Alba. En ese sentido, ¿cómo ha impactado en la sociedad cubana la desaparición física de Fidel?

-Para Cuba, ha sido un momento difícil. Yo no creo que esté muerto aún. Sin embargo, el pueblo cubano ha tenido una capacidad muy grande de adaptarse a la idea de que Fidel no está físicamente, el país ha seguido funcionando y la gente ha seguido trabajando. Hay una cotidianeidad en la que Fidel está muy presente, en las escuelas, en los niños, en los jóvenes. Se ha asumido esa consigna: “Yo soy Fidel”, que creo que ya es más que una consigna pues la gente lo ha hecho suyo.

La historia de Cuba está muy relacionada al territorio donde yo vivo, Santiago. Por ejemplo, él estudió en sus primeros años en un colegio de Santiago, donde hoy tengo el honor de que mis hijas estudien. Desde el balcón de nuestro ayuntamiento, Fidel proclamó el triunfo de la Revolución Cubana el primero de enero. Tenemos el cuartel Moncada en Santiago de Cuba. Entonces, Fidel está ahí.

Si bien una se emociona mucho, incluso yo no puedo evitar ponerme un poco triste, sí significa coger esa fuerza que él nos impregnaba en los momentos difíciles. Cuba ha vivido muchos años de experiencias difíciles y yo creo que esa fuerza de él, de sentir que sí se puede seguir, soñar y alcanzar las metas, está ahí, está en el imaginario, en la cotidianeidad del cubano. Es muy bonito.

Es importante la capacidad inmensa de él de prepararnos, de haber salido del Estado, del gobierno, tanto tiempo antes, de acostumbrarnos que estaba ahí aunque no estaba. Todo eso nos fue preparando psicológicamente para ese momento, que no dejó de ser doloroso pero que también significó una unidad muy grande para el pueblo. Porque no hubo nadie que no sintiera el momento, que no haya estado a la altura de lo que se esperaba del pueblo. Esos días de duelo fueron inolvidables, de mucho dolor pero también de mucho compromiso. Y ver tanta gente joven ha sido de las cosas más lindas que ha pasado en los últimos años.

Nosotros decimos que él va a reposar para custodiarnos, nunca para sentir que ha muerto. Porque creo que si las ideas de él viven, él nunca va a morir.

-Un tema que es recurrente cuando uno habla de Cuba es el del bloqueo. Hay mucha gente que cree que el bloqueo ha terminado a partir de las relaciones de Obama con Cuba.¿Cómo ustedes siguen percibiendo esa lacra que es el bloqueo?.

-Es un juego político. Las relaciones se han restablecido. La política exterior nuestra ha hecho énfasis en que queremos una normalización de las relaciones, pero en el fondo no ha cambiado nada la actitud de ellos hacia el país. La gente no percibe que haya cambiado. Con el tema del bloqueo, todo el mundo tuvo esperanza tras las palabras de Obama, de que fuera capaz de abolir el bloqueo antes de su salida. Y hoy por hoy sigue ahí, con todas las consecuencias que trae al pueblo cubano, que para nada es sólo discurso; que no es queja del pueblo. Ahí están los efectos en la economía del país en los gastos que tiene que hacer el Estado para alimentar a los once millones de cubanos trayendo alimentos a veces desde China o desde lugares lejísimos, a costos altísimos porque no podemos comercializar con muchos países que están más cerca.

La base naval de Guantánamo sigue siendo territorio ocupado por Estados Unidos. En la medicina, hay mucha documentación de lo que significan los daños del bloqueo para obtener medicamentos que son para curar seres humanos; medicamentos oncológicos, medicamentos necesarios para los niños. Todo el tema del transporte se ve a veces afectado por la compra de repuestos. Entonces sí hay efectos muy concretos que el pueblo cubano está consciente que no es responsabilidad del gobierno sino de todos esos años de bloqueo.

-Estamos viviendo un momento en América Latina en que el poder de la mujer se está visibilizando mucho más. Obviamente tiene que ver con que hay un hartazgo por parte de las mujeres de soportar siglos de opresión. ¿Cómo vive la mujer cubana la lucha por sus derechos?

-Yo creo que nosotras estamos en un nivel diferente al de las mujeres latinoamericanas. Pienso que la lucha nuestra, es más hacia el interior de las familias; que ahí se están poniendo el énfasis más grande. Socialmente y públicamente, la mujer cubana tiene derechos y ha conquistado espacios. Incluso adentro de la Revolución se ha ido superando a sí misma: en participación en el Parlamento; hoy hay muchas provincias cubanas que están gobernadas por mujeres. Dentro del Partido Comunista, igual. Si vamos a la esfera de lo militar, muchas mujeres alcanzan los grados más altos. Pero todavía sigue siendo el machismo un problema que no se ha derrotado.

En la esfera doméstica no se ha abolido el patriarcado. Yo creo que también la propia sociedad cubana y los cambios culturales han hecho que los hombres sean cada vez menos machistas. Yo lo veo en mi hermano, lo veo en la generación más joven. En varias organizaciones se tratan los derechos de las mujeres. Sin embargo, también se suma a los hombres y se habla de la masculinidad para que las mujeres entiendan un poco y haya una armonía, una relación más de igualdad entre hombres y mujeres y no esa lucha que a veces es muy radical, lo feminista. Entonces, hay una interrelación que va dando pasos, no es un proceso que está terminado pero sí hay un avance.

Es las primarias y en las secundarias, hay un trabajo interesantísimo en temas de géneros con los adolescentes. Es muy bonito porque ya las educadoras de círculos infantiles, que antes le decían a los niños que no jueguen con las muñecas, ahora entienden que ese niño -para ser un buen padre luego-, también tiene que jugar con la muñeca. Digamos que hay una rotación de la mentalidad que es importante para ese sueño de derrocar al patriarcado.

-El tema del acoso ¿es castigado en Cuba?

-Creo que no es un fenómeno visible, no quiere decir que no esté. Se puede dar un caso. Pero no he tenido la vivencia de alguna amiga o hermana a la que le haya pasado. Porque la propia organización social de Cuba, la cuestión de los derechos laborales y el empoderamiento de la mujer, de saber que no tiene por qué aguantar ninguna manifestación de ese tipo, limita mucho que haya jefes que quieran acosar. Hay una apertura muy grande, la mujer cubana tiene mucha garra, por nuestras madres; nuestras antecesoras. No es un fenómeno ni común ni visible. Y si se diera, hay leyes que penan el acoso, que penan la violencia de todo tipo. Los asesinatos tampoco son algo de la cotidianeidad, ocurren hechos como en todas partes, pero no creo que sea un problema el femicidio.

-¿Cómo ves el tema de esta ofensiva neoliberal, derechista e imperial que está sufriendo América Latina en su conjunto? La caída de algunos gobiernos, la llegada de Trump al gobierno Estados Unidos, ¿qué temores despierta en la población cubana?

-Mucha preocupación y también ocupación. Creemos que hay una necesidad de reorganizarnos muy rápidamente para enfrentar todos esos desafíos que nos impone el contexto actual. En Cuba se han intensificado los espacios de reflexión como para saber qué terreno estamos pisando, como para mirar Latinoamérica, mirar el contexto y decir por dónde vamos a andar. No Cuba independiente de Latinoamérica sino Cuba con Latinoamérica. Con Cuba siempre se va a poder contar como espacio de denuncia, como espacio de formación, como espacio para brindar humildemente para acompañar al resto de los movimientos, de los países, de los luchadores.

-En ese marco, ¿ves al Alba como una punta importante de protección y acompañamiento de las luchas sociales?

-Claro que sí. Pienso que hay un posicionamiento de los movimientos populares, del Alba, de que hay que andar cada vez más juntos, más acompañados, cada vez con expresiones de solidaridad más concretas. Ese es un escudo que nos va a proteger a todos. No hay otra manera de avanzar que no sea esa: la lucha conjunta, la lucha de movilización, la organización popular y la formación de la gente, que sepa a qué va, por qué está ahí.

-En ese marco, ¿cómo trabajan ustedes como educadoras populares? ¿Qué método utilizan para generar simpatía y adhesión en los jóvenes, niños y niñas?

-Nuestra formación iba más a personas adultas. Ya felizmente hace unos años se ha comenzado a trabajar con adolescentes, con niños. Las educadoras y educadores cubanos están en muchas instituciones cubanas. Por ejemplo, en el territorio de donde yo procedo, el sector de la cultura está topado de educadores populares. Desde el patrimonio, las instituciones y las casas de cultura se lleva la educación popular a toda la vida de la gente. Es muy bonito porque el hacer pensar a la gente sobre la realidad que puede transformar es lo que nos caracteriza. Entonces la gente empieza a ver la vida de otra manera.

La Revolución Cubana es un proyecto de participación. La educación popular le aporta mirar la realidad con otros lentes. Ya logramos un montón de cosas, pero todavía hay cosas que podemos mejorar más. Es interesante porque los jóvenes se animan mucho y participan con mucha frescura. Eso es un gran desafío para Cuba hoy, ya le vamos a legar a la joven generación una revolución, un grupo de conquistas, pero que la gente sepa que eso tiene toda una historia que tiene que defender. Que no sea el estar ahí sólo para llenar la plaza o para votar, sino con un contenido más ideológico.

Hay un sistema de escuelas de formación política envidiable, todo está muy organizado. Ahora bien: ¿cómo llenas de contenido esos espacios en un contexto diferente? Allí está el aporte de la educación popular, que las cosas sean menos formales, menos lineales para que la gente participe de otra forma y concretice de otra manera.

-No puedo terminar la entrevista sin preguntarte que sigue significando para ti y para el pueblo cubano, en la medida que tú eres parte de él, el socialismo, ahora que muchos intentan taparlo, ¿qué significa para ustedes esa palabra y esa construcción?

-El pueblo cubano sigue aspirando a hacer un socialismo del siglo XXI próspero y sostenible; salvaguardando lo que hemos logrado, pero también mejorándolo. Todos los debates que se han dado en la sociedad cubana en los últimos años han sido muy críticos con el tema de la economía, de cómo lograr un país que económicamente pueda sostener todas esas conquistas sociales que se han logrado y avanzar en la prosperidad de la gente. Es un gran reto. No creo que haya mucha gente que quiera el capitalismo en Cuba, eso no es verdad. La gente quiere el socialismo mejorado, el socialismo próspero. La gente ya tiene un nivel logrado, pero han sido años de mucho bloqueo, de muchas dificultades económicas y la gente también quiere vivir con comodidades. Pero no creo que haya ninguna contradicción, ni por la muerte de Fidel ni por el restablecimiento de las relaciones con Estados Unidos, que apunte al capitalismo. Y en lo personal, yo no apuesto por ningún otro sistema que no sea el socialismo. Ahí está la base por la que hemos resistido tanto y no vamos a ca.