terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Video: Concepto de Revolución pronunciado por el Comandante en Jefe Fidel Castro Ruz el 1ro de mayo del año 2000

Concepto de Revolución pronunciado por el Comandante en Jefe Fidel Castro Ruz el 1ro de mayo del año 2000


¿Qué es Revolución?, según Fidel Castro

En el discurso por la celebración del Día Internacional de los Trabajadores, pronunciado el 1ro. de mayo del 2000, el Presidente Fidel Castro se refirió a lo que considero la síntesis de su percepción acerca de la interrogante del presente título, al definir:

“Revolución es sentido del momento histórico; es cambiar todo lo que debe ser cambiado; es igualdad y libertad plenas; es ser tratado y tratar a los demás como seres humanos; es emanciparnos por nosotros mismos y con nuestros propios esfuerzos; es desafiar poderosas fuerzas dominantes dentro y fuera del ámbito social y nacional; es defender valores en los que se cree al precio de cualquier sacrificio; es modestia, desinterés, altruismo, solidaridad y heroísmo; es luchar con audacia, inteligencia y realismo; es no mentir jamás ni violar principios éticos; es convicción profunda de que no existe fuerza en el mundo capaz de aplastar la fuerza de la verdad y las ideas. Revolución es unidad, es independencia, es luchar por nuestros sueños de justicia para Cuba y para el mundo, que es la base de nuestro patriotismo, nuestro socialismo y nuestro internacionalismo”.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Lançamento: Dicionário gramsciano, Guido Liguori e Pasquale Voza (orgs.)

O pensamento de Antonio Gramsci, destrinchado em uma enciclopédia com mais de 600 verbetes, elaborados por alguns dos mais importantes estudiosos de sua obra no mundo.



Em seus últimos dez anos de vida, Antonio Gramsci reflete, na prisão, sobre a derrota do movimento comunista e a falência da revolução no Ocidente. Reelabora as questões de base de sua precedente atividade política, repensa as respostas dadas e as experiências vividas. Formula um verdadeiro léxico para expressar sua teoria política e todo um mundo de conceitos destinados a influenciar os mais diversos campos do saber. É uma linguagem que, com frequência, inventa ou reinventa palavras, enriquecendo-as com novos significados: americanismo e fordismo, hegemonia, filosofia da práxis, molecular, nacional-popular, Oriente-Ocidente, revolução passiva, vontade coletiva e tantas outras.

Escrito por estudiosas e estudiosos de nacionalidades, culturas e áreas diversas, o Dicionário gramsciano (1926-1937), organizado por Guido Liguori e Pasquale Voza, reconstrói o sentido das palavras e dos conceitos presentes nos Cadernos do cárcere e nas Cartas do cárcere. Ao combinar, em seus mais de 600 verbetes, rigor científico e clareza textual, esta obra visa a divulgar com precisão o pensamento de um dos maiores teóricos marxistas da modernidade.

Ficha técnica



Título: Dicionário gramsciano
Subtítulo: (1926-1937)
Título original: Dizionario gramsciano, 1926-1937
Organização: Guido Liguori e Pasquale Voza
Tradução: Ana Maria Chiarini, Diego Silveira Coelho Ferreira, Leandro de Oliveira Galastri e Silvia de Bernardinis
Revisão técnica: Marco Aurélio Nogueira
Prefácio à edição brasileira: Alvaro Bianchi
Orelha: Marcos Del Roio
Páginas: 832
ISBN: 978-85-7559-533-6
Preço: R$ 125 (brochura) | R$ 167 (capa dura)
Editora: Boitempo



"Estamos em uma época de retrocesso muito grande"

Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Prestes, se prepara para lançar livro sobre a mãe baseado em 2 mil documentos inéditos da Gestapo. Leia entrevista de Anita Prestes à CULT

Paulo Henrique Pompermaier

Personagem histórica retratada no livro-reportagem Olga (1985), do escritor Fernando Morais, Olga Benário Prestes, esposa do revolucionário comunista Luiz Carlos Prestes, vai ganhar, neste ano, novo estudo que pretende esmiuçar seus últimos anos de vida passados em prisões e campos de concentração nazista, até seu assassinato em 1942.

O projeto é uma iniciativa de sua filha, a historiadora Anita Leocádia Prestes. Baseando-se em quase dois mil documentos inéditos da Gestapo, a polícia nazista, a historiadora acaba de finalizar a obra, que será publicada ainda neste ano pela editora Boitempo.

Os documentos, traduzidos do alemão durante cerca de um ano, estavam na Rússia desde que foram confiscados na tomada da Alemanha nazista pelos soviéticos no final da Segunda Guerra Mundial. A documentação foi digitalizada e disponibilizada na internet pouco tempo antes, iniciativa que encorajou Anita Prestes a escrever uma nova obra sobre a vida da mãe.

“Há muita coisa sobre o comportamento dela. São impressionantes os relatos de como ela enfrenta os nazistas. Fica claro como a Gestapo e as altas autoridades nazistas foram explícitas em afirmar que ela não poderia ser liberta de maneira alguma”, afirma a historiadora, que nasceu em 1936 em uma prisão nazista em que Olga estava detida.

Em 2015, a historiadora já havia publicado uma obra sobre o pai, Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro, que só conheceu aos nove anos, quando ele foi foi libertado, em 1945, pela anistia política. “Minha mãe já tinha sido assassinada na Alemanha. Eu vim para o Brasil com a minha tia e conheci meu pai. Ele também sempre me falava muito de minha mãe, então fui criada nesse ambiente sabendo muito bem quem eles eram, conhecendo a história desde cedo”, relata.

Outro trabalho de Anita Leocádia, uma reunião das correspondências trocadas entre seus pais, também ganhou novas luzes com a liberação dos documentos. “Só vimos agora que houve correspondência que a Gestapo vetou. No livro, publicando em anexo alguns documentos, entre eles essa correspondência inédita entre meu pai e minha mãe”.

Em entrevista à CULT, Anita Prestes revela alguns detalhes sobre o livro e comenta os rumos políticos do Brasil que, segundo ela, ainda precisa “passar pelo caminho da revolução socialista”.

CULT – O que esses documentos da Gestapo dizem de novo sobre o fim da vida de Olga?

Anita Prestes – Até eu ser separada dela, estávamos em uma prisão para mulheres em Berlim. Depois de minha retirada ela é mandada para dois campos de concentração e é assassinada. Isso já se sabia, mas agora há novas informações, muita coisa que nem nós da família, como minha avó e minha tia que acompanharam os acontecimentos de perto, não sabíamos. Não posso entrar em muitos detalhes, mas há muita informação sobre o comportamento dela. A gente sabia que ela era uma mulher de muita coragem, mas são impressionantes os relatos de como ela enfrentava as autoridades nazistas. Há uma frase em que ela diz: “Se houve gente que virou traidora, eu jamais o serei”. Compreende? Nisso ela era totalmente intransigente, jamais entregou qualquer pessoa, recusava-se peremptoriamente a passar qualquer informação – o que, sem dúvida, foi um dos motivos do seu assassinato. O que fica claro é que a Gestapo e as altas autoridades do governo alemão sabiam o que estava sendo feito com ela e foram explícitos em afirmar que ela não poderia ser libertada de maneira alguma, e que deveria ser violentamente castigada. Estavam muito mais preocupados com a atividade dela como comunista do que com o fato dela ser judia. Ela não foi assassinada por ser judia, embora isso pudesse pesar. O fundamental é que ela era comunista, tinha participado das atividades do Comintern e era mulher de Luiz Carlos Prestes.

E são quase dois mil documentos, é um volume grande de informação

E só sobre ela. Os arquivos da Gestapo são gigantescos, tem tudo o que você quiser lá. Mas é interessante que ela é a pessoa que tem o maior volume de documentação. Há documentos sobre todos os partidos comunistas do mundo, sobre a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, mas só sobre a Olga há cerca de duas mil páginas. A Gestapo dá muita importância à figura dela. Há uma parte bem interessante que são mensagens que vêm de toda a Europa e dos Estados Unidos, inclusive diretamente à Heinrich Himmler [um dos principais líderes do Partido Nazi] e outras autoridades, protestando contra a prisão dela, exigindo sua libertação, exigindo a minha libertação. Houve uma pressão muito grande da chamada “Campanha Prestes”. Se não fosse a pressão política, eu naturalmente iria para um orfanato nazista, onde a criança perdia o nome e virava um número.

Você já pensava em escrever um livro sobre a sua mãe antes de ter contato com esses documentos?

O que de melhor podia ser feito, foi feito pelo Fernando Morais, então eu não ia repetir. Até então não tinha documentação nova que justificasse um novo livro. Agora apareceu e, por isso, eu resolvi fazer esse trabalho importante, um resgate da época, para não só conhecerem Olga e o comportamento dela, mas também saberem o que era a Gestapo, o horror que foi o nazismo. O requinte de maldade e de perversidade que existe é uma coisa impressionante. É importante divulgar até para que não se repita essa história trágica.

Como você, estudiosa e herdeira de um dos maiores comunistas do Brasil, enxerga as movimentações de esquerda do país atualmente?

A esquerda no Brasil está muito ruim. Você vê, há trinta anos, na década de 1980, o meu pai já dizia isso, que não tem esquerda no Brasil, que acabaram os partidos de esquerda e ficaram apenas as pessoas de esquerda. Mas os partidos se desgastaram, se desmoralizaram. Estamos em uma época de retrocesso muito grande. E eu também sigo a opinião dele quando dizia que a mudança vai ser na luta, pois o capitalismo está aí, a exploração está aí, as pessoas estão sentindo na própria carne o que está acontecendo. E aí elas vão começar a lutar, se organizar, procurar caminhos. E o caminho para levar à vitória vai ser o caminho da revolução socialista, não tenho a menor dúvida disso. Mas no Brasil vai demorar um pouco, porque aqui a tradição sempre foi de muita repressão, as classes dominantes impediram o movimento popular de se organizar. Sempre que se tentou qualquer tipo de rebeldia, ela foi esmagada com uma violência muito grande. A gente tem quatro séculos de escravidão, um Império que durou até o final do século passado. O povo foi muito penalizado pelo poderio das suas classes dominantes, senhores de terras e de escravos. A realidade brasileira é muito pesada, muito difícil, então demora um tempo até isso mudar. Mas não sou pessimista. Quem leu O capital de Marx sabe que o capitalismo não tem futuro. Mas sozinho ele não vai cair, tem que haver as forças capazes de derrubá-lo. Provavelmente não vou ver isso nos meus dias, mas não tem importância. Como meu pai dizia, eu só quero colocar um tijolinho nesse processo.

FONTE: Revista Cult

domingo, 29 de janeiro de 2017

"É o próprio governo que provoca o déficit da Previdência", alerta economista

por Mariana Haubert 
De Brasília

Ao não cobrar sonegadores e conceder renúncias fiscais, a União alimenta o problema que diz combater, avalia Denise Gentil, da UFRJ

"Essa reforma tem um conteúdo privatizante muito forte", avalia a economista Denise Gentil, da UFRJ


A reforma da Previdência proposta por Michel Temer no fim de 2016 tem como objetivo oculto privatizar o setor. Essa é a avaliação da economista Denise Gentil, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na avaliação dela, as exigências impostas aos trabalhadores são tão altas e as perspectivas de obter uma boa aposentadoria, com valor integral, foram reduzidas a tal ponto que estimularão a busca por fundos de previdência privada complementar.

A economista alerta, ainda, para o esvaziamento da própria Previdência pública, uma vez que, ao não vislumbrar o acesso a um benefício digno ao fim da vida, muitas pessoas podem acabar optando por não contribuir ao longo dos anos.

Em entrevista à CartaCapital, a professora explica que a reforma alterará o caráter da Seguridade Social passando a uma visão financeira do setor. Segundo ela, entre janeiro e outubro de 2016, os bancos venderam 21% a mais de planos nos fundos privados.

Denise participou do seminário “Em defesa do direito à aposentadoria para todos”, realizado pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e Associação Nacional dos Participantes de Fundo de Pensão (Anapar), em Brasília, na sexta-feira 27, com a presença de centrais sindicais e outras entidades representativas.

Confira, abaixo, a íntegra da entrevista:

CartaCapital: A reforma da Previdência acabará, de acordo com a senhora, por pressionar o trabalhador a buscar outras alternativas de renda para garantir uma velhice tranquila. Por isso que a reforma induz a uma privatização do setor?
Denise Gentil: Quando o governo anuncia uma reforma que vai exigir um tempo maior de contribuição e uma idade maior para a aposentadoria, ele sinaliza ao trabalhador que terá dificuldade para acessar essa aposentadoria e que, portanto, deve procurar uma previdência privada complementar. Essa reforma tem um conteúdo privatizante muito forte.

O recado é: Quem não buscar os fundos de previdência complementar pode cair na pobreza.  A reforma também tem outro objetivo: achatar os gastos públicos. Ao fazer isso com a Previdência e com a Assistência Social, ela também vai liberar mais recursos para pagar juros. E os grandes proprietários de títulos públicos no Brasil são os mesmos dos fundos de previdência, que são os fundos dos bancos.

CC: O governo anunciou a reforma como uma das soluções para a crise econômica, dentro do ajuste fiscal. Qual seria a melhor alternativa?
DG: Se a reforma tivesse a ver com ajuste fiscal, o governo tentaria aumentar as receitas da Seguridade Social. Ao invés disso, busca comprimir os gastos. O governo poderia, por exemplo, abrir mão das renúncias fiscais em favor de empresas que não dão nada em contrapartida ou cobrar a dívida dos sonegadores da Previdência.

Ou seja, a União não cobra das empresas sonegadoras e ainda entrega a elas a possibilidade de pagarem menos tributos legalmente. Então, é próprio governo que provoca o déficit. Não é o aumento dos gastos. O governo sabe que tem superávit. Tanto tem que ele faz desonerações tributárias, se dá o luxo de não cobrar sonegadores.

CC: Então o déficit é uma falácia?
DG: Sim. Em primeiro lugar, porque o déficit foi provocado pelo pagamento de juros, o maior gasto do orçamento do governo. Enquanto o déficit anunciado da Previdência pelo governo é de 149,7 bilhões de reais, o governo entrega ao setor privado algo em torno de 501 bilhões ao ano, ou seja, 8% do PIB. A conta não fecha, principalmente, pelo gasto com a dívida pública.

O ajuste fiscal que pretende cortar os gastos da Previdência não vai resolver o problema das contas do governo porque, para isso, é preciso corrigir a política monetária. A verdadeira reforma teria que ser na política monetária e cambial do Brasil, porque é responsável pelo crescimento da dívida pública. A população precisa saber disso.

CC: A reforma tramita no Congresso. A senhora acredita que pode haver grandes mudanças na proposta inicial ou não haverá muito debate?
DG: O Congresso é muito conservador e favorável à reforma da Previdência, mas ele também é sensível aos apelos da população. Acredito, também, que os parlamentares têm uma boa dose de desconhecimento das suas consequências, porque uma reforma como essa não é favorável ao crescimento econômico. Isso impacta muito a sociedade, inclusive os empresários, porque ela vai reduzir drasticamente o consumo das famílias e isso tem impacto no crescimento do PIB.

Se os congressistas tiverem o devido esclarecimento das consequências dessa reforma, do quanto eles perderão de voto... Os idosos são eleitores, os trabalhadores também. Será que o Congresso vai querer se indispor com a grande massa de eleitores? Precisa ter uma conta muito bem feita sobre o benefício e o custo de ser favorável a uma reforma da Previdência.

CC: A análise do Tribunal de Contas da União sobre as contas apresentadas pelo governo poderá trazer resultados divergentes?
DG: A sociedade espera do TCU clareza sobre isso, porque ele também é responsável por avaliar o quanto o governo desvia da Seguridade Social. Ele julga as contas do governo. Se o governo estiver praticando atos ilegais, tem de ser responsabilizado por isso dentro das leis. TCU tem que zelar pela verdade dos relatórios que são entregues pelo governo.

CC: Alguns economistas têm dito que economia brasileira já dá sinais de melhora. A senhora concorda com essa análise?
DG: O cenário não é de crescimento. O PIB deve fechar negativo em 4%, essa é a expectativa. O desemprego aumentou, o consumo das famílias caiu e a produção das empresas também. Então, não há porque ter essa expectativa de crescimento diante desse cenário. O governo diz que essas reformas sinalizam para o investidor e o setor produtivo que a economia vai crescer, mas não adianta anunciar ilusões. Ficções não funcionam. Na prática, tem que de haver mercado para as empresas investirem.




Pensamientos de José Martí sobre la educación

Tributo al Héroe Nacional cubano José Martí en el aniversario 164 de su nacimiento (La Habana, 28 de janeiro de 1853)


sábado, 28 de janeiro de 2017

Resistencias frente a la “nueva” barbarie

Entrevista a Néstor Kohan

Por Marcela Paolucci


Marcela Paolucci: ¿Qué época vivimos?

Néstor Kohan: ¡Excelente pregunta! No podemos comprender nuestra pequeña cotidianeidad haciendo abstracción del mundo histórico global que habitamos. Vivimos una transición incierta del capitalismo imperialista en crisis aguda a una forma social aún más bestial, feroz, cruel y despiadada del mismo sistema mundial capitalista en la cual se han fracturado las barreras sociales que encarrilaban e institucionalizaban los poderes destructores del capital. El muro grotesco y patético que pretende construir hoy Estados Unidos en la frontera con América Latina, para domesticar y encorsetar el flujo de fuerza de trabajo es, parafraseando a un viejo rebelde de Asia, un muro de papel.

El capitalismo genera caos y desintegra las sociedades para reordenarlas bajo su mando despótico. Destruye y construye al mismo tiempo. Separa vínculos comunitarios para volver a reunir, ahora bajo su dominación y control. Esto ya lo estudió Rosa Luxemburg. La violencia genocida de la acumulación originaria del capital se reproduce y recicla periódicamente a escala ampliada. Hoy David Harvey lo retoma y actualiza.

El capitalismo no es sólo caos y desorden. También es orden. Un orden cada día más opresivo y totalitario. Nos encaminamos hacia la destrucción del planeta, de la especie humana, de los diversos ecosistemas y de la vida misma como tal. En esa transición estamos. Pero aun con su devastador y criminal poder destructivo, el capitalismo no se terminará por sí mismo, como se muere un anciano de “muerte natural” por el simple hecho de estar viejo. Sólo las resistencias contra el capitalismo y las alternativas de nuevas revoluciones socialistas pueden cambiar el rumbo suicida de la humanidad e inaugurar una nueva época histórica, radicalmente diferente.

M.P.: ¿Qué hitos o fechas identificarías dentro de esa transición para poder periodizarla?

N.K.: Toda transición implica un proceso abierto. No empieza ni termina un día preciso. La transición del feudalismo al capitalismo en Europa occidental llevó siglos. Quienes la habitaron no sabían que estaban viviendo esa transición. Los tiempos se han acelerado a ritmo enloquecido.

El período que va desde septiembre de 1973, con el golpe neoliberal de Pinochet inspirado en el monetarismo de Friedman (bastante anterior a Reagan y Thatcher) y el nacimiento de la contraofensiva norteamericana continental del Plan Cóndor hasta 1989-1991, con la implosión de la Unión Soviética y el triunfo del imperialismo capitalista en la tercera guerra mundial (eufemísticamente conocida como “guerra fría”), marcan el inicio de esa transición. La incorporación de China al sistema mundial capitalista se produce en ese contexto, no obstante la derrota de los yanquis en Vietnam (Asia) en 1975 y la de Sudáfrica frente a Angola y Cuba (en África) que termina en 1991.

En América latina la derrota sandinista de 1990, la firma de la “paz” en 1992 en El Salvador y la de Guatemala en 1996 se inscriben en ese horizonte que el suprimido Departamento América del comité central del PC cubano interpretó como “el fin de la era de las insurgencias”. Sin embargo, la irrupción inesperada del bolivariano Hugo Chávez en Venezuela y de los zapatistas en México, junto con la persistencia de la insurgencia colombiana durante aquellos años, trataron de modificar dicho rumbo, poniendo en entredicho aquel vaticinio un tanto apresurado. Dichas resistencias e insurgencias buscaban torcer la tendencia general hacia una profundización de la dependencia. Aunque esos procesos continúan resistiendo y no fueron completamente derrotados ni cancelados, lamentablemente no han podido (hasta ahora) modificar sustancialmente el carácter de esta transición.

M.P.: ¿Y Argentina?

N.K.: La rebelión popular de diciembre del año 2001 que golpeó duramente al neoliberalismo (aunque no al capitalismo, a pesar de la simpática consigna “que se vayan todos”) y los intentos ambivalentes pero de intenciones progresistas que le sucedieron en la siguiente década (donde convivieron de modo contradictorio desde realineamientos internacionales latinoamericanistas, la oposición al ALCA y políticas socialmente inclusivas con procesos regresivos de “revoluciones pasivas” marcados por el extractivismo minero-sojero y la extranjerización de la economía) tampoco lograron frenar ese tsunami contrarrevolucionario que el imperialismo y las burguesías autóctonas fueron pacientemente desarrollando hasta llegar a la barbarie actual.

Creo que a partir del impulso bolivariano encabezado a nivel continental por Hugo Chávez se abrió la posibilidad real de torcer el rumbo global. Chávez arrastraba a la región pregonando, a contramano de todas las modas, el socialismo (de forma ecléctica y difusa, es cierto, pero volviendo a poner el proyecto socialista en la agenda de los movimientos sociales cuando ya muchos lo daban por muerto y no se animaban ni a nombrarlo). Sin embargo, esa correlación de fuerzas se modificó sustancialmente a partir de la crisis capitalista global del 2008 y de la “sospechosa muerte” (¿asesinato?) del líder bolivariano, que motorizaba a toda la región desoyendo, incluso, ciertos consejos de “prudencia” diplomática que provenían de La Habana.

Muerto Chávez, se desinfla el impulso irreverente en la región (aunque no desaparezca del todo). Quizás unas de las principales debilidades del campo popular latinoamericano consista en depender exageradamente de los liderazgos carismáticos (el Che, Fidel, Santucho, Chávez, etc.), mientras el imperialismo capitalista ejerce una dominación burocrática, anónima e impersonal, donde el presidente de Estados Unidos puede ser un actor analfabeto o un energúmeno escapado de los Simpson, el de Italia un pornógrafo grotesco, el de Francia un personaje de cuarto orden, sin cultura, sin carisma, sin conocimientos elementales. Marionetas grises y anodinas que simplemente responden al capital. El actual empresario que gobierna la Argentina, Mauricio Macri, incapaz de articular cuatro oraciones coherentes, es una muestra elocuente de ello.

M.P.: ¿Cómo repercute esa transición mundial en la vida cotidiana?

N.K.: Al ganar la tercera guerra mundial (conocida como “guerra fría”) la industria bélica norteamericana y su complejo militar industrial se permitieron trasladar su estructura tecnológica comunicacional de origen militar a los negocios del mercado y a la sociedad civil. Así fuimos inundados con internet, los teléfonos celulares y las pantallas tomaron el control de nuestra atención y nuestros cerebros. La imagen se tragó al concepto y a la lectura. El presente efímero a la historia profunda. El fetiche tecnológico y la expansión mercantil ilimitada despersonalizaron todavía más las relaciones intersubjetivas. El “giro lingüístico” en la teoría social es hijo de esa victoria político-militar en la guerra fría. La aceleración de la rotación del capital (que Mandel estudió en El capitalismo tardío) y las derrotas del mundo laboral precarizaron no sólo nuestros empleos, sino toda nuestra vida cotidiana, incluyendo desde las identidades políticas, comunitarias y nacionales hasta los nexos familiares, los lazos de amistad e incluso las relaciones amorosas. Las descripciones “líquidas” de Zygmunt Bauman no son ninguna exageración. Se abrió la puerta a ciertas libertades (como la posibilidad de no tener que convivir toda la vida de manera forzada con alguien a quien uno no ama, la eventualidad de elegir otras opciones sexuales diferentes a las tradicionales, la elección de no tener hijos que no son deseados ni productos del amor, etc., cuestionado de este modo antiquísimos roles patriarcales) pero a mi entender en términos globales los cambios que trajo en la vida cotidiana el nuevo capitalismo no fueron positivos.

Incluso se llegó al extremo de festejar como si fuera una supuesta “emancipación” la posibilidad de vender una persona homologándola y tratándola como un objeto mercantil, celebrando de modo acrítico la prostitución masiva y el reinado mugriento del dinero y el mercado. No es casual que siguiendo a Shakespeare, Marx definiera desde su juventud hasta su vejez al dinero como el máximo símbolo de la prostitución, en tanto núcleo central del mercado, al cancelar toda diferencia específica en las relaciones interpersonales, poniendo en primer lugar la cantidad por sobre la calidad, los objetos por sobre las personas. Aplaudir, festejar y celebrar, en nombre del progresismo, ese reinado del dinero-prostitución como sinónimo de “emancipación” nos habla de una crisis ideológica de alto rango. El próximo paso de esta crisis civilizatoria será alabar la esclavitud entendiéndola como sinónimo de “libertad” y la tortura como paradigma de los “derechos humanos”. El fetichismo todo lo invierte y el mundo queda patas arriba.

M.P.: Frente a tu diagnóstico pesimista, ¿no hay salida?

N.K.: ¡Por supuesto que hay salida: LAS RESISTENCIAS! Sólo la lucha nos hará libres. Quien no esté en disposición de jugarse la vida jamás podrá alcanzar la libertad, había escrito Hegel pensando en la revolución negra (social, nacional y anticolonial al mismo tiempo) de Haití.

El futuro no tiene la puerta cerrada y la historia no está predeterminada. Tenían razón Engels y Rosa Luxemburg: SOCIALISMO O BARBARIE. Lo único que podemos prever es …. la lucha, como nos enseñó Antonio Gramsci.

M.P.: ¿El acercamiento de Cuba y EEUU no inaugura una nueva época de paz como vaticinaba el Papa Francisco desde el Vaticano romano?

N.K.: Sospecho que no. No hay que confiar en el imperialismo “pero ni un tantito así….¡Nada!”. El pueblo cubano tiene derecho a decidir su futuro. Se lo ganó resistiendo más de medio siglo y de manera heroica a un gigante feroz, monroísta y prepotente, enviando además combatientes internacionalistas a todo el planeta, especialmente América Latina y África.

Pero si no se disuelve el Pentágono, la CIA, la Agencia Nacional de Seguridad, el FBI, Wall Street, el Banco Mundial, la Organización Mundial de Comercio, etc., dudo que pueda construirse una paz verdadera sin sometimiento, dependencia ni dominación neocolonial. Sea con la sonrisa permanente de Obama que vendía pasta dentífrica, sea con el peluquín ridículo y extravagante de Trump, Estados Unidos no abandonará su autopercepción de Policía Mundial y de “país elegido” por El Altísimo para regir los destinos del mundo, especialmente en su “patio trasero”, incluyendo a Puerto Rico y Cuba, las dos perlas del Caribe. El nuevo muro de Berlín, perdón, quise decir, de la frontera entre Gringolandia y México, es simplemente el símbolo de lo que nos espera de nuestros hermanitos del norte.

M.P.: ¿Los acuerdos de paz de las insurgencias colombianas y del pueblo vasco no agregan nada?

N.K.: Insisto: cada pueblo tiene derecho a elegir su destino y su autodeterminación, como recomendaba un muchacho llamado Lenin. El viejo profesor argentino Rodolfo Puiggrós, rector de la Universidad de Buenos Aires e historiador marxista, escribió alguna vez que como los argentinos no hemos podido tomar el poder y hacer nuestra revolución socialista, vamos por el mundo con el dedito acusador inspeccionando revoluciones ajenas. ¡Gran advertencia metodológica formulada con ironía argentina, pero que bien vale también para otros lugares! Nunca me canso de repetirla.

No obstante, sospecho que el imperialismo yanqui, su gendarme en Medio oriente (el estado de Israel, de fuerte presencia en la lucha contrainsurgente de otros países, como Colombia) y la propia clase dominante colombiana no permitirán la paz, el pluralismo ni que el pueblo recupere pacíficamente lo que lo que le arrebataron durante tantas décadas de violencia sistemática.

Ya hubo experiencias como El Salvador y Guatemala donde el grueso de los violadores de derechos humanos y los militares genocidas gozan de impunidad. ¿Fueron a la cárcel los torturadores de la guardia civil que ejercieron sin piedad su sadismo contra la juventud vasca durante décadas? ¿Fueron castigados severamente los viejos represores del franquismo?

En fin, sea como sea, creo que sería un ERROR ESTRATÉGICO dividir, fragmentar o dispersar lo poco que se había logrado aglutinar a nivel internacional en torno al movimiento continental bolivariano [MCB] (que incluía fuerzas europeas).

En ausencia de una coordinación internacional seria (pues las internacionales stalinistas o maoístas están disueltas y las trotskistas sólo tienen existencia nominal pero sin fuerza real), disolver o fragmentar el movimiento continental bolivariano —se comparta o no el fin de la lucha insurgente en Colombia— generaría un saldo negativo.

Hoy más que nunca necesitamos una coordinación internacional para hacer converger las rebeldías populares organizadas. Y eso implica, creo que ya quedó demostrado, no depender de ninguna organización particular, triunfe, empate o sea derrotada. Por eso hoy se torna urgente e imprescindible recuperar el espíritu internacionalista de Lenin, tratando de articular todas las formas de lucha, sin renunciar a ninguna ni decretar apresuradamente su defunción. Si el enemigo maneja todas las formas de lucha, ¿por qué nuestro campo debería limitarse únicamente a la lucha institucional?

M.P.: Ya que mencionaste a Lenin, ¿cómo ves el marxismo a 150 años de «El Capital», a 100 años de la revolución bolchevique y a 50 años del asesinato del Che Guevara?

N.K.: Lo veo sencillamente más actual que nunca. La crisis del capitalismo no disminuye, se multiplica exponencialmente., amenazando con destruir ya no sólo a la clase trabajadora sino a todo el planeta, su cultura y su civilización. Los análisis de Marx (que abarcan no sólo la explotación económica y la extracción de plusvalor sino también las formas de la dominación política, la teoría del poder y las redes de sujeción de las subjetividades y la cultura), las perspectivas estratégicas de Lenin y el espíritu insurgente del Che Guevara se convierten en un faro cada día más potente. En medio del desánimo político, el desarme moral y la confusión ideológica generalizada ellos nos marcan el camino. Sin nostalgias complacientes ni revivals anodinos. Ese horizonte revolucionario es el único que puede detener la marcha del capitalismo mundial hacia el suicidio de la especie. El tren perdió la brújula y marcha al precipicio, como nos alertó hace rato Walter Benjamin. Por eso las nuevas rebeldías e insurgencias que seguramente nacerán (porque aquí no se acabó la historia como hace un cuarto de siglo quiso hacernos creer el mediocre funcionario Fukuyama, aprendiz frustrado de filósofo) deberán tomarse bien en serio los estudios críticos de El Capital de Marx, la perspectiva internacionalista y antimperialista radical de Lenin y sus entrañables bolcheviques y el llamado guevarista a la lucha insurgente mundial contra el capitalismo, su miseria, su explotación, sus alienaciones y todas sus formas de dominación.

FUENTE: Rebelión 

Antigo tradutor do hebraico original diz que “a Bíblia não fala de Deus”

Mauro Biglino, antigo tradutor das Edizioni San Paolo (uma das mais importantes editoras católicas), traduziu durante anos escritos originais da Bíblia. Agora afirma que o livro não fala sobre Deus.


Mauro Biglino foi tradutor de hebraico antigo durante vários anos nas Edizioni San Paolo
Mauro Biglino trabalhou durante anos no Vaticano como tradutor de hebraico antigo para as Edizioni San Paolo, uma das mais importantes editoras católicas do mundo, que edita a Bíblia e outros livros católicos em todo o mundo, incluindo em Portugal (Editora Paulus). Era responsável pela tradução dos escritos originais da Bíblia, em hebraico, para a publicação em italiano pela editora pertencente à Sociedade de São Paulo, congregação fundada em 1914 pelo Beato Giacomo Alberione. Trinta anos depois de ter começado o seu trabalho como tradutor, publicou “A Bíblia não é um Livro Sagrado” (Livros Horizonte), obra polémica em que assegura: “A Bíblia não é aquilo que habitualmente se diz. Conta uma outra história, não se ocupa de Deus”.

Ao Observador, Biglino afirma que “não há qualquer referência a Deus nos textos da Bíblia. Há, sim, a um coletivo, chamado Elohim, e a um deles em particular, chamado Yaveh“. A dada altura, explica o autor, “as traduções foram sendo adulteradas e foram convertendo Yaveh num Deus único e todo poderoso”. E acrescenta: “Em hebraico nem sequer há nenhuma palavra que signifique Deus”. No seu livro, Mauro Biglino detalha o percurso das traduções oficiais da Bíblia, que foram adulteradas para “para inventar o monoteísmo”.

Biglino, que nasceu em 1950 na cidade italiana de Turim, aprendeu hebraico na comunidade hebraica de Turim. Mais tarde, a editora do Vaticano apercebeu-se dos trabalhos de tradução de Biglino, reconheceu o seu rigor e convidou-o para colaborar. “Além disso, perceberam que eu também conhecia latim e grego, línguas essenciais para entender o contexto dos textos bíblicos”, acrescenta.

“Em 2010, comecei a escrever um livro em que denunciava algumas das contradições que estava a encontrar nas minhas traduções dos textos bíblicos, e desde esse momento, a colaboração foi interrompida, acabaram o meu contrato de trabalho”, lembra. Biglino acrescenta que compreende “perfeitamente” a decisão da editora, uma vez que se tornou “inviável” estar ao serviço da editora e obter conclusões tão distintas.

Quando deixou de colaborar com as Edizioni San Paolo, Biglino publicou livros em que apresentou traduções literais, palavra por palavra, de vários textos bíblicos, que foram usados por historiadores para identificar imprecisões. Nesses livros, que mostravam lado a lado as palavras italianas e hebraicas, Biglino argumenta que a Bíblia contém diversas imprecisões facilmente demonstráveis. “É por isso que os críticos discordam das minhas conclusões mas não põem em causa o rigor das traduções”, sublinha.

“Quando eu digo que a Bíblia não fala de Deus, não digo que Deus não existe, porque não o sei. Digo apenas que a Bíblia não fala de Deus”, destaca, acrescentando que, no seu entender, “não se sabe nada sobre Deus”. Por isso, sublinha, “como Deus me é absolutamente desconhecido, não posso acreditar nele”. Mauro Biglino afirma ainda que não é o único a discordar das traduções oficiais da Bíblia, mas acrescenta que “não há muitos que tenham a coragem de divulgar as suas conclusões”.

Para o antigo tradutor, o seu trabalho pode mesmo ter influência nas futuras traduções da Bíblia, avançando que já se sentem alguns efeitos. “A profecia de Isaías, por exemplo, dizia que «a Virgem irá conceber e dará à luz um Filho», mas as bíblias alemãs, depois da aprovação da Conferência Episcopal, já não dizem isso. Já dizem que «a Virgem vai conceber», que é o que verdadeiramente lá está escrito”, destaca Mauro.

Contactada pelo Observador, a editora italiana confirmou que Mauro Biglino já deixou de colaborar com as Edizioni San Paolo “há muitos anos”, pelo que recusou comentar o trabalho atual do tradutor.

FONTE: Observador

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Versão em português da entrevista da historiadora Anita Prestes à revista cubana "La Jiribilla" (janeiro de 2017)

Anita Prestes, o legado de um país

Anita Prestes tem dedicado a vida a investigar e documentar a vida de seus pais, Luiz Carlos Prestes e Olga Benario, figuras quase míticas na história da luta do povo brasileiro. O seu notável trabalho de historiadora e a firmeza e coerência do seu percurso político pessoal são uma muito valiosa prossecução do legado que recebeu.

Anita Prestes no Instituto Cubano de Investigación Cultural Juan Marinello, onde apresentou sua palestra "A
atualidade da Aliança Nacional Libertadora", no Seminário Internacional "Las izquierdas en América Latina durante el siglo XX" . Havana, 14 de novembro de 2016.
Anita Prestes dedicou sua vida a perpetuar a luta de seus pais pela justiça e a igualdade social, tanto a partir da teoria como em sua incansável actividade revolucionária, que a levou a viver passagens muito similares às experimentadas por seus pais, os lutadores comunistas Olga Benário e Luiz Carlos Prestes.

Sua história foi marcada pelo exílio desde o início: nasceu em uma prisão na Alemanha, para onde sua mãe foi extraditada do Brasil e, 1 ano e 2 meses depois, foi salva graças a uma campanha internacional dirigida por sua avó paterna. Passou a maior parte de sua infância o México até que conheceu seu pai, em 1945, após a amnistia dos presos políticos. Sua mãe foi assassinada nesse mesmo ano em um campo de concentração alemão.

“Minha tia e minha avó sempre me falaram dos meus pais, desde que eu era bem pequena. Nunca me esconderam nada. Fui crescendo e tomando consciência dos fatos, por isso nunca sofri um grande impacto. Formei-me em uma família comunista e segui naturalmente esse caminho, influenciada por meu pai e minhas tias”, comenta Anita.

“Sempre fomos muito perseguidos, porque existia muita repressão. Quando tinha 14 anos, parti para a União Soviética com minhas tias e fiz toda a escola secundária ali. O Brasil era muito perigoso pelas repressões, ameaças e sequestros. Voltei em 1957 com 20 anos e estudei Química Industrial na universidade”.

No entanto, mais uma vez, a jovem se veria obrigada a deixar seu país: em 1964, ocorreu o golpe de estado; em um início, Anita tentou permanecer no Brasil e trabalhar em sua profissão, porém foi impossível. Dedicou-se ao trabalho político no Partido Comunista Brasileiro e por seu activismo foi perseguida e condenada a quatro anos de prisão. O exílio a empurrou novamente e só pode regressar em 1979, quando se deu a amnistia.

“Meu regressou também nesse ano. Sempre tive muito vínculo com ele e passei a assessorar seu trabalho político. Mantive-me ajudando-o até sua morte, nos anos 90. Também deixei a Química e fiz um Doutorado em História. Minha tese foi justamente sobre a Coluna Prestes, da qual publiquei um livro que, inclusive, foi premiado aqui em Cuba. Dediquei grande parte de minha vida a trabalhar como professora e a investigar a história dos comunistas no Brasil, assim como a biografia política de meu pai, que estudei por período”, explica a destacada lutadora, que esteve em Cuba recentemente, em um evento dedicado às esquerdas latino-americanas celebrado no Instituto Juan Marinello.


Você reúne uma extensa obra consagrada à figura de seu pai. Como desenvolveu o processo investigativo, tendo em conta sua grande proximidade com Luiz Carlos Prestes tanto do ponto de vista ideológico como afectivo?

Cheguei a isso depois de investigar diferentes períodos de sua vida. No início dos anos 80, eu e uns amigos começamos a gravar entrevistas com meu pai. Este foi um material importante que utilizei bastante nos livros da Coluna; porém, também estudei muitos documentos e artigos: fui a Moscou para revisar documentos sobre a Internacional Comunista, busquei informação em vários sítios, na imprensa, em sua correspondência… a documentação foi muito variada. Tudo está nos livros, não afirmo nada que não esteja documentado, e me centro em sua actuação política, não tanto em sua vida pessoa, apenas o necessário para estabelecer o contexto.

Assim publiquei vários livros, além do da Coluna. Escrevi um sobre a Campanha Prestes, que foi dirigida por minha avó pela libertação dos presos políticos, de meus pais e, depois, a minha também. A obra percorre um período que vai de 1936 a 1945.

Treze anos atrás publicamos a correspondência de meu pai no cárcere em três volumes, que minha tia teve a preocupação de guardar e conservar. Ali existem cartas dirigidas a minha avó, a minha mãe, minhas tias e outros amigos e parentes. O que ela conseguiu salvar foi interessante, porque revela o aspecto de sua vida mais pessoal; nas cartas não podia falar de política porque eram censuradas. Os três tomos se chamam Anos tormentosos: a correspondência de Prestes na prisão.

Meu último trabalho é um livro que recopila 30 anos de investigação sobre a participação de Prestes na actividade política no Brasil. Intitula-se Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro, e doei um exemplar à biblioteca do Instituto Cubano de Investigação Cultural Juan Marinello.

Você comentou sobre a obra de seu pai, à qual dedicou não poucos volumes. Com respeito ao activismo político de sua mãe, Olga Benário, tem pensado estudar ou escrever algo?

Sobre ela apareceu recentemente um elemento muito interessante na internet, que é o seguinte: quando o Exército Soviético tomou Berlim, ocorreu uma pilhagem de guerra que incluiu o arquivo da Gestapo alemã. Este permaneceu na Rússia e há pouco tempo se produziu um convénio entre os governos russo e alemão para digitalizar esses arquivos e torná-los disponíveis na web.

Existe uma grande documentação, incluindo quase 200 escritos sobre minha mãe com muitas coisas que ninguém sabia. É a única pessoa de todos os investigados que conta com uma documentação tão ampla no arquivo d’A Internacional. A maior parte estava em alemão, mas eu não sei alemão. Então, formei uma equipe de tradução composta por vários professores de diferentes universidades do Brasil. Recentemente terminei a tradução de tudo e já estou escrevendo o livro, que espero finalizar rapidamente.

Creio que o texto será bem extenso, porque existem materiais muito interessantes e novos, entre eles, uma quantidade razoável de cartas dela e de meu pai que penso em publicar completas, documentos sobre a colaboração entre a polícia brasileira e a Gestapo, o comportamento dela nos interrogatórios e os comentários dos oficiais sobre isto… Tudo está muito bem conservado e completo, porque os alemães são muito detalhistas e organizados.

Ali estão registradas as histórias incríveis que ela inventava, quando eles queriam que falasse acerca de seu trabalho no Komintern. Como nunca disse nada sobre isso, a castigavam ainda mais, e tudo está escrito e documentado. Minha mãe foi confrontada em um interrogatório com outro comunista alemão que acabou falando, e várias vezes ela disse: “Ainda que exista gente traidora, eu jamais serei”. Manteve uma firmeza muito grande até o final, e o governo de Hitler dava mais importância a ela por ser comunista que judia.

Na literatura e no cinema também se evocou as figuras de seus pais. Estou pensando no livro de Fernando Morais, Olga, e no filme de mesmo nome baseado nesta obra, que mostrou ao mundo a história de amor de ambos combatentes…

O livro é muito bom. Inclusive, meu pai o reconhecia como uma obra feita com seriedade. Fernando Morais viajou, investigou e entrevistou muita gente que ainda estava viva naquela época, e registrou os principais arquivos; claro que tem coisas que podem ser melhoradas, porém no fundamental é um bom livro.

O filme ficou muito superficial, em minha opinião. Inclusive, o director disse em entrevista que ele não estava interessado na política, nem na história e nem na vida de Prestes, mas em contar uma história de amor que lhe parecia muito bonita. O filme revela pouco da luta pela Campanha Prestes, que foi muito importante; também mostra aspectos que não ocorreram exactamente assim, porém, por outro lado, adquiriu relevância porque denunciou ante a opinião pública do Brasil o papel de Getúlio Vargas, que normalmente era negado; e na verdade, Vargas foi o principal responsável. Outro aspecto positivo do filme é que não possui um carácter anticomunista e mostra que os comunistas são gente normal, o que é bom porque no Brasil existe uma tradição anticomunista, respaldada por muita propaganda.

O filme resgata uma história que, devido a todos os anos de ditadura, estava esquecida. As novas gerações não tinham informação destes acontecimentos e Olga alcançou a marca de ser assistido por mais de quatro milhões de brasileiros. As pessoas se emocionam muito e gostam bastante do filme porque é romântico. A repercussão foi muito grande. Eu recebi um montão de cartas e até agora é interessante como continuam exibindo com frequência o filme na TV.

Não é a primeira vez que visita nosso país. Você poderia me falar de suas primeiras aproximações com a ilha e sua relação com Cuba?

Vim pela primeira vez quando tinha apenas seis anos, durante a Campanha Prestes, e fiquei quatro meses. Minha avó conhecia os comunistas da época; o Partido Socialista Popular tinha muita força, com deputados, senadores e até ministros durante o primeiro governo de Batista. Eles convidaram minha tia, e eu vim com ela. Lembro das grandes manifestações. Eram impressionantes, com uma solidariedade que me emociona até agora porque significou um grande apoio, não em Havana, mas em outras cidades de Cuba.

Depois da Revolução, vim com uma delegação brasileira de mais de 90 pessoas, em 2 de Janeiro de 1962. Eu era estudante e lembro o desfile na Praça da Revolución. Também fomos a Santiago, Santa Clara, Pinar del Río, Camagüey, visitamos o campo, as escolas… Era uma época de muito entusiasmo. As pessoas cantavam o dia inteiro, era um ambiente diferente porque tinha recém-terminado a Campanha de Alfabetização.

A terceira vez que vim foi em 2011, para a publicação de meu livro A Coluna Prestes na Feira do Livro em Havana, e agora regressei para o evento Las izquierdas en América Latina durante el siglo XX [As esquerdas na América Latina durante o século XX], onde apresentei meu trabalho “A Actualidade da Aliança Libertadora”.

De sua posição enquanto intelectual comunista e cidadã brasileira, como avalia a situação que atravessa hoje o Brasil após o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff?

É muito difícil depois deste golpe parlamentar. O Partido dos Trabalhadores (PT) não resolveu os problemas; melhorou um pouco a situação dos mais pobres, porém sem mobilizá-los, sem fazer-lhes tomar consciência e, agora, estão perdendo tudo. Afectou muito a propaganda dos meios de comunicação, além da corrupção no interior do Partido, da qual se aproveitaram para desmoralizá-los. O povo já não vê Dilma com simpatia. Lula ainda tem algo de prestígio, ainda que tenha decaído, porém não existe outro líder no Brasil. Nem a direita possui uma liderança. O PT contribuiu muito com a desmoralização da esquerda e do socialismo. Grande parte da população tem um espírito de repúdio à política e aos partidos, um caminho muito perigoso que a direita utilizou a seu favor.

O impeachment foi realizado de forma escandalosa e, agora, estão aprovando uma lei para limitar os gastos públicos, terminar com todas as conquistas dos trabalhadores e diminuir o dinheiro para a educação e a saúde. As escolas estão ocupadas pelos estudantes, que vêm se mobilizando mais nestes momentos, sobretudo os secundaristas e universitários. Porém, a situação é muito complicada porque o povo em geral, ainda que esteja descontente, se encontra muito desmobilizado e desorganizado, passivo e sem iniciativa.

Ainda que existam países do continente que tenham avançado mais, como a Venezuela, existe uma contra-ofensiva do imperialismo. Na Venezuela, o povo vai para as ruas defender, porém Dilma não possui esse apoio. Também se produziram golpes parlamentares em Honduras e Paraguai. Sendo assim, a situação é complicada e não sei até que ponto os movimentos populares vão conseguir mudar isso. Creio que a própria violência e a situação de precariedade económica das pessoas vão levá-las a organizarem-se e lutar, porém é um processo que tarda no Brasil porque, diferente da Argentina, Chile e Uruguai, não existe tradição de organização popular, e as classes dominantes brasileiras sempre conseguiram esmagar toda tentativa de movimento popular. As insurreições são todas reprimidas com uma violência muito forte e esse é um fardo que levamos até hoje.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

FONTE: ODiario.Info

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

PARA DOWNLOAD: El movimento revolucionario latino americano

Versiones de la Primera Conferencia Comunista Latino Americana (Junio de 1929)

Primera conferencia comunista latino americana (1929)
LINK PARA DOWNLOAD:


PARA DOWNLOAD: Antonio Labriola, "Filosofía y socialismo: Introducción al conocimiento de la historia desde el punto de vista marxista"

Antonio Labriola, Filosofía y socialismo: Introducción al conocimiento de la historia desde el punto de vista marxista, Buenos Aires: Editorial Claridad, 1937.

LINK PARA DOWNLOAD:
https://mega.nz/#!NNRDSBxT!411Ddo-W2plPyeDsXdTd6yvh9rxQN52-sE-7B53DcOs

PEQUEÑA NOTA REFERENTE AL AUTOR
Filósofo y pedagogo italiano, nació en Cassino en 1843 y murió en 1904. Estudió en Ñapóles, formando parte de la escuela hegeliana, donde primero enseñó pedagogía, pasando en 1887 a enseñar filosofía a Romu. Pertenece a la escuela socialista de Carlos Marx, habiendo sido uno de los líderes del partido socialista democrático en Italia y profesado el materialismo histórico. Sus piras son: Doctrina de Sócrates (Ñapó­les, 1871), Mc?ral y Religión (1 8 7 3 ), De la enseñanza dsjia historia (Turín, 1876), Del concepto de la libertad (1 8 7 $ ), Los problemas de la filosofía de la historia Róma, 1887), Del socialismo (1 8 8 9 ), Ensayosla concepción materialista de la histeria (1 8 9 6 ), Socialismo y filosofía (1 8 9 9 ), Del materialismo histórico (1 9 0 2 ).



PARA DOWNLOAD: Temas militares, de Federico Engels

Federico Engels, Temas militares 
Selección de trabajos 1848-1895 

LINK PARA DOWNLOAD:


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Para download: Plejanov, Obras escogidas, tomo I

Plejanov, Obras escogidas, Buenos Aires: Editorial Quetzal, 1964, tomo I.
Link para download: 
https://mega.nz/#!1QRWzQ7Z!w08ubIljGXfeGoVCB16AfO0vMafJxuKK3wdTkFP_Acw

La concepción monista de la historia (1895)
1. El materialismo francés del siglo XVIII
2. Los historiadores franceses de la época de la restauración
3. Los socialistas utópicos
4. La filosofía idealista alemana
5. El materialismo contemporáneo
Apéndice I: Otra vez el señor Mijailovski, otra vez la "tríada"
Apéndice II: Unas cuantas palabras a nuestros adversarios
El materialismo militante: Respuesta a Bogdanov (1907)
Las cuestiones fundamentales del marxismo (1907)
El papel del individuo en la historia (1898)
La concepción materialista de la historia: Reseña de Antonio Labriola,
Essais sur la conception matérialiste de l'histoire (1897)
Esbozos de historia del materialismo (1893)
1. Holbach
2. Helvecio
3. Marx

sábado, 21 de janeiro de 2017

Com papéis inéditos, filha de Olga e Prestes escreverá livro sobre a mãe


A historiadora Anita Leocádia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes com Olga Benário, executada pelos nazistas em 1942, está escrevendo um livro sobre a mãe a partir de arquivos inéditos da Gestapo que foram digitalizados.

Ela revelou a descoberta dos documentos à revista de cultura cubana "La Jiribilla".

Quando o Exército soviético tomou Berlim, no fim da Segunda Guerra Mundial, os arquivos da Gestapo foram confiscados e permaneceram na Rússia. O governo dos dois países assinou recentemente um acordo para digitalizar esses papéis e disponibilizá-los na internet.

Cerca de 2.000 documentos alemães falam sobre Olga e contém informações inéditas sobre o tempo que ela passou em campos de concentração, até ser executada em abril de 1942 em Lichtenburg (Alemanha).

"Acredito que o livro será muito extenso, porque há materiais muito interessantes e novos, entre eles uma quantidade razoável de cartas dela e de meu pai que penso em publicar a versão integral, a colaboração entre a polícia brasileira e a Gestapo, o comportamento dela nos interrogatórios e os comentários dos oficiais sobre eles... Tudo está muito bem conservado e completo", afirmou Anita ao site cubano "La Jiribilla".

Os documentos também contam as histórias que Olga inventava quando lhe perguntavam sobre a militância comunista nos interrogatórios.

Anita nasceu em um campo de concentração nazista e foi afastada da mãe com 14 meses de idade. Ela só conheceu o pai aos nove anos, mas manteve uma relação muito estreita com ele até sua morte, em 1990.

Em 2015, Anita lançou "Luiz Carlos Prestes - Um Comunista Brasileiro" (ed. Boitempo), livro sobre o pai em que trabalhou por mais de três décadas e que classifica como uma "biografia política".


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Anita Prestes, el legado de un país

Entrevista de Anita Prestes a La Jiribilla - revista de cultura cubana, 810, Año XVI, 14 de Enero al 20 de Enero del 2017, La Habana, Cuba.

Por María Carla Gárciga

Anita Prestes ha dedicado su vida a perpetuar la lucha de sus padres por la justicia y la igualdad social, tanto desde la teoría como en su incansable actividad revolucionaria, que la ha llevado a vivir pasajes muy similares a los experimentados por sus padres, los luchadores comunistas Olga Benario y Luis Carlos Prestes.

Anita Prestes en el Seminario Internacional "Las izquierdas en América Latina durante el siglo XX", Instituto Cubano de Investigación Cultural Juan Marinello, donde presentó su ponencia “La Actualidad de la Alianza Libertadora”. La Habana, 14 de noviembre de 2016.


Su historia ha estado marcada por el exilio desde los inicios: nació en una cárcel en Alemania, a donde su madre había sido extraditada desde Brasil, y fue salvada un año y dos meses después, gracias a una campaña internacional dirigida por su abuela paterna. La mayor parte de su infancia la pasó en México, hasta que conoció a su padre en 1945, después de la amnistía de los presos políticos. Su madre había muerto ese año en un campo de concentración alemán.

 “Mi tía y mi abuela me hablaron siempre de mis padres, desde que yo era bien pequeña. Nunca me ocultaron nada. Fui creciendo y tomando conciencia de los hechos, por eso nunca sufrí un gran impacto. Me formé en una familia comunista y seguí naturalmente ese camino, influenciada por mi padre y mis tías”, comenta Anita.

 “Siempre fuimos muy perseguidos, porque había mucha represión. Cuando tenía 14 años, salí para la Unión Soviética con mis tías e hice toda la escuela secundaria allí. Brasil era muy peligroso por las represiones, amenazas y secuestros. Volví en 1957 con 20 años y estudié Química Industrial en la universidad”.

Sin embargo, una vez más, la joven militante se vería obligada a dejar su país: en 1964 se produce el golpe de estado; en un inicio, Anita intentó permanecer en Brasil y trabajar en su profesión, pero le fue imposible. Se dedicó a la labor política en el Partido Comunista Brasileño y por su activismo fue perseguida y condenada a cuatro años de prisión. El exilio la empujó nuevamente y solo pudo regresar en 1979, cuando se produjo la amnistía.

“En ese año mi padre regresó también. Siempre tuve mucho vínculo con él y pasé a asesorar su trabajo político. Me mantuve ayudándolo hasta su muerte en los años 90. También dejé la Química e hice un Doctorado en Historia. Mi tesis fue justamente sobre la Columna Prestes, de la cual publiqué un libro que incluso fue premiado aquí en Cuba.  He dedicado gran parte de mi vida a trabajar como profesora y a investigar la historia de los comunistas en Brasil, así como la biografía política de mi padre, que he ido estudiando por periodos”, explica la destacada luchadora, quien estuvo en Cuba recientemente, en un evento dedicado a las izquierdas latinoamericanas celebrado en el Instituto Juan Marinello.


Libro Luiz Carlos Prestes
Usted reúne una extensa obra consagrada a la figura de su padre. ¿Cómo ha desarrollado el proceso investigativo, teniendo en cuenta su gran cercanía con Luis Carlos Prestes tanto desde el punto de vista ideológico como afectivo?

Llegué a él luego de investigar diferentes periodos de su vida. A inicios de los 80, yo y unos amigos comenzamos a grabar entrevistas con mi padre. Este fue un material importante que utilicé bastante en los libros de la Columna; pero también estudié muchos documentos y artículos: fui a Moscú para revisar documentos sobre la Internacional Comunista, busqué información en varios sitios, en la prensa, en su correspondencia… la documentación fue muy variada. Todo está en los libros, no afirmo nada que no esté documentado, y me centro en su actuación política, no tanto en su vida personal, solo lo necesario para dibujar el contexto.

Así he publicado varios libros, además del de la Columna. Escribí uno sobre la Campaña Prestes, que fue dirigida por mi abuela para la liberación de los presos políticos, de mis padres, y luego la mía también. La obra recorre un periodo que va desde 1936 a 1945.

Trece años atrás publicamos la correspondencia de mi padre desde la cárcel en tres volúmenes, que mi tía tuvo la preocupación de guardar y conservar. Allí hay cartas dirigidas a mi abuela, a mi madre, mis tías y otros amigos y parientes. Lo que ella logró salvar fue interesante, porque revela el aspecto de su vida más personal; en las cartas no podía hablar de política porque eran censuradas. Los tres tomos se llaman Años tormentosos: la correspondencia de Prestes en la prisión.

Mi último trabajo es un libro que recopila 30 años de investigación sobre la participación de Prestes en la actividad política en Brasil. Se titula Luis Carlos Prestes: un comunista brasileño, y he donado un ejemplar a la biblioteca del Instituto Cubano de Investigación Cultural Juan Marinello.

Me ha comentado acerca de la obra de su padre, a la cual le ha dedicado no pocos volúmenes. Con respecto al activismo político de su madre, Olga Benario, ¿tiene pensado estudiar o escribir algo?

Sobre ella apareció recientemente un elemento muy interesante en internet, que es el siguiente: cuando el Ejército Soviético tomó Berlín, se llevó un botín de guerra que incluyó el archivo de la Gestapo alemana. Este permaneció en Rusia y hace poco se produjo un convenio entre los gobiernos ruso y alemán para digitalizar esos archivos y hacerlos disponibles en la web.

Hay una gran documentación, entre ella, casi 2000 escritos sobre mi madre con muchas cosas que nadie sabía. Es la única persona de todos los investigados que cuenta con una documentación tan amplia en el archivo de La Internacional. La mayor parte estaba en alemán, pero yo no sé alemán, entonces conformé un equipo de traducción compuesto por varios profesores de distintas universidades de Brasil. Recientemente se ha terminado la traducción de todo y ya estoy escribiendo el libro, que espero finalizar pronto.

Creo que el texto será bien extenso, porque hay materiales muy interesantes y nuevos, entre ellos, una cantidad razonable de cartas de ella y de mi padre que pienso publicar completas, la colaboración entre la policía brasileña y la Gestapo, el comportamiento de ella en los interrogatorios y los comentarios de los oficiales sobre esto… Todo está muy bien conservado y completo, porque los alemanes son muy detallistas y organizados.

Allí salen registradas las historias increíbles que ella inventaba, cuando ellos querían que hablara acerca de su trabajo en el Comintern. Como nunca dijo nada sobre eso, la castigaban aún más, y todo sale escrito y documentado. A mi madre la confrontaron en un interrogatorio con otro comunista alemán que sí habló, y varias veces ella dice: “Aunque haya gente traidora, yo jamás lo seré”. Mantuvo una firmeza muy grande hasta el final, y el gobierno de Hitler le daba más importancia a ella por comunista que por judía.

Desde la literatura y el cine también se han evocado las figuras de sus padres. Estoy pensando en el libro de Fernando Morais, Olga; y en el filme del mismo nombre basado en esta obra, que dio a conocer al mundo la historia de amor de ambos combatientes…

El libro es muy bueno, mi padre incluso lo reconocía como una obra hecha con seriedad. Fernando Morais viajó, investigó y entrevistó a mucha gente que aún estaba viva en aquella época, y registró los principales archivos; claro que tiene cosas que pueden ser mejoradas, pero en lo fundamental es un buen libro.

La película quedó muy superficial, en mi opinión, incluso el director dijo en entrevistas que él no estaba interesado ni en la política ni en la historia ni en la vida de Prestes, sino en contar una historia de amor que le parecía muy linda. El filme revela poco de la lucha por la Campaña Prestes, que fue muy importante; también muestra aspectos que no sucedieron exactamente así, pero, por otro lado, adquirió relevancia porque denunció ante la opinión pública de Brasil el papel de Getúlio Vargas, que suele ser negado; y la verdad, Vargas fue el principal responsable. Otro aspecto positivo de la película es que no tiene un carácter anticomunista y muestra que los comunistas son gente normal, lo cual es bueno porque en Brasil hay una tradición anticomunista, respaldada por mucha propaganda.

El filme rescata una historia que, debido a todos los años de dictadura, estaba olvidada. Las nuevas generaciones no tenían información de estos sucesos y Olga logró ser vista por más de cuatro millones de brasileños. La gente se emociona mucho y les gusta bastante la película porque es romántica. La repercusión ha sido muy grande, yo he recibido un montón de cartas, y hasta ahora es interesante cómo siguen poniendo con frecuencia el filme en la TV.

No es la primera vez que visita nuestro país. ¿Podría hablarme de sus primeros acercamientos a la Isla y su relación con Cuba?

Vine por primera vez cuando tenía solo seis años, durante la Campaña Prestes, y estuve cuatro meses. Mi abuela conocía a los comunistas de la época; el Partido Socialista Popular tenía mucha fuerza, con diputados, senadores y hasta ministros durante el primer gobierno de Batista. Ellos invitaron a mi tía y yo vine con ella; recuerdo las grandes manifestaciones, eran impresionantes, con una solidaridad que me emociona hasta ahora porque significó un gran apoyo, no solo en La Habana, sino en otras ciudades de Cuba.

Después de la Revolución vine con una delegación brasileña de más de 90 personas, el 2 de enero de 1962. Yo era estudiante y recuerdo el desfile en la Plaza de la Revolución. Fuimos también a Santiago, Santa Clara, Pinar del Río, Camagüey, visitamos el campo, las escuelas… Era una época de mucho entusiasmo, la gente cantaba el día entero, era un ambiente diferente porque recién había terminado la Campaña de Alfabetización.

La tercera vez que vine fue en 2011 para la publicación de mi libro La Columna Prestes en la Feria del Libro en La Habana, y ahora regresé para el evento Las izquierdas en América Latina durante el siglo XX, donde presenté mi ponencia “La Actualidad de la Alianza Libertadora”.

Desde su posición de intelectual comunista y ciudadana brasileña, ¿cómo valora la situación que atraviesa hoy Brasil luego del impeachment contra la presidenta Dilma Russeff?

Es muy difícil luego de este golpe parlamentario. El Partido de los Trabajadores (PT) no resolvió los problemas; mejoró un poco la situación de los más pobres, pero sin movilizarlos, sin hacerles tomar conciencia, y ahora lo están perdiendo todo. Afectó mucho la propaganda de los medios de comunicación, además de la corrupción al interior del Partido, de la cual se aprovecharon para desmoralizarlos. La gente ya no ve a Dilma con simpatía; Lula aún tiene algo de prestigio, aunque ha decaído, pero no existe otro líder en Brasil, ni la derecha tiene un liderazgo. El PT contribuyó mucho a la desmoralización de la izquierda y del socialismo; gran parte de la población tiene un espíritu de repudio a la política y a los partidos, un camino muy peligroso que la derecha utilizó a su favor.

El impeachment se realizó de una forma escandalosa, y ahora están aprobando una ley para limitar los gastos públicos, terminar con todas las conquistas de los trabajadores y disminuir el dinero para la educación y la salud. Las escuelas están ocupadas por los estudiantes, quienes se están movilizando más en estos momentos, sobre todo los secundaristas y universitarios. Pero la situación es muy complicada porque el pueblo en general, aunque está descontento, se encuentra muy desmovilizado y desorganizado, pasivo y sin iniciativa.

Aunque hay países del continente que han avanzado más, como Venezuela, hay una contraofensiva del imperialismo. En Venezuela el pueblo va para la calle a defender, pero Dilma no tiene ese apoyo. También se han producido golpes parlamentarios en Honduras y Paraguay, por lo que la situación es complicada y no sé hasta qué punto los movimientos populares van a conseguir cambiar eso. Creo que la propia violencia y la situación de precariedad económica de las personas las van a llevar a organizarse y luchar, pero es un proceso que tarda en Brasil porque, a diferencia de Argentina, Chile y Uruguay, no hay tradición de organización popular y las clases dominantes brasileñas siempre han conseguido aplastar toda tentativa de movimiento popular. Las insurrecciones son todas reprimidas con una violencia muy fuerte, y esa es una carga que llevamos hasta hoy. 


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Novo livro da Coleção Marx e Engels, da Boitermpo Editorial

Os despossuídos
debates sobre a lei referente ao furto de madeira
Karl Marx
Coleção Marx e Engels
Boitermpo Editorial
2017

A obra reúne artigos de Karl Marx que, já em 1842, tratavam do direito sobre o uso da terra, uma questão fundamental (embora cercada de polêmicas) comum às grandes experiências socialistas.

É imbuído da noção de que o primeiro roubo se dá com a primeira apropriação privada que Marx, à época um jovem de 24 anos, recém-doutorado em filosofia na Universidade de Jena, iniciou suas colaborações ao periódico Gazeta Renana, do qual mais tarde se tornaria redator. Essa primeira série de artigos tratava da análise crítica das discussões ocorridas na Sexta Assembleia Provincial Renana, no ano de 1841, e levantava temas como o direito à propriedade, a liberdade de imprensa e as questões judiciais acerca da problemática gerada pela instauração de uma lógica capitalista onde antes o que regia era um direito consuetudinário.

“A relação entre Marx e o direito é das mais controversas, no entanto é biograficamente constitutiva do pensamento do revolucionário alemão. Nos ‘Debates sobre a lei referente ao furto de madeira’, de 1842, Marx se encontra pela primeira vez, como ele mesmo diz, com os ‘interesses materiais’. Apesar de sua crítica à economia política ainda não ter sido construída, já aparecem, de forma embrionária, expressões como ‘valor’ e ‘mais-valor’, assim como o problema da mercadorização da natureza, da vida e do trabalho”, afirma Ricardo Prestes Pazello, professor de sociologia e antropologia do direito na Universidade Federal do Paraná.

Este volume – o vigésimo primeiro título da coleção Marx Engels, que desde 1995 vem publicando, em traduções diretas do idioma original, os trabalhos mais importantes dos filósofos alemães – tem por inspiração o livro Les dépossédés: Karl Marx, les voleurs de bois et le droit des pauvres [Os despossuídos: Karl Marx, os ladrões de madeira e o direito dos pobres], de autoria de Daniel Bensaïd, trazendo, inclusive, o texto completo do filósofo francês, o qual atualiza o debate com a inclusão da temática das privatizações e da globalização.

A diferença entre os dois volumes é que aqui se optou por incluir os artigos completos de Marx, até agora inéditos em português, ao passo que a edição francesa continha apenas alguns trechos selecionados destes. Traduzido por Nélio Schneider, o texto de Karl Marx tem como base a edição de 1982 da MEGA-2.

Trechos do livro

"O verdadeiro legislador não pode temer nada além da injustiça, mas o interesse legislador só conhece o temor diante das consequências do direito, o temor diante dos vilões contra os quais há leis. A crueldade é o caráter das leis ditadas pela covardia, pois a covardia só consegue ser enérgica sendo cruel. O interesse privado, no entanto, sempre é covarde, porque seu coração, sua alma, é um objeto exterior que sempre pode ser tirado dele e danificado, e quem não treme diante do perigo de perder o coração e a alma? Como poderia agir com humanidade o legislador movido por seu próprio interesse, dado que o inumano, um ser material estranho, é seu ser supremo?" – Karl Marx.

"Nesse momento de globalização mercantil e privatização generalizada do mundo, os artigos de Marx sobre o furto de madeira são de uma atualidade perturbadora. A compra da força de trabalho de outrem estabelece uma relação de apropriação/expropriação não apenas dessa força de trabalho, mas também dos serviços públicos, da poupança popular, do consumo, dos corpos exibidos em espetáculo, do espaço entregue à especulação fundiária e imobiliária. A privatização atinge não só as empresas públicas, como também a educação, a informação, o direito (pela generalização do contrato privado, em detrimento da lei comum), a moeda, os saberes, a violência, em resumo, o espaço público em seu conjunto." – Daniel Bensaïd.

FONTE: Boitempo