terça-feira, 28 de outubro de 2014

Angela Davis, ativista norte-americana, debate questões raciais no Espaço Público

Entrevista realizada no programa Espaço Público da TV Brasil em 29/07/2014.




Na pauta do programa, entre outros assuntos, estão o período em que Angela foi presa pelo FBI, na época em que esteve na lista dos 10 fugitivos mais procurados dos EUA, e também a questão de raça.



"Eu fui pega pelo FBI, levada para uma prisão em Nova Iorque, fiquei incomunicável, eu não podia falar com ninguém. Eles me deixaram numa parte da prisão reservada para os presos com problemas psiquatricos. E eu me deitei lá e me senti totalmente sozinha. E, de repente, eu ouvi vozes distantes, eu tentei ouvir o que diziam e eu percebi que eles diziam "Free Angela Davis" ("libertem Angela Davis"). Eram as pessoas que estavam lá fora da cadeia, tarde da noite, que estavam mesmo antes da campanha pela minha libertação ser organizada, que vieram e me fizeram sentir que eu não estava só", lembra.


Angela também revela que carrega consigo o senso de estar conectada com pessoas que, seja lá os problemas que sofrer, nenhum será comparável ao das pessoas que passam a vida nas prisões, vivem na Palestina ou lutam pela liberdade de tantas maneiras.

Sobre o fato de negros assumirem cargos políticos, ela disse que acha bom, mas...

"Eu preferiria um candidato branco, que criticasse o capitalismo, o inter-racismo e as prisões, do que um candidato negro que é do status quo".


Apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Jr., o Espaço Público também tem na bancada desta entrevista  a coordenadora da Radiogência Nacional, Juliana Cézar Nunes.





domingo, 26 de outubro de 2014

Documentos revelam que Dops infiltrou espiã no PCB



Documentos do Arquivo Público do Estado do Rio revelam que o Dops infiltrou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) a agente Jean Sarkis (foto), que atuou como espiã durante pelo menos 15 anos, a partir de 1946. A descoberta foi feita pelo pesquisador Marcos Bretas, doutor em História pela UFRJ e especialista em história da polícia. 



Bretas achou a ficha de Sarkis no arquivo, na qual o chefe do Dops, Cecil Borer, confirma que ela era agente secreta a serviço da polícia. O pesquisador não sabe que destino teve a mulher que foi também informante da Polícia Civil no cerco ao bandido Mineirinho. Nos documentos, há declaração do próprio chefe do Dops na época, Cecil Borer (1913-2003), confirmando o esquema de espionagem. 




Em 2001, Borer, cujo irmão mais novo presidiu o Botafogo, deu entrevista para Mário Magalhães, na “Folha”, gabando-se: “Pela primeira vez, usamos várias mulheres em serviço de inteligência no Brasil.” 

Sem citar nomes, o delegado disse que, para obter informações, “elas iam até à cama se necessário”.


Jean Sarkis foi infiltrada no Partido Comunista em 1946. Para dar autenticidade à operação, ela ficou presa por dois anos, foi fichada como comunista no DFSP (Departamento Federal de Segurança Pública) e condenada. Em 1965, com o nome de Jeanfefe Salomão Coelho, ela entrou com pedido no Dops para que sua ficha fosse cancelada e encerrada sua atividade como espiã. No documento, ela cita os nomes de outros diretores e agentes do Dops, como tendo acompanhado a situação de infiltração pelo Setor Trabalhista do antigo DPPS (Departamento de Polícia Política e Social). O delegado Cecil Borer confirmou, em documento assinado por ele, que Jean Sarkis foi infiltrada e, por ordem dele, encerrou as missões de infiltração e passou a colaborar com outros setores do Dops. 

Para o Partido Comunista, Jean Sarkis era uma militante aguerrida. A manchete do jornal “Imprensa Popular”, de 27 de maio de 1952, convocava os “partidários da paz” para o julgamento no dia seguinte das “valorosas patriotas” Maria Afonso Lins e Jean Sarkis. Segundo o jornal comunista, as duas foram presas quando “exigiam a volta dos marujos brasileiros que se encontravam nos EUA, ameaçados de serem enviados à Guerra da Coreia.” Jean era considerada uma espécie de heroína do partido.
No documento, Jean Sirkis pede o cancelamento das anotações em sua ficha para que "no futuro não sejam objeto de divulgação"

sábado, 25 de outubro de 2014

Para download: "Tradición, revuelta y consciencia de clase" (Edward P. Thompson)

Importante texto del pensamiento crítico


"... Las clases 'no existen como entidades separadas, que miran ·en derredor, encuentran una clase enemiga y empíezan luego a Iuchar. Por eI contrario, las gentes se encuentran en una sociedad estructurada en modos determinados (crucialmente, pera no exclusivamente, en relaciones de producción) experimentan la explotación(o Ia necesidad de mantener eI poder sobre los expIotados), identifican puntos de ínterés antagónico, comíenzan a Iuchar por estas cuestiones y en eI proceso de Iucha se descubren como clase, y Ilegan a conocer este descubrimiento como conciencia de clase."


-Edward P. Thompson, Tradición, revuelta y consciencia de clase, Barcelona, Editorial Crítica, 1984, p. 37.

Primavera dos Livros 2014 - Rio de Janeiro

Primavera dos Livros homenageia em verso e prosa os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro

Evento gratuito acontece nos jardins do Museu da República, de 30 de outubro a 2 de novembro. Entre os destaques: Homenagem aos 450 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro, Festival de poesia, Primavera Erótica, apresentação dos Barbatuques, além de mesas de debates e lançamento de livros.

A Primavera dos Livros 2014, feira literária promovida pela Liga Brasileira de Editoras (Libre), terá a participação de 120 editoras de todo o País e mais de 15 mil títulos à venda, com descontos de até 50%. A 14ª edição carioca do evento acontece de 31 de outubro a 2 de novembro, no Museu da República, no Catete, um bairro de forte tradição política e cultural. O público esperado é de 50 mil pessoas.

Maior feira editorial independente do País, a Primavera dos Livros reúne uma produção cultural diversificada, com alto padrão intelectual. Estarão à venda literatura e vários outros gêneros, e ainda haverá o lançamento de novos autores. A poesia será um dos destaques da programação, com um festival, no dia 1º/11, às 18h. Participarão os escritores Tavinho Paes, Mano Melo, Celina Portocarrero, Juliana Holanda, Bayard Tonelli, Tanussi Cardosos, Pedro Lago e Pedro Lage, entre outros.

Este ano, Primavera dos Livros faz uma homenagem à cidade do Rio de Janeiro, que completará 450 anos de fundação em 2015. O Grupo Oficina Experimental de Poesia, formado por jovens poetas universitários, fará leituras performáticas que passearão pela ‘Cidade Maravilhosa’, no dia 1º/11, às 20h. Serão textos poéticos de grandes escritores, alguns esquecidos, que falam do subúrbio carioca, da orla das praias, da vida na cidade, entre outros aspectos do Rio.

“O Rio sempre foi inspiração para os mais diferentes gêneros de escritores. E é isso que queremos mostrar com esta homenagem, como a cidade e seu conteúdo são vistos ao longo do tempo por poetas e ensaístas e também como interagem com a literatura. A Primavera dos Livros, que nasceu no Rio, estará mais do que nunca carioca", explica o presidente da Libre, Haroldo Ceravolo Sereza.

Outro destaque da programação é a ‘Primavera Erótica’. A escritora Mônica Montone apresentará textos eróticos no dia 31/10, às 20h . A literatura erótica atravessa os tempos com obras que permanecem até hoje — com Boccaccio, Apollinaire, George Bataille e Carlos Drummond de Andrade (com ‘Amor natural’)  — e se renova a cada geração.

Durante a Primavera dos Livros haverá programação gratuita para todas as idades — lançamentos de livros, encontros com escritores, debates, atividades para crianças e atrações literárias interativas, além dos shows musicais. A abertura da feira terá o Barbatuques, grupo de percussão corporal de São Paulo, formado por 15 integrantes que fazem música a partir de sons que tiram do próprio corpo, no dia 30/10, às 17h. No dia 31/10, às 18h, o escritor Ondjaki faz apresentação de textos literários que irão interagir com música e arte visual.  O show de encerramento, 2/11, às 20h30, fica a cargo de Mauro St. Cecilia.

Para as crianças tem programação o dia inteiro. No sábado (1º/11) tem lançamento coletivo da Ibis Libris (17h)  e também acontece o show ‘Era para ser vinil’ do Saco de Gatos, conhecido como a banda do bom-humor, cujo fundador Paulo Tadeu é um grande ídolo da criançada e autor de uma série de livros de piadas infantis.

No espaço Jovem, haverá discussões sobre ‘Literatura infanto-juvenil’ e ‘Literatura fantástica: da Odisseia à Harry Potter’ (30/10, 16h) e ‘Bullying ou brincadeira? Como identificar os limites' (1º/11, 17h).

As mesas redondas discutirão temas contemporâneos da literatura e outras áreas. Na quinta-feira (31/10): ‘Poesia contemporânea em língua portuguesa’ (14h) e ‘Cultura e religiões afro-brasileiras’ (16h). Sábado (1º/11): ‘Práticas da teoria: modos de ler o Contemporâneo’ (14h), ‘Nacionalidade e novidade editorial nos novos romances policiais’ (17h) e ‘Literatura LGBT: uma ferramenta de libertação, empoderamento e visibilidade’ (18h). No domingo terá ‘Relações entre a literatura e o cinema’ (14h), ‘Letras de imprensa: jornalismo e literatura’ (16h) e ‘O Oriente Médio em debate: discussão sobre a Primavera Árabe na Primavera do Rio’ (17h).

A Primavera dos Livros é uma realização da Liga Brasileira de Editoras (Libre), em parceria com o Departamento de Letras da UFRJ. O evento conta com o apoio do BNDES, Minc, Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e Museu da República.

Além da Primavera carioca, a Libre promove a Primavera dos Livros de São Paulo e produz a Feira do Livro de Osasco e o Salão do Livro de Guarulhos.  Para 2015 a Primavera dos Livros está programada para acontecer também em Belo Horizonte e Salvador.

SERVIÇO
14ª Primavera dos Livros
Feira literária com a participação de 120 editoras, mais de 15 mil títulos e até 50% de desconto nas vendas. Programação paralela: lançamento de livros, encontros com escritores, debates, atividades para crianças, além de atrações literárias interativas e shows musicais.
Promoção: Liga Brasileira de Editoras (Libre)
30 de outubro a 2 de novembro de 2014
Horário: 10 às 21h
Museu da República – Rua do Catete, 153 - Catete – Rio de Janeiro
Para todas as idades

A entrada e a participação nos eventos são gratuitas

FONTE: Libre

Para download: “Lenguaje y sociedad”, de Henri Lefevbre


Publicada en 1967 (Gallimard, Paris), esta obra sintetiza una orientación original en los estudios actuales del lenguaje.
La lingüística moderna ha progresado en forma notable desde Ferdinand de Saussure con los métodos y las técnicas del estructuralismo. ¿Puede tomarse como modelo para las ciencias de la realidad humana y hasta para el conjunto de las ciencias?
Henri Lefevbre parte de una hipótesis: que preguntas y respuestas no pueden plenamente formularse desde el interior del lenguaje. Es conveniente ubicarse en un sitio de encuentro de la lingüistica con la sociología, y la investigación desemboca entonces en los problemas de la sociedad contemporánea.


Índice
Cap. I. Problemas del lenguaje y lenguaje cuestionado. Primeros elementos del horizonte.
a) En las ciencias en general.
b) En las ciencias sociales.
c) La filosofía general.
Cap. II. ¿Hacia un nuevo inteligible?
Inteligibilidad y filosofía.
Nivel de articulación e inteligibilidad.
Estabilidad e inteligibilidad.
Cap. III. Complejidades y paradojas del lenguaje.
El nacimiento del sentido y el problema del metalenguaje.
Dificultades y contradicciones de las definiciones.
Dificultades y contradicciones de las teorías.
Cap. IV. Situación teórica y situación cultural.
Mutación de la sociedad y crisis del lenguaje.
Deterioro del lenguaje.
Cap. V. La reducción.
La reducción y sus modalidades.
a) La reducción dialéctica (Marx).
La reducción fenomenológica (Husserl).
La reducción lingüística.
Exigencias y criterios de la reducción legítima.
Cap. VI. Las dimensiones del lenguaje.
El problema de las dimensiones.
A. Tesis de la unidimensionalidad.
B. Teoría de la bidimensionalidad.
C. Tridimensionalidad del lenguaje.
Acerca del blanco y la frase.
El análisis dimensional
Cap. VII. El código tridimensional. Esbozo de una teoría de las formas.
El esquema tridimensional. Sus límites y sus aplicaciones.
Teoría de las formas.
Funciones del lenguaje en la sociedad.
El lenguje.
Cap. VIII. La forma mercancía y el discurso.
La mercancía como forma.
De la palabra a la charla (al discurso).

“El Neoliberalismo es un proyecto de clase”

Entrevista a David Harvey en Bolivia



El eminente geógrafo británico, David Harvey, expresa su opinión sobre la crisis del neoliberalismo, el socialismo latinoamericano, sobre el racismo y otros temas más en esta entrevista realizada por el equipo del Centro de Investigaciones Sociales de la Vicepresidencia de Bolivia.

(Subtítulos en castellano)


LINK ENTREVISTA DAVID HARVEY:


FUENTE: Marxismo Critico / CIS Bolívia

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Estado tem recurso negado e 1/3 de planejamento tem que ser cumprido



Nesta 4ª feiradia 22/10, a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou o recurso do governo do Estadoque pretendia derrubar a Lei do Pisoque determina 1/3 da carga horário dos professores para planejamento. A decisão do desembargador Marco Antonio Ibrahim mantém a sentença original que briga o governo a adequar os horários a partir do mês de novembro.

Para ver a decisão na íntegra clique AQUI.

FONTE: SEPE RJ

Questões econômicas favorecem Dilma

                      Artigo de economista dos Estados Unidos, sobre economia e eleições,                       publicado na Folha de São Paulo

 


Por Mark Weisbrot*


As questões ligadas à economia foram amplamente discutidas nessa disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, que se encerra neste domingo (26). Muitas vezes, a cobertura do tema é malfeita e pouco compreendida, de modo que vale a pena rever as questões principais.

Primeiramente, o histórico de atuação do PT. Sua conquista mais citada foi na área da redução da pobreza: o índice de pobreza caiu 55% desde 2003 e o de pobreza extrema, 65%. O crédito por isso cabe ao governo? Em grande medida, sim.

A economia cresceu muito mais nos governos do PT do que durante os oito anos de governo Fernando Henrique, e boa parte disso se deveu às políticas fiscal e monetária menos restritivas. A renda per capita cresceu 2,3% ao ano durante os anos do PT –contra 0,7% na era FHC–, mesmo incluindo a recessão de 2009 e o desaquecimento dos últimos anos.

A ampliação do Bolsa Família, que de 16,2 milhões de pessoas passou a alcançar 57,8 milhões, e o aumento real de 90% do salário mínimo também representarem um reforço enorme para as pessoas pobres.

Mas o impacto das políticas governamentais também elevou a renda de muitos brasileiros para acima da linha de pobreza. Essas políticas incluem aumentos nas pensões públicas e um aumento real de 35% na média dos salários desde 2003.


O fato de os salários terem continuado a subir mesmo depois de a economia ter começado a se desaquecer, em 2011, indica que ocorreu uma mudança estrutural em favor do poder de barganha dos trabalhadores. A economia continua com um índice de desemprego baixíssimo.

Desde 2011, contudo, o crescimento perdeu força e neste ano a economia entrou em recessão técnica. Para ver como Aécio Neves daria nova partida na economia, vejamos as declarações de seu coordenador econômico, Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e hoje gerente de fundos de hedge.

Fraga propõe restringir o Orçamento e reduzir a meta de inflação do governo, algo que, presume-se, também significaria a elevação das taxas de juros. Seu argumento é que essas medidas "restaurariam a credibilidade" da política econômica brasileira e, com isso, atrairiam mais investimentos privados.

Podemos ver até que ponto tal "retorno à ortodoxia econômica", como o "Financial Times" descreveu, vem funcionando na zona do euro ou em outros países, onde levou à recessão prolongada e a índices recordes de desemprego.
Esse grupo quer conduzir a economia com um pé pressionando o freio e torcer para que os investidores o recompensem por fazê-lo. Mas os investidores raramente se animam com uma economia estagnada. Arminio, que será o ministro da Fazenda caso Aécio saia vencedor no domingo, também quer limitar a ação dos bancos públicos, o que significaria também menos investimentos do governo.

Aécio e Arminio também querem tornar o Banco Central mais independente do Executivo. Na prática, isso geralmente significa um Banco Central mais disposto a sacrificar o crescimento, o emprego, a redução da pobreza e a política industrial aos interesses do setor financeiro, ao buscar –muitas vezes em vão– um índice de inflação mais baixo.

A presidente Dilma foi generosa demais quando disse que o PSDB "governou para apenas um terço do país". Foi um grupo muito menor que se beneficiou de presentes como as privatizações maciças, enquanto a economia estagnava. Será surpreendente se a maioria dos brasileiros votar pelo retorno das políticas fracassadas e menos inclusivas do passado.

* MARK WEISBROT é codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington, e presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa
Tradução de CLARA ALLAIN



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

"Não retiro nada do que falei", diz relatora da ONU sobre crise da água em São Paulo

A grave crise hídrica em São Paulo é de responsabilidade do governo do Estado. 


A relatora da ONU que criticou o governo paulista pela crise de abastecimento de água disse ter sido surpreendida pelo ofício enviado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cobrando retratações da entidade.

Em agosto, a portuguesa Catarina Albuquerque esteve em Campinas, quando declarou à Folha acreditar que o governo paulista não tinha feito os investimentos necessários para evitar a atual crise.

Por telefone, de Nova York, Catarina declarou que não tem qualquer interesse político ou partidário no Brasil.

"Minhas preocupações não são os governos, são as pessoas. Isso faz parte do cargo que ocupo", disse ela. "Eu não retiro nada daquilo que eu disse. O que eu disse, poderia dizer sobre qualquer país do mundo [que passe por um contexto de seca]".


Qualidade da água vendida em garrafa plástica não é melhor do que a da torneira, diz professor da Unicamp

Anne Vigna | Agência Pública | São Paulo - 23/10/2014

Pesquisador comenta contaminação de mananciais brasileiros por substâncias que interferem na produção de hormônios em seres humanos; embalagens de plástico liberam ativos químicos com propriedades similares



Um estudo recente feito em mananciais pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), da Unicamp, concluiu que a água no Brasil ainda precisa melhorar muito. A cafeína foi usada como indicador da presença de contaminantes, pois sua concentração permite determinar quanto de esgoto foi jogado nos mananciais. Responsável pela pesquisa, concluída em setembro, Wilson Jardim, doutor em Ciências Ambientais pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e professor do Instituto de Química da Unicamp, acredita que a população tem que pressionar as concessionárias responsáveis pelo tratamento para obter água de melhor qualidade. Na entrevista a seguir, ele explica por que a água engarrafada não é a solução.

Você aconselha a beber água envasada?
Não. Pelo contrário. Os vendedores de água envasada dizem que “a água da torneira é muito ruim”. Na verdade, o produto deles não é recomendável. Fizemos estudos com água envasada e a quantidade de ftalato que uma pessoa absorve ao bebê-la é muito grande. O ftalato é uma classe de substâncias químicas agregadas a uma série de produtos comuns no consumo, como, por exemplo, as embalagens, o filme transparente e as garrafas descartáveis. Como aumentou muito o uso de embalagens, estamos mais expostos ao ftalato, que também tem propriedades de interferentes endócrinos. Ao beber água envasada, talvez você esteja trocando seis por meia dúzia. A pessoa pode se sentir mais segura ao fazer isso, mas esse sentimento não tem base científica. Dependendo do tempo em que foi engarrafada e do tempo de prateleira, essa água libera muito ftalato. Também pode ter Bisfenol A (BPA), dependendo da resina [do recipiente]. Quando você faz um estudo de ciclo de vida, de sustentabilidade, analisando conteúdo energético e produção de CO2, a água da torneira ganha de dez a zero da envasada, que tem que ser produzida e transportada. É uma indústria que goza de uma falsa reputação: são produtos altamente impactantes que têm a fama de serem benéficos. É um mito. Não há grandes vantagens por causa da embalagem, que vai ficar tóxica com o tempo. Quando compro água envasada, só compro em vidro, nunca em plástico. Vários estudos no estado de São Paulo, no Aquífero Guarani, mas também na China ou Espanha comprovam que as águas subterrâneas também têm compostos, em concentração bem menor do que a das águas superficiais.
As pessoas podem melhorar a água em casa com algum tratamento?
É uma pergunta recorrente. Pode-se colocar um filtro, mas isso exige uma manutenção rigorosa e constante, senão pode se tornar algo pior ainda. A melhor coisa que um indivíduo pode fazer é pressionar a concessionária da sua cidade para fornecer uma água melhor. É preciso exercer a cidadania.
O que são os contaminantes emergentes e interferentes endócrinos?
Os contaminantes emergentes envolvem mais de mil substâncias novas a cada ano, e os interferentes endócrinos fazem parte desses compostos. Entre os contaminantes emergentes estão, por exemplo, nanomateriais, fragrâncias, antibióticos, agrotóxicos, protetores solares, remédios, drogas lícitas e ilícitas, hormônios sintéticos, pílulas anticoncepcionais e produtos de higiene pessoal. É um grupo muito grande de substâncias que, hoje, por uma série de razões – como pouco saneamento e alta densidade habitacional – virou motivo de grande preocupação. Nossa exposição a eles aumentou muito. Sabemos muito pouco sobre a toxicidade desses compostos e sobre o seu mecanismo de ação no corpo humano e nos organismos aquáticos. O sistema endócrino humano controla a reprodução sexual e o crescimento. Hoje temos cerca de 800 compostos que podem perturbar o nosso sistema, embora não tenham sido criados para esse fim. Acabam atuando desse modo por uma questão bioquímica, de similaridade de moléculas. Podem alterar a reprodução humana, antecipar a idade da primeira menstruação das meninas – o que foi observado em vários países – ou provocar doenças como câncer de tireoide, de testículo, de útero e de mama, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Esses contaminantes estão ausentes da portaria do Ministério da Saúde que controla a qualidade da água potável. Isso acontece no mundo todo? Por quê? 
Sim, acontece em todos os países. Aqui, a portaria é extremamente conservadora e existe uma inércia muito grande. Sabemos que as revisões da portaria são processos demorados. Há um lobby fortíssimo [contra isso], porque o processo implica custos adicionais. Mas atualmente todos os países estão repensando essas novas moléculas e, aos poucos, os novos conhecimentos são incorporados.
A presença desses contaminantes é maior no Brasil do que em outros países?
O Brasil tem problemas de primeiro e de terceiro mundo. O brasileiro consome como um país europeu e tem o saneamento de um país africano. Temos coliformes fecais como no Haiti e contaminantes emergentes como nos Estados Unidos. Temos pouco saneamento e nossos mananciais são muitos contaminados comparativamente com outros países. A cafeína é um excelente traçador de outros compostos. Sua concentração aqui é de dez a cem vezes maior do que a encontrada em outros países, e isso se reflete na água de abastecimento. Grande parte desses hormônios é removida com tratamento convencional. Mas, quando há muita quantidade e o tratamento elimina 95% disso, 5% ainda é muito? É muito.
A partir de que nível a água fica contaminada?
A substância que imita o hormônio funciona em uma quantidade muito baixa. Foi feito um experimento no Canadá em que uma pesquisadora colocou 2 nanogramas (bilionésimos de grama) de hormônios sintéticos por litro num lago. Isso devastou uma população de peixes e afetou duas outras espécies. “Pouco” é muito relativo. O que seria um nível seguro? Não sabemos hoje. É importante lembrar que a toxicologia não trabalha com mistura, trabalha com uma substância única. Quando alguém bebe água, não está bebendo um composto, mas mais de mil compostos. Os ensaios para avaliar o risco não são feitos a partir de uma mistura, e a vida real é mistura. A toxicologia está um pouco atrasada nessa questão. Temos que trabalhar com um novo paradigma e adaptar a metodologia.
Tecnicamente falando, os tratamentos de água podem remover essas substâncias?
Sim. Além do tratamento convencional, existem hoje sistemas adicionais. Pode ser um tratamento com filtragem fina, com a tecnologia de membrana, ou um tratamento mais destrutivo, à base de raios ultravioleta ou usando o ozônio. Existem jeitos de reduzir ou eliminar esses compostos, só que isso implica um custo adicional para a produtora de água. E nada disso ainda é feito aqui no Brasil.
Entrevista publicada originalmente na Agência Pública, iniciativa jornalística que aposta no fortalecimento do direito à informação, na qualificação do debate democrático e na promoção dos direitos humanos.
FONTE: Opera Mundi

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Jovem Aécio: “Eu nunca fiz minha própria cama”

Em entrevista a um jornal norte-americano aos 17 anos, Aécio Neves disse que “a vida das mulheres é fácil no Brasil” e que elas não tinham “necessidade financeira de trabalhar”; afirmou que “todo mundo tem uma empregada ou duas” e admitiu: “nunca fiz minha própria cama”


Jornal de Nova Jersey registrou passagem do futuro candidato a presidente pelos Estados Unidos, em 1977

Em fevereiro de 1977 o jovem Aécio da Cunha Neves talvez nem pensasse que um dia estaria na reta final para disputar a presidência da República mas viveu uma aventura curiosa fora do país.
Como tantos jovens brasileiros de sua condição social, naquele ano Aécio foi cumprir um programa de intercambio escolar nos Estados Unidos.
Certa vez, durante um momento de descanso,  Aécio visitava uma estação de esquí quando conheceu um rapaz de sua idade, Glenn, que o convidou a passar um fim de semana hospedado na casa de seus pais, o casal Pat e Roger Davis, em Middlebush, em Nova Jersey.
Ali, numa pequena comunidade que hoje possui 2000 habitantes, distribuidos em pouco mais de 800 casas, a presença de um jovem brasileiro logo se tornou motivo de atração. Com direito a foto e tudo, Aécio foi parar nas páginas do FranklinNews-Record, pequeno jornal da região, que na edição de 24 de feveiro de 1977 publicou uma pequena reportagem a seu respeito.
Descrevendo Aécio como um adolescente “igual a todos os outros”, o reporter Bob Bradis registrou seus conjuntos de rock prediletos: Led Zeppelin, The Who, Crosby, Stills, Nasch and Young e sublinhou que ele “realmente gosta de Bob Dylan.” O jornal fala dos programas de TV favoritos do rapaz: Kojak, série policial que fazia muito sucesso na época em torno de um detetive careca, e Waltons, sobre a vida de uma família da zona rural dos Estados Unidos, às voltas com os rigores da Grande Depressão da década de 30. Esportes favoritos? Futebol e volei. Demonstrando um interesse por automóveis bastante comum entre garotos de sua idade, ele contou ao Franklin News que a idade mínima para tirar carta de motorista no Brasil é 18 anos mas que não é incomum ver jovens dirigindo carros antes de chegar a essa idade.
Falou de automóveis americanos, como Ford e Chevrolet, mas também elogiou o Puma, um carro nacional, “muito confortável.”
Mas nem tudo era igual entre jovens norte-americanos e brasileiros — e isso não escapou a observação de Bob Bradis. No frescor dos 17 anos, Aécio expressou várias observações sobre a vida social brasileira.
Falando sobre a condição feminina no Brasil, Aécio disse, conforme o Franklin-News, que a vida das mulheres é fácil no Brasil. Segundo as palavras de Bob Bradis,  Aécio lhe disse que as mulheres brasileiras  não tem necessidade financeira de trabalhar, e podem passar a maior parte de seu tempo na praia ou fazendo compras. Era uma diferença importante em relação à sociedade norte-americana, onde, desde a Segunda Guerra Mundial, muitas mulheres saiam de casa para trabalhar e dividir despesas com o marido.
Falando da vida doméstica, Aécio disse: “todo mundo tem uma empregada ou duas; uma para cozinhar, outra para limpar.” Falando de sua rotina dentro de casa, no Brasil, assinalou outra novidade: “Eu nunca fiz minha própria cama.” Outra diferença, como se sabe.
Bob Bradis conta que Aécio lamentava, naquele fevereiro de 1977, que estivesse fora do Brasil por causa do carnaval. Há uma grande festa antes do início da Quaresma, disse Aécio. O jovem brasileiro contou como todos dançam nas ruas, comem, bebem até altas horas e então vão para casa dar um mergulho, para aí retornar para mais festas. “É a melhor época do ano.” Segundo o Franklin-News, Aécio disse ainda: “Essa é a única época em que a classe baixa e a classe alta se reúnem.”
Perguntado sobre seu próprio futuro, Aécio disse que pretendia estudar engenharia mas falou que provavelmente acabaria entrando na vida política, como seu pai, que era deputado pela Arena, o partido de sustentação do regime militar, e seu avô, que era um dos principais líderes do MDB, partido da oposição civil.
Dois anos depois do fim de semana em Middlebush, Aécio Neves obteve um emprego na Câmara de Deputados. Foi contratado como assessor do próprio pai. A Câmara funcionava em Brasília, mas Aécio continuou morando no Rio de Janeiro. Cuidava da agenda do pai à distância, embora não houvesse internet naquele tempo. Mas não era um trabalho ilegal. A Câmara só passou a obrigar assessores parlamentares a atuar em Brasília a partir de 2010.
Mas, se pudesse refletir ao longo dos anos, o repórter Bob Bradis poderia avaliar o duradouro significado de uma frase em seu caderno de notas: “Eu nunca fiz minha própria cama.”

Trabalho, Economia e Autogestão Operária - Marcelo Badaró (UFF)

SEMINÁRIO 140 ANOS DA COMUNA DE PARIS
Realizado nos dias 14 e 15 de setembro de 2011, no campus da Praia Vermelha/UFRJ

Trabalho, economia e autogestão” foi o tema da mesa que teve a participação de Marcelo Badaró (UFF), Mário Duayer (Uerj) e Pedro Santinho (trabalhador da fábrica Flaskô, em São Paulo)

O professor Marcelo Badaró (UFF) afirmou que a Comuna de Paris levou Marx a entender que não bastava à classe trabalhadora ocupar o Estado, pois sua estrutura burocrática não permite o avanço da revolução socialista: “Ele percebeu que era preciso destruir o Estado”. Segundo Badaró, a Comuna destruiu a burocracia burguesa do Estado e colocou como referência o salário do operário médio para quem assumisse cargos públicos. “Acabaram realizando o ‘sonho’ burguês de constituir um governo barato”, disse. Isto porque, entre outras ações, dissolveu o exército permanente e realizou eleições para um conselho que ao mesmo tempo desempenhava as funções do Executivo e Legislativo.


2ª EDIÇÃO do livro de Anita Prestes: "Tenentismo pós-30: continuidade ou ruptura?"

TENENTISMO PÓS-30 - Continuidade ou ruptura? 2ª EDIÇÃO 
AUTOR: ANITA LEOCADIA PRESTES. 
CONSEQUÊNCIA EDITORA.
ISBN: 9788564433137

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SINOPSE: Exemplo bem sucedido de pensamento que rompe com ideias e conceitos já consagrados na historiografia, o livro de Anita Leocadia Prestes procura esclarecer aspectos ainda obscuros na trajetória desse fenômeno social e político, de ampla repercussão nacional das décadas de 20 e 30 do século XX. A partir de questões-chave, como a do próprio título, a autora inicia sua análise tendo como ponto de partida a inserção dos tenentes na estrutura social brasileira, em um período em que predominavam tanto econômica quanto social e politicamente, as oligarquias agrárias, e vai identificando, um a um, os distintos momentos do processo evolutivo por que passou o movimento tenentista, para desvendar ao final, o papel efetivo que este desempenhou nos acontecimentos que tiveram início a partir de 30. Inter-relacionando desde a crise internacional do liberalismo até a vitória de Vargas na revolução de 30, passando pelo rompimento de Luiz Carlos Prestes com os tenentes, em maio do mesmo ano, momento este que consagra a crise desse movimento. SOBRE O AUTOR: Anita Leocadia Prestes é doutora em História Social pela UFF, professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes www.ilcp.org.br. FICHA TÉCNICA: ASSUNTO: História IDIOMA: Português FORMATO: Brochura TAMANHO: 14 X 21cm EDIÇÃO/ANO: 2ª – 2014 PÁGS: 166 LOMBADA: 1cm ISBN: 9788564433137 PREÇO CAPA: R$25,00