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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Conexão Federal: Mulheres da família Prestes, com Anita Prestes


A UFSCar guarda, nas Coleções Especiais de sua Biblioteca Comunitária, a Coleção Luís Carlos Prestes, formada por documentos, recortes de jornais, objetos e outros materiais que contam a história deste que foi uma das principais figuras da história brasileira do Século XX.

Nesta edição de Conexão Federal, a filha de Prestes e Olga Benário - morta pelos nazistas na Alemanha em 1942, onde, em 1936, dera à luz Anita Prestes, separada da mãe aos 14 meses - conversa com a jornalista Mariana Pezzo em meio a cartas, fotografias e objetos de sua infância que fazem parte do acervo, trazendo à tona lembranças e reflexões que, mais que resgatar a memória do passado, nos ajudam a pensar sobre outros futuros possíveis. 

Mais informações sobre a Coleção Luís Carlos Prestes e a produção deste material: https://www.ufscar.br/noticia?codigo=...

Está com pressa? Vá direto ao tópico que te interessa!

14:15 - Anos de formação de Anita Prestes e sua relação com a mãe e o pai, através de correspondência hoje guardada na Coleção Luís Carlos Prestes

27:36 - Saiba mais sobre a Campanha Prestes pela libertação de presos políticos, que levou ao resgate de Anita Prestes, aos 14 meses de idade, pela avó Leocádia e a tia Lygia Prestes, e conheça detalhes da vida dessas mulheres combativas ao longo de toda as suas vidas

42:00 - Anita Prestes fala, de um lado, do comunismo como um ideal de sociedade e, de outro, do socialismo real e os caminhos trilhados, sobretudo, na Antiga União Soviética

52:47 Anita Prestes aborda o anticomunismo, o que classifica como mentiras sobre seu pai e, dentre elas, especialmente a de que teria apoiado Getúlio Vargas e apertado a sua mão


FONTE: Conexão Federal  UFSCar - Universidade Federal de São Carlos -- canal no YouTube


domingo, 5 de novembro de 2023

Documentário "Anita no acervo de Prestes - histórias que viajam no tempo"

O documentário "Anita no acervo de Prestes - histórias que viajam no tempo" traz trechos da entrevista da historiadora Anita Prestes concedida à jornalista Mariana Pezzo, Diretora do Instituto da Cultura Científica da UFSCar, imagens da Coleção Luiz Carlos Prestes da Biblioteca Comunitária (BCo) da UFSCar e, também, depoimentos de gestora e profissionais que vêm trabalhando no acervo, sobre a relevância desses materiais e o impacto que podem ter não somente na melhor compreensão do passado, mas muito especialmente na construção do futuro.



Leia a matéria "Histórias contadas vão de uma infância à transformação social no Brasil", da jornalista Mariana Pezzo, no link: https://www.ufscar.br/noticia?codigo=15768&id=historias-contadas-vao-de-uma-infancia-a-transformacao-social-no-brasil


Contatos das Coleções Especiais-Biblioteca Comunitária da UFSCar, para mais informações sobre a Coleção Prestes: https://www.bco.ufscar.br/acervos/col...


Site do Instituto Luiz Carlos Prestes, para mais informações históricas: https://www.ilcp.org.br/prestes/


Documentário evidencia potencial do acervo (Divulgação)


terça-feira, 11 de maio de 2021

As cartas de Luiz Carlos Prestes que iriam a leilão

Por Anita Leocadia Prestes

No artigo são relatados os fatos relacionados com o aparecimento de mais de 300 cartas dirigidas a Luiz Carlos Prestes que iriam a leilão em novembro de 2018. Após dois anos de diligências na Justiça, as cartas foram entregues a quem de direito: Anita Leocadia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário Prestes. São destacados aspectos marcantes da personalidade dos personagens envolvidos nessa correspondência: Olga Benario Prestes, Leocadia Prestes, Ermelinda Felizardo, Lygia Prestes.


CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA LER O ARTIGO NA ÍNTEGRA:

  <https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/43191>.


PRESTES, Anita Leocadia. As cartas de Luiz Carlos Prestes que iriam a leilão. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 13, n. 1, p. 653-661, mai. 2021. 


A historiadora Anita Leocadia Prestes, filha de Olga Benario Prestes e Luiz Carlos Prestes, recebeu as 319 cartas endereçadas ao seu pai por familiares. Depois de 2 anos de luta na Justiça, Anita ganhou o processo. Foto de 22/10/2020.


sábado, 5 de outubro de 2019

Depoimento de Anita Prestes ao programa Digitais Femininas

Anita Prestes revela segredos da Gestapo sobre Olga Benario Prestes, sua mãe, revolucionária comunista alemã, assassinada em 1942.








autor: Anita Leocadia Prestes
orelha: Fernando Morais
selo:Boitempo
páginas:144
publicação:2017
ISBN:9788575595497


Essa breve narrativa biográfica contém não apenas preciosidades históricas e raridades documentais – que, por si sós, já valeriam a leitura –, ela oferece a perfeita dimensão da luta diária de Olga Benario Prestes por seus ideais, mesmo nas condições mais adversas. A resistência da jovem revolucionária diante da gigantesca e cruel máquina do Terceiro Reich, que a considerava uma “comunista perigosa”, parece ainda pulsar nestas páginas, como se seu coração, calado há 75 anos, ainda batesse. Um coração destemido, que, encarcerado, soube conjugar a luta política, o amor pelo grande companheiro e a preocupação com a educação da filha, de quem fora afastada prematuramente.

Após a abertura dos arquivos da Gestapo, essa filha, a historiadora Anita Leocadia Prestes, debruçou-se sobre as cerca de 2 mil páginas a respeito de Olga, recheadas de documentos inéditos, para trazer à tona informações até então desconhecidas. Com base nos documentos, a autora constrói uma narrativa cronológica que vai da  inserção da jovem Olga na luta política até sua morte na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942, revelando a firmeza inabalável da revolucionária. Enquanto, na prisão, Olga nutria esperanças de conseguir asilo em outro país, e, fora dela, sua sogra e sua cunhada faziam de tudo para que ela fosse libertada, os nazistas nunca consideraram essa hipótese. No entanto, ela jamais se curvou a seus algozes, jamais entregou companheiros e nem sequer revelou suas atividades políticas, ainda que a chantageassem com a perspectiva de voltar a ver a filha. Após o relato biográfico há um caderno de fotos e uma série de anexos com a reprodução de documentos, como o passaporte que Olga se negou a assinar, fotos encontradas no arquivo da Gestapo e a tradução e a reprodução da correspondência inédita de Olga e Prestes, entre outros. Mais do que peças faltantes no quebra-cabeça da história, os documentos reproduzidos nessa obra nos permitem enxergar o presente com outros olhos.


Trechos da orelha, por Fernando Morais

Qualquer pesquisador se sentiria diante de uma mina de ouro ao deparar com o acervo histórico que deu origem a este livro. No coração de Moscou jazia o tesouro composto por nada menos que 2,5 milhões de documentos separados em 28 mil dossiês, estes, por sua vez, organizados em 50 catálogos. Não por acaso essa montanha de informações era conhecida como os Trophäen-dokumente, os “documentos-troféus” acumulados pela Gestapo, a polícia secreta do Reich, o regime nazista alemão que aterrorizou o mundo durante doze anos. Apreendida pelo Exército Vermelho após a derrota da Alemanha, em 1945, a documentação foi preservada pela União Soviética e começou a ser aberta para consulta pública dois anos atrás.

Para Anita Leocadia Prestes, descobridora do filão, porém, a pesquisa nesse rico material envolvia mais que a curiosidade acadêmica de uma historiadora. O objeto de seu olhar e de seu trabalho eram os oito dossiês contendo cerca de 2 mil documentos que a Gestapo arquivou com o título de “Processo Benario” – o acervo da polícia secreta nazista sobre sua mãe, a revolucionária Olga Benario Prestes. Trata-se do mais extenso rol de documentos sobre uma única vítima do nazismo, o que permite medir a importância atribuída pelo Terceiro Reich à então mulher do líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes.

Além de mais de meia centena de cartas inéditas, trocadas entre Olga, o marido, preso no Brasil, a sogra, Leocadia Prestes, e as cunhadas Clotilde, Lygia, Eloiza e Lúcia, o acervo vasculhado pela historiadora Anita Prestes revela minúcias do monitoramento a que Olga era submetida pelas autoridades em todas as prisões e campos de concentração em que esteve entre 1936 e 1942, quando foi executada em uma câmara de gás.

Mais que uma excelente obra de referência, Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo é a pungente, dolorosa história de uma revolucionária exemplar.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Cartas de Olga e Prestes que iam a leilão podem ter sido levadas do PCB

Novo arquivo descoberto mostra chefe de gabinete de Filinto Muller com carta de Leocádia Prestes em 1937

POR JULIANA DAL PIVA
O GLOBO, 02/12/2018


Anita Prestes ao lado do quadro Olga Benario Prestes, pintado por Candido Portinari. Museu Nacional de Belas Artes.
Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2018.


A existência de um lote de 319 cartas endereçadas ao dirigente do Partido Comunista Brasileiro Luís Carlos Prestes criou um mistério sobre quando e como essas cartas se perderam de seus destinatários. Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Anita Leocádia Prestes, filha do líder comunista, conta que identificou no lote duas cartas escritas por ela quando o pai já estava fora da prisão e diz que as correspondências foram levadas da sede do partido entre 1945 e 1947. Na última semana, o GLOBO investigou a possível participação de um homem de confiança de Filinto Muller, então chefe da Polícia Política, no desaparecimento das cartas de Prestes.

DO MÉXICO, 7 DE MAIO DE 1945

Anita Prestes na infância - José Casado / Agência O Globo


No dia sete de maio de 1945, a pequena Anita Leocádia, então com oito anos, escreveu ao pai Luís Carlos Prestes. “Querido papá, te mando este pequeno recuerdo. Besitos de Anita Leocádia”. Alfabetizada apenas em espanhol, ela marcou ao final a data: “México, VII-5-1945”. Os dois sequer se conheciam, já que ela nasceu em uma prisão nazista após a deportação de Olga Benário, mulher de Prestes. Essa e uma outra carta dela de 13 de janeiro de 1947 foram recebidas pelo líder do Partido Comunista Brasileiro depois de sua libertação em 18 de abril de 1945 - ambas integram o lote que iria a leilão na semana passada, mas que foi suspenso por decisão liminar do Tribunal de Justiça do Rio.

A constatação veio depois que Anita olhou pela primeira vez ontem as cartas desse lote. Ela diz não ter dúvidas de que os documentos que foram encontrados este ano foram roubados da sede do PCB em dois saques que a legenda sofreu entre 1945 e 1947. O primeiro ataque ocorreu logo depois que Getulio Vargas deixou o governo, no fim do chamado Estado Novo, em outubro de 1945. Já o segundo, quando o partido foi proibido, em maio de 1947.

Postal de Anita Prestes ao pai em 1945 - José Casado / Agência O Globo


— A polícia invadiu e depredou a sede do partido. Até máquinas de escrever foram destruídas, uma fogueira foi feita na porta da sede do partido - contou Anita ao GLOBO. — Depois teve uma segunda invasão (em 1947). Tem uma cartinha minha de criança, eu tinha uns 10 anos à época, de janeiro de 1947, então meu pai já estava solto há muito tempo. Essas cartinhas só podiam estar na sede do partido. Inclusive não tem carimbo da censura.

Anita explica que o pai não tinha casa quando deixou a prisão e, por isso, guardava os documentos na sede do partido - um sobrado na rua da Glória, número 52. Ao sair do cárcere, ele levou cartas de Olga e de outros amigos e parentes que estavam com ele. Mas acabou perdendo os documentos com a perseguição.

O mistério em torno das cartas de Olga e Prestes surgiu depois que o GLOBO revelou a existência dos documentos que iam a leilão há duas semanas. Eles foram comprados há quatro meses em uma feira na Praça XV, no Centro do Rio, por Carlos Otávio Gouvêa Faria, conhecido como Cacá, e teriam sido encontradas por um catador de lixo em Copacabana. O material teria lance mínimo de R$ 320 mil.

HOMEM DE CONFIANÇA DE FILINTO MULLER: ISRAEL SOUTO

Israel Souto, delegado e homem de confiança de Filinto Muller - Reprodução

De um novo lote de documentos descoberto por Cacá, pode surgir uma pista de quem guardou as cartas originais de Olga e Prestes durante décadas. Há 10 dias Cacá disse que foi chamado por conhecidos em um ferro-velho para buscar mais documentos que “poderiam interessá-lo”. Ao chegar no local, recebeu uma sacola de plástico preta com diversas pastas. Dentro inúmeros papéis com cabeçalhos da Delegacia de Ordem Política e Social assinados ou endereçados a Israel Souto.

Em uma pasta de papel azul, a terceira página era uma carta de Leocádia Prestes, mãe do líder comunista, ao advogado Heráclito Sobral Pinto, que defendia Prestes, à época. Na correspondência, em outubro de 1937, ela diz que ficou nervosa ao saber da decretação do estado de guerra em 1º de outubro daquele ano. “Fui assaltada por graves preocupações receando uma séria agravação na vida já tão penosa do meu filho e também que v. excelência, que tantos sacrifícios tem feito pela defesa do meu filho”. Ela agradece os "inestimáveis serviços prestados por v.excelência, à causa de minha netinha" e pede a entrega de “um anel dos cabelos de minha netinha que tomo liberdade de pedir”. No final da pasta, uma foto de Filinto Muller assinada com a seguinte mensagem: “Ao Souto, com amizade.” Assinou F. Muller em 10 de outubro de 1935.

No dia 7 de março de 1936, dois dias após a prisão de Prestes e Olga, o GLOBO e o Correio da Manhã noticiaram que o então ministro da Justiça, Vicente Rao, tinha visitado a chefatura de Polícia para cumprimentar Filinto Muller, então chefe de Polícia, pela operação que prendeu Prestes. Junto com ele neste momento estava Israel Souto, delegado especial e diretor geral do Departamento de Publicidade e Estatística e secretário da chefia.

— Vim aqui especialmente para lhe trazer as felicitações do presidente da República pelo êxito sensacional das diligências — disse Rao, na ocasião. Meses depois, Souto seria chefe de gabinete de Muller e até substituiria o chefe interinamente.

No mesmo arquivo, também descobre-se que Souto guardou fichas de integralistas e peças de inquéritos sobre diferentes pessoas.

— Tudo indica que isso era do Israel. Tem a foto do Filinto oferecendo a ele esse troço todo — afirmou Cacá, ao mostrar o material ao GLOBO. Questionado se as cartas de Olga poderiam fazer parte do material, ele reiterou que os documentos foram encontrados em locais diferentes, mas disse que quando adquiriu as cartas dois cartões que censuravam filmes estavam em cima das cartas e foram comprados por outra pessoa, pouco antes dele.

Em 1944, Souto foi diretor de Cinema e Teatro do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela censura. Ele morreu em 1962.

"ESSA CARTA (DA GRAVIDEZ) NÃO FOI DIVULGADA"

Anita Prestes, filha de Luís Carlos Prestes, encontrou suas cartas no lote que ia para leilão - Guito Moreto / Agência O Globo


Desde que foi divulgada a existência de um lote de cartas que iria a leilão, Anita Leocádia Prestes dedicou-se a pesquisar sobre a procedência das cartas e até pensou que poderiam ter sido levadas do Arquivo Público do Estado do Rio (Aperj). Depois de verificar o material na última semana, ela conversou com O GLOBO e contou que constatou que o material do Aperj está integral. Anita disse que, agora, irá comunicar essas informações ao Judiciário e aguardará a decisão sobre a propriedade das cartas.

Depois de olhar as cartas do leilão e as do arquivo o que você verificou?

Num primeiro momento, quando me foi informado que existia esse lote de cartas, me veio à cabeça o Arquivo Público do Estado do Rio. Porque uma parte das cartas estava conosco, com a minha tia (Lygia Prestes) que eu doei para (Universidade de) São Carlos. E tinha outra parte, muitas são cópias, que estava no arquivo. Depois eu comecei a pensar e, não só isso, eu vi (no lote do leilão) um cartão meu de 1945, no período posterior à soltura do meu pai e também tem uma cartinha inclusive de 1947, aí eu me lembrei, isso era da sede do partido.

Então esse material teria sido levado depois que seu pai foi solto?

Meu pai junto com os outros presos políticos foi libertado no dia 18 de abril de 1945, com a anistia que Getúlio deu. Ele não tinha casa. Ficou hospedado na casa de amigos e a documentação que levou com ele, cartas, livros, botou na sede do Partido Comunista, que já estava legalizado. Rua da Glória, 52. Um sobrado velho que não existe mais. Ele tinha escritório ali, era secretário-geral do partido. Dia 29 de outubro de 1945 houve o golpe que derrubou Getúlio Vargas, só que Getúlio tomou um avião e foi tranquilo para São Borja. Quem foram os perseguidos e atacados? Os comunistas. Os dirigentes inclusive ficaram clandestinos e a polícia invadiu e depredou a sede do partido. Até máquinas de escrever foram destruídas, uma fogueira foi feita na porta da sede do partido. Pedaços de carta da minha vó surgiram dias depois e desapareceram as cartas, isso eu me lembro, tanto meu pai como a minha tia lamentavam que as cartas principalmente da minha avó tinham se perdido. Algumas cópias sobraram. Depois teve uma segunda invasão. Tem uma cartinha minha de criança, eu tinha 10 anos à época, de janeiro de 1947. Então meu pai já estava solto há muito tempo. Essa cartinha só podia estar na sede do partido. Inclusive não tem carimbo da censura.

Quando foi o segundo saque?

Foi em maio de 1947. No dia 7 de maio de 1947, o partido foi proibido e imediatamente a polícia invadiu a sede e depredou de novo e apreendeu novamente coisas. Na mesma sede, na rua da Glória.

A senhora então acredita que a documentação foi levada nessas ocasiões?

Está muito claro que essa documentação foi apreendida nessas duas invasões que houve na sede do partido. Só pode ter sido levada por um policial. O importante é saber que essa documentação foi apreendida no Comitê Central do Partido (Comunista) e me pertence porque sou a única herdeira. Sou a única filha de Olga e Prestes.

E a carta de sua mãe sobre a gravidez?

Essa carta não estava no arquivo. Eu tinha visto esse prontuário lá pelo ano 2000, então já não me lembrava direito. Tanto que num primeiro momento eu imaginei que pudesse ser uma das cartas que estavam lá. Mas não é. As sete cartas que estavam lá (no arquivo) continuam.

Já tinha visto essa?

Não tinha visto essa. Mas tem as outras que são parecidas, tratam da mesma temática. Essa carta não foi divulgada. Eu pensei que fosse uma das que eu já tinha visto porque a temática é parecida. O problema da gravidez, de ser extraditada. Essa problemática da carta, como eu já tinha visto há muito tempo, eu já não lembrava exatamente.

Alguma dúvida de que as cartas são de sua família?

Dúvida nenhuma. As letras estão lá muito claras. A grande maioria das cartas da minha mãe, não sei se você sabe desse detalhe, a Gestapo, a polícia nazista, não permitia que ela recebesse carta ou expedisse cartas em outro idioma que não fosse o alemão. Então, isso era um problema porque a minha família e o meu pai não sabiam alemão. Então a solidariedade internacional funcionou também. Minha tia com a minha avó estavam em Paris. Elas recebiam as cartas e mandavam traduzir. Tinha um grupo de amigos, companheiros, que traduziam para o francês e mandavam para o meu pai. Ele fazia a mesma coisa em caminho inverso. Os originais, minha tia Lygia guardou.

SOUTO E A COLABORAÇÃO DE BRASIL E ARGENTINA

Filinto Muller e a seu lado, à direita, Israel Souto - Reprodução


Entre as missões confiadas por Filinto Muller, Israel Souto recebeu a tarefa de acompanhar como os países vizinhos faziam a repressão a comunistas. Na biografia de Muller, do brasilianista R.S.Rose, está descrita essa função e como Souto esteve em Buenos Aires e Montevideo buscando essas informações.

No seu arquivo, permanecia inédito até agora um relatório no qual é descrito um projeto do governo argentino para que o Brasil se comprometesse a expulsar comunistas argentinos que tentassem ir para o Brasil. Desse modo, os vizinhos fariam o mesmo. O relatório de 13 de janeiro de 1938 submetia a Filinto Muller o acordo.

“Tenho a honra de submeter ao exame e apreciação de vossa excelência o incluso projeto de convenção de prevenção e repressão ao terrorismo, que nos é proposto pelo governo argentino e que nos foi encaminhado pela embaixada do Brasil em Buenos Aires”, descreve o documento. “Convém esclarecer que a expressão terrorismo, empregada pelo governo argentino, corresponde, na verdade, segundo informa nosso encarregado de negócios em Buenos Aires, a de comunismo no Brasil”, completa. Na pasta, não consta resposta de Muller.

Mais tarde, em 1944, quando ele era diretor do DIP, Souto teve destaque nos jornais argentinos ao receber um convite dos Estudios San Miguel e da produtora Artistas Argentinos Asociados para participar de eventos de cinema em Buenos Aires. Em seu arquivo, estavam diversos recortes de jornal com fotos da visita em papeis com cabeçalho do DIP.

FONTE: O Globo

domingo, 12 de agosto de 2018

A personagem Leocadia Prestes nas memórias fotográficas de Fernanda Montenegro

A atriz Fernanda Montenegro, 88 anos, lançou neste ano de 2018, um livro de memórias fotográficas, que relembra a histórias dos seus 75 anos de carreira. Organizada pela própria atriz, a obra  "Fernanda Montenegro: Itinerário fotobiográfico" reúne imagens que contam a sua trajetória pessoal e profissional, que se mistura à memória da dramaturgia nacional. Entre suas memórias, na página 257, está a personagem vivida no filme "Olga", direção de Jayme Monjardim, Leocadia Felizardo Prestes (1874-1943), mãe do líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990), uma mulher forte que liderou, ao lado da filha caçula, Lygia Prestes (1913-2007), uma campanha internacional pela liberdade dos presos políticos no Brasil da Era Vargas, entre eles seu filho, pela liberdade de sua nora Olga Benario Prestes (1908-1942), que fora deportada no sétimo mês de gravidez para a Alemanha nazista, e pela liberdade de sua neta, Anita Leocadia Prestes, nascida em novembro de 1936, em uma prisão feminina da Gestapo, em Berlim.





FERNANDA MONTENEGRO:
Itinerário fotobiográfico
FERNANDA MONTENEGRO (Org.)
Edições Sesc São Paulo, 2018



terça-feira, 20 de março de 2018

Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos (BCo) recebe acervo de Luiz Carlos Prestes

Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos (BCo) recebe acervo de Luiz Carlos Prestes (03/01/1898–07/03/1990) um ilustre personagem da história brasileira, que foi militar e político comunista, uma das personalidades políticas mais influentes no país durante o século XX.

O acervo é composto de diversos tipos documentais e bibliográficos.

Esta Coleção não contém apenas a biblioteca de livros adquiridos por Luiz Carlos Prestes (LCP), mas também rica documentação de arquivo relativa à vida de LCP e objetos pertencentes a este. 

Roniberto M. Amaral (Diretor do SIBi/UFSCar); Marisa C. Lozano ( Diretora da BCo); Izabel Franco ( Coleções Especiais da BCo); Profa. Dra. Anita Prestes; Luiz Ragon (Instituto Luiz Carlos Prestes); Claudia Oliveira; Lívia Reis; Siomara Prado e Sabrina Sena ( Equipe Coleções Especiais da BCo - DeCORE)


Nesta segunda-feira, dia 19 de março de 2018, a Biblioteca Comunitária da UFSCar (BCo) recebeu a visita de Luiz Ragon (Instituto Luiz Carlos Prestes) e da ilustre historiadora Profa. Dra. Anita Leocadia Prestes, doadora do acervo que agora se intitula “Coleção Luiz Carlos Prestes” e que está localizada no Piso 5 da BCo (em processo de inventário e aguardando processamento técnico). 

A historiadora Anita agradeceu em nome do Instituto Luiz Carlos Prestes pelo interesse da UFSCar no acervo que é de relevância histórica e enfatizou o mérito de sua tia Lygia Prestes que com grande esforço preservou uma pequena parte deste acervo, pois grande parte se perdeu com o exílio de Prestes, perseguições e sua prisão. O acervo doado pela historiadora compõe um conjunto representativo de materiais diversificados tais como: livros da prisão com carimbo da “Casa de Correção, RJ” - 1936-1945, muitos deles com anotações; livros pós - prisão (1948-1958) com dedicatórias, uma vasta documentação e vários objetos entre outros materiais.

Reunião: Profa. Anita, BCo e SIBi/UFSCar


A historiadora citou alguns documentos que estão presentes neste acervo como: recortes de jornais; jornais do golpe de 1964, Campanha Prestes, correspondências originais e cópias, inclusive da prisão; pastas com documentação levantada pela historiadora tanto no Brasil quanto em Moscou, entre outros.

Nesta coleção podemos encontrar várias curiosidades: miniatura (em redoma) de autoria do artista José Mauro de Oliveira – uma tipografia clandestina nos anos 30 – homenagem a L.C. Prestes; terno usado por Prestes no seu julgamento no ano de  1936 fornecido  por sua mãe Leocadia (enviado de Paris); capote (vestuário) que Anita usava com 1 ano e 2 meses ao ser separada da sua mãe Olga Benario na prisão feminina de Barnimstrasse, em Berlim; máquina de escrever do ano 1927; vitrola antiga pertencente a Prestes no exílio em Buenos Aires (1928-1930). 

Em resumo a coleção integra uma pequena mostra de vários objetos que pertenceram a Prestes. Neste acervo vale a pena citar uma raridade: um livro do período pré-prisão (1928), em que Prestes tinha grande apreço por esta obra pois se tratava de “Os Sertões” de Euclides da Cunha e o exemplar havia pertencido ao ministro das relações exteriores da Argentina. Prestes comprou o livro durante o seu exílio em Bueno Aires e a obra contém a dedicatória do grande Euclides da Cunha. A comunidade São Carlense e demais interessados em breve poderão apreciar essas preciosidades em exposições promovidas pela BCo.

A convite do diretor do Sistema Integrado de Bibliotecas da UFSCar (SIBi), Prof. Dr. Roniberto Morato do Amaral e da diretora da BCo, Marisa Cubas Lozano, a historiadora profa Dra. Anita L. Prestes pretende futuramente retornar à UFSCar para inauguração do acervo e da linha do tempo de seu pai.

 Doação de Livros da profa. Anita com dedicatórias.



Acervo LCP

Acervo LCP

domingo, 31 de julho de 2016

Memória histórica: "A vida em redor de Anita Leocádia, filha única de Luís Carlos Prestes"

Reportagem de "O Semanário", Semana de 29 a 5 de dezembro de 1957, Ano II, Número 86. página 1, 2o Caderno. (OBS.: página 9 do documento em PDF no link abaixo)

LINK PARA DOWNLOAD:

Anita entre a repórter Jurema Yary Finamour, à sua esquerda, e a esposa do escritor Jorge Amado e a irmã de Prestes, Lygia, à sua direita. Foto tomada na residência do advogado Letelba Rodrigues, em Ipanema, onde ela recebeu os jornalistas (1957).

terça-feira, 1 de março de 2016

Memória Política: Anita Leocadia Prestes

Programa produzido pela TV Câmara - Ano 2002



Anita Leocádia Prestes nasceu numa prisão da Gestapo em Berlim. Sua mãe, a comunista Olga Benário Prestes, foi deportada grávida para a Alemanha nazista pelo governo de Getúlio Vargas. Nessa época, seu pai, o líder comunista Luiz Carlos Prestes, estava preso numa solitária no Brasil.

Ficha Técnica

Direção, Edição e Texto: Ivan Santos
Entrevista: Tarcísio Holanda, Ana Maria Lopes e Ivan Santos
Edição: Joelson Maia
Narração: Adriana Mota
Produção: Silvana Meireles
Câmera: Salvatore Casella
Iluminação: Francisco Nilton
Áudio: Emmanuel Bezerra


Sobre a série Memória Política

Documentários que resgatam fatos marcantes do passado do Brasil por meio de personagens que foram protagonistas dos acontecimentos. Inicialmente centrado nas memórias políticas, o programa ganhou abrangência ao incorporar outras questões fundamentais para a compreensão do Brasil contemporâneo. A cada novo episódio fragmentos de recordações pessoais servem como ponto de partida para a compreensão de histórias narradas nos livros de história.

Duração: 56 minutos


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As cartas do cárcere: Olga Benario e Luiz Carlos Prestes na Feira do Livro de Frankfurt

Foi lançado na Feira do Livro de Frankfurt o livro com a correspondência entre Olga Benario, prisioneira nos campos de concentração nazistas, e Luiz Carlos Prestes, preso no Brasil durante a ditadura do Estado Novo. A edição alemã é baseada no livro Anos Tormentosos - Luiz Carlos Prestes. Correspondência da Prisão, composto de 3 volumes, com apresentação, seleção e notas de Anita Prestes e Lygia Prestes.

 Die Unbeugsamen. Briefwechsel aus Gefängnis und KZ von Olga Benario und Luiz Carlos Prestes

Übersetzung: Graca, Niki . Herausgegeben und Kommentar von Cohen, Robert .
Im Zentrum der sehr persönlichen Briefe der sich liebenden Widerstandskämpfer steht das in Haft geborene und dann weggenommene gemeinsame Kind. Die deutsche Jüdin und Komintern-Agentin Olga Benario wurde Ende 1936, nachdem sie in Brasilien an einem misslungenen Aufstand beteiligt gewesen war, hochschwanger an Nazideutschland ausgeliefert. In Gestapo-Haft in Berlin gebar sie kurz darauf ihre Tochter Anita, die ein Jahr bei ihr in der Zelle lebte, bevor sie in die Obhut der brasilianischen Großmutter gegeben wurde. Olga Benario gehörte später zu den ersten weiblichen Häftlingen im KZ Lichtenburg und in Ravensbrück. 1942 wurde sie in der NS-Tötungsanstalt Bernburg ermordet.Ihr Lebenspartner und der Vater ihres Kindes, der brasilianische Offizier Luiz Carlos Prestes, verbrachte die Jahre 1936 bis 1945 in Rio de Janeiro in Isolationshaft. Er war Anführer des Aufstandes gegen die Regierung Vargas und seit Mitte der 1920er Jahre als "Ritter der Hoffnung" bekannt. Der Briefwechsel der beiden Gefangenen konnte unter den größten Schwierigkeiten der Distanz, der Sprache und der Zensur selbst noch während Olga Benarios Inhaftierung im Frauenkonzentrationslager Ravensbrück aufrechterhalten werden. Im Zentrum der Briefe steht das Schicksal des kleinen Mädchens. Anita Prestes lebt heute als Historikerin in Brasilien.



Anos Tormentosos
Luiz Carlos Prestes
Correspondência
da prisão
(1936-1945)
 
Anita Leocadia Prestes
e Lygia Prestes (org.)
3 volumes

Editora Paz e Terra
São Paulo
2002


Para adquirir a edição brasileira acesse o site da Livraria Consequência:
www.livrariaconsequencia.com.br


 Prestes: as cartas do cárcere
 Resenha de Luiz Werneck Vianna

Luiz Carlos Prestes. Anos tormentosos. Correspondência da prisão (1936-1945). Anita Leocádia Prestes e Lygia Prestes (Orgs.). 3 v. São Paulo: Paz e Terra. 2002. 685p.

O inferno existe e há muitas descrições dele nos mitos, nas fabulações da literatura e na vida real, que, também aí, por vezes, se esmera em copiar a arte. Ao mergulhar nas páginas das cartas do cárcere — ativas e passivas — de Luis Carlos Prestes com seus familiares, sua mulher Olga, seu advogado, companheiros e amigos, o leitor pode se preparar para uma descida ao reino das sombras e se comover com os padecimentos de uma família brasileira — gaúchos um tanto nostálgicos de sua cultura e natureza regionais — e com o amor de um casal que parece ter saído de romances de cavalaria, bem no centro dos “anos tormentosos” de 1936 a 1945, os de auge e queda do nazifascismo. 

Contudo, e não se espante o leitor, nessas cartas não há lugar para lamentos e rendições. São textos de luta, especialmente a de um homem e a de uma mulher em defesa dos seus sentimentos e dignidade como pessoas, expostos a uma realidade sem esperança, agravada a cada dia pela institucionalização da barbárie nazista na Alemanha, em particular após o começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939, a queda de Paris e a invasão da União Soviética, em 1941, tendo, no Brasil, como pano de fundo, a imposição do Estado Novo, que nos trouxe, em 1937, uma Constituição de inspiração fascista. No caso de Olga, que era de origem judaica, situação ainda mais dramatizada pela decisão de Hitler de proceder à “solução final” da chamada questão judia. 

Luta tão mais difícil porque os dois personagens principais dessa saga se encontram em duras condições carcerárias, com sua comunicação epistolar sujeita à censura e — suprema dificuldade para os dois amantes — sem domínio do idioma do outro. Assim, entre todas as barreiras que precisam vencer, a da linguagem é mais uma, impondo aos dois a penosa tarefa, nas condições em que se acham, de estudarem um novo idioma. 

É verdade que as cartas de Olga, por ordem das autoridades carcerárias, tinham que ser escritas em alemão, mas o diálogo entre eles, porque também compreendia comentários recíprocos sobre autores e temas da literatura brasileira e alemã, exigia o esforço da aprendizagem. Linguagem contida, a demandar pleno domínio no uso das palavras e uma espartana educação dos sentimentos a fim de impedir que a dor pessoal de um se transferisse para o outro, é a que compõe um diálogo marcado pela atitude de mútua proteção, em que o otimismo não cede mesmo diante do diagnóstico mais cruel sobre as suas respectivas situações. 

A carta de Olga de 28 de setembro de 1939 é exemplar do seu estoicismo, de sua grandeza moral e da sua sofisticada sensibilidade: 

“Meu querido Karli! Após longos meses, cheios de ansiedade, entregaram-me hoje tuas três cartas de 21/3, 20/6 e 29/6. Um peso me foi tirado do coração, quando soube que estás bem de saúde. E como estou orgulhosa com a tua primeira carta em alemão, que não contém um erro ortográfico e apenas muito poucos erros gramaticais. Karli, já soubeste que há pouco tempo passei dois meses fora do Campo, em Berlim? Tive que passar essas semanas em ‘prisão individual’ [isolamento, prisão celular] e, com maior intensidade do que nunca, meus pensamentos vagavam entre ti e a nossa querida filhinha” [Anita, a filha do casal, nascida no cárcere, depois de uma grande movimentação da opinião pública internacional, já tinha sido confiada à avó paterna, Leocádia Prestes].
“A pouca esperança numa rápida libertação, que cheguei a alimentar em Berlim, voltei a sepultar depois de meu regresso ao Campo. [...] Sabes, meu querido Carlos, às vezes digo a mim mesma que devemos estar preparados para nunca mais nos voltarmos a ver, apesar de que o coração proteste contra isso. [...] Mas existe uma coisa que deves saber: não deixo que o meu ânimo caia, e o sentimento de minha total unidade contigo me dá as forças necessárias para isso.” 

Fora das cartas, também há luta, e o leitor, enquanto as lê, precisa reconstruir o mundo dos nossos heróis, mal percebido nas entrelinhas do que escrevem — Olga, prisioneira em um campo de concentração nazista, sujeita a trabalhos forçados, Prestes, inimigo público número 1 do Estado Novo. 

É Olga quem, na mesma carta de 28/9/1939, depois de expor o diagnóstico pessimista sobre a sua situação, fala do compromisso com suas companheiras de campo de concentração: “Hoje não me sobra mais tempo para referir-me às suas cartas. Mas podes estar certo de que ando com uma fisionomia tão feliz que, ao que parece, as minhas companheiras extraem daí novas forças e esperanças”. Daí que a leitura dessa extraordinária documentação exija a participação do leitor, que deverá tecer, com suas informações, o cenário de horrores da época, enquanto acompanha, nas cartas, o cotidiano amargo dos personagens, cada um deles aferrado aos seus valores mais profundos e aos sentimentos que nutrem entre si. 

O esforço de Olga para instalar humanidade em meio ao horror é uma página épica da capacidade de resistência do ser humano diante da adversidade, como na carta de 24/9/1937, em que procura compartilhar com seu companheiro os cuidados com a criação da filha: “Meu querido Carli! [com C no original, em outras cartas Olga usa o K] Há alguns dias recebi tua carta de 18 de agosto e estou muito triste porque tua carta de 31 de julho não me chegou às mãos. Quem sabe se ainda as receberei. Um pedaço de papel pode trazer tanta felicidade! Tuas queridas palavras me aquecem o coração. [...] Felizmente a Anita ainda pode permanecer comigo. Ainda recentemente, o médico da prisão desaconselhou a separação, tendo em vista que ainda estou em condições de amamentá-la. Jamais pensei possuir tal faculdade de ‘vaca leiteira’. Podemos nos felicitar com isso, pois até agora a pequenina não teve um resfriado. Alegra-me saber que segues a curva do peso da pequenina. [...] Podes, portanto, estar tranqüilo a este respeito”. Mais à frente, Olga descreve a Prestes, como se estivesse em uma nursery de bairro londrino, como transcorre no cárcere, hora por hora, “um dia na prisão” nazista para ela e sua filha e os sonhos noturnos, que, afinal, a embalam, sobre o que deveria ser uma vida a três, que, como se sabe, não haverá. 

Em sua última carta a Prestes, em 05/11/ 1941 — e se pode imaginar o que deveriam ser as condições prisionais de uma revolucionária comunista, ademais de judia, nos cárceres do nazismo triunfante na Europa —, a preocupação de Olga se volta inteira para a sorte do seu companheiro: “A idéia da solidão em que vives há quase seis anos é [...] um constante pesadelo que me aflige”. Mas o inferno pode não ser lugar de queda, e sim de redenção: “Muitas vezes também não deixo de rir quando penso na surpresa que te causará a mulher que vais recobrar. Não terá nada de parecido com a figura de ‘boa enfermeira’. Mas uma coisa que tenho aqui especialmente aprendido é a conhecer o verdadeiro valor de tudo o que é humano, de toda a elevação e energia de que é capaz a alma humana, altura que é, antes de tudo, para nós mesmos difícil de alcançar” (carta de 21/9/41). 

As cartas de Prestes obedecem ao mesmo andamento, sendo que, no seu caso, nas e pelas cartas, tenta realizar os “sonhos noturnos” de Olga de viverem uma vida a três. Assim, em 30/7/1937, Prestes indaga a Olga sobre a necessidade de “começar a dar um pouco de leite de vaca à nossa pequenina”. Tendo organizado, com a pachorra de um militar, um quadro com as informações recolhidas das cartas de Olga, Prestes acompanha a evolução do peso de Anita e assim constata que, no mês de junho, a média mensal caiu em mais de 50%. Ele indaga: “O que está acontecendo? Sei muito bem que apenas os números não dizem grande coisa, mas, como acompanho com grande amor todas as suas informações, penso que não será inútil chamar a sua atenção para esse fato. A nossa pequena já tem mais de oito meses! Imagino a tua alegria com os novos progressos da nossa querida. A fatalidade da vida roubou-me esses grandes prazeres: vê-la começar a falar, vê-la, pela primeira vez, sentar-se e, com suas pequeninas mãos nos joelhos, rir alegremente [...]. Ah! minha querida, como eu seria feliz se pudesse brincar com a nossa pequena [...]. Já pensaste o que seria a nossa vida a três?”. 

Prestes e Olga, talvez mais ele do que ela, inclusive porque estão em contextos políticos distintos — decerto que a situação alemã era bem mais terrificante que a brasileira — se esforçam por construir, no mundo simbólico das letras, uma rotina conjugal. E esse esforço trágico de dois desvalidos da sorte em defenderem os seus sentimentos privados em um momento de conflagração mundial, mesmo quando tudo parecia irremediavelmente perdido para eles, fica como mais um exemplo de que a esperança pode desafiar o destino. Por que vivem de letras, a literatura, e especialmente a poesia, participa do repertório de temas evocados ao longo dos diálogos de Olga e Prestes. Goethe é uma grande referência para ambos — um autor bem próprio, por sinal, para os nossos heróis, que procuravam alimentar o seu espírito de resistência com os valores da Ilustração celebrados pelo poeta, entre os quais a crença em um caminho de aperfeiçoamento contínuo para o homem. 

Diderot, Molière, Dickens, Fielding, entre outros, fazem parte do elenco preferido de Prestes e, entre os nacionais, denotando um gosto pré-modernista, o culto a Gonçalves Dias, Castro Alves e aos poetas da Inconfidência, relação a que não faltam Coelho Neto e Olavo Bilac... 

Registre-se, de passagem, que, apesar de as cartas de Prestes não revelarem apreço especial do autor pelos modernistas, ele soube valorizar, contra o senso comum de sua época, a contribuição de Mário de Andrade à cultura nacional, dizendo, por ocasião de sua morte, que “seu nome na literatura nacional equivale ao de Siqueira Campos em nossas lutas políticas”, o que não é pouco para quem tinha o antigo tenente da Coluna como um dos seus heróis favoritos (carta a Lygia Prestes, de 01/3/1945). Uma outra observação sobre as leituras de Prestes não pode faltar, pelo seu caráter intrigante, pois, relendo O Misantropo, de Molière, reteve como frase de grande sabedoria a que ia em rota oposta ao seu comportamento de militante revolucionário: “Nenhuma loucura maior do que se pretender corrigir o mundo” (carta a Lygia Prestes, de 14/9/1944). 

A circulação de sentimentos e de idéias entre os nossos heróis reclamou a existência de um pequeno núcleo de familiares e amigos que, em vários cantos do mundo, procuravam proteger o casal e salvar Anita Leocádia das masmorras do nazismo. Entre eles, Leocádia, a mãe de Prestes, que não faz parte desse epistolário, Sobral Pinto, o seu dedicado advogado, e, sobretudo, Lygia, irmã de Prestes, que, baseada no México, não somente viria a criar Anita como se mostrou a grande referência afetiva e política do irmão, organizando o trabalho de solidariedade a ele. As cartas de Lygia consistem em um testemunho, sem paralelo em nossa literatura, de dedicação fraternal. 

A coleção de cartas, em sua cronologia, conforma uma história contada a partir da expressividade dos sentimentos dos envolvidos, porque da história mesma não podiam falar, sofrendo apenas os seus efeitos. Mas lê-las é refazer, desse ângulo tão particular e verdadeiro, a história efetiva daqueles “anos tormentosos” — uma espécie de etnografia, a partir dos casos de Prestes e de Olga, de como o nazifascismo se contrapunha ao inventário dos valores humanos. A história ruma para um desenlace, à medida que os acontecimentos se aproximam do ano de 1945. De um certo ponto de vista, um desfecho feliz — os aliados venceram o eixo totalitário do nazifascismo. 

Para nós brasileiros também, porque, com a ida da Força Expedicionária Brasileira aos campos de guerra europeus para se juntar às tropas aliadas, criaram-se as condições para a redemocratização do país. Mas essas cartas focam, sobretudo, o desempenho das pessoas, e não dos fatos — são elas e suas vidas exemplares que nos importam aqui. 

O trabalho de Anita Leocádia Prestes e Lygia Prestes, com o apoio do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, já nasce como obra de referência para os que desejarem entender os soturnos anos em que o nazifascismo ameaçava dominar o mundo. O traço mais forte que fica da leitura dessa correspondência, que tanto se aproxima, pela altitude ético-moral do que é dito e vivido, às Cartas do cárcere, de Antonio Gramsci, reside na profundidade dos sentimentos e dos valores humanos dos seus personagens, inventário a que os brasileiros, desde agora, podem recorrer para que, na construção de sua identidade coletiva, o especificamente humano se imponha contra quaisquer forças que tenham a pretensão de negá-lo. 

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Luiz Werneck Vianna é professor de sociologia no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

Fonte: Folha de S. Paulo, 8 mar. 2003.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE LYGIA PRESTES – UMA COMUNISTA DISCRETA



Por Anita Leocadia Prestes*

Lygia Prestes completaria 100 anos de idade no dia 4 de agosto de 2013. Irmã mais moça de Luiz Carlos Prestes, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Junto com seus quatro irmãos, vivenciou na infância e adolescência as dificuldades de uma família de poucos recursos.

Sua mãe, Leocadia Felizardo Prestes, com a morte prematura do marido, que a deixou numa situação financeira muito precária, teve que desenvolver múltiplas atividades para garantir a sobrevivência da família. Deu aulas de idiomas e de música, trabalhou de modista, foi balconista e costurou para o Arsenal de Marinha. Finalmente, em 1915, conseguiu ser nomeada professora da Escola Pública, cargo que exerceu até 1930. Trabalhava à noite, em cursos frequentados por comerciárias, operárias e domésticas. Leocadia pôde assim ter contato com as camadas mais pobres da sociedade e isso aguçou sua revolta contra as injustiças sociais.

Na educação dos filhos, sua grande preocupação foi sempre a de incutir-lhes o amor ao trabalho e o sentimento do dever cívico. Procurou mostrar-lhes os aspectos negativos da vida, ensinando-os a enfrentar com altivez a violência e as arbitrariedades dos poderosos e a jamais se curvar ante as injustiças.

A árdua luta pela sobrevivência não fez diminuir seu interesse pelo que ocorria na sociedade e no mundo. Mesmo nos momentos mais difíceis, em sua casa podia faltar pão, mas nunca faltou pelo menos um jornal diário, para acompanhar os acontecimentos políticos, que discutia e comentava com os filhos.

Em 1922, quando seu filho Luiz Carlos Prestes, já oficial do Exército, começava a participar da preparação do primeiro levante tenentista, ela lhe daria todo o apoio, incentivando-o a continuar a luta, após a derrota do movimento.

Foi nesse ambiente doméstico que Lygia cresceu e cunhou seu caráter. Em 1930, junto com as suas três irmãs, acompanhou a mãe na mudança da família para Buenos Aires (Argentina), a convite do irmão Luiz Carlos. No exílio forçado após o término do périplo realizado pela Coluna Invicta, Prestes conseguira trabalho de engenheiro naquele país. Poucos dias após a reunião da família, ele se viu forçado a transferir-se para Montevidéu (Uruguai), expulso pelos generais que promoveram um golpe de estado na Argentina.

Em plena crise do capitalismo, Leocadia e as filhas ficaram desamparadas, pois Prestes também perdera o emprego. As quatro irmãs trataram de trabalhar, recorrendo às raras oportunidades existentes. Lygia, com apenas 17 anos, aprendeu rapidamente datilografia e se tornou datilógrafa num escritório comercial, submetida à extenuante jornada e baixa remuneração.

Em outubro de 1931, convidado para trabalhar como engenheiro na URSS, Prestes se desloca para Moscou, acompanhado pela mãe e as irmãs. Lygia ficaria empolgada com a oportunidade de estudar, aspiração que sempre alimentara. Matricula-se num curso técnico, aprende o idioma russo, prepara-se para ingressar na universidade e, no início de 1936, é aprovada no exame vestibular para a Faculdade de Química da Universidade de Moscou.

Durante esses anos de exílio, a estreita convivência com o irmão, foi decisiva para Lygia tornar-se uma comunista convicta. Anos mais tarde, ela recordaria as longas conversas com o irmão, cuja influência contribuíra enormemente para a formação da sua personalidade. Da mesma forma, o contato com o povo soviético e sua luta heróica pela construção do socialismo tornaram Lygia uma entusiasta do socialismo e das idéias comunistas, que sempre tratou de assimilar através do estudo e do convívio com numerosos comunistas que teve oportunidade de conhecer.

Após a derrota dos levantes antifascistas de novembro de 1935, Luiz Carlos Prestes foi preso no Rio de Janeiro, em março de 1936, junto com sua companheira Olga Benario. No dia seguinte à prisão do “Cavaleiro da Esperança”, Dimitri Manuilski, dirigente da Internacional Comunista (IC) à época e grande admirador de Prestes, foi à casa de Leocadia para avisá-la da prisão do filho e propor-lhe que encabeçasse de imediato uma campanha internacional pela libertação do filho e dos demais presos políticos no Brasil. Lygia, com apenas 22 anos, foi escolhida para acompanhar a mãe. Para isso, teve que abandonar seu sonho de cursar a universidade, na qual havia recém ingressado. Sua dedicação ao irmão, assim como à causa revolucionária, falou mais alto e ela não vacilou em aceitar essa árdua tarefa.

A organização da Campanha, assim como a destinação de parte considerável dos recursos financeiros para a sua realização, estava a cargo do Socorro Vermelho Internacional (MOPR)[1], entidade de âmbito internacional, fundada pela IC e a ela ligada desde os anos 1920, com o objetivo de prestar socorro às vítimas da reação e do fascismo. Poucos dias após a visita de Dimitri Manuilski, Leocadia, acompanhada por Lygia, viajou para Paris (França), onde ficaria localizado o centro coordenador da Campanha Prestes. Desde o início, mãe e filha, se depararam com graves obstáculos à condução de sua nova atividade. Obstáculos de todo tipo: falhas na documentação pessoal e na obtenção de vistos necessários para as viagens programadas, falhas na escolha de locais para hospedagem e, em particular, na liberação e destinação de recursos financeiros, e sérios problemas na própria organização da Campanha. As grandes dificuldades enfrentadas por Leocadia e Lygia – registradas em considerável número de cartas dirigidas ao representante do PCB em Moscou, assim como às irmãs de Lygia residentes nessa cidade,[2] - são reveladoras da inegável presença de elementos sabotadores entre os funcionários do MOPR e da IC. Cabe ressaltar que os obstáculos e as dificuldades foram constantes durante os longos anos em que se desenvolveu a Campanha Prestes (1936-1945) e também encontraram registro em relatório elaborado por Otávio Brandão – antigo dirigente do PCB exilado em Moscou que, durante o ano de 1937, colaborou em Paris com a Campanha Prestes.[3]

Tais dificuldades, entretanto, não puderam impedir o surgimento, o crescimento e a propagação do movimento de caráter mundial em prol da libertação de Luiz Carlos Prestes e dos presos políticos no Brasil, assim como de Olga Benario Prestes, deportada pelo governo brasileiro para a Alemanha nazista em setembro de 1936, e da sua filha com Prestes, Anita Leocadia, nascida logo depois numa prisão em Berlim.[4] A pressão da opinião pública mundial foi decisiva para salvar a vida de Prestes, sob a ameaça constante de ser liquidado fisicamente nas masmorras policiais.  Foi decisiva também para que sua incomunicabilidade fosse quebrada e ele passasse a se corresponder com a família, a receber livros e jornais, e a avistar-se com seus advogados, embora tais “concessões” estivessem sempre sujeitas a interrupções por parte das autoridades policiais. A pressão da opinião pública mundial foi decisiva para salvar a vida da filha de Prestes e Olga, forçando as autoridades da Alemanha nazista a entregar a criança à avó paterna, ainda que não se tivesse conseguido libertar Olga, assassinada no campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942.


Lygia acompanhou a mãe durante toda a Campanha Prestes pela libertação de Prestes e dos demais presos políticos no Brasil, primeiro na Europa (1936-1938) e depois no México, onde esteve exilada ao lado da mãe e da pequena sobrinha Anita Leocadia.  Junto com a mãe, Lygia foi três vezes à Alemanha nazista na tentativa de salvar Olga Benario Pestes e sua filha. Em janeiro de 1938, Anita Leocadia foi resgatada pela avó e a tia Lygia da prisão de mulheres em Berlim, onde havia nascido. A participação de Lygia foi muito importante para o sucesso dessa ação, fruto, em grande medida, da repercussão alcançada pela Campanha Prestes.

A partir da Europa e depois do México, Leocadia e Lygia deram apoio material e moral a Prestes e a Olga, não poupando esforços para quebrar sua incomunicabilidade enquanto prisioneiros e melhorar sua situação. Em 1943, com o falecimento de Leocadia, Lygia assumiu a criação e educação de Anita e deu continuidade à Campanha Prestes, viajando inclusive a Cuba com esse objetivo. Manteve permanente correspondência com o irmão preso, procurando minorar seus sofrimentos e enviando-lhe livros e revistas na medida em que isso lhe era permitido pelas autoridades carcerárias.

Em 1945, com a libertação dos presos políticos no Brasil, Lygia regressou ao país junto com Anita, ao encontro do irmão, que conquistara a liberdade após nove anos de prisão. A partir de então continuou a dar todo tipo de apoio ao irmão, ocupando-se da criação de sua filha Anita Leocadia. Durante longos anos secretariou as atividades de Prestes e contribuiu para a organização de seus livros e papéis, garantindo, ao mesmo tempo, que nada lhe faltasse na rigorosa clandestinidade em que se viu forçado a viver. Após o regresso ao Brasil, Lygia ingressou no PCB, passando a militar em várias organizações de base do partido. Sempre desempenhou tarefas reservadas, que lhe eram atribuídas pela direção do PCB e pessoalmente pelo irmão em suas atividades clandestinas. Trabalhando na retaguarda do partido e dando respaldo à vida ilegal de Prestes, Lygia revelou-se uma militante discreta, disciplinada e sempre disposta a renunciar à vida pessoal e a não medir sacrifícios pelo irmão e pelos ideais comunistas que abraçara desde jovem. Lygia nunca reivindicou cargos no PCB nem revelou qualquer pretensão de projetar-se ou de receber homenagens pelo seu passado de lutas. Lygia foi uma comunista extremamente modesta e discreta.

A partir do golpe civil-militar de abril de 1964, Lygia sofreu vários tipos de perseguição: teve a casa invadida pela Polícia Política e pelo Serviço Secreto do Exército, foi interrogada e ameaçada pelos militares do CENIMAR (Centro de Informação da Marinha) e, durante longos períodos, cotidianamente seguida por agentes da repressão.

Durante os anos do exílio de Prestes em Moscou (1971 a 1979), Lygia, com a ajuda da sua irmã Eloiza, organizou o envio permanente de jornais e revistas do Brasil, assim como de livros aqui publicados, permitindo que o irmão pudesse acompanhar os acontecimentos políticos no país.

Lygia Prestes sempre demonstrou preocupação com a preservação da memória de Prestes e dos comunistas. Foi autora, junto com Anita L. Prestes, do livro Anos Tormentosos. Luiz Carlos Prestes:correspondência da prisão (1936-1945)[5], que reproduz a correspondência de Prestes durante os anos de sua prisão.

Em 28 de setembro de 2007, aos 94 anos de idade, Lygia Prestes faleceu na cidade do Rio de Janeiro. Sua vida foi um exemplo de determinação e coragem, de dedicação sem limites à família e aos ideais revolucionários, aos quais aderiu com imenso entusiasmo sob a influência direta de seu irmão Luiz Carlos Prestes.

*Anita Leocadia Prestes é professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes (www.ilcp.org.br).


[1] MOPR – sigla em russo do Socorro Vermelho Internacional.
[2] Cf. “Cartas de Lygia Prestes e Leocadia Prestes”, in Arquivo Estatal Russo de História Social e Política (RGASPH), Fundo 495, op. 029, d. 104, p. 149-152; Fundo 495, op. 197, d. 1, p. 9-14, p.34; Fundo 495, op. 194, d. 1, p. 17-18; Fundo 495, op. 17, d. 159, p. 19-20, p. 29, p. 30, p. 39; Fundo 495, op. 17, d. 158, p. 12-13; Fundo 495, op. 29, d. 119.
[3] “Documento ass. Otávio Brandão”, in RGASPH, Fundo 495, op. 194, d. 1, p.1, p. 7-8.
[4] Sobre a deportação de Olga e o nascimento de sua filha, cf. MORAIS, Fernando de. Olga. S.P., Alfa-Omega, 1985.
[5] PRESTES, Anita Leocadia e PRESTES, Lygia (org., seleção e notas). Anos tormentosos. Luiz Carlos Prestes:correspondência da prisão (1936-1945). Volumes I, II e III. Rio de Janeiro, Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ); Ed. Paz e Terra, 2002.