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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Paulo C. Caju diz que Pelé também tem culpa por racismo no futebol


Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro
10/04/201406h00



"Isso é coisa muito séria, não vou falar por telefone. Esse assunto precisa ser debatido, conversado". Foi assim que o ex-jogador Paulo Cezar Caju respondeu ao primeiro contato da reportagem do UOL Esporte ao ser questionado sobre a polêmica do racismo no futebol nos últimos meses. E, de fato, o tricampeão do mundo pela seleção brasileira falou bastante sobre o tema que ganhou ainda mais repercussão no Brasil após os casos do árbitro Márcio Chagas, no Rio Grande do Sul, do meia Tinga, no Peru, e do volante Arouca, em Mogi Mirim.
Relaxado nas areias da praia do Leblon, no Rio de Janeiro, Caju analisou com calma o assunto e não poupou ataques àqueles que ele considera os grandes culpados pelo preconceito ainda marcar presença nos campos e estádios. E as críticas mais duras foram para um ex-companheiro bastante conhecido: Pelé.
Segundo o ex-jogador com passagens marcantes por Botafogo, Fluminense, Flamengo, Grêmio e Olympique de Marselha, Pelé não se comporta da melhor maneira em relação ao racismo, se omitindo de uma luta que poderia ser vencida com a participação do maior atleta do século.
"As grandes entidades precisam se posicionar e não fazem. E o que dizer do maior jogador do mundo? Ele é lamentável neste caso, não se posiciona. É um absurdo. O cara é o atleta do século, a figura mais popular do mundo e não usa isso para brigar por causas justas. E sempre que abre a boca para se pronunciar não fala nada correto", atacou Caju.
"A declaração do Pelé nos últimos dias foi patética, dizendo que mortes em obras de estádios são normais. Pelo amor de Deus, como é ridículo. E fica dizendo que devemos nos preocupar com a Copa. Ele só pode estar brincando. Copa é o car... Cheio de problemas no país, o povo protestando contra corrupção, desordem, brigando por condições melhores e ele só preocupado com Copa. Isso já diz muito sobre a postura dele", analisou.
Paulo Cezar relembrou até grandes líderes mundiais negros para criticar Pelé, aquele que, segundo Caju, "não fez nada de bom fora de campo".
"Se o Pelé tivesse um pouco de noção ou sensibilidade, faria uma revolução neste caso [racismo]. Ele tem mais repercussão que líderes políticos e religiosos. Mas não, prefere ficar falando besteira. E, na boa, nem quero mais falar dele. Não vale. Temos que falar de Muhammad Ali, Martin Luther King, Nelson Mandela... Estes, sim, foram grandes líderes que aproveitaram o espaço que tinham para brigar pelos negros. Abdicaram de suas vidas e compraram brigas sérias, coisa que o Pelé deveria fazer e nunca fez. É brincadeira".
Com vasta experiência no futebol brasileiro e internacional, inúmeros jogos pela seleção ao redor do mundo e passagens marcante pela Europa (futebol francês), Caju diz que a questão do racismo assusta nos dias atuais, visto que em sua época de atleta era uma coisa mais contida.
"Isso choca muito, principalmente porque eu não estava acostumado com isso quando joguei. Nunca ouvi um tom de discriminação, nem na seleção, nem na França. Passei por um caso isolado em 1968, mas não lembro dessas agressões que acompanhamos hoje.  Fiz uma excursão com o Botafogo para Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, que era a cidade de um dirigente do clube. Fomos lá no Country Clube da cidade, jogamos, vencemos e depois teria um jantar. Quando chegamos lá à noite, paramos em uma outra porta do clube e tinha a placa 'proibido a entrada de negros'. Voltamos para o hotel na mesma hora, pegamos o ônibus até a Porto Alegre e depois embarcamos para o Rio. Nunca mais voltei lá", recordou.
Por fim, Paulo Cezar Caju disse que as entidades precisam aplicar punições mais severas do que simples multas aos autores para que que o preconceito não se faça presente.
"Esse racismo está se tornando uma coisa banal. As punições da Fifa não existem, são uma m... Tudo isso contribui. As pessoas responsáveis seguem sem punir como deveria. Numa boa, tem que tirar do campeonato imediatamente, prender o cara. Se não der o exemplo, não acaba. A Federação Gaúcha não fez m... nenhuma no caso do árbitro. Não dá. No dia seguinte, vão fazer de novo. No caso do Cruzeiro, uma punição ridícula da Conmebol [multa de 12 mil dólares]. Em São Paulo, idem. Assim não dá. Tem que existir uma punição severa. O que mais me preocupa é isso. Daqui a pouco, se não controlarem, a briga tomar uma proporção incontrolável. E imagina se os negros resolvem começar a reagir. Não dá. Tem que haver um grito de basta nisso, não dá para aceitar essa guerra de raças"
A reportagem entrou em contato com a assessoria de Pelé para que o ex-jogador comentasse as declarações de Paulo Cezar Caju, mas não obteve uma resposta até o fechamento da reportagem.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

E vem aí propaganda do Planalto na linha “quem não apoia a Copa não é brasileiro”


Da Página  Latuff Brasil no Facebook


Já se avizinha uma campanha de propaganda do Planalto em defesa da Copa do Mundo no Brasil. E que melhor maneira de se fazer isso do que apelar para o nacionalismo? Despertar a “pátria de chuteiras” com bandeiras do Brasil, façanhas gloriosas da seleção brasileira (no passado), tudo isso pra lembrar ao brasileiro de que ele é brasileiro (aliás, essa é uma das poucas situações em que ele se recorda disso) e criar a idéia de que quem não apoia a Copa é contra o Brasil. A propaganda obviamente não vai citar as desapropriações, o estado de exceção que será imposto pela FIFA, a violência policial contra manifestações e o fato de que nenhum país que sediou a Copa do Mundo foi realmente favorecido por isso. O Rio de Janeiro mesmo, que em 2007 foi palco dos Jogos Panamericanos, não viu qualquer melhoria em sua infraestrutura por conta disso. A vida do povo não vai melhorar por conta da Copa, mas a vida das empreiteiras, das emissoras de TV e dos anunciantes, essa sim vai melhorar muito, com mais alguns milhões de dólares em suas contas bancárias. Levando-se em conta de que uma fração de direita (a que não está no governo) vai tentar se apropriar dos protestos por questões partidárias, como tentaram em junho de 2013, a verdade é que o movimento social que vai voltar as ruas leva bandeiras que há muito foram esquecidas pelo partido que hoje ocupa o Planalto e que um dia se reivindicou como de esquerda.

terça-feira, 11 de junho de 2013

A galinha dos ovos de ouro

Há até um FMI da bola, que é a dona Fifa, senhora absoluta do negócio


Por Luiz Ricardo Leitão


Indignado com os absurdos que reinavam no futebol brasileiro já em sua época, o jornalista, técnico e comentarista de futebol João Saldanha não hesitava em afirmar, há mais de três décadas, que os cartolas de bruzundanga estavam matando a nossa “galinha dos ovos de ouro”. Pois se ainda estivesse vivo, o que diria o saudoso “João Sem Medo” sobre a farra da Copa e esta nova etapa do monumental e espetacular negócio da bola em plagas tupiniquins?

O quadro é ainda mais grave porque, ao menos nos áureos tempos das “feras do Saldanha”, os absurdos da ditadura ainda não haviam exaurido a genialidade de nossos craques e grandes equipes exibiam sua arte pelo mundo afora, como o Santos de Pelé e Clodoaldo, o Botafogo de Gérson, Jairzinho e Paulo César, ou o Cruzeiro de Piazza e Tostão. Fora das quatro linhas, porém, a arrogância dos cartolas e generais já fazia suas vítimas – e o próprio João pagou o preço pela sua coerência, ao não aceitar a indicação de Dario para o escrete, cunhando aquela frase lapidar sobre o ditador de plantão: “Ele escolhe o ministério, e eu escalo a seleção...”

Hoje, com a globalização da empresa da bola e a avassaladora invasão do capital especulativo na área esportiva, vivemos um quadro singular, com um futebol opaco em campo, público reduzido nas arquibancadas e... lucros colossais para meia dúzia de “investidores”. A recente abertura do Brasileirão, no novo e superfaturado estádio Mané Garrincha (ou “Arena Nacional”, na pomposa língua da Fifa), é um exemplo de tal desfaçatez. Com ingressos acima de R$ 160,00 (!), a insossa partida entre Santos e Flamengo arrecadou 6,9 milhões de reais, mas o mandante só recebeu R$ 800 mil e o visitante, que lotou o estádio com sua torcida, nada levou para casa. Quem faturou, claro, foi o consórcio que “administra” a arena depois que o governo do DF lhe entregou de mão beijada o reluzente elefante branco.

Enquanto isso, em Londres, no mesmo fim de semana, Bayern e Borussia, os dois gigantes alemães, decidiam a Liga dos Campeões da Europa, em um jogo eletrizante e de alto nível técnico. Essa final "germânica" em Wembley não ocorreu por acaso: a Alemanha possui hoje o campeonato mais popular do planeta, com estádios lotados e média de público superior a 40 mil pagantes.

É claro que rola muito dinheiro fora dos gramados: em 2011/2012, o Bayern faturou 201,6 milhões de euros só com patrocínio, publicidade e a venda de seus produtos – somando-se os ingressos e direitos de TV, a receita total atingiu € 368,4 milhões (R$ 976 milhões), cifra inconcebível para qualquer time da terrinha. Eles sabem que o capital dá as cartas: “Futebol é show business, não esporte; o Bayern não é só um clube, mas uma empresa”, disse o ex-jogador Paul Breitner em recente visita ao Brasil.

Convém, porém, não esquecer que “dinheiro na mão é vendaval”, como já cantava Paulinho da Viola em um samba lapidar. Três semanas depois da declaração de Breitner, revelava-se na Bavária que Uli Hoeness, presidente do Bayern e dono de uma indústria de salsichas, é investigado por crime de sonegação fiscal, sob suspeita de remeter para o exterior cerca de 20 milhões de euros.

Pois é, caro leitor, na matriz e nas filiais o esquema é sempre o mesmo. Há até um FMI da bola, que é a dona Fifa, senhora absoluta do negócio. É ela quem, ao lado das empresas de plantão, mais ganhará em 2014, como fez em 2010 na África do Sul. Lá na terra de Mandela, o legado da Copa é um cenário surreal: o que fazer com os estádios colossais, agora vazios? Já se pensa até em demolir uma das ‘arenas’, enquanto outra se tornou palco de casamentos (!). E no Rio, qual será a herança da Copa? Maior mobilidade urbana, com novos estacionamentos ao redor do Maracanã? Mais recursos para os clubes, com o estádio nas mãos de Eike Batista? Ou, enfim, a democracia no futebol, com o ‘Zé das Medalhas’ Marin à frente da CBF? Cartas para a redação...

Luiz Ricardo Leitão é escritor e professor associado da UERJ. Doutor em Estudos Literários pela Universidad de La Habana, é autor de Lima Barreto: o rebelde imprescindível e Noel Rosa: Poeta da Vila, Cronista do Brasil.

domingo, 26 de maio de 2013

Por que estádio João Saldanha? “Sai Havelange, entra João Saldanha”


Raul Milliet Filho


O “Megafone do Esporte” vem a público manifestar seu apoio ao projeto de lei apresentado pelos vereadores do Rio de Janeiro Paulo Pinheiro, Renato Cinco e Eliomar Coelho, do PSOL, propondo que o Engenhão passe a ser Estádio Olímpico João Saldanha, e convida todos para a audiência pública e debate no plenário da Câmara dos Vereadores – RJ, no dia 27 de maio, às 18 horas. 


A campanha “Sai Havelange, entra João Saldanha” foi lançada pelo Núcleo de Estudos e Projetos Esporte e Cidadania (embrião do “Megafone do Esporte”), em 13 de julho de 2012, com apoio do blog do Juca Kfouri. E os seus frutos estão sendo colhidos agora. 


João Saldanha, em toda a sua vida, não foi apenas o jornalista esportivo com atuação em rádio, jornal e televisão. Como diretor de futebol e técnico campeão do Botafogo em 1957, foi o maior responsável pela montagem do time que vive até hoje na memória de cariocas e brasileiros, do qual faziam parte Nilton Santos, Didi, Mané Garrincha e Quarentinha. Uma equipe que foi a base do bicampeonato mundial conquistado pelo Brasil em 1958 e 1962. Fato que poucos sabem é que, nessas duas jornadas, o preparador físico da seleção brasileira foi também do Botafogo: Paulo Amaral.


Em 1969, João resgatou a autoestima do futebol brasileiro como técnico e comandante da seleção que viria a ser tricampeã no México. Escalou e definiu as “feras do Saldanha”: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Gerson, Jairzinho, Tostão e Pelé. Até ser demitido por não aceitar interferências diretas da ditadura militar, através do então presidente Médici, e por ter denunciado torturas e assassinatos no Brasil a jornais e revistas de todo o mundo. 

No link a seguir, uma entrevista de Saldanha em Porto Alegre, 20 dias antes de sua demissão da seleção: 


Ao lado de outros grandes jornalistas esportivos, inovou com seu estilo coloquial a cultura e a linguagem da imprensa especializada.


João Saldanha tinha no humor seu principal ponto de apoio. Um humor onde a alegria e o sorriso maroto de João, extensão de sua própria vida, não eram inventados, mas vividos, gostados e praticados. O humor de João pode ser situado na linha do historiador e linguista russo Bakhtin. Um humor que se transmuta em riso como forma de bater no fígado do discurso oficial, impedindo que o sério se imponha com a prepotência de gala dos dominadores.


Uma pequena amostra desse espírito irreverente, durante o jogo Brasil x Venezuela, nas eliminatórias da Copa de 1970, pode ser visto no link: 


Em contrapartida, tinha um temperamento explosivo, um pavio curto, o que lhe trouxe muitos problemas, como no episódio da invasão da concentração do Flamengo, para tomar satisfações do técnico Yustrich, que o ofendera em algumas entrevistas. Situações como essas o prejudicaram ao longo da vida, servindo de pretexto para seus adversários.


Ainda jovem, atuou em São Paulo e Paraná defendendo e organizando operários em greve e camponeses ameaçados de expulsão de suas terras.


Quando do planejamento do Aterro do Flamengo, foi o responsável, junto com Raphael de Almeida Magalhães, pela inclusão dos campos de pelada, esquecidos no projeto original. Mesmo sendo adversário político do lacerdismo, representado naquela conjuntura por Raphael, não hesitou em estabelecer essa parceria pontual, que redundou na construção de uma das maiores áreas para a prática esportiva na cidade.


Em 1985, convocado por Marco Maciel, primeiro ministro da Educação da Nova República, a apresentar um projeto de política de esporte para o país, formou uma comissão composta por Juca Kfouri, Fernando Menezes, José Antônio Gerheim, com a assessoria do Núcleo de Estudos e Projetos Esporte e Cidadania.
 

Logo na primeira reunião, Saldanha, Juca e José Antônio decidem assumir como seu o documento “Uma Política de Estado para o Esporte no Brasil”, formulado pelo Núcleo Esporte e Cidadania, fruto de um longo trabalho de pesquisa e de projetos implantados na periferia do Rio de Janeiro nos anos 70.


As linhas gerais do documento são mais atuais do que nunca: “em um país como o Brasil, o esporte deve ser mais um instrumento na resolução da questão social, articulando-se com a educação, saúde e política alimentar”.


E vai adiante o documento: “uma política de esportes no país deve priorizar investimentos de pequeno e médio porte, mais condizentes com o perfil de uma sociedade cuja maior tarefa é diminuir as distâncias que separam a miséria e a pobreza do fausto arrogante de projetos suntuosos, de um Brasil que antes de pretender transformar-se em potência olímpica, deve almejar garantir o acesso de sua população a padrões mínimos de vida, sem os quais torna-se impossível construir uma política de esportes democrática.”


Não é preciso dizer que Marco Maciel engavetou o projeto. Foi preciso que o Núcleo Esporte e Cidadania articulasse com o Ministério da Previdência para por em prática essas diretrizes, o que só foi possível com a pressão e o apoio aberto de João Saldanha, como pode ser constatado nas crônicas abaixo, de 1985 e 1986.


Daí surgiu o Programa Recriança, que atendeu a mais de 500 mil crianças e adolescentes em todo o país. Uma iniciativa que, realizada pelo Ministério da Previdência em parceria com prefeituras, deixou frutos em dezenas de municípios brasileiros. 


João Saldanha e seus parceiros acreditavam que, em uma política de esporte e cidadania, o esporte social – o esporte cidadão, voltado ao atendimento das camadas mais pobres da população, praticado em escolas, clubes e bairros populares – e o esporte de alto rendimento – o que busca desempenho e conquista de medalhas e campeonatos – não são excludentes, ao contrário, se complementam.


Entendiam que o poder público em um país como o Brasil tinha obrigação de investir a maior parte de seus recursos no Esporte Social. 


Após a experiência do Programa Recriança, ficou patente que investimentos no esporte social têm uma capacidade de geração de emprego cinco vezes maior (custo per capita) do que no alto rendimento. Nesse caso, os recursos devem ser investidos quase que exclusivamente em custeio: pessoal (professores, estagiários, pedagogos etc.), material esportivo e alimentação. 


Todos os levantamentos realizados apontam para uma subutilização das áreas esportivas existentes, que, em sua maioria, demandam, quando muito, pequenas reformas, solucionáveis com investimentos locais insignificantes. 


Pois bem, só com o dinheiro gasto no Maracanã, no estádio Mané Garrincha e em Manaus, seria possível atender 1,5 milhões de crianças e jovens, três vezes por semana, em articulação com as escolas, em um programa esportivo, cultural, profissionalizante, oferecendo uma segunda merenda escolar. 


E o governador Sérgio Cabral Filho sabe disso muito bem, pois conheceu de perto os resultados positivos do Programa Recriança. 


Dar ao Engenhão o nome de João Saldanha não significa apenas firmar uma postura ética em relação a um importante estádio público, mas deixar claro uma oposição frontal a esta política dos megaeventos (Copa e Olimpíadas), que distancia o esporte da educação, elitiza o acesso aos estádios e dificulta a democratização da prática esportiva. 


João Saldanha combateria enfaticamente esse estado de coisas, desancando a privatização do Maracanã entregue a interesses contrários àqueles que ele sempre defendeu em vida. 


Sérgio Cabral Filho, Eduardo Paes, Eike Batista, Marin e Nuzman não escapariam de suas críticas afiadas e contundentes. 


Como é possível entregar de bandeja a interesses poderosos um estádio que custou 1,2 bilhões de reais? Como é possível espalhar pelo Brasil uma manada de elefantes brancos? 


O maior desperdício de recursos públicos reside exatamente na definição equivocada de prioridades. E tudo isso teve início quando o governo federal elegeu como ponto central de sua política de esportes a realização dos megaeventos, transformando a cidade e o esporte em mercadorias intercambiáveis, subtraindo o potencial gregário e educativo da prática desportiva. 


O Estádio Olímpico João Saldanha é uma bandeira fincada na luta pela ética e democratização do esporte e não se restringe às quatro linhas, a um clube ou a um partido político. É uma homenagem ao papel que a cultura popular representa na construção da autoestima de um povo, de uma nação, ao potencial gregário e educativo do esporte.


Após a conquista da Copa do Mundo do México, Saldanha escreveu uma crônica, “A Vitoria da Arte”, onde dizia: 


“antes de mais nada, quero dizer que a vitória extraordinária do Brasil foi a vitória do futebol... fazendo da arte de seus jogadores a sua força maior... é pela vitória da arte, que continua sendo dentre as mais variadas concepções do futebol moderno, a verdadeira razão de se encherem os estádios e a identificação mais sólida e decisiva do futebol do Brasil”. 

Pouco tempo antes escrevera outra crônica onde afirmava: 


“Minha concepção para Copa do Mundo era de que poderíamos batê-los, aos grandalhões, com arte e habilidade. Jamais na força física. Convoquei Zé Carlos do Cruzeiro, pois já tinha ali no meio Pelé, Tostão, Dirceu Lopes e Rivelino...
Pelé e Tostão demonstraram amplamente ser a dupla certa. Jogando bola no chão desde as eliminatórias até as finais, fizemos cerca de 50 gols e só um de cabeça. Tudo por baixo, como sabe jogar o futebol brasileiro.” 

Quando da inauguração da estátua de João Saldanha no Maracanã, em dezembro de 2009, sua irmã Elza Saldanha Milliet disse ao ex-presidente Lula diante de vários jornalistas: “presidente, se o João fosse vivo não gostaria nada de ver toda esta dinheirama gasta aqui no Maracanã. Tenho certeza que iria criticar.” 


Vida que segue.


Texto completo das crônicas:

A segunda merenda escolar, de João Saldanha (JB, 11/05/1985)

Um gol da Previdência, de João Saldanha (JB, 29/07/1986) 



*Raul Milliet Filho – é botafoguense, mestre em História Política pela UERJ, doutor em História Social pela USP. Como professor, pesquisador e autor prioriza a cultura popular. Gestor de políticas sociais, idealizou e coordenou o Recriança, projeto de democratização esportiva para crianças e jovens. 


FONTE: Carta Maior

domingo, 20 de janeiro de 2013

"OLÉ" NASCEU NO MÉXICO, por João Saldanha


No dia 20 de janeiro de 1983, há exatos 30 anos, morria Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha, no Rio de Janeiro. Para lembrar Mané Garrincha e uma de suas criações: o "olé", através de um texto clássico de João Saldanha, à época (1958) técnico do lendário time do Botafogo.


Clique neste link e veja algumas jogadas de Garrincha. Reparem na jogada de Garrincha contra a Espanha na Copa de 1962, driblando vários adversários, colocando a bola na cabeça de Amarildo para fazer 2x1 Brasil. Uma vitória que classificou o Brasil.

"OLÉ" NASCEU NO MÉXICO

(Texto extraído do livro Os Subterrâneos do Futebol, de João Saldanha, lançado em 1963 pela editora Tempo Brasileiro)

O Estádio Universitário ficou à cunha. Cem mil pessoas comprimidas para assistir ao jogo. É muito alegre um jogo no México. É o país em que a torcida mais se parece com a do Rio de Janeiro. Barulhenta, participa de todos os lances da partida. Vários grupos de "mariaches" comparecem. Estes grupos, que formam o que há de mais típico da música mexicana, são constituídos de um ou dois "pistões" e clarins, dois ou três violões, harpa (parecida com a das guaranias), violinos e marimbas. As marimbas são completamente de madeira, mas não vão ao campo de futebol, sendo substituídas por instrumentos pequenos. O ponto alto dos "mariaches" é a turma do pistão, do clarim e o coro, naturalmente. No campo de futebol, os grupos amadores de "mariaches" que comparecem ficam mais ativos em dois momentos distintos: ou quando o jogo está muito bom e eles se entusiasmam, ou, inversamente, quando o jogo está chato e eles "atacam" músicas em tom gozador. No jogo em que vencemos ao Toluca, que estava no segundo caso, os "mariaches" salvaram o espetáculo.

O time do River era, realmente, uma máquina. Futebol bonito e um entendimento que só um time que joga junto há três anos pode ter. Modestamente, jogamos trancados. A prudência mandava que isto fosse feito. De fato, se "abríssemos", tomaríamos um baile.

Foi um jogo de rara beleza. E não foi por acaso. De um lado estavam Rossi, Labruña, Vairo, Menéndez, Zarate, Carrizo. De outro, estavam Didi, Nilton Santos, Garrincha etc. Jogo duro e jogo limpo. Não se tratava de camaradagem adquirida em quase um mês no mesmo hotel, mas sim da presença de grandes craques no gramado. A torcida exultava e os "mariaches" atacavam entusiasmados.

Estava muito difícil fazer gol. Poucas vezes vi um jogo disputado com tanta seriedade e respeito mútuos. Mas houve um espetáculo à parte. Mané Garrincha foi o comandante. Dirigiu os cem mil espectadores. Fazendo reagirem à medida de suas jogadas. Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do "Olé", tão comumente utilizada posteriormente em nossos campos. Não porque o Botafogo tivesse dado "Olé" no River. Não. Foi um "Olé" pessoal. De Garrincha em Vairo.

Nunca assisti a coisa igual. Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um "Olé" daquele tamanho. Toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: "Ôôôôô"! O som do "olé" mexicano é diferente do nosso. O deles é o típico das touradas. Começa com um ô prolongado, em tom bem grave, parecendo um vento forte, em crescendo, e termina com a sílaba "lé" dita de forma rápida. Aqui é ao contrário: acentua-se mais o final "lé": "Olééé!" – sem separar, com nitidez, as sílabas em tom aberto.

Verdadeira festa. Num dos momentos em que Vairo estava parado em frente a Garrincha, um dos clarins dos "mariaches" atacou aquele trecho da Carmem que é tocado na abertura das touradas. Quase veio abaixo o Estádio Universitário.

Numa jogada de Garrincha, Quarentinha completou com o gol vazio e fez nosso gol. O River reagiu e também fez o dele. Didi ainda fez outro, de fora da área, numa jogada que viera de um córner, mas o juiz anulou porque Paulo Valentim estava junto à baliza. Embora a bola tivesse entrado do outro lado, o árbitro considerou a posição de Paulinho ilegal. De fato, Paulinho estava "off-side". Havia um bolo de jogadores na área, mas o árbitro estava bem ali. E Paulinho poderia estar distraindo a atenção de Carrizo.

O jogo terminou empatado. Vairo não foi até o fim. Minella tirou-o do campo, bem perto de nós no banco vizinho. Vairo saiu rindo e exclamando: "No hay nada que hacer. Imposible" – e dirigindo-se ao suplente que entrava, gozou:

– Buena suerte muchacho. Pero antes, te aconsejo que escribas algo a tu mamá.

O jogo terminou empatado e uma multidão invadiu o campo. O "Jarrito de Oro", que só seria entregue ao "melhor do campo" no dia seguinte, depois de uma votação no café Tupinambá, foi entregue ali mesmo a Garrincha. Os torcedores agarraram-no e deram uma volta olímpica carregando Mané nos ombros. Sob ensurdecedora ovação da torcida. No dia seguinte, os jornais acharam que tínhamos vencido o jogo, considerando o tal gol como válido. Mas só dedicaram a isto poucas linhas. O resto das reportagens e crônicas foi sobre Garrincha.

As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram grande destaque ao "Olé". As notícias repercutiram bastante no Rio e a torcida carioca consagrou o "Olé". Foi assim que surgiu este tipo de gozação popular, tão discutido, mas que representa um sentimento da multidão.

Já tentaram acabar com o "Olé". Os árbitros de futebol, com sua inequívoca vocação para levar vaias, discutiram o assunto em congresso e resolveram adotar sanções. Mas como aplicá-las? Expulsando a torcida do estádio? Verificando o ridículo a que estavam expostos, deixam cada dia mais o assunto de lado. É melhor assim. É mais fácil derrubar um governo do que acabar com o "Olé".

Não poderia ter havido maior justiça a um jogador que a que foi feita pelos mexicanos a Mané Garrincha. Garrincha é o próprio "Olé".

Dentro e fora de campo, jamais vi alguém tão desconcertante, tão driblador. É impossível adivinhar-se o lado por onde Mané vai "sair" da enrascada. Foi a coisa mais justa do mundo que Garrincha tivesse sido o inspirador do "Olé".

FONTE: Carta Maior

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Luiz Carlos Prestes está vivo e mora no Butantã


Por Rodolfo Lucena


Não, este não é um blog de política, ainda que sejam políticos todos os atos da vida. Também não é um espaço mediúnico nem vinculado a qualquer outra crença que não a fé inabalável na capacidade humana. Apesar disso, no meu treino de hoje vi vivo alguém que está morto.

Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, está lépido e fagueiro no Butantã, um bairro da zona oeste de São Paulo que pouco visito, por onde hoje gastei a sola do tênis em um treininho de hora e meia cheio de surpresas gostosas.

A maior e mais importante é o tema desta mensagem. Prestes, é claro, não revive como figura humana, de carne e osso, mas dá o ar de sua graça na forma de um pequeno parque nomeado em sua homenagem –uma das tantas que esse grande brasileiro merece.


Só quando vi, enquanto corria pelas alamedas butantanescas, a placa anunciando o parque, é que tomei conhecimento de sua existência. Primeiro, fiquei feliz ao ver a celebração desse sujeito que, com Getúlio Vargas, forma talvez a dupla de mais importantes figuras da história brasileira e latino-americana. Depois ficou claro para mim que não poderia terminar minha peregrinação sem conhecer o tal parque.

Atravessei uma avenida e mais outra, entrei por uma ruela e lá cheguei.

De cara, o parque me lembrou Prestes, um gaúcho de quatro costados, porto-alegrense nascido em 1898, resistente para mais de metro, capaz de dirigir a maior peregrinação jamais feita na história do Brasil –a Coluna Prestes–, de enfrentar a tortura e a cadeia, de passar frio e abandono e voltar à luta política para só morrer aos 92 anos.

Na última vez em que conversei com ele –na verdade, foi a única, mas comecei a frase assim para dar a falsa impressão de que eu tinha, em algum momento, privado da intimidade do Cavaleiro da Esperança, como o denominou Jorge Amado na emocionada biografia que escreveu–, o que vi foi um velhinho atarracado, troncudo, lúcido, rápido no gatilho, mas ponderado nas respostas, que falava com voz calma, enrouquecida pelo tempo.

Não lembro bem a data. Foi no final de 1979 ou início de 1980, Prestes tinha voltado ao Brasil pouco depois de proclamada a Anistia, e ficou por uns dias em Porto Alegre. Na época, eu era chefe da sucursal gaúcha do jornal oposicionista “Hora do Povo” e recebi a gostosa incumbência de entrevistar Prestes. Fomos encontrá-lo, eu e mais dois colegas do jornal, em um casarão na zona sul da cidade, onde estava hospedado.

Levamos flores –rosas vermelhas– para dona Maria, companheira de Prestes, com quem vivia desde 1950.

Conversamos por meia hora, uma hora, já não sei, os registros estão no jornal. Sei que Prestes mandou sua mensagem de chamado à luta contra a ditadura, um apelo que estava empolgando uma parcela da juventude.
Isso foi naquela época. 

Pois o Luiz Carlos Prestes de hoje, o parque, lembra muito o Prestes homem, dizia eu. Tal como ele, fui descobrindo enquanto trotava devagar pela única alameda do platô de entrada, é pequeno. Aliás, pequeno demais para servir como homenagem a Prestes, pensei enquanto circulava por ali. 
Mas a aparência miúda se agiganta quando o parque mostra sua alma.


Escondida pelos verdes, há uma escadaria de madeira, degraus feitos de troncos, madeira de demolição encravados na terra para uma escalada rústica a um outro platô; depois, mais outra ainda. O parque é feito em pequenos andares de mata, pequeno e atarracada como o ser que homenageia.

Tem de um tudo: parquinho para a gurizada, área para descanso, para fazer um piquenique, uma estufa para plantas em que são preparadas mudas de árvores, duas quadras de futebol de salão (onde um pequeno grupo de garotos fazia quase um gol a gol, pois jogavam três contra três naquela pequena cancha que, por causa do número de jogadores, devia parecer enorme a eles.


Em um dos cantos do terceiro platô, há uma área com equipamentos para o pessoal da terceira idade fazer exercícios –eu já estou quase lá.

As alamedas para caminhada e eventual corrida são pequeninas. Mesmo assim, vi uma senhora dedicadíssima, que ia e voltava de um lado a outro do segundo platô. Eu também fiz isso como reconhecimento: o trajeto era de apenas 120 metros, menos até que um corredor que venho frequentando ultimamente e que me permite dar 166 passos de ponta a ponta, no que estimo seja um trajeto de uns 150 metros, já que meus passos são modestos…

No terceiro platô, a alameda é um pouco mais alentada, chega aos 200 metros e, como no anterior, o chão de terra batida é coberto com pedriscos (vários deles entraram no meu pé, e lembrei que Prestes foi uma pedra no sapato dos ditadores).

Apesar das alamedas curtas, se você juntar tudo dá um bom treino, rodando de um lado a outro subindo e descendo escadas e aproveitando o verde encravado numa região bem feiosa da cidade, entre uma avenidona e uma rodovia, como você pode ver no mapa abaixo.



O parque funciona de segunda a domingo, das 7h às 18h, e fica na Rua João Della Manna, 665 – Jardim Rolinópolis/ Butantã. Para saber mais, clique AQUI. E para conhecer mais sobre a vida e obra do homenageado, clique AQUI.


PS.: Pelas imagens, nota-se que a Prefeitura escreveu Luiz com s; eu preferi seguir a grafia do site oficial, que é dirigido pela filha do Cavaleiro da Esperança, Anita Leocádia.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Malditos comunistas!


POR JOSÉ ROBERTO TORERO
Formado em Letras e Jornalismo pela USP, escritor, diretor, roteirista de cinema/TV e colunista de futebol na Folha de S.Paulo


Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.

Mais uma vez!

Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.

Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.

Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.

Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.

Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?

Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.

A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.

Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813. [Brasil fica em 84ª no ranking do IDH 2011 e Cuba em  51ª]

Tudo para fazer propaganda comunista!

Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.

Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.

E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.

Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.

A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.

Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.

Pô, assim não vale!

Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.

Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.

Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Malditos comunistas...