Líder
negro Patrice Lumumba, responsável pela independência do Congo, nasceu
em 2 de julho 1925 e foi assassinado a mando do imperialismo.
República do Congo - PCO - "Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após dia simplesmente porque somos negros"
Patrice
Émery Lumumba nasceu em 02 de julho de 1925 e foi assassinado pelo
imperialismo em 1961, em 17 de janeiro. Lumumba é considerado um dos
maiores expoentes africanos na luta pela independência de seu país, o
Congo, e teve sob sua liderança milhares de operários e camponeses no
processo de libertação do país do colonialismo belga.
Lumumba,
quando preso, teve seu primeiro contato com movimentos pela
independência que culminariam na formação do Movimento Nacional Congolês
(MNC) em 1958, primeiro partido político nacional pela independência,
que dois anos mais tarde levaria seu líder fundador ao poder.
Obviamente,
todos os processos políticos no mundo, inclusive na África, são
vigiados atentamente pelas forças de repressão dos Estados Unidos, como
pode ser visto na totalidade das ditaduras na América Latina, todas
planejadas sob a batuta do governo americano.
Lumumba
logo se constituiu um alvo da repressão imperialista, isso em virtude
da forte pressão revolucionária que existia no país, o que forçou o rei
belga, Balduino I ir pessoalmente a Leopoldville proclamar a
independência do Congo, reconhecida oficialmente em 30 de junho de 1960.
A
pressão pela independência do Congo partiu também da própria burguesia
do país, que se viu pressionada pelo imperialismo mundial e buscou se
libertar. Trata-se de um processo comum nas independências dos países
africanos e dos países menos desenvolvidos, considerados historicamente
como resultado do chamado nacionalismo burguês.
"Durante
os 80 anos de governo colonial sofremos tanto que ainda não podemos
afastar as feridas da memória. Nos obrigaram a trabalhar como escravos
por salários que nem sequer nos permitem comer o suficiente para
espantar a fome, ou se vestir, ou encontrar moradia, ou criar nossos
filhos como seres queridos que são. Temos sofrido ironias, insultos e
golpes dia após dia simplesmente porque somos negros. As leis de um
sistema judicial que só reconhece a lei do mais forte nos tiraram as
terras. Não há igualdade; as leis são brandas com os brancos mas cruéis
com os negros. Os condenados por opiniões políticas ou crenças
religiosas sofreram horrivelmente; exilados em seus próprio país, a vida
tem sido pior que a morte. Nas cidades, os brancos puderam ter
magníficas casas e os negros capengos barracos; os brancos não nos
permitiam entrar no cinema, nos restaurantes ou nas lojas para europeus;
fomos obrigados a viajar dentro das cargas ou aos pés dos brancos
sentados em cabines de luxo. Quem poderá se esquecer dos massacres de
tantos dos nossos irmãos ou das celas em que eram metidos os que não se
submetiam à opressão e a exploração? Irmãos, assim tem sido a nossa
vida”, disse Lumumba em seu discurso de posse como primeiro-ministro.
Quer
dizer, mesmo após a independência formal do país, quem ainda mandava
era o imperialismo: os militares belgas continuavam controlando o
exército e a polícia, as empresas estrangeiras continuavam a controlar
as minas e a CIA atuava conjuntamente com a inteligência belga para
manter o país sob seu controle. Daí em diante, no país seguiu-se golpes
atrás de golpes.
Executado pelo imperialismo
Patrice Lumumba (2/7/1925 - 17/1/1961) |
Lumumba
foi assassinado sob ordens expressas da CIA e do presidente
norte-americano Dwight Eisenhower em uma operação conjunta com a
Bélgica. Documentos revelados em 2013 mostraram a ação.
Posteriormente,
a Comissão Church, presidida pelo senador Frank Church, revelou que
Foster Dulles, na época diretor da CIA, entrou em contato com seus
agentes instalados em Leopoldville e ordenou a “remoção” de Patrice
Lumumba do poder.
As
investigações desta comissão provaram que em menos de dois meses após a
independência do Congo, Eisenhower assinou em uma reunião secreta na
Casa Branca uma ordem para assassiná-lo. Um dos agentes encarregados foi
Frank Carlucci, futuro secretário de Defesa no governo de Ronald
Reagan.
Para apagar provas e ocultar o envolvimento da CIA, o corpo de Lumumba foi desenterrado e dissolvido com ácido.
Fizeram
essas atrocidades por considerar Lumumba, um dos líderes negros na
história mundial, uma pessoa de última categoria, a quem se pode cometer
qualquer barbaridade.
As
ações imperialistas na África mostram que os conflitos que lá existem
não são frutos de um continente “amaldiçoado”, ou “barbarizado”, mas de
um continente sob o completo domínio do imperialismo, que tira e coloca
governos ao sabor de seus interesses.
A
independência do Congo do imperialismo belga foi a expressão de uma
situação revolucionária em todo o mundo com os movimentos de libertação
nacional e a desintegração do regime colonialista na Ásia e na África
após a Segunda Guerra Mundial, processo que continua até os dias de
hoje.
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