Do UOL, em São Paulo
A Assembleia Geral da ONU adotou nesta quinta-feira (21), por uma ampla maioria, uma resolução condenando o reconhecimento por Washington de Jerusalém como a capital de Israel. A resolução foi aprovada por 128 países, que desafiaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e apoiaram a resolução que pede que os EUA voltem atrás de sua decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.
Trump ameaçou cortar a ajuda financeira aos países que votassem a favor da resolução, e seu alerta parece ter tido algum impacto sobre nove países que votaram contra e 35 que se abstiveram. Entre os que apoiaram os EUA estão Israel, Guatemala, Honduras, Palau, Nauru, Togo, Ilhas Marshall e Micronésia. O Brasil votou com os 128 que rejeitaram a decisão dos EUA.
"Eles tomam centenas de milhões de dólares – e até bilhões de dólares – e depois votam contra nós", disse Trump. "Bem, estamos assistindo a estes votos. Deixe que votem contra nós. Iremos economizar bastante. Não nos importa."
As pressões americanas, no entanto, se traduziram em um número maior de abstenções do que o habitual nesse tipo de resolução. Entre os que se abstiveram estão Canadá, México, Colômbia, Panamá, Paraguai, Argentina, Antigua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Benin, Butão, Bósnia, Camarões, Croácia, República Checa, República Dominicana, Guiné Equatorial, Fiji, Haiti, Hungria, Jamaica, Kiribati, Lesoto, Malaui, Filipinas, Polônia, Romênia, Ruanda, Ilhas Salomão, Sudão do Sul, Trinidad e Tobago, Tuvalu, Uganda, Letônia e Vanuatu. Na última segunda-feira, os EUA vetaram um texto similar no Conselho de Segurança, mas nenhum país dispõe deste privilégio na Assembleia, cujas resoluções carecem de caráter vinculativo como acontece no Conselho. O texto desta quinta, que foi apresentado pela Turquia e pelo Iêmen, é praticamente igual àquele apresentado pelo Egito e rejeitado pela embaixadora norteamericana, Nikki Haley, durante votação no Conselho de Segurança.
O documento pede que todos os Estados respeitem as precedentes resoluções do Conselho de Segurança, 10 ao todo desde 1967, segundo as quais o "status final de Jerusalém" deve ser decidido apenas no âmbito das negociações diretas entre israelenses e palestinos. O texto afirma que qualquer outra decisão sobre o tema deve ser considerada "não válida". Todas as decisões que "pretendam modificar o caráter, o status ou a composição demográfica da Cidade Santa de Jerusalém não tem efeito jurídico algum, são nulos e sem valor, e devem ser revogados".
Além disso, sem mencionar diretamente os EUA, a resolução pede que todos os países não estabeleçam missões diplomáticas na cidade.
Os palestinos comemoraram o resultado da votação nesta quinta-feira na ONU condenando o reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como a capital de Israel. "Esta decisão reafirma que a justa causa dos palestinos tem o apoio internacional (...) Vamos prosseguir com os nossos esforços na ONU e em outros fóruns internacionais para acabar com a ocupação (israelense) e criar um Estado palestino tendo Jerusalém Oriental como capital", afirmou o porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou estar satisfeito com o número de países que não votaram pela resolução. "Em Israel nós rejeitamos esta decisão da ONU e reagimos com satisfação diante do número importante de países que não votaram a favor desta decisão", afirmou o primeiro-ministro em um comunicado.
O anúncio do magnata, ocorrido em 6 de dezembro, causou críticas de aliados históricos dos norte-americanos e aumentou para níveis extremos a tensão no Oriente Médio.
Cidade disputada
O status de Jerusalém é uma das questões centrais no conflito entre israelenses e palestinos. Israel capturou a parte oriental, predominantemente árabe, da cidade sagrada durante a Guerra dos Seis Dias (1967). Sua reivindicação para toda a cidade, a qual Israel vê como a antiga capital do povo judeu, nunca foi reconhecida internacionalmente.
Israel considera a Cidade Sagrada a sua capital "eterna e indivisível", enquanto os palestinos defendem que a porção leste de Jerusalém deve ser a capital de seu almejado Estado, sendo este um dos maiores desentendimentos entre as duas partes.
As Nações Unidas estabelecem que o status de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelenses e palestinos, razão pela qual os países com representação diplomática em Israel têm suas embaixadas em Tel Aviv e imediações.
(Com agências internacionais)
FONTE: UOL notícias Internacional
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