Por Paulo Pinheiro Machado
Professor do Departamento de História da UFSC.
Resenha do livro "Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro", de Anita Leocadia Prestes, publicado pela Boitempo Editorial.
A Boitempo acaba de publicar a biografia de Luiz Carlos Prestes escrita por sua filha e historiadora Anita Leocadia Prestes. A autora não esconde sua admiração pelo pai e parceiro político, mas seu texto é extremamente analítico, baseado em fontes de arquivos pessoais e de diferentes instituições mundiais, por onde o Cavaleiro da Esperança deixou seus rastros.
A obra reconstrói diferentes contextos de sua vida pública, desde as atividades do jovem capitão do Exército que alfabetizava seus soldados, a marcha da Coluna invicta pelos sertões do Brasil, até os grandes abalos do século XX, como a luta contra o nazifascismo, a Guerra Fria e a ruptura com o PCB, em 1980. Viveu décadas na clandestinidade, nove anos de cadeia, dois períodos de exílio, acumulando longa experiência política e grande número de conquistas e equívocos, dele e de seu partido, que Anita aponta sem clemência. A obra apresenta uma detalhada análise da crise do PCB de 1964 a 1980. Aos 82 anos, Prestes tomou atitude corajosa ao romper com a direção do PCB e divulgar a "Carta aos Comunistas", lúcido documento de autocrítica sobre o funcionamento burocrático e autoritário do partido, fenômeno que não era exclusivo do Brasil.
Na última década de vida, Prestes foi um ativo participante da luta pela redemocratização do país: apoiou as greves do ABC e a ruptura com o sindicalismo pelego, denunciou a transição conservadora sob o controle de Sarney e a tutela militar sobre o Estado. Aos 92 anos, Prestes estava disposto a começar tudo da estaca zero. Queria que a construção de um verdadeiro partido revolucionário fosse resultado de uma longa e necessária interação da intelectualidade marxista com os trabalhadores do campo e da cidade. Prestes era reservado e tímido, mas se há um traço de personalidade que carregou ao longo da vida foi sua paixão pela justiça e pelo povo brasileiro.
FONTE: Le Monde Diplomatique - Brasil, edição 103, fevereiro 2016, p. 39.
Na última década de vida, Prestes foi um ativo participante da luta pela redemocratização do país: apoiou as greves do ABC e a ruptura com o sindicalismo pelego, denunciou a transição conservadora sob o controle de Sarney e a tutela militar sobre o Estado. Aos 92 anos, Prestes estava disposto a começar tudo da estaca zero. Queria que a construção de um verdadeiro partido revolucionário fosse resultado de uma longa e necessária interação da intelectualidade marxista com os trabalhadores do campo e da cidade. Prestes era reservado e tímido, mas se há um traço de personalidade que carregou ao longo da vida foi sua paixão pela justiça e pelo povo brasileiro.
FONTE: Le Monde Diplomatique - Brasil, edição 103, fevereiro 2016, p. 39.
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