sexta-feira, 20 de março de 2015

Anita Prestes: “Existe muita propaganda mentirosa sobre o que é o socialismo”

Historiadora afirma que o Brasil vive um momento de pobreza de lideranças e partidos de esquerda



No início do mês, a professora, pesquisadora e escritora Anita Leocádia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, dois dos mais importantes personagens da história brasileira do Século XX, esteve em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, ministrando uma palestra sobre os 80 anos da Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento que lutou para tentar mudar os rumos da política brasileira, combatendo o autoritarismo e denunciando a miséria, pobreza e exploração dos menos favorecidos.


Na tarde do dia 3 de março, antes do início do evento que fez parte das atividades de greve do curso de história da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e levou mais de 450 pessoas para o Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa, tive a oportunidade de entrevistá-la no saguão do Hotel Elite, no centro de Paranavaí. Pontual, Anita já me aguardava para uma longa e proveitosa conversa.

Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Anita Prestes nasceu na prisão feminina do campo de concentração de Barnimstraße, em Berlim, na Alemanha, após ser separada da mãe, a alemã Olga Benário. Judia e comunista, Olga veio ao Brasil para ajudar Prestes, mas foi entregue grávida aos nazistas pelo governo brasileiro e executada aos 34 anos em um campo de concentração de Bernburg em 23 de abril de 1942.

Motivada pelo legado familiar, Anita dedicou a maior parte da vida acadêmica a pesquisar sobre os 70 anos de atuação política do pai Luiz Carlos Prestes, falecido aos 92 anos em 1990. Ao longo da carreira, publicou inúmeros livros. O mais recente, “Luiz Carlos Prestes – O Combate por um Partido Revolucionário”, lançado em 2012, aborda o período de 1958 a 1990. Atualmente a pesquisadora está terminando a biografia mais completa sobre a história de Prestes. O livro que reúne informações coletadas em mais de 30 anos tem previsão de lançamento para maio ou junho pela Boitempo Editorial, de São Paulo.

Gentil e eloquente, Anita respondeu com naturalidade questões sobre o passado político da família, Levante Comunista, papel de Getúlio Vargas após a Revolução de 1930, exílio, obras baseadas na vida de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, socialismo, política atual e o novo livro, além de outros assuntos. Confira:

Quando e por que a senhora decidiu pesquisar sobre a história política do seu pai, Luiz Carlos Prestes?

Eu quis ingressar na universidade para estudar história quando voltei do exílio em 1979, o que é até curioso porque a minha primeira formação foi em química. Só que nunca trabalhei na área [risos] devido a perseguição que surgiu com o golpe de 1964. Naquele tempo, meu pai já estava com mais de 80 anos e tinha uma memória extraordinária sobre os acontecimentos da Coluna Prestes. O problema é que ele resistia em escrever. Então segui por esse caminho e defendi a minha tese de doutorado sobre a Coluna Prestes em 1989. Depois disso, continuei trabalhando na universidade. Ainda muito interessada na história do Brasil contemporâneo, pesquisei sobre tenentismo, movimentos militares e me aprofundei na história do PCB [Partido Comunista Brasileiro], até porque a partir de 1930 não tem como estudar a vida do Prestes sem relacioná-la ao PCB e vice-versa.

Como imagina que seria o Brasil se o Levante Comunista de 1935 tivesse sido melhor articulado e bem sucedido?

A realidade é que hoje, após estudar o assunto por tantos anos, posso afirmar que não havia a menor condição para êxito desse movimento. Eram pessoas bem intencionadas que lutaram aguerridamente e muitos morreram, mas não havia reais condições para uma vitória. Os comunistas da época e seus aliados da Aliança Nacional Libertadora [ANL] fizeram uma avaliação equivocada da situação política. Achavam que havia uma situação revolucionária no Brasil, o que não correspondia com a realidade.

Getúlio Vargas é um dos personagens mais controversos da história contemporânea do Brasil, tanto que até hoje divide muitas opiniões. Como a senhora avalia o papel de Vargas antes e depois da Revolução de 1930?

Uns endeusam, outros atacam. A verdade é que o Getúlio Vargas foi uma figura muito complexa. Ocupou uma posição importante na história do Brasil do século XX e que deve ser avaliada nas suas condições. Ele era representante da elite brasileira. Entrou para a política porque fazia parte da oligarquia agrária do Rio Grande do Sul. Foi muito influenciado na década de 1930 por ideologias de caráter autoritário e fascista que estavam em ascensão no mundo. E, claro, foi o que serviu de base para atingir os objetivos propostos pelo grupo que ele representava. No entanto, a cabeça pensante do grupo era o general Pedro Aurélio de Góes Monteiro, criador da chamada doutrina Góes Monteiro, hoje pouco conhecida. O objetivo da doutrina era a reconstrução do Brasil a partir de um estado autoritário centralizador e corporativista. E foi o que colocaram em prática com a Revolução de 1930, chegando ao auge com o Estado Novo. Uma das promessas da doutrina era fazer com que o Estado desse um salto no processo de industrialização. Até 1930, tínhamos um país com indústrias leves. A partir dessa política, o Brasil começou a investir em indústrias pesadas, o que era muito importante para a defesa nacional. O Góes Monteiro viu isso também como um instrumento de combate às manifestações. Para criar um cenário favorável à industrialização, o governo estabeleceu um arrocho salarial e uma série de medidas prejudiciais a maior parte da população e benéfica ao desenvolvimento capitalista. Houve resistência dos setores populares e as insatisfações foram combatidas com bastante repressão.

Há quem diga que Filinto Müller apenas recebia ordens quando deportou sua mãe para a Alemanha. Até que ponto ele tem culpa sobre o destino de sua família?

Tenho que levar em conta que o Filinto Müller era apenas um funcionário do governo, um chefe de polícia com algum poder. A verdade é que o Getúlio Vargas e o grupo que ele representava foram os maiores responsáveis pela extradição da minha mãe e de muitos outros presos políticos perseguidos e torturados naquela época. Filinto Müller nunca teria feito o que fez sem o respaldo do Getúlio.

Como era o relacionamento do seu pai com Carlos Marighella e Jorge Amado?

Foram várias fases, né? Quando o Partido Comunista Brasileiro foi legalizado em 1945, com a vitória da União Soviética e seus aliados, os comunistas ganharam espaço. Carlos Marighella e Jorge Amado se tornaram deputados da bancada do PCB, então havia um grande relacionamento de camaradagem entre eles e o meu pai. No decorrer da luta, esses dois comunistas seguiram caminhos diferentes. O Jorge Amado, um escritor renomado, se afastou do partido e se tornou muito amigo de políticos à direita como o Antônio Carlos Magalhães. Também fez amizade com o José Sarney. Eu diria que se tornou alguém que se integrou ao sistema capitalista, deixou de ser um combatente e se afastou do Prestes. O Carlos Marighella preferiu outra direção. Se desesperou com a grave derrota de 1964 e perdeu a perspectiva de um trabalho de longo prazo. Tentou ganhar sem ter condições pra isso e repetiu o erro do PCB em 1935. No fim, acabou derrotado e morto.

O Livro do Fernando Morais sobre a história de sua mãe e o filme de Jayme Monjardim fazem justiça a quem foi Olga Benário?

O meu pai sempre achou o livro muito bom, bastante comprometido com a verdade. Houve um trabalho sério de pesquisa. O Fernando Morais tem uma grande capacidade de emocionar as pessoas, prender a atenção. Já o filme, como todo filme, tem suas limitações. O próprio Monjardim declarou que não estava interessado em política, história do Brasil ou na vida do Prestes, mas sim em retratar uma história de amor que ele achou bonita. Claro, tem coisas ali que poderiam ser melhores, mas ele desempenhou sim um papel importante. Conquistou o público e ajudou a resgatar a história da minha mãe.

Há mais verdades ou factoides na biografia sobre Luiz Carlos Prestes lançada pelo historiador Daniel Aarão Reis?

Como trabalho de historiador, é algo que se pode rasgar e jogar fora. Ele divulga muitas mentiras e informações que não foram comprovadas. O que percebi foi uma intenção de desmoralizar o Prestes, a família do Prestes e a minha mãe. Ele inventou uma história de que a Olga deixou um filho em Moscou [na Rússia] e não apresentou nenhum documento como prova. Estive em Moscou há dois anos, pesquisando no arquivo da Internacional Comunista. Tirei cópia da pasta integral que existe lá sobre a minha mãe e não há nada disso. Conheci muitos amigos e amigas da minha mãe em Moscou e todos eles afirmaram que ela nunca teve outro filho. Do dia que nasci até o dia em que ela morreu, a Olga se preocupou comigo o tempo todo. Minha mãe é uma pessoa admirada pelo seu heroísmo e coragem. Nunca faria algo assim. Esse sujeito tentou manchar a imagem dos dois. Não tenho nenhuma cerimônia em dizer que o senhor Daniel Aarão Reis é um canalha.

Luiz Carlos Prestes sempre recusou qualquer pensão ou indenização. A senhora também fez o mesmo?


No início da década passada, solicitei que fosse contado o meu tempo de serviço no período em que estive no exílio para que mais tarde eu pudesse me aposentar. O pedido foi atendido com base legal e junto vieram R$ 100 mil de indenização. Me senti incomodada em aceitar o dinheiro porque trabalho, tenho condições de me manter. Então doei para o Instituto do Câncer que é uma entidade séria do Rio de Janeiro. Quanto ao meu pai, ele nunca aceitou voltar para o Exército e nunca quis nenhuma das pensões que lhe ofereceram. No final dos anos 1980, a última tentativa foi do Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Meu pai recusou e justificou que não poderia receber pensão enquanto o funcionalismo público estava com dificuldades, sem dinheiro para pagar os salários dos servidores. Após meu pai morrer, a viúva [Maria do Carmo Ribeiro] solicitou a integração do meu pai ao Exército [Prestes foi capitão até 1936], mesmo contra a vontade dele em vida. Como forma de desmoralizar ainda mais o Prestes, o Exército o promoveu. Ou seja, o general da Coluna Prestes foi promovido a coronel de pijama do Exército. Achei um desrespeito muito grande à memória dele. Meu pai nunca quis dinheiro do governo. Pelo papel político que desempenhou, por tudo que ele lutou, seria uma grande contradição. Nos anos 1990, me chamaram e me ofereceram a minha parte da pensão, mas recusei.


Como foi a experiência no exílio na União Soviética?


Bom, passei por vários exílios, inclusive nasci no exílio [risos]. Enfim, é sempre melhor você estar na sua terra e viajar para o exterior quando quiser, com boas condições e opções para estudar e conhecer lugares. No caso do exílio, você é forçado a estar fora, então é bem diferente. Mas posso dizer que sempre recebi uma solidariedade muito grande.

Nos últimos anos de vida, seu pai estava satisfeito com os rumos da política brasileira?

Em 1989, no último ano de vida dele, mesmo doente, ele participou das campanhas do Brizola e do Lula. Não tinha como estar satisfeito com a política brasileira, até porque o Collor foi eleito. Inclusive tomou posse alguns dias depois da morte do meu pai.

Antes de falecer, o Prestes ainda tinha algum sonho com relação ao futuro do Brasil?

Sonho, eu não diria, mas ele era um homem que achava que os processos de transformações das sociedades humanas teriam que levar à vitória do socialismo. Quando, como e de que jeito, isso é outra coisa. Sempre acreditou que um dia surgiriam as condições para que se lutasse e realizasse essas transformações. Era uma pessoa extremamente otimista.

Se tratando de política de esquerda, o Brasil hoje tem algum partido realmente representativo?

Olha, acho que não. Há uma pobreza muito grande de lideranças e de partidos. Existe muita propaganda mentirosa sobre o que é o socialismo, além da indiscutível falsificação da história. Muitos se aproveitam disso. O que temos hoje é o PCB, um partido pequeno, pouco representativo e que tem como atual secretário geral o Ivan Pinheiro que faz um bom esforço de organização popular, mas enfrenta muitas dificuldades.

A senhora considera pequena ou grande a parcela de jovens interessados no socialismo e no legado de Luiz Carlos Prestes?

De uma maneira geral, a mídia tem um grande poder de influenciar e desinformar os jovens, mas tenho notado principalmente nas universidades que uma parcela significativa da juventude está estudando de verdade o marxismo, interessada em saber o que ele realmente significa e representa. Tenho ministrado palestras pelo Brasil afora e a recepção tem sido muito boa. Sou recebida por 400, 500 e até mil pessoas em cada evento, o que significa que há sim um grande interesse dos jovens pelas políticas de esquerda.

Por que quando se fala em políticas de esquerda, principalmente na internet, as pessoas trocam agressões com tanta facilidade?

O papel da mídia é muito poderoso. Há um conjunto de meios que influem na mente das pessoas. Mas não há nada como a realidade, né? Na medida em que as próprias contradições do capitalismo se acentuam, as pessoas começam a ver a necessidade de mudança. Com isso, muita gente chega ao marxismo e percebe a necessidade de lutar por transformações mais profundas na sociedade.

Na sua opinião, o neoliberalismo se opõe à democracia?

Vejo o neoliberalismo como um eufemismo do capitalismo. Quando o capitalismo surgiu havia um anseio de democracia, mas de democracia voltada para as elites, para a burguesia, não para os trabalhadores. Um exemplo foi o que aconteceu na Revolução Francesa. Hoje vivemos um período em que a burguesia se sente a perigo porque vê que há mais insatisfação e contestação social. A realidade é que nesse ambiente de luta crescem também as probabilidades de haver menos democracia e mais repressão. Sem dúvida, a democracia no Brasil ainda é só para os poderosos.

O socialismo pode reacender no Brasil no futuro?

Mais cedo ou mais tarde, a luta vai ser intensificada. Acredito que as lideranças populares do Brasil têm condições de estudarem mais, se prepararem, se organizarem e conduzirem o país para o verdadeiro caminho do socialismo. Acho que Cuba é uma grande referência porque lá o socialismo ainda sobrevive, apesar de todas as dificuldades. Eles sofrem muito porque é um país pobre, sem recursos naturais, uma pequena ilha perseguida e bloqueada ao lado dos Estados Unidos. Além disso, como diz o próprio Fidel Castro, não existe receita para a construção do socialismo. Logo cometem-se muitos erros que precisam ser corrigidos. Eles reconhecem isso e se empenham em aperfeiçoar o sistema.

As vitórias do Syriza na Grécia e do Podemos na Espanha representam mais proximidade com os ideais socialistas?

Independente das vitórias desses partidos, não acredito que Grécia e nem Espanha estão a caminho de um governo socialista. Os próprios partidos não têm posições socialistas. São dois países vivendo um renascimento da social-democracia, com políticas que no fundo mascaram a exploração capitalista, o que não contribui efetivamente para a emancipação dos trabalhadores.

Como a senhora qualifica o papel da mídia brasileira nas mudanças políticas das últimas décadas?

A mídia continua nas mãos das classes dominantes, favorecendo os interesses da burguesia. No Brasil, há uma grande resistência do Congresso Nacional que não quer a democratização da mídia porque defende os interesses das elites reacionárias, de direita. A TeleSUR, emissora de televisão da Venezuela, tem um convênio assinado com o Brasil desde 2005 para transmitir os seus programas pela TV Brasil. O acordo não sai do papel por causa da resistência da diretoria da emissora e do congresso. Eles não querem que os brasileiros conheçam a versão venezuelana dos fatos. A Argentina já transmite programações de emissoras da Venezuela e da Rússia. A RT, por exemplo, que é uma TV russa, faz oposição ao Ocidente. É importante ter a oportunidade de comparar apresentações antagônicas sobre um mesmo acontecimento. Essa infeliz unilateralidade das informações também se aplica ao que acontece na Ucrânia.

O trabalho da Comissão da Verdade e as revisões sobre os acontecimentos do período da ditadura militar significam avanços?

Acho que foi um avanço pequeno e atrasado, diferente do que aconteceu na Argentina, Uruguai e Chile. Nesses países, generais e torturadores foram condenados e presos. Aqui no Brasil houve uma anistia muito problemática, tanto para a esquerda quanto para os torturadores, o que é uma coisa absurda. Afinal, a tortura é um crime inafiançável. Infelizmente o Supremo Tribunal Federal declarou há dois ou três anos que não se pode mexer na lei da Anistia. Reconheço que a Comissão da Verdade esclareceu alguns casos e movimentou o assunto, mas ainda precisamos de uma revisão da Lei da Anistia e o julgamento dos torturadores que estão vivos. Falta também um posicionamento da Anistia Internacional e da ONU.

O PCB antigamente mantinha bastante contato com partidos internacionais. Ele ainda mantém a tradição?

Ele mantém sim. O PCB tem bastante contato com partidos comunistas internacionais. No geral, com partidos de esquerda da América Latina e da Europa.

Existe a possibilidade de haver uma unificação dos partidos de esquerda, seguindo o exemplo da Internacional Comunista?

Já foi levantada essa questão e está ainda em discussão. Realmente não é uma coisa fácil de se colocar em prática.

O que o Instituto Luiz Carlos Prestes realizou em comemoração aos 90 anos da Coluna Prestes?

Realizamos muitas atividades desde o ano passado. Tenho viajado bastante pelo Brasil, passando por universidades. Celebramos este mês os 80 anos da criação da Aliança Nacional Libertadora e estamos abordando todos os desdobramentos de suas ações, incluindo o levante antifascista de novembro de 1935. Para falar sobre o assunto, já percorremos o Paraná, Rio de Janeiro e alguns estados do Nordeste.

Como estão os preparativos para o lançamento da nova biografia sobre o Luiz Carlos Prestes?

A previsão é de que saia em maio ou junho, pela Boitempo Editorial, de São Paulo. Tive que reavaliar todo o material de pesquisa acumulado em mais de 30 anos. Fui para Brasília em setembro do ano passado e recebi uma grande ajuda da presidente do Superior Tribunal Militar que me disponibilizou DVDs com muitas informações sobre os acontecimentos de 1935. A biografia já tem mais de mil notas de rodapé citando fontes. Não tinha como ser diferente porque a trajetória do meu pai começou no tenentismo e foi até 1990. Ele participou de diferentes movimentos políticos no Brasil e no cenário mundial. Era um importante membro da comissão executiva da Internacional Comunista, assim como minha mãe.

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