segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Reeleição de Chávez: vitória continental


Editorial de ODiario.info

O resultado - uma confortável vitória por 10 pontos de vantagem - desmentiu as sondagens divulgadas nos EUA e na Europa, que previam um empate técnico.

A campanha eleitoral transcorreu numa atmosfera de permanente tensão, no quadro de uma luta de classes como a América não conhecia desde o Chile da Unidade Popular.


O Plano B - elaborado pela CIA com aprovação do Departamento de Estado - previa que Capriles, o candidato da direita, se proclamasse vencedor no final do dia se os primeiros resultados divulgados revelassem equilíbrio. O objetivo era desencadear imediatamente ações de violência para destabilizar o país com a ajuda de paramilitares colombianos.

Os EUA investiram, indiretamente, centenas de milhões de dólares na campanha anti-Chávez. O governo de Obama, no âmbito da sua estratégia imperial, havia semeado bases militares na América do Sul - Colômbia (8), Paraguai, Curaçau - e enviou para a região a IV Esquadra.

A campanha de desinformação foi minuciosamente montada. Com poucas exceções, as centenas de jornalistas norte-americanos e europeus que cobriram a eleição qualificaram as três presidências de Chávez como uma soma de fracassos que conduziram o país à beira do caos e também do comunismo.

De Capriles Radonski, o candidato da oposição unificada, um multimilionário filho de um emigrante judeu polaco, a  mídia ocidental e a venezuelana (sob controle hegemônico da direita) apresentava o perfil de um social-democrata.

Ele afirmava aliás ser admirador de Lula e Dilma Rousseff. Fabricaram um líder inexistente. O ex-governador do Estado de Zulia esteve envolvido no golpe de Estado de 2002, participou então pessoalmente do ataque à embaixada de Cuba e desempenhou um papel de relevo no lock-out petrolífero assim como em conspirações posteriores.

A participação massiva do povo venezuelano - abstenção inferior a 20% - inviabilizou os planos da direita local e do imperialismo. E Capriles foi obrigado a admitir a sua derrota.
Chávez, no agradecimento ao seu povo, foi sóbrio: definiu a Venezuela «como uma das melhores democracias do mundo».


A Caracas chovem agora felicitações e palavras de estímulo. A primeira chegou da Argentina: Cristina Fernandez saudou a reeleição de Chávez como «vitória nossa, a vitória da América do Sul e das Caraíbas».

A euforia que varre agora o país e os povos latino-americanos implica grandes responsabilidades para a Venezuela Bolivariana. Chávez não ignora os enormes desafios que o esperam.

O processo revolucionário tem dependido excessivamente da sua liderança. A sua saúde inspira preocupações. No Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) coexistem tendências contraditórias. Embora minoritária, a corrente que defende reformas compatíveis com o capitalismo tudo faz para levantar obstáculos a medidas revolucionárias que abram caminho ao socialismo. O próprio discurso sobre o «socialismo do século XXI» é uma fonte de situações equívocas.

O imperialismo continua empenhado em destruir a revolução bolivariana. Mas a reeleição de Chavez teve para Washington o significado de uma grande derrota estratégica.
É compreensível o júbilo em todo o mundo das forças progressistas.



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