Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro
Não há como analisar a história política do Brasil republicano sem levar em conta a importância da trajetória da esquerda brasileira, entre outros aspectos, do seu papel na construção da democracia e no aprofundamento das noções de cidadania, da sua relação com os movimentos sociais e, mais recentemente, na relação conteúdo programático e experiência de governo. A rigor, no Brasil, temos um conjunto de tradições diversificadas no campo da esquerda: anarquistas, socialistas, trotskistas e vários outros movimentos de esquerda em nosso país. Não se pode negar, porém, a hegemonia desfrutada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) na representação dos trabalhadores e nos setores de esquerda, ao longo de boa parte do século XX.
O PCB, fundado em 1922, teve atuação significativa em vários momentos da história contemporânea do país. Para citar alguns exemplos, o Bloco Operário e Camponês (BOC) em 1928/30, o movimento antifascista e a Aliança Nacional Libertadora em 1934/35, a política de União Nacional em 1938/45, a luta pela criação da Petrobrás e a defesa das riquezas naturais da cobiça imperialista nos anos cinqüenta e no combate pela democracia e contra a ditadura militar, implantada em 1964.
Os comunistas brasileiros não se transformaram em heróis todo-poderosos, muito menos em vítimas das circunstâncias. Através da sua ação, em que consciência e vontade aparecem como fatores decisivos na transformação do real, eles atuaram nas condições históricas existentes em cada momento vivenciado. Não obstante seus êxitos e fracassos, como lembra o poeta Ferreira Gullar, “quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele [o PCB], ou estará mentindo”.
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