Artigo de Anita Prestes no blog da Ed. Boitempo
"O proletariado tem como única arma na luta pelo poder, a organização"
Vladímir Ilitch Lênin (22/4/1870 – 21/1/1924)
No 152° ano de nascimento de Vladímir Ilitch Lênin, o grande artífice da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, a historiadora Anita Prestes analisa, em artigo no blog da Boitempo, as ideias mestras das transformações revolucionárias elaboradas por Lênin, destacando como estes ainda são ensinamentos valiosos para as forças de “esquerda” no Brasil de hoje.
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TRECHOS DO REFERIDO TEXTO
Na atualidade, observamos que os principais partidos das ditas “esquerdas” estão voltados quase exclusivamente para os processos eleitorais em curso no país, sem revelarem preocupação efetiva com a formação do “bloco histórico” destinado a conduzir a luta pela transformação revolucionária do Brasil. Predomina nesses partidos e em diversos movimentos populares e sociais a espontaneidade, o culto à “luta de classes” sem uma direção voltada para a revolução, a defesa de uma suposta autonomia das massas e a subestimação de qualquer esforço dirigido à construção de um partido efetivamente revolucionário. Predomina o reformismo burguês, despido de um empenho efetivo em subordinar a luta pelas reformas aos objetivos da transformação revolucionária da sociedade.
As concepções reformistas apontadas alimentam a ilusão na eleição presidencial de Lula como solução para os problemas atuais do país, sem perceber que, mesmo vitorioso, mas sem o apoio de organização popular, Lula será forçado a submeter-se aos ditames do grande capital. Lideranças das ditas “esquerdas” conclamam o povo a sair à rua para protestar contra o governo e apoiar os candidatos dessas forças, esquecendo que, em determinadas circunstâncias, as massas desorganizadas podem sair às ruas e protestar, mas voltarão para casa desorganizadas como estavam. Sem um trabalho prévio de organização popular nos locais de trabalho, de moradia, de convivência, não se terá contribuído para o avanço efetivo das forças capazes de dar sustentação a um governo progressista e, muito menos, a uma saída revolucionária para a situação atual do país.
Junto ao referido predomínio das correntes reformistas no meio das ditas “esquerdas”, encontramos os partidários da fraseologia pseudo-revolucionária, capazes de impressionar os incautos e os jovens adeptos com discursos eloquentes e aparentemente radicais, desligados, entretanto, de uma prática efetiva de organização, mobilização e conscientização popular. Tais supostas lideranças costumam proclamar insistentemente objetivos finais (estratégicos) nos seus programas, eivados de generalidades e carentes de propostas táticas viáveis na realidade concreta existente, assim como desligados dos objetivos estratégicos apresentados.
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