Estudo da UCLA revela modelo "apartheid" na educação: em 32 distritos escolares, pelos menos 19 não têm nem 10% de alunos brancos
Foto histórica dos anos 70 de DJ Afrika Bambaataa no Bronx: negros sofrem com educação precária em Nova York |
"Alunos das escolas públicas da cidade estão cada vez mais isolados em grupos étnicos, econômicos e sociais, evidenciando a severa segregação racial de Nova York". Está é a conclusão do estudo divulgado nesta quinta-feira (27/03) pela UCLA (Universidade de Los Angeles, Califórnia) sobre a educação norte-americana. A pesquisa foi feita entre 1989 e 2010 e revela que os problemas educacionais da cidade estão intimamente ligados "à perpetuação da pobreza, à discriminação policial com negros e, principalmente, à separação entre negros e brancos nas escolas." Clique aqui e leia (em inglês) o relatório completo.
De acordo com os autores da pesquisa - Gary Orfield e John Kucsera-, nos 32 distritos escolares da cidade, 19 não tinham, em 2010, nem 10% de alunos brancos. "As pessoas visitam Manhattan e vêem pessoas de todas as raças, de todas as origens e nacionalidades, vão até a Times Square, etc.. Mas não enxergam o que acontece nas escolas", critica Gary Orfield na conclusão do relatório. "Nenhum dos estados do Sul dos Estados Unidos - historicamente considerados locais de alta segregação - chegam sequer perto do que acontece em Nova York", analisa.
O relatório critíca principalmente as "Charter Schools", instituições de ensino que são financiadas pelo governo e administradas por um grupo privado. Elas trabalham com um modelo de gerenciamento "que distancia negros e brancos, pobres e ricos", analisa o relatório. Chamadas de escolas do "apartheid", essas instituições - 183, no total - não tinham em 2010% nem 1% de alunos brancos.
A diferença é tamanha que as escolas com mais de 14,5% de alunos brancos são consideradas multirraciais. "O estado de Nova York reagrupa o maior número de escolas onde reina a segregação", afirmam Gary Orfield e John Kucsera. "A cidade de Nova York, que tem o maior sistema escolar público do país, é um buraco negro da segregação", criticam.
Além de segregação racial, o estudo também aponta a segregação social como grande responsável pelo mau desempenho das escolas públicas "As escolas com grande concentração de pobres e de minorias limitam as oportunidades educativas". "Existem muitos problemas adicionais nesta escolas, como, por exemplo, professores inexperientes, prédios mal conservados e material escolar inadequado.
Em entrevista ao Los Angeles Times, o diretor das "Charter Schools", James Merriman, considerou as conclusões do estudo dos investigadores da UCLA como "injustificadas" e criticou a utilização da palavra "apartheid, que disse ser "odiosa" e contrária à missão de insersão das escolas.
(*) Com informações do Los Angeles Times, UCLA, AFP e NY Times
FONTE: Opera Mundi
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