segunda-feira, 16 de junho de 2014

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O MUNDO DE PONTA-CABEÇA - Idéias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640
Christopher Hill

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Dentro da revolução inglesa do século XVII, que resultou no triunfo da ética protestante - a ideologia da classe proprietária - houve a ameaça de uma outra revolução, completamente diferente. Seu sucesso poderia ter estabelecido a propriedade comunal e uma democracia mais ampla, poderia ter derrubado a Igreja estatal e rejeitado a ética protestante. Os grupos radicais que apresentaram essas propostas -diggersranterslevellers, quacres e outros - eram formados por homens e mulheres pobres, sem sofisticação ou educação, e, talvez por isso, raramente suas opiniões foram consideradas a sério. Porém muitas de suas exigências, tradicionalmente descartadas como fantasias impraticáveis, aproximam-se do radicalismo do nosso próprio tempo. O mundo de ponta-cabeça é um retrato não da revolução burguesa que ocorreu na Inglaterra do século XVII, mas dos impulsos para uma radical reviravolta da sociedade, violentamente desejada e temida.






"Christopher Hill iluminou um século", diz Hobsbawm


SYLVIA COLOMBO
Editora-adjunta da Ilustrada



"Era um historiador repleto de humanismo, discernimento e charme". Foi com essas palavras que o também historiador inglês Eric Hobsbawm, 85, descreveu o colega Christopher Hill (1912-2003), morto no último dia 24 de fevereiro, aos 91 anos.


Em entrevista à Folha de S.Paulo, por e-mail, Hobsbawm disse que os estudos e as opiniões de Hill influenciaram a historiografia inglesa e o comportamento político dos intelectuais de sua geração.


"De um ponto de vista amplo, Christopher Hill foi, junto com Maurice Dobb [1900-1976], a figura mais importante na formação da escola de pensamento marxista dentro da historiografia britânica. Os debates que levaram à constituição do influente Grupo de Historiadores do Partido Comunista (composto por mim, Hill, Rodney Hilton, E.P.Thompson , V.G.Kiernan e outros) começou com seu pequeno ensaio "The English Revolution" ["A Revolução Inglesa de 1640]", publicado em 1940. Hill era um pouco mais velho que o restante do nosso grupo, e, por isso, se tornou nosso líder. Também fundou e presidiu nosso periódico, "Past & Present'", diz Hobsbawm.


No Brasil, a obra de Hill, que só contava com dois títulos traduzidos ("O Eleito de Deus" e "O Mundo de Ponta-Cabeça", ambos editados pela Companhia das Letras), ganha em agosto um reforço. A Record lança "A Bíblia Inglesa e a Revolução do Século 17".


No livro, Hill analisa o impacto que a Bíblia exerceu na sociedade de seu país no período, enfatizando sua utilização com propósitos políticos e literários e sua influência nas colonizações.


Em geral, os estudos de Hill se ocuparam em fazer uma revisão da história da Inglaterra no século 17. O historiador via o período entre os anos de 1640 e 1660 como impregnados de um espírito revolucionário e atacava a idéia tradicional de que a Revolução Inglesa havia sido uma espécie de aberração dentro do processo histórico pelo qual passava o país.


"Do ponto de vista exclusivamente britânico, Christopher Hill foi o maior historiador da Inglaterra no século 17 e do que eram constituídas as ideologias revolucionárias do protestantismo puritano. Transformou a idéia geral que se fazia do país durante o período que chamou de "O século da Revolução", quando a Inglaterra julgou e executou o seu rei -a primeira vez que algo do gênero acontecia na Europa- transformando-o, pouco depois, em uma República", explica Hobsbawm.


A Revolução Inglesa teve lugar durante o reinado da dinastia Stuart, no século 17, em que uma grave crise de poder entre o rei e o Parlamento levou o país a uma guerra civil e, logo depois, ao fim do absolutismo. Entre os trabalhos de Hill sobre o período, destaca-se também uma biografia do líder antimonarquista Oliver Cromwell (1599-1658).


No teatro


Para Hobsbawm, o mais influente livro de Hill é "O Mundo de Ponta-Cabeça" (1972). Curiosamente, a obra fez tanto sucesso que chegou a ser adaptada para o teatro e fez temporada no tradicional National Theatre de Londres, algo pouquíssimo usual para um ensaio acadêmico.

"Trata-se de um amplo e completo estudo sobre os ultra-radicais e os utópicos da Revolução Inglesa. Na época, lembro-me de que Hill recebeu inspiração do radicalismo estudantil que havia no meio universitário dos anos 60. Diferente de outros marxistas de minha geração, ele manteve contato e seguiu interessado no radicalismo de 1968", diz Hobsbawm.


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