Segundo Davi Perez: "Dados empíricos para entender o que é o 'imperialismo total' (Florestan Fernandes), ou 'imperialismo hegemônico global' (István Mészáros) ou 'pirâmide imperialista global' (KKE)".
Um artigo do insuspeito El País com interessantes dados sobre o processo como, no quadro da crise sistémica do capitalismo em curso, as megaempresas lutam pelo domínio de sectores estratégicos e aceleram o mercado de fusões e aquisições. Ou seja, de como a crise dá lugar a um processo de ainda maior centralização e concentração do capital, de crescimento do poder global do capitalismo monopolista de Estado.
A maior crise financeira desde o crack de 1929 sacudiu fortemente o mundo empresarial nos últimos anos. Entretanto, as grandes companhias mundiais conseguiram superar a tormenta e até saíram fortalecidas. Em alguns casos, como sucede com as tecnológicas Apple e Google, estes anos de crise coincidiram com a sua expansão e agora encontram-se em situação privilegiada para empreender operações corporativas. Em finais de 2007, a empresa da maçã contava com uma capitalização em Bolsa de 118.920 milhões de euros e não entrava no ranking das 20 maiores empresas. Hoje é a maior companhia do mundo com uns 370.000 milhões, mais do triplo de há sete anos, segundo dados de Bloomberg.
As companhias tecnológicas estado-unidenses ocupam os primeiros lugares da classificação das 50 maiores empresas do mundo. Apple tem uns 115.000 milhões de euros em caixa. Quer dizer, entesoura uma imensa liquidez para empreender futuras compras corporativas.
Google é a terceira empresa da classificação com uma capitalização em Bolsa de 259.761 milhões de euros. A companhia do famoso motor de busca desdobrou recentemente o seu capital num novo tipo de acções sem direito a voto. Isto permitir-lhe-á ampliar capital no futuro sem que os actuais donos, Sergey Brin e Larry Page, que detêm mais de 55% dos direitos de voto, percam peso. Um movimento com vista a possíveis novas aquisições.
A companhia tecnológica comprou em meados de Abril a empresa de fabricação de drones Titan Aerospace, seguindo assim os passos de outra das empresas da lista, Facebook (posto 39), que tinha comprado anteriormente a britânica fabricante de drones Ascenta. A companhia fundada por Mark Zuckeberg exibiu capacidade financeira e revolucionou o sector ao comprar Whatsapp por 13.800 milhões de euros.
Entre Apple e Google situa-se a petroleira Exxon Mobil, que tem uma capitalização de 318.100 milhões de euros. Seguem-nas Microsoft, Berkshire Hathaway (a empresa dirigida pelo magnate estado-unidense Warren Buffet) e a multinacional Johnson&Johnson, que ocupa o sexto lugar.
A sétima maior empresa do mundo, GeneralElectric, anunciou esta semana a intenção de comprar a empresa francesa de energia e transportes Alstom por 12.350 milhões de euros. A sua capitalização em Bolsa ascende aos 194.260 milhões e, somada à da companhia gaulesa, ascenderia a 203.327 milhões de euros.
O sector farmacêutico também vive um processo de concentração com grandes companhias procurando crescer ainda mais através da compra de competidores. A aquisição de AstraZena por parte da Pfizer daria como resultado um gigante com uma capitalização de 218.272 milhões, a sexta maior do mundo. Por sua parte, a suíça Novartis coloca-se em décimo sexto lugar após comprar a divisão oncológica de Glaxo Smith Kline (GSK) por 10.457 milhões de euros. Para além disso, a farmacêutica canadense Valeant anunciou na semana passada a compra da estado-unidense Allergan, proprietária de Botox, numa operação avaliada em 24.786 milhões.
A China lidera a lista Forbes
A revista Forbes elabora cada ano uma lista das 200 maiores companhias do mundo. No ranking da Forbes, para além das empresas que compõem a classificação que ilustra este artigo, também se incluem companhias não cotadas em Bolsa. Por cima do resto sobressai a presença de companhias chinesas. O gigante asiático coloca cinco empresas, a maioria entidades financeiras, nos dez primeiros postos da classificação. A opacidade e as particularidades próprias daquele país dificultam a comparação com as multinacionais que ocupam o ranking das 50 maiores companhias por capitalização em Bolsa.
O banco chinês ICBC lidera a classificação da Forbes com um valor de mercado de 142.170 milhões de euros. O sector financeiro da segunda economia mundial gera não poucas dúvidas face à possibilidade de que exista no país uma bolha de crédito. Feita esta ressalva, outro banco chinês, China Construction Bank, é a segunda empresa mais valiosa do mundo. A companhia petroleira asiática PetroChina e o Bank Of China também aparecem nos primeiros postos.
Os anos de crise passaram factura às companhias espanholas, que se viram forçadas a levar a cabo processos de desinvestimento para poder ajustar os sus balanços. Entretanto, depois de anos de desalavancagem, as empresas começam hoje em dia a acumular uma tesouraria suficientemente ampla para levar a cabo operações que permitam desenvolver o seu negócio. Nenhuma empresa cotada do Ibex consegue colar-se na lista das 50 empresas mais capitalizadas do mundo, mas dentro do índice existem grandes diferenças. Apenas um punhado de cinco companhias (Santander, BBVA, Inditex, Telefónica e Iberdrola) repartem entre si 63% da capitalização do índice de referência da Bolsa espanhola (uns 460.00 milhões).
Os líderes da Bolsa espanhola
Santander
A entidade presidida por Emilio Botín ostenta o primeiro posto, com uma capitalização, segundo dados ajustados por Bloomberg, de cerca de 83.000 milhões de euros. Os níveis mais elevados registados pelo banco correspondem a princípios de 2010, momento em que o valor em Bolsa da firma roçava os 100.000 milhões. Embora o sector financeiro tenha culminado um grande processo de reestruturação, os peritos consideram que nos próximos meses as entidades poderiam ser protagonistas de novos movimentos. De momento as notícias chegam a conta-gotas. À aquisição de 8% do Banco de Shangai anunciada em finais de 2013 junta-se a oferta lançada esta semana para a aquisição de 25% das acções que ainda não controla da sua filial brasileira.
Inditex
A segunda companhia por capitalização em Bolsa do Ibex caracterizou-se por levar a cabo um crescimento orgânico, com excepção de algumas aquisições como Massimo Dutti (1991) e Stradivarius (1999). Desde então o grupo fundado por Amancio Ortega tem empregado a sua liquidez para levar a cabo novos investimentos para o desenvolvimento das suas marcas e a entrada em novos mercados, bem como para premiar a fidelidade do accionista. Segundo as contas de 2013, 66% de seu negócio é gerado na Europa (incluindo Espanha), seguido pelas vendas na Ásia (20%) e América (14%).
Telefónica
Se há uns anos a América Latina era o caldo de cultura para as operações corporativas dentro do sector das telecomunicações, nos últimos tempos a Europa tomou a dianteira. Uma prova disso é a estratégia levada a cabo pela companhia presidida por César Alierta. Depois dos esforços empreendidos pela teleco espanhola para reduzir a sua dívida, nos últimos meses o ajustamento foi completado com novas aquisições. A compra de E-Plus à KPN é um reflexo do interesse da operadora em aumentar a sua presença na Alemanha. Mas esta não foi a única aquisição. Em Setembro de 2013 a companhia tomou o controlo da italiana Telco e em inícios de Abril anunciou a aquisição da startup de cloud computing EyeOs. Com uma capitalização em Bolsa de uns 55.000 milhões, os peritos não descartam que no novo cenário de reorganização Telefónica aproveite a sua posição para protagonizar novas operações.
BBVA
A entidade presidida por Francisco González é o segundo banco espanhol por capitalização do Ibex 3. Com um valor em Bolsa de cerca de 52.000 milhões de euros, BBVA reúne as características necessárias para obter participações em firmas espanholas ou estrangeiras. Todavia, tendo em conta as últimas movimentações parece que a estratégia da entidade se fundamenta em outros pilares. Em Outubro de 2013 a entidade anunciou a venda de 5,1% do banco chinês Citic. Este desinvestimento deixou exposta a Garanti, entidade turca da qual possui 25%. O último movimento corporativo de compra de BBVA remonta a 2012, ano em que a firma adquiriu Unnim pela simbólica quantia de um euro.
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