terça-feira, 17 de junho de 2014

A propaganda reescreve a história

Filipe Diniz



Cada comemoração «ocidental» do desembarque aliado na Normandia, em 6 de Junho de 1944, é ocasião para a repetição da mesma linha de distorção histórica. Esse desembarque «mudou o curso da II Guerra Mundial» (Público, 6.06.2014) e «acabou com Hitler» (diz o eufórico DN do mesmo dia).

O problema não reside apenas no desfiguramento do processo da derrota militar do nazi-fascismo. Reside na escolha de uma versão que procura elidir cumplicidades, ambiguidades, hesitações e pesadas responsabilidades dos EUA, da Grã-Bretanha e de outras potências capitalistas antes, durante e depois da Guerra. E que procura elidir o papel decisivo da URSS, do Exército Vermelho e do povo soviético, dos povos em armas da resistência antifascista na derrota do nazi-fascismo.

A abertura da «2.ª frente» na Europa não foi colocada «desde 1943» como diz o Público. Objecto de um comunicado conjunto anglo-soviético em 1942, foi protelada por ingleses e americanos para 1943 e apenas se concretiza em 1944. Depois das decisivas vitórias soviéticas de Leninegrado, Stalinegrado, Kursk e do seu avanço para Smolensk, Kiev, Donbass. Depois de norte-americanos e britânicos terem empreendido a operação na Tunísia e na Líbia. Depois da ofensiva aliada no Mediterrâneo e em Itália, e da rendição da Itália em Setembro de 1943.

A viragem na evolução do confronto já se verificara antes do desembarque na Normandia. Toda a história posterior indica que o objectivo estratégico fundamental desse desembarque não é a «derrota de Hitler». É impedir que essa derrota suceda exclusivamente perante a ofensiva do Exército Vermelho. É impedir que a derrota militar do nazi-fascismo seja também a derrota política do grande capital que o gerou e apoiou, e não apenas na Alemanha e em Itália.

É nesses termos que a II Guerra Mundial termina com duas acções monstruosas sem qualquer justificação militar: o bombardeamento de Hiroxima e Nagasaki, para impedir a rendição japonesa à URSS; e o bombardeamento de Dresden que, segundo um memorado da RAF da altura, serviria para «atingir o inimigo onde lhe dói mais […] e de caminho mostrar aos russos quando chegarem o que o comando de bombardeamentos é capaz de fazer».


2 comentários:

  1. É por causa de historiadores tendenciosos como você que nós Brasileiros somos mau vistos pelo mundo acadêmico lá fora, somos o penúltimo no ranking de educação. Sabia que Hitler deu um coro nos Soviéticos e se não fosse pelo mesmo erro que cometeu Napoleão, a Rússia nem mesmo existiria hoje? Sabia que Hitler fez um pacto de cooperação e não agressão para invadir a Polônia e a Finlândia com Stalin chamado Pacto Molotov-Ribbentrop antes da segunda guerra iniciar-se? Sabia que Hitler era contra as Monarquias imperialistas e capitalistas? Sabia que tanto a URSS tinha a KGB e os Nazistas a SS? Aposto que essas coisas você ignora quando vasculha a história em busca de demonizar o Ocidente. Você é um traidor de sua civilização!!! Sabia que Hitler perseguiu os Comunistas porque os mesmos eram Bolcheviques e abominavam todo tipo de Fabianismo ou Socialismo vulgo Mencheviques? O Nacional Socialismo dos Trabalhadores Alemães (Nazismo) era uma fusão de nacionalismo com socialismo? Sabia que Mussolini o pai do Fascismo foi perseguido pela direita a vida inteira por ser um esquerdista fervoroso? Sabia que Lenin mesmo sendo comunista era criticado por alguns comunistas? Sabia que todos eles Lenin, Hitler, Stalin entre outros utilizaram de Karl Marx e Engels para ludibriar suas populações? Sabia que o marxismo cultural foi o responsável pelas duas primeiras guerras mundiais? Sabia que todos os ditadores da atualidade se promoveram criticando o capitalismo e da história recebente também? Touchê você acaba de descobrir que os idiotas úteis são também professores de história que esquecem a regra básica de quem cursa história que é sempre analisar a história de forma imparcial.

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