terça-feira, 8 de julho de 2014

Plínio, Uma vida de luta em defesa da Reforma Agrária e do Socialismo.

Plínio de Arruda Sampaio morre, aos 83 anos, em São Paulo

Ex-parlamentar estava internado para tratar um câncer ósseo.
Promotor público aposentado, disputou a Presidência em 2010.


SÃO PAULO — O ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, de 83 anos, morreu na tarde desta terça-feira em São Paulo. Ele estava internado desde maio no hospital Sírio-Libanês para o tratamento de um câncer ósseo.

Segundo o filho mais velho do deputado, Francisco de Azevedo Arruda Sampaio, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, em decorrência de uma pneumonia, às 15h25. Hospitalizado há mais de um mês, o jurista e ex-deputado havia dado sinais de melhora há cerca de dez dias, deixando a UTI do Hospital Sírio Libanês e sendo transferido para a unidade de tratamento semi-intensivo. Plínio fazia tratamento contra um câncer ósseo recém-descoberto.

Deputado cassado pela ditadura, Plínio, que completaria 84 anos no final deste mês, foi uma das principais lideranças do PSOL, partido ao qual se filiou depois de deixar o PT, em 2005. Em sua autobiografia, Plínio afirma que é socialista há mais de 60 anos. Seu primeiro mandato parlamentar foi em 1962, pelo antigo partido Democrata Cristão, “que não tem nada a ver com esses partidos democratas cristãos de hoje”, destacava o ex-deputado.

Plínio foi o relator do projeto de reforma agrária do governo João Goulart e, com o golpe militar, foi um dos 41 parlamentares cassados no primeiro Ato Institucional. Ele passou 12 anos no exílio, onde trabalhou para a Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO). Voltou ao Brasil em 1976, quando se aproximou das lideranças que formariam o PT, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Plínio foi um dos primeiros signatários do PT, pelo qual foi deputado em 1985 e, em seguida, Constituinte. Sobre a sua saída do partido, em 2005, o jurista declarou: “Não fui eu que saí do PT. Foi o PT que saiu de mim”. Pelo PSOL, concorreu à Presidência em 2010. Este ano, já havia decidido que não disputaria nenhum cargo eletivo.

A ex-deputada Luciana Genro, candidata à Presidência da República pelo PSOL, emitiu nota de pesar e disse que cancelaria as agendas previstas para esta quarta-feira em Porto Alegre, ficando em São Paulo, onde visitaria nesta terça-feira o ex-deputado no hospital. Luciana chegou ao Sírio-Libanês poucos minutos após a morte de Plínio de Arruda Sampaio. “Plínio partiu com a consciência do dever cumprido, após décadas de luta em defesa da igualdade e da justiça social. O PSOL tem muito orgulho de ter sido escolhido por Plínio como o seu partido nestes últimos anos da sua vida. Em 2010, foi imenso o seu esforço para percorrer o país, já idoso, mas com muita energia e com os olhos sempre voltados para a juventude, para o futuro. Eu, pessoalmente, tenho ainda a imensa alegria de ter contado com o apoio de Plínio neste desafio que encaro agora como candidata a presidente. Plininho me contou que, mesmo hospitalizado, ele não se cansava de falar com as enfermeiras e visitantes, pedindo que votassem em mim nas eleições. Fez política até seu último minuto de lucidez”, diz a nota.

A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) lamentou a morte:

A partida do Plínio Sampaio nos causa a nós, seus amigos e companheiros, uma profunda tristeza e ao Brasil, uma enorme perda — afirmou a deputada, pelo Twitter, na tarde desta terça-feira.

Em nota, o presidente do PT, Rui Falcão, destacou a passagem de Plínio pela legenda:

Plínio de Arruda Sampaio foi um homem raro e fundamental na história do Partido dos Trabalhadores e do Brasil. Ele fará muita falta, especialmente aos movimentos sociais, sindicais e aos homens e mulheres de esquerda. Bertold Brecht falava dos homens “imprescindíveis”, que lutam por toda a vida na tentativa de melhorar o mundo. Plínio nunca deixou de lutar. Foi com essa determinação que ele ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores e praticamente redigiu nosso estatuto de fundação. Estivemos juntos em vários momentos cruciais, como as Diretas Já, a Constituinte, várias campanhas eleitorais, muitas lutas sociais. No PT, ele deixou cravado, para sempre, sua determinação, seu companheirismo e sua sabedoria. É com muito pesar que o PT recebe a notícia de seu falecimento e nos solidarizamos, neste momento de dor, com seus familiares, seus companheiros do PSOL e milhares de amigos”.

FONTE: O Globo

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