quinta-feira, 10 de julho de 2014

Israel e Palestina: não é um conflito, é um massacre

Mais de 80 mortes de palestinos foram registradas nos três últimos dias de conflito entre Israel e Palestina, sendo que cerca de 70% delas são de civis, informaram fontes médicas.
Entre as vítimas estão três palestinos que foram atingidos por um míssil israelense enquanto viajavam de carro para Jabalya, no norte da faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde da região, outras 537 pessoas ficaram feridas, 20 delas em estado crítico, em sua maioria mulheres e crianças.

Até o momento, os ataques vindos de Gaza não causaram vítimas israelenses


Israel e Palestina: não é um conflito, é um massacre
por Juliano Medeiros


Enquanto todos se divertem com a Copa do Mundo de futebol, Israel está cometendo um genocídio em Gaza. E essa não é a opinião de algum grupo radical islâmico, mas do moderadíssimo Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina. Até poucas horas atrás já haviam sido assassinadas 84 pessoas pelas forças militares israelenses, sendo 70% delas civis, segundo o Ministério da Saúde palestino.


Tudo começou com o sequestro e a morte de três jovens israelenses na Faixa de Gaza, semanas atrás. O governo de Israel atribuiu o crime ao Hamas, grupo político que governa a Faixa de Gaza e que negou publicamente sua responsabilidade nos assassinatos. Dias depois, em represália, um jovem palestino foi incendiado vivo por israelenses de extrema-direita. Daí em diante, a violência por parte de Israel só aumentou.


É claro que Israel não está “se defendendo”, como alega o governo sionista de Netanyahu e Peres. Na verdade, Israel está defendendo os assentamentos ilegais que mantém na Faixa de Gaza, uma forma de apossar-se de territórios hoje controlados pelos palestinos. Não é a primeira vez que isso acontece. Gaza é alvo frequente de investidas militares. A pior delas, no final de 2008 e início de 2009, deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos. Do lado israelense, as baixas foram de apenas treze pessoas, dez delas soldados.


Além disso, a violência de Israel é absolutamente desproporcional. Dezenas de palestinos morreram nas últimas horas, atingidos por bombardeios israelenses. Enquanto isso, não há registro de que os temidos “mísseis do Hamas” tenham acertado um único alvo israelense. A comunidade internacional, por sua vez, assiste ao massacre de braços cruzados. Com exceção de algumas poucas declarações mais enérgicas, como a do presidente russo, Vladimir Putin, as manifestações da maioria dos governos foram no sentido de clamar pelo "fim do conflito entre Israel e o Hamas". A questão é que não há conflito! O que está em curso é um massacre!


O governo israelense incentiva o ódio e a intolerância. Como destaca Chemi Shalev, em artigo publicado no jornal israelense Haaretz, em apenas 24 horas, uma página do Facebook convocando “revanche” pelos assassinatos dos três garotos sequestrados recebeu dezenas de milhares de curtidas, e encheu-se de apelos explícitos para matar árabes, onde quer que estejam. Centenas de israelenses postaram fotos na internet com mensagens de ódio e apoio à ofensiva do exército israelense.


Israel afunda-se no racismo e na intolerância. O Hamas é retratado pela imprensa internacional como um grupo “radical” e não como organização política que conquistou nas urnas o direito de governar a Faixa de Gaza. Os governos das grandes potências, aliados de Tel Aviv, apelam inutilmente pelo fim das “hostilidades”. Os organismos multilaterais, controlados por essas mesmas potências, nada fazem além de criticar a escala “desproporcional” da ação militar de Israel.


O que fazer, portanto, para parar o massacre promovido por Israel? Primeiro, é preciso reforçar toda a solidariedade à causa palestina. Segundo, condenar de todas as formas possíveis a violência contra civis inocentes por parte de Israel.


Por fim, cobrar que os governos rompam qualquer forma de cooperação militar com o governo israelense, ao mesmo tempo em que se manifestem diante dos organismos internacionais contra o massacre, convocando seus embaixadores e propondo sanções, tal como feito em relação à Síria, recentemente. Só assim o Estado de Israel poderá compreender que sua violência não ficará impune mais uma vez.


FONTE: PSOL




Conheça os pontos da negociação entre Israel e palestinos
  • Estado palestino 

    Os palestinos querem um Estado plenamente soberano e independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com a capital em Jerusalém Oriental. Israel quer um Estado palestino desmilitarizado, presença militar no Vale da Cisjordânia da Jordânia e manutenção do controle de seu espaço aéreo e das fronteiras exteriores
  • Fronteiras e assentamentos judeus 

    Os palestinos querem que Israel saia dos territórios que ocupou após a Guerra dos Seis Dias (1967) e desmantele por completo os assentamentos judeus. Qualquer área dada aos israelenses seria recompensada. Israel descarta voltar às fronteiras anteriores a 1967, mas aceita deixar partes da Cisjordânia se puder anexar os maiores assentamentos. Israel já retirou tropas e população da faixa de Gaza.
  • Jerusalém 

    Israel anexou a área árabe da Jordânia após 1967 e não aceita a dividir Jerusalém por considerar o local o centro político e religioso da população judia. Já os palestinos querem o leste de Jerusalém como capital do futuro Estado da Palestina. O leste de Jerusalém é considerado um dos lugares sagrados do Islã. A comunidade não reconhece a anexação feita por Israel.
  • Refugiados 

    Há cerca de 5 milhões de refugiados palestinos, a maioria deles descendentes dos 760 mil palestinos que foram expulsos de suas terras na criação do Estado de Israel, em 1948. Os palestinos exigem que Israel reconheça seu "direito ao retorno", o que Israel rejeita por temer a destruição do Estado de Israel pela demografia. Já Israel quer que os palestinos reconheçam seu Estado.
  • Segurança 

    Israel teme que um Estado palestino caia nas mãos do grupo extremista Hamas e seja usado para atacar os judeus. Por isso, insiste em manter medidas de segurança no vale do rio Jordão e pedem que o Estado palestino seja amplamente desmilitarizado. Já os palestinos querem que seu Estado tenha o máximo de atributos de um Estado comum.
  • Água 

    Israel controla a maioria das fontes subterrâneas da Cisjordânia. Os palestinos querem uma distribuição mais igualitária do recurso.

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