Por Miguel Urbano Rodrigues
Na América Latina, da Argentina ao México, e na Europa (incluindo Portugal) multiplicam-se as iniciativas de apoio à Revolução Bolivariana. No momento em que o imperialismo norte-americano, com o apoio da União Europeia, se esforça para impor à humanidade um projecto de dominação monstruoso, é fundamental para o derrotar compreender que a luta dos povos em defesa da sua soberania passa por um reforço do internacionalismo.
O sistema de poder dos EUA está empenhado em derrubar o governo progressista da Venezuela.
No Congresso, democratas e republicanos manifestam solidariedade com as forças da oposição que em Caracas e na maioria dos departamentos tentam semear o caos, promovem a violência e o açambarcamento de produtos de primeira necessidade. O presidente Barack Obama participa nas criticas ao chavismo. John Kerry,o secretario de Estado, acusa o governo venezuelano de «ameaçar a segurança dos EUA».
A deputada Ros Lehtinen, uma cubana naturalizada, pediu o estabelecimento de um bloqueio à Venezuela e o congelamento dos bens do país. Uma proposta sua foi aprovada por uma subcomissão da Câmara dos Representantes.
Em Caracas, o partido neonazi Voluntad Popular e um movimento fantasma de mulheres dirigido pela deputada Corina Machado, filha do magnate do aço, lançam apelos à desordem. Estudantes ligados à extrema-direita provocam nas ruas confrontos com a polícia. A histeria neofascista assumiu tal amplitude que Enrique Capriles,o ex candidato à Presidência, não a aprova.
O secretário-geral da OEA, o chileno Jorge Insulsa, sugeriu uma intervenção militar dos EUA (in resumen latino americano,4 .03.14)
O New York Times e o Washington Post e as grandes emissoras de televisão elogiam as manifestações da oposição e responsabilizam o governo de Maduro pela violência instalada nas ruas.
Semanas atrás, após a jornada sangrenta de 12 de Fevereiro, o imperialismo admitia a preparação de «um golpe de estado suave». Agora parece favorável a um golpe de estado violento.
De Miami, dirigentes de organizações terroristas como Robert Suarez e Dionísio Suarez (o assassino do chileno Orlando Letelier,indultado por Bush) lançam apelos inflamados à «insurreição».
Maduro está consciente da gravidade da situação criada pelas arruaças do ultra direita e pela «guerra económica» concebida por Washington e zelosamente executada pela oligarquia crioula. A inflação já ultrapassou os 50% e continua a subir.
Mas a imagem da Venezuela difundida pelos media dos EUA e da União Europeia é falsa.
Na Venezuela a Saúde a Educação são totalmente gratuitas. O analfabetismo foi erradicado. Este ano o número de matrículas nas universidades atingiu 2 600 000. O Estado garante a milhões de venezuelanos alimentos a a preços subsidiados. O salário mínimo é o mais alto da América Latina.
Como afirma o escritor Luís Brito, «os pobres aplaudem, quem protesta são os ricos».
A esmagadora maioria do corpo de oficiais continua a apoiar a Revolução Bolivariana. E sem divisão das Forças Armadas não há tentativa de golpe que possa triunfar. Em Washington não se esquece, porem, que em 2002 a traição de alguns generais permitiu o êxito inicial do golpe que foi derrotado graças à resistência popular das massas . Comprar altas patentes do exército é portanto um objetivo permanente da CIA.
Seria um erro grave subestimar a gravidade da campanha que visa ao derrubamento do governo legítimo da Venezuela.
Dai a grande importância da solidariedade internacionalista. Na América Latina, da Argentina ao México, e na Europa (incluindo Portugal) multiplicam-se as iniciativas de apoio à Revolução Bolivariana.
No momento em que o imperialismo norte-americano, com o apoio da União Europeia, se esforça para impor à humanidade um projeto de dominação monstruoso, é fundamental para o derrotar compreender que a luta dos povos em defesa da sua soberania passa por um reforço do internacionalismo. Porque a ofensiva é global, a resistência das massas populares deve ser também global. Tudo se apresenta interligado. Os acontecimentos da Ucrânia (concebidos e financiados pelo imperialismo, que forneceu as armas às organizações fascistas) inserem-se na mesma estratégia que tenta promover o golpe de estado na Venezuela.
Precisamente por isso, a solidariedade com a Revolução Bolivariana é um dever revolucionário. O derrubamento de Nicolás Maduro tornaria muito difícil a continuidade dos governos progressistas da Bolívia e do Equador. A própria sobrevivência da Revolução Cubana seria ameaçada.
Vila Nova de Gaia, 6 de Março de 2014
FONTE: O Diario.Info
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