terça-feira, 9 de agosto de 2011

"Princípios" da Globo contra a liberdade

Por Altamiro Borges

 
Com grande alarde no Jornal Nacional e nos demais veículos do seu império midiático, a Rede Globo divulgou na semana passada um longo documento com os seus “princípios editoriais”. O texto, enfadonho, risível e cínico, não é gratuito. Ele tem como alvo a blogosfera e as redes sociais, que minam a sua credibilidade e causam a queda de tiragem do seu jornal e da audiência de sua emissora.

 
Já na abertura, a Globo mostra que não tem qualquer princípio ou compromisso com a verdade. Em tom arrogante, o texto afirma:

 
“Desde 1925, quando O Globo foi fundado por Irineu Marinho, as empresas jornalísticas das Organizações Globo, comandadas por quase oito décadas por Roberto Marinho, agem de acordo com princípios que as conduziram a posições de grande sucesso: o êxito é decorrência direta do bom jornalismo que praticam. Certamente houve erros, mas a posição de sucesso em que se encontram hoje mostra que os acertos foram em maior número”.

 
As razões do "sucesso"

 
O texto não explica como o império atingiu “a posição de sucesso”. Nada fala sobre o acordo ilegal com a Time-Life, multinacional estadunidense, na criação da TV Globo. Não aborda as relações promiscuas com a ditadura militar, que garantiram a expansão da empresa. Quanto ao “bom jornalismo”, ele não faz autocrítica do seu clamor pelo golpe de 1964, do seu apoio à ditadura, da sabotagem às Diretas-Já, das tentativas de desestabilização do governo Lula, da criminalização dos movimentos sociais.

 
O documento apresenta um monte de baboseiras sobre “isenção”, “neutralidade”, “imparcialidade”. Na prática, ele visa ser um contraponto às críticas crescentes dos internautas. O império faria o “bom jornalista”; já a blogosfera e as redes sociais fariam “propaganda política”. Roberto, João e José, os filhos de Roberto Marinho, parecem temer o crescimento da internet, que hoje faz a disputa contra-hegemônica e enfrenta as manipulações dos monopólios midiáticos.


 
“Com a consolidação da Era Digital, em que o indivíduo isolado tem facilmente acesso a uma audiência potencialmente ampla para divulgar o que quer que seja, nota-se certa confusão entre o que é ou não jornalismo, quem é ou não jornalista, como se deve ou não proceder quando se tem em mente produzir informação de qualidade”, resmunga o documento. Em outras palavras, a Rede Globo detesta a verdadeira liberdade de expressão, teme que novas vozes se expressem.
 
 

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