Presente no Recife para participar do lançamento da segunda edição do livro Memórias do pernambucano Gregório Bezerra, Anita Leocadia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes, reaviva a mensagem de luta dos dois líderes comunistas. “É possível, sim, contribuir para transformar o Brasil, para acabar com a miséria. E eles diriam que só tem uma saída: o socialismo”, afirmou Anita.
A relação entre a família Prestes e Gregório Bezerra sempre foi de muita proximidade, daí a naturalidade com que Anita, que é historiadora, falava sobre o autor do livro. Durante a coletiva que concedeu ao lado de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), ela contou traços do caráter do amigo do pai, que a viu crescer.
“Gregório morou na nossa casa quando eu tinha entre nove e dez anos. Ele sabia lidar com crianças e nós adorávamos ouvir as histórias que ele contava. Na década de 70, quando já era adulta, na época do exílio, convivemos em Moscou”. Segundo ela, a preocupação com o próximo era um dos traços mais marcantes de Gregório. Jurandir, no final da coletiva, confirmou a veracidade da informação ao tirar da carteira um manuscrito do pai solicitando remédio para os companheiros de prisão.
Anita lamentou, no entanto, o fato dos mais jovens desconhecerem a história do comunista pernambucano. Na tentativa de reverter este quadro, não se limitou apenas a escrever a apresentação do livro, veio do Rio de Janeiro, concedeu coletiva no relançamento da obra e proferiu, ontem, palestra sobre o homem que considera ser “a expressão do povo brasileiro”.
Memórias é uma autobriografia de Gregório Bezerra inicialmente escrita no período em que ele ficou na cadeia, longos 23 anos, finalizada no exílio em Moscou e publicada em 1979. A edição, de dois volumes, com a narrativa detalhando momentos marcantes da ditadura militar, em que foi duramente torturado, assim como sua infância pobre em Panelas, Agreste pernambucano, foi rapidamente esgotada.
Agora o livro é relançado pela Boitempo, em um único volume de 600 páginas, com fotografias, índices cronológicos e depoimentos de Florestan Fernandes, Eduardo Campos, Mércia Albuquerque, Oscar Niemeyer, Jorge Amado e Ziraldo, entre outros, cartas escritas por Gregório e poemas de Ferreira Gullar e Francisco Julião. Depois do evento de ontem no Recife, será relançado nos próximos dias 13 e 14 no Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente.
FONTE: Diário de Pernambuco, 2/9/2011.
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