terça-feira, 3 de abril de 2012

MOSTRA CENTENÁRIO DE MAZZAROPI





CENTENÁRIO DE MAZZAROPI


QUANDO de hoje até o dia 15/4 (http://www.cinemateca.gov.br/)

ONDE Cinemateca Brasileira (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, tel. 0/xx/11/3512-6111)

QUANTO R$ 8

CLASSIFICAÇÃO livre

 
A Cinemateca Brasileira festeja neste mês o centenário de nascimento de Amácio Mazzaropi (09 de abril de 1912 – 13 de junho de 1981). Intérprete de uma das personagens mais famosas do cinema brasileiro, o Jeca, Mazzaropi lançou-se nas telas no início dos anos 1950, na comédia Sai da frente, produzida pelos estúdios da Vera Cruz em São Paulo, e dirigida pelo cineasta e dramaturgo Abílio Pereira de Almeida. Sempre encarnando tipos populares – do motorista de caminhão ao malandro Pedro Malazartes, passando por engraxate, cangaceiro, torcedor fanático ou pai de família conservador – foi como o caipira do interior paulista que Mazzaropi eternizou-se no imaginário brasileiro. Objeto de curiosidade para críticos como Paulo Emilio Salles Gomes, e motivo de saudação para outros, como Jairo Ferreira, que chegou a comparar a importância de sua personagem a de Zé do Caixão e Antônio das Mortes, criações de José Mojica Marins e Glauber Rocha, Mazzaropi arrebatou o público em comédias que dialogavam com os espetáculos populares que desde a infância o encantavam, como o circo-teatro e a música caipira, e em filmes que tratavam de problemas concretos para suas plateias – o conflito entre o caipira e a cidade, questões agrárias e raciais, modernização e atraso, cangaço, mudanças de comportamento, etc. Em alguns momentos, também recorreu aos expedientes da paródia, satirizando gêneros narrativos como o policial e o western, numa estratégia semelhante a das chanchadas da Atlântida. Depois de obter sucesso protagonizando filmes pela Vera Cruz, pela Cinedistri, entre outras empresas, montou sua própria produtora em 1958, a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi), e instalou na cidade de Taubaté, antigo reduto de sua família, um estúdio de proporções industriais – ao menos para o contexto brasileiro da época. Além disso, também assumiu a distribuição de suas fitas e organizou uma estratégia eficiente de fiscalização das bilheterias.

A homenagem organizada pela Cinemateca reúne algumas das principais obras estreladas por Mazzaropi, como o “road movie” cômico Sai da frente (1952), Nadando em dinheiro (1952) e Candinho (1953) – produções da Vera Cruz. Além delas, os filmes O gato de madame (1956), Chofer de praça (1958), Jeca Tatu (1959), As aventuras de Pedro Malazartes (1960), e Um caipira em Bariloche (1973), títulos em sua maioria realizados pela PAM Filmes. O grande destaque da homenagem fica por conta da seção MAZZAROPI RESTAURADO, programa reunindo quatro clássicos da filmografia do comediante em cópias restauradas pela Cinemateca, com patrocínio da Petrobras – Zé do Periquito (1961), O lamparina (1963), O corintiano (1966) e O puritano da Rua Augusta (1966). Enquanto O corintiano retrata o fanatismo de um torcedor de futebol capaz das maiores loucuras para torcer por seu time do coração, O puritano da Rua Augusta, dirigido pelo próprio Mazzaropi, pega embalo no surgimento da Jovem Guarda, mostrando um pai de família conservador que tem dificuldade em lidar com os filhos, fãs do rock. Já O Lamparina, de Glauco Mirko Laurelli, cineasta e montador do clássico São Paulo S.A., de Luiz Sérgio Person, parodia os filmes de cangaço. Na mesma época em que as produções do Cinema Novo como Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, e Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, rodavam o mundo em festivais internacionais, Mazzaropi se divertia com o imaginário do gênero. Fecha o programa a comédia Zé do Periquito (1961), de Milton Amaral e Ismar Porto, cuja versão restaurada ainda não foi exibida em São Paulo.



CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)
Maiores de 60 anos e estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação de documento.

PROGRAMAÇÃO



03.04 - TERÇA
SALA CINEMATECA BNDES

18h30 O PURITANO DA RUA AUGUSTA
20h30 O CORINTIANO



04.04 - QUARTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS

18h30 SAI DA FRENTE
20h30 NADANDO EM DINHEIRO



05.04 - QUINTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS

19h00 CANDINHO
21h00 O GATO DE MADAME



06.04 - SEXTA
SALA CINEMATECA BNDES

16h30 CHOFER DE PRAÇA
18h30 JECA TATU



07.04 - SÁBADO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
16h00 AS AVENTURAS DE PEDRO MALAZARTES
19h00 O CORINTIANO
21h00 O PURITANO DA RUA AUGUSTA



08.04 - DOMINGO
SALA CINEMATECA PETROBRAS

16h30 O LAMPARINA
18h30 ZÉ DO PERIQUITO
20h30 UM CAIPIRA EM BARILOCHE



10.04 - TERÇA
SALA CINEMATECA PETROBRAS

19h00 O GATO DE MADAME
21h00 O LAMPARINA



11.04 - QUARTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS

18h30 UM CAIPIRA EM BARILOCHE



12.04 - QUINTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS

18h30 JECA TATU
20h30 AS AVENTURAS DE PEDRO MALAZARTES



13.04 - SEXTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS

18h30 SAI DA FRENTE
20h30 ZÉ DO PERIQUITO



14.04 - SÁBADO
SALA CINEMATECA PETROBRAS

19h00 CHOFER DE PRAÇA
21h00 CANDINHO



15.04 - DOMINGO
SALA CINEMATECA PETROBRAS

18h00 NADANDO EM DINHEIRO
20h00 SAI DA FRENTE


FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES



As aventuras de Pedro Malazartes, de Amácio Mazzaropi
São Paulo, 1960, 35mm, pb, 90’
Amácio Mazzaropi, Geni Prado, Nena Vianna, Dorinha Duval

Com a morte do pai, Pedro Malazartes é trapaceado por seus dois irmãos, que tomam para si toda a herança do velho. Sem posses e sem rumo, ele deixa a fazenda paterna e encontra um grupo de meninos órfãos, que passam a acompanhá-lo. A partir daí, tentando se virar e sobreviver ao lado das crianças, ele aplica pequenos golpes – entre os quais vender uma “panela que faz tudo” e um “ganso mágico”. Primeira experiência de Mazzaropi na direção de cinema, o filme baseia-se nas histórias aventurescas de Pedro Malazartes, personagem tradicional do folclore português e brasileiro, famosa por suas malandragens e diabruras. Produção da PAM Filmes. Montagem de Máximo Barro.

Um caipira em Bariloche, de Amácio Mazzaropi e Pio Zamuner
São Paulo, 1973, 35mm, cor, 100’
Amácio Mazzaropi, Yvan Mesquita, Edgard Franco, Fausto Rocha Jr.

Fazendeiro ingênuo é persuadido a vender suas terras e a se mudar para a cidade. A propriedade é entregue a um vigarista e o caipira é enviado a Bariloche, para que uma negociata capitaneada por seu genro possa se consumar. Ao descobrir a tramoia, ele regressa ao Brasil e luta para reaver sua fazenda. Um dos filmes de maior bilheteria da carreira de Mazzaropi, esta comédia de ação e suspense foi também a primeira produção da PAM Filmes rodada no exterior. Destaque para o número musical interpretado pela cantora Elza Soares, aos pés do Cristo Redentor. Montagem de Mauro Alice.

Candinho, de Abílio Pereira de Almeida
São Paulo, 1953, 35mm, pb, 94’
Exibição em Beta digital
Amácio Mazzaropi, Marisa Prado, Ruth de Souza, Adoniran Barbosa

Caipira abandona o campo e segue para São Paulo para ganhar a vida. Lá encontra seu grande amor – a filha do fazendeiro para quem até então trabalhara. A moça é agora dançarina de cabaré. Apaixonado, o caipira fará de tudo para levá-la de volta à fazenda paterna. Livre adaptação do Cândido, de Voltaire, Candinho marca a estreia de Mazzaropi no papel da personagem que irá consagrá-lo futuramente. A fotografia é assinada por Edgar Brasil, responsável pelas imagens do mitológico Limite, de Mario Peixoto. Produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

Chofer de praça, de Milton Amaral
São Paulo, 1958, 35mm, pb, 96’
Amácio Mazzaropi, Geny Prado, Ana Maria Nabuco, Carmem Morales

Casal de sertanejos chega à cidade para colaborar com os estudos do filho, que quer se tornar médico. Para ganhar algum dinheiro e ajudá-lo, o marido trapalhão vai trabalhar como chofer de praça. Conduzindo um calhambeque aos pedaços, ele cria as maiores confusões no trânsito de São Paulo. Chofer de praça é o filme de estreia da companhia produtora criada por Mazzaropi em 1958 (PAM Filmes). Nele, o ator, diretor e produtor investiu todos os seus recursos, inclusive o dinheiro adquirido com a venda de sua casa própria. Rodado com equipamentos da Vera Cruz, Chofer de praça se vale do tradicional embate entre os costumes do homem do campo e a vida na metrópole – situação dramática exaustivamente trabalhada pelo comediante. Apesar do risco, a produção encontrou boa receptividade em salas de cinema do interior do país. Vale destacar também em Chofer de praça as imagens da capital paulista e seus arranha céus nos anos 1950.

O gato de madame, de Agostinho Martins Pereira
São Paulo, 1956, 35mm, pb, 85’
Exibição em 16mm
Amácio Mazzaropi, Odete Lara, Carlos Cotrim, Durval Roberto

Engraxate se envolve com uma quadrilha de bandidos ao encontrar um gato perdido na rua, pelo qual sua dona, uma grã fina, oferece uma promissora recompensa. Segundo filme do diretor de origem portuguesa Agostinho Martins Pereira, que também havia colaborado com o sonho industrial da Vera Cruz, O gato de madame marca a estreia de Odete Lara nas telas. Por sua atuação, a futura atriz do cinema moderno brasileiro – protagonista de clássicos de Walter Hugo Khouri e Glauber Rocha – recebeu o Prêmio Governador do Estado em 1956. Numa estética semelhante à das chanchadas da Atlântida, O gato de madame parodia os principais clichês do cinema policial americano. Produção da Cinematográfica Brasil Filme.
Jeca Tatu, de Milton Amaral
São Paulo, 1959, 35mm, pb, 90’
Amácio Mazzaropi, Geny Prado, Roberto Duval, Nicolau Guzzardi

Caipira preguiçoso entrega pedaços de sua terra para pagar suas dívidas. Além disso, briga constantemente com um latifundiário italiano e tem de lidar com as investidas de um capataz que quer a todo custo se casar com sua filha. Homenagem declarada ao universo e à personagem criada pelo escritor Monteiro Lobato, Jeca Tatu é um dos maiores sucessos de bilheteria do comediante. Montagem de Mauro Alice.
Nadando em dinheiro, de Abílio Pereira de Almeida e Carlos Thiré
São Paulo, 1952, 35mm, pb, 78’
Exibição em Beta digital
Amácio Mazzaropi, Ludy Veloso, A. C. Carvalho, Nieta Junqueira

Modesto condutor de caminhão é herdeiro de uma fortuna. Ele se muda para a mansão herdada e começa a viver como milionário, arrancando gargalhadas dos grã-finos que não admitem seus modos populares. Mais tarde, se envolve numa série de confusões ao arrumar uma amante. Realizado no esteio do sucesso de Sai da frente, Nadando em dinheiro é o segundo filme da Vera Cruz estrelado pelo comediante, novamente sob a direção de Abílio Pereira de Almeida.

Sai da frente, de Abílio Pereira de Almeida
São Paulo, 1952, 35mm, pb, 80’
Exibição em Beta digital
Amácio Mazzaropi, Ludy Veloso, A. C. Carvalho, Nieta Junqueira

Carregando uma mudança, motorista trapalhão viaja de São Paulo a Santos ao lado do fiel companheiro de trabalho, um cachorro. Durante a travessia até o litoral, encontra diversas personagens – policiais, uma trupe de circo, uma noiva trancada num armário etc – e comete as maiores confusões. “Road-movie” cômico dirigido pelo ator, produtor e dramaturgo Abílio Pereira de Almeida, um dos nomes mais importantes da cena teatral paulistana nos anos 1950. Depois de bem-sucedidas experiências no rádio e no circo, Mazzaropi faz sua estreia no cinema. Produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz.


MAZZAROPI RESTAURADO


O corintiano, de Milton Amaral
São Paulo, 1966, 35mm, pb, 100’
Amácio Mazzaropi, Elizabeth Marinho, Lúcia Lambertini, Roberto Pirillo

Barbeiro fanático pelo Corinthians é capaz das maiores loucuras para torcer para seu time do coração: andar com um burro preto e branco, bater boca com torcedores de times de futebol rivais, fazer promessas malucas, orar, sofrer e xingar na arquibancada. Por conta de sua desmedida paixão pelo futebol, se indispõe com os vizinhos e com a família. O corintiano é uma eficiente e popular comédia de costumes, feita para agradar “a todas as torcidas”, segundo anunciavam seus cartazes de divulgação. Aqui, Mazzaropi deixa temporariamente de lado a personagem do Jeca para viver outro tipo popular, um barbeiro turrão, cuja paixão pelo futebol serve de pretexto para que a narrativa encene o conflito entre pais e filhos, entre tradição e ruptura – tema a ser aproveitado também um pouco depois em O puritano da Rua Augusta. Produção da PAM Filmes. Filme restaurado pelo Programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras 2007.

O Lamparina, de Glauco Mirko Laurelli
São Paulo, 1963, 35mm, pb, 84’
Amácio Mazzaropi, Geny Prado, Zilda Cardoso, Emiliano Queiroz

Caipira desempregado sai da cidade de São Paulo e retorna ao Nordeste em busca de trabalho. Por acidente, ele e sua família acham-se vestidos de temíveis cangaceiros. Sátira aos filmes de cangaço, O lamparina inverte os principais clichês do gênero, brincando com o universo do faroeste e do filme de aventuras, numa estratégia cômica bem próxima à das chanchadas cariocas. Ídolo já consagrado na época, Mazzaropi mais uma vez se arrisca como cantor, interpretando canções de autoria de seu compositor favorito, Elpídio dos Santos. Na mesma época em que filmes do Cinema Novo como Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, e Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, rodavam o mundo em festivais internacionais, Mazzaropi se diverte com o imaginário do cangaço. Terceiro filme do comediante sob a direção do cineasta Glauko Mirko Laurelli, também montador e produtor de filmes de Luiz Sérgio Person, como São Paulo S.A. Filme restaurado pelo Programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras 2007.

O puritano da Rua Augusta, de Amácio Mazzaropi
São Paulo, 1966, 35mm, pb, 95’
Amácio Mazzaropi, Marly Marley, Marina Freire, Elizabeth Hartmann

Comédia de costumes realizada sob os embalos da Jovem Guarda. Mazzaropi interpreta um velho pai de família que adere a uma liga moralizante contra os novos costumes da juventude seduzida pelo rock n’ roll. Destaque para as participações da banda The Jordans e da cantora Elza Soares. Produção da PAM Filmes. Filme restaurado pelo Programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras 2007.

Zé do Periquito, de Milton Amaral e Ismar Porto
São Paulo, 1961, 35mm, pb, 86’
Amácio Mazzaropi, Maria Helena Dias, Augusto César Vannuchi, Eugenio Kusnet

Jardineiro de um colégio se apaixona por uma jovem estudante. Querendo enriquecer para então se casar com ela, muda de cidade e começa a ganhar dinheiro com um realejo e um periquito da sorte. Mas ninguém quer saber dele até que uma maltrapilha resolve ajudá-lo, passando fofocas sobre a vida dos moradores. Destaque para os números musicais interpretados por Agnaldo Rayol e Hebe Camargo. Produção da PAM Filmes. Filme restaurado pelo Programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras 2007.



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