Por Astrojildo Pereira
Os antecedentes históricos do 1° de Maio datam de 1885. Em outubro dêsse ano, no Congresso dos operários americanos reunido em Chicago, é que foi tomada a resolução de marcar o dia 1° de Maio de 1886 como data inicial para a limitação a 8 horas da jornada de trabalho. Em dezembro de 1885, o Congresso reunido em Washington, renovou a resolução de Chicago.
Convém notar que a data de 1° de Maio de 1886 ficou estabelecida apenas como ponto de partida para a aplicação do regime de 8 horas de trabalho, devendo os operários americanos manter-se em greve nas fábricas e oficinas cujos os patrões se recussassem a atenderà reivindicação formulada pelo Congresso de Chicago. E foi o que aconteceu: 5.000 greves se declararam no dia marcado, nas principais cidades americanas sendo algumas dessas greves esmagadas com extrema violência pela polícia e pelos provocadores a serviço dos capitalistas. Em conseqüência da brutal repressão alguns dos chefes grevistas foram processados e condenados a enforcamento, executando-se a sentença no dia 11 de novembro de 1877.
Em julho de 1889, no 1° Congresso Socialista Internacional, reunido em Paris, o operário Raynind Lavgne apresentou a seguinte proposta de manifestação internacional, em data a ser fixada:
"Será organizada uma grande manifestação internacional, em data fixa, de maneira que, em todos os países e em todas as cidades ao mesmo tempo, no mesmo dia convencionado, os trabalhadores reclamem dos poderes públicos a promulgação de elis reduzindo a 8 horas a jornada de trabalho e atendendo às outras resoluções do Congresso Internacional de Paris".
Mas só em agosto de 1891, no Congresso Internacional de Bruxelas, foi o 1° de Maio indicado como data de manifestação anual e internacional. Eis o texto da resolução então adotada:
"O Congresso.
Para que o 1° de Maio conserve o seu verdadeiro caráter econômico de reivindicação da jornada de 8 horas e de afirmação de classes.
Decide:
Que os trabalhadores de todos osd países realizarão no mesmo dia uma demonstração única:
Que esta demonstração terá lugar no dia 1° de Maio.
E recomenda a paralização do trabalhopor tôda a parte onde for possível".
Acrescentamos que esta resolução foi confirmada e completada pelo Congresso Internacional de Zurich, em 11 de agosto de 1893.
De então em diante, todos os anos, e em todos os países do mundo, os trabalhadores realizaram , no dia 1° de Maio, demonstração cada vez mais grandiosas, comemorando as suas conquistas anteriores e reafirmando a sua vontade de luta pela emancipação do trbalho. Hoje a data se acha definitivamente consagrada como Dia do Trabalho, sendo que em muitos países já reconhecida em lei, como feriado nacional. Só nos países onde dominam o fascismo, se tentou, durante anos, apagar o 1° de Maio da história do movimento operário mundial. Não adiantou grande coisa: esses países agora libertos do fascismo e o 1° de Maio Volta a ser comemorado, com redobrado entusiasmo. Só não é, por enquanto, na Espanha, em Portugal, no Paraguai...Mas confiamos em que já no ano seguinte se-lo-á também em todos os três.
No Brasil o 1° de Maio tem igualmente a sua história - longa e gloriosa, história, que seria interessante contar às novas geraçõescombatentes de proletariado brasileiro. Infelizmente não me sobrou tempo agora para proceder a pesquisa em tal sentido. Mas quero recordar o 1° de Maio de 1919, o de 1925, o de 1927 e o de 1929 - marcos importantes no desenvolvimento das lutas operárias em nossa terra. Em 1919, os trabalhadores do Rio de Janeiro realizaram a maior demonstração operária de massas até então presenciada na capital da República: mais de 63.000 pessoas reunidas em comício, na Praça Mauá, desfilando depois pela Avenida Rio Branco, acima, com os seus estandartes, as suas bandeiras e as suas fâmulas. Em em 1925, a manifestação do nosso 1º de Maio teve como nota alta o aparecimento da A CLASSE OPERÁRIA. Em 1927, também na Praça Mauá, pela primeir vez num 1° de Maio, o Partido Comunista apareceu como tal, abertamente, com um orador que falou em nome do Partido. Quanto ao 1° de Maio de 1929, foi igualmente um grande dia, tendo A CLSSSE OPERÁRIA publicado um número especial com a tiragem record de 30.000 exemplares.
Os anos que seguiram ficaram assinalados por terríveis lutas do proletariado, quase sempre na ilegalidade, e durante êles a reação tudo fêz para desvirtuar e falsificar o verdadeiro sentido proletário do 1° de Maio. Tudo inútil, porém. Depois de cada período do domínio reacionário, quando o movimento operário parece liquidado, eis que as massas trabalhadoras voltam à arena com redobrada energia, mais organizadas, mais combativas, mais potentes que no período anterior. Estes últimos meses são a melhor comprovação desta regra - e por isso o 1° de maio de 1946 vai ser comemorado em todo o Brasil com formidáveis demonstrações de massas, as mais vastas e poderosas que já se realizaram em nossa terra.
A CLASSE OPERÁRIA
Rio de Janeiro - 01/05/1946
FONTE: Fundação Dinarco Reis
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