[Cartaz alemão do Dia Internacional da Mulher, datado de 8 de março de 1914] |
Brasil - Diário Liberdade - [Iris
Toloni] O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é mais do que um mero dia a
ser comemorado, é para ser lembrado pelos fortes movimentos de reivindicação
pelos direitos da mulher e de nossa conquista econômica, política e social.
Apesar da lógica capitalista se
apropriar da data para fins comerciais e fúteis, esse dia não pode ser passado
em vão pelas mulheres trabalhadoras. Desde a data de seu surgimento (ideia
proposta pela socialista alemã Clara Zetnik e confirmado após a greve das
trabalhadoras na indústria têxtil na Rússia, fator importante para o surgimento
da Revolução de Outubro) até hoje, é certo afirmar que com muita luta
conseguimos muitos direitos, mas ainda não é o bastante já que ainda sofremos
claramente preconceito, violência e exploração.
Embora tenhamos uma presidenta, a
primeira mulher na história brasileira eleita para assumir tal cargo, as
mulheres ainda sofrem discriminação, desigualdade salarial, preconceito,
assédio sexual e os mais diversos tipos de violência
O Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), segundo o site Observatório de Gênero, realizou uma pesquisa
apontando que os homens ganham 30% a mais no salário do que as mulheres com
idade similar e com o mesmo grau de instrução, comprovação do preconceito e da
discriminação enraizada em nossa sociedade.
Nesse ano, há uma mobilização organizada
pelo Movimento Mulheres em Luta contra a suspensão de 181 vagas da creche da
Universidade de São Paulo (USP), prejudicando as mães trabalhadoras e
estudantes. Esse problema atinge diversas universidades e negam o direito à
educação e ao trabalho de muitas mulheres.
O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) em 2014 revelou uma pesquisa mostrando claramente a violência contraas mulheres no Brasil. A pesquisa aponta que 26% da população concorda que
mulheres que vestem roupas curtas merecem ser atacadas e 58% das pessoas acham
que se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros, o que
transfere a culpa do agressor para a vítima e nega o direito à liberdade da
mulher de se vestir e de se comportar da forma que quiser. Além dos assédios
sexuais sofridos nos transportes públicos, na rua, no trabalho e na própria
casa das mais perversas formas.
A violência contra a mulher também se dá
pela criminalização do aborto: a ONU realizou uma pesquisa em 2012 afirmando
que, em média, 200 mil mulheres morrem por aborto clandestino por ano em nosso
país devido à precariedade de higiene e cuidados dessa prática, principalmente
as pobres que não tem dinheiro para pagar uma clínica clandestina com o mínimo
de decência que garanta um pouco de segurança.
Em relação à violência obstétrica, a
Fundação Perseu Abramo realizou uma pesquisa em 2010 indicando que uma em cada
quatro mulheres é vítima de violência obstétrica durante o parto no Brasil.
No Congresso Nacional o machismo
acontece de forma explícita. Além de o parlamento ser composto por apenas 13%
de mulheres, basta relembrar do comportamento do Deputado Federal Jair
Bolsonaro quando agrediu a Maria do Rosário afirmando em discurso dentro da
Câmara dos Deputados, teoricamente palco da democracia, "não te estupro
porque você não merece".
Diante desses dados e de situações que
presenciamos diariamente em todos os lugares, nós, homens e mulheres, não
devemos nos calar diante da situação, pelo contrário, devemos lutar dia a dia.
Temos que romper com esse padrão arcaico de inferioridade da mulher e continuar
lutando pelo respeito e pelos direitos igualitários, segundo os preceitos da
revolucionária Rosa Luxemburgo, "por um mundo onde sejamos socialmente
iguais, humanamente diferentes e totalmente livres".
Rosa Luxemburgo, Clara Zetnik, Maria
Bonita, Joana D'Arc, Maria Quitéria, Olga Benário, Anita Garibaldi, Frida
Kahlo, Maria da Penha, Marie Curie, Simone de Beauvoir, negras, militantes,
mulheres da periferia, trabalhadoras, mães, mulheres que lutam dia a dia contra
o machismo, presente!
No dia da mulher trabalhadora, ao invés
de flores, queremos direitos e respeito!
FONTE: Diário Liberdade
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