No dia 23 de setembro de 1936, grávida de sete meses, Olga Benario Prestes era extraditada para a Alemanha nazista pelo governo de Getúlio Vargas. Junto com Elise Ewert, outra comunista e internacionalista alemã que participara da luta antifascista no Brasil, foi embarcada à força, na calada da noite, no navio cargueiro alemão La Coruña, viajando ilegalmente, sem culpa formada, sem julgamento nem defesa. O comandante do navio recebeu ordens expressas do cônsul alemão no Brasil para dirigir-se direto a Hamburgo, sem parar em nenhum outro porto estrangeiro, pois havia precedentes de portuários espanhóis e franceses resgatarem prisioneiros deportados para a Alemanha, quando tais navios aportavam à Espanha republicana ou à França. Após longa e pesada travessia, as duas prisioneiras foram conduzidas incomunicáveis para a prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, onde Olga deu à luz sua filha Anita Leocadia, em 27 de novembro de 1936.
Numa exígua cela dessa prisão, submetida a regime de rigoroso isolamento, conseguiu criar a filha até os 14 meses, graças à ajuda, em alimentos, roupas e dinheiro, que recebeu da mãe e da irmã de Luiz Carlos Prestes. Após campanha internacional, que atingiu vários continentes, pela libertação da esposa de Prestes e de sua filha, o governo de Hitler, pressionado com a força que a campanha ganhara, entregou a criança à avó paterna (Leocadia Felizardo Prestes). A campanha não conseguiu, contudo, a libertação de Olga.
Depois da prisão de Berlim, ela passaria pelos campos de concentração de Lichtenburg e Ravensbrück, onde, juntamente com milhares de outras prisioneiras, seria submetida a trabalhos forçados para a indústria de guerra da Alemanha nazista. A situação de Olga seria particularmente penosa, pois carregava consigo duas marcas consideradas fatais: a de comunista e a de judia. Em abril de 1942, Olga Benario Prestes foi assassinada numa câmara de gás do campo de concentração de Bernburg.
As cartas que Olga conseguiu escrever para a família e o testemunho de suas companheiras de infortúnio, tanto no Brasil como na Alemanha, revelam sua firmeza inabalável de caráter - a convicção profunda na justeza dos ideais revolucionários que abraçara e, em particular, seu espírito de solidariedade e justiça.
Olga jamais se entregou ao desespero nem ao conformismo, lutou até o último momento de sua curta vida, infundindo coragem e confiança no futuro em todos que a rodeavam.
"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão por que se envergonhar de mim. Quero que entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver."(Trecho da última carta de Olga ao marido Luiz Carlos Prestes e à filha Anita Leocadia Prestes)
Mais informações sobre a trajetória de vida de Olga, acesse o site do Instituto Luiz Carlos Prestes
OBSERVAÇÃO: Texto adaptado do artigo "Revolucionária, sem perder a ternura", de autoria de Anita Prestes, publicado na Revista Nossa História, n. 9, julho 2004, p. 14-21.
Oi, Marcos, o texto é seu?
ResponderExcluirabs,
marcelo
O texto é uma adaptação do artigo "Revolucionária, sem perder a ternura", de autoria de Anita Prestes, publicado na Revista Nossa História, n. 9, julho 2004. A íntegra do texto encontra-se no site do Instituto Luiz Carlos Prestes. Basta clicar no final desta postagem e depois clique na página do ILCP no item "Sobre Olga".
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