terça-feira, 1 de maio de 2012

Aos que não têm nada, explorados e oprimidos




"Na tradição que Marx e Engels inauguraram com o Manifesto, o primeiro passo para a libertação dos de baixo, dos explorados e oprimidos é ter consciência; ter consciência daquilo que se foi e daquilo que se é. Ter consciência significa saber se situar na história da humanidade e no seu presente."


"A leitura do Manifesto sempre produz perturbação, inquietude. Desde sua primeira frase, 'Um espectro ronda a Europa: é o espectro do comunismo', até a última, 'Proletários de todos os países, uni-vos', o leitor ficará sempre colhido pela impressão de que aquilo tem a ver com ele, e para valer. A narrativa fala de algo que nos afeta profundamente."


"O que nos perturba, no caso do Manifesto, é que alguém tenha se atrevido a dizer que, neste nosso mundo, os que não têm nada poderiam ter consciência, e voz própria, e se unir politicamente para configurar uma nova hegemonia político-cultural e uma sociedade de iguais socialmente considerados. E nos perturba, precisamente, porque isso não foi dito tal como os de baixo estavam acostumados a ouvir dos amigos do povo nos séculos anteriores: com o acompanhamento da promessa sobre a vinda de um messias, ou pregando a confiança na boa vontade daqueles a quem tudo sobra, ou indicando aos de baixo, na balsa de náufragos, o novo mundo com o indicador da mão direita, enquanto se aponta com o reluzente indicador da mão esquerda para o próprio peito, o do herói de sempre que há de conduzí-los, uma vez mais e por direito de casta, ao mundo dos iguais."


"O Manifesto é a expressão antecipada de uma intuição muitíssimas vezes repetidas pelos trabalhadores num hino que ainda se canta, A Internacional: 'Messias, Deus, chefes supremos, / Nada esperamos de nenhum!'. Uma das ideias centrais contidas na parte do Manifesto que trata do socialismo como movimento é que os de baixo devem se libertar a si mesmos, auto-governando-se politicamente."

FONTE: Trechos do livro Marx(sem ismos), de Francisco Fernández Buey, Editora UFRJ (2004).


A Internacional




De pé, ó vitimas da fome!

De pé, famélicos da terra!

Da idéia a chama já consome

A crosta bruta que a soterra.

Cortai o mal bem pelo fundo!

De pé, de pé, não mais senhores!

Se nada somos neste mundo,

Sejamos tudo, oh produtores!





Bem unido façamos,

Nesta luta final,

Uma terra sem amos

A Internacional



Senhores, patrões, chefes supremos,

Nada esperamos de nenhum!

Sejamos nós que conquistemos

A terra mãe livre e comum!

Para não ter protestos vãos,

Para sair desse antro estreito,

Façamos nós por nossas mãos

Tudo o que a nós diz respeito!



Bem unido façamos,

Nesta luta final,

Uma terra sem amos

A Internacional



Crime de rico a lei cobre,

O Estado esmaga o oprimido.

Não há direitos para o pobre,

Ao rico tudo é permitido.

À opressão não mais sujeitos!

Somos iguais todos os seres.

Não mais deveres sem direitos,

Não mais direitos sem deveres!



Bem unido façamos,

Nesta luta final,

Uma terra sem amos

A Internacional



Abomináveis na grandeza,

Os reis da mina e da fornalha

Edificaram a riqueza

Sobre o suor de quem trabalha!

Todo o produto de quem sua

A corja rica o recolheu.

Querendo que ela o restitua,

O povo só quer o que é seu!



Bem unido façamos,

Nesta luta final,

Uma terra sem amos

A Internacional



Nós fomos de fumo embriagados,

Paz entre nós, guerra aos senhores!

Façamos greve de soldados!

Somos irmãos, trabalhadores!

Se a raça vil, cheia de galas,

Nos quer à força canibais,

Logo verrá que as nossas balas

São para os nossos generais!



Bem unido façamos,

Nesta luta final,

Uma terra sem amos

A Internacional



Pois somos do povo os ativos

Trabalhador forte e fecundo.

Pertence a Terra aos produtivos;

Ó parasitas deixai o mundo

Ó parasitas que te nutres

Do nosso sangue a gotejar,

Se nos faltarem os abutres

Não deixa o sol de fulgurar!



Bem unido façamos,

Nesta luta final,

Uma terra sem amos

A Internacional

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