domingo, 7 de agosto de 2022

Centenário do PCB: o ingresso de Luiz Carlos Prestes no PCB e a suposta militarização da direção partidária

Texto da historiadora Anita Prestes publicado no Blog da Boitempo, em que faz uma análise historiográfica da a tese de que o ingresso de Luiz Carlos Prestes no PCB, em 1934, teria trazido o militarismo (entendido como golpismo)1 para a direção partidária. Apresenta as versões tradicionais da referida tese muito presente na historiografia brasileira; analisa as informações disponíveis sobre a composição da direção do PCB no período compreendido entre 1930 e 1980; discorre sobre o golpismo na direção e nas fileiras do PCB; e desenvolve uma argumentação, com base em pesquisa empírica e factual, que "é reveladora de que o golpismo (por vezes entendido como militarismo), assim como possíveis tendências autoritárias e influências positivistas ou de outras correntes filosóficas e políticas, na direção do PCB não pode ser visto como resultado do ingresso de Luiz Carlos Prestes e de alguns outros militares ou ex-militares nas fileiras partidárias. Semelhante postura significaria atribuir-lhes um papel demiúrgico, irreal, que não encontra confirmação nos fatos."

LEIA O TEXTO COMPLETO CLICANDO NO LINK ABAIXO:

https://blogdaboitempo.com.br/2022/08/02/centenario-do-pcb-o-ingresso-de-luiz-carlos-prestes-no-pcb-e-a-suposta-militarizacao-da-direcao-partidaria/




sábado, 6 de agosto de 2022

Anita Prestes na série "De olho nas urnas" do programa Passarim - Maranhão

No Passarim de 28 de julho de 2022, a historiadora Anita Prestes, da UFRJ, presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes, falou sobre a crise política e as eleições de outubro, com ênfase na proposta de retirada de todas as candidaturas não viáveis e concentração do apoio eleitoral no candidato Luís Inácio Lula da Silva.




quinta-feira, 14 de julho de 2022

Para download: La brújula y el mapa. Cultura, crítica y ciencias sociales en la Revolución Cubana


Este libro recorre momentos altamente significativos de los infinitos debates cubanos, de la mano del diálogo con algunas figuras emblemáticas de un proceso revolucionario que marcó a fuego a todo el continente. Figuras que jamás fueron “dóciles”, sumisas, obedientes sino más bien todo lo contrario. Armando Hart Dávalos, Alfredo Guevara, Roberto Fernández Retamar, Fernando Martínez Heredia, Pablo Pacheco López, Celia Hart Santamaría… militantes e intelectuales de raíz antidogmática; marxistas, comunistas y rebeldes al mismo tiempo. Precisamente porque fueron marxistas se comportaron como iconoclastas, renovadoras y rebeldes.

“Recordar es una buena forma de conocer”, decía un sabio filósofo de la antigüedad europea. Los viejos amautas comunitarios de Nuestra América transmitían los saberes de generación en generación. ¿Qué mejor que apelar a lo más rebelde, antidogmático y renovador que produjo la Revolución Cubana? Este libro, sus materiales y sus diálogos, tienen ese humilde objetivo. Traer a la palestra los debates cubanos que difícilmente circulen por instagram, twitter, facebook o tik tok.

Néstor Kohan. La brújula y el mapa. Cultura, crítica y ciencias sociales en la Revolución Cubana. Ocean Press y Ocean Sur, 2022.


Para descargar GRATIShttp://cipec.nuevaradio.org/b2-img/LabrujulayelmapaNestorKohan.pdf


FUENTE: http://cipec.nuevaradio.org/



domingo, 3 de julho de 2022

Anita Leocadia Prestes: professora, historiadora, militante (entrevista / 2021-2022)

Entrevista da professora, historiadora e militante comunista Anita Leocadia Prestes, sistematizada, paulatinamente, entre dezembro de 2021 e março de 2022, concedida a Yuri Martins Fontes e publicada na Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia, 14: 104-119 Fev.-Jul. 2022, no Dossiê Temático: “100 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB)".

Nesta entrevista, Anita Prestes expõe com a franqueza que lhe é característica suas impressões acerca da realidade histórica brasileira e internacional; trata da trajetória do PCB, do comunismo, e das dificuldades da conjuntura política do país e do mundo; conta-nos ainda algo de sua própria história e da de seus pais, e expõe sua visão sobre a importância da educação, engajamento e compreensão do marxismo para a efetividade das lutas sociais.

Confira a entrevista, clicando no link:

https://www.revista.ueg.br/index.php/revista_geth/article/view/13222





sexta-feira, 1 de julho de 2022

Para download: «Teorías del imperialismo y la dependencia desde el sur global» Néstor Kohan (compilador y organizador)

¿El neoliberalismo y la economía neoclásica son “el horizonte insuperable de nuestra época”? ¡No hay otra alternativa!, se resignan hasta los keynesianos. Para demostrar que ese es un callejón sin salida, ya tenemos la novedad editorial «Teorías del imperialismo y la dependencia desde el sur global» (18 autor@s, casi 400 páginas).

Teorías del imperialismo y la dependencia desde el sur global / Néstor Kohan ... [et al.]; compilación de Néstor Kohan. - 1a ed volumen combinado. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires : Amauta Insurgente; Ituzaingó : Cienflores ; Ciudad Autónoma de Buenos Aires : Instituto de Estudios de América Latina y el Caribe-IEALC, 2022.

Libro en Formato PDF:

http://iealc.sociales.uba.ar/wp-content/uploads/sites/57/2022/06/Teorias-del-Imperialismo-y-de-la-Dependencia.pdf


¿Aplaudir o cuestionar a los poderosos? El corazón de las ciencias sociales late al ritmo de ese enigma todavía irresuelto.


Las corrientes que se dedican a legitimar las injusticias “normales”, aceptan sólo una agenda de problemas, un repertorio limitado de categorías y una lista estricta de fuentes confiables. Con arrogancia, pretenden monopolizar el “pensamiento contemporáneo”. Quienes no acepten trabajar para las grandes fundaciones y ONGs que inundan con dineros sucios nuestro campo cultural y político, quedan automáticamente fuera de “lo contemporáneo”. La cooptación parece ineluctable. El mundo del trabajo y sus organizaciones deben agachar la cabeza.


¿Será cierto?


Para responder esa pregunta, este libro recupera, reconstruye y actualiza dos tradiciones estrechamente vinculadas, muy útiles a la hora de comprender el mundo actual. Se trata de las teorías marxistas del imperialismo y la dependencia.


La obra se ubica a contracorriente de los saberes convencionales. Aquellos que se pierden en los laberintos de un imaginario “capitalismo bueno”, presuntamente enfrentado a un “capitalismo malo”. Callejón sin salida, decorado por las metafísicas “post” y la promocionada impostura de la “deconstrucción”. Legitimaciones elegantes del capitalismo verde, el capitalismo violeta e incluso el capitalismo “con rostro humano”. Una manera suave y con estilo de rendirse ante el neoliberalismo y la dependencia sin pagar costos políticos ni asumir polémicas incómodas.


Este volumen colectivo (que reune las contribuciones de 18 autor@s) tiene una meta sencilla: nutrir con insumos al campo popular. Apostamos a las nuevas generaciones para retomar las tareas pendientes, en una época signada por la contrainsurgencia global, el colapso ecológico, el resurgir de las derechas extremas y la crisis del imperialismo como sistema mundial.


Néstor Kohan (compilador y organizador)

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Las concepciones de la política exterior y objetivos del subimperialismo brasileiro

Artigo inédito de Luiz Carlos Prestes publicado na revista soviética "América Latina", n° 4, ano 1976.

No site do Instituto Luiz Carlos Prestes, clique no link para acessar o texto:

http://www.ilcp.org.br/prestes/index.php?option=com_content&view=article&id=511:2022-06-29-17-11-29&catid=26:documentos&Itemid=146

Artigo inédito de Luiz Carlos Prestes publicado na revista soviética "América Latina", n° 4, ano 1976. Prestes aborda o então muito discutido "subimperialismo brasileiro" e expõe sua posição em relação à possível aplicação ao Brasil da teoria do Capitalismo Monopolista de Estado Dependente, revelando discordar da  concepção da revolução nacional e democrática então ainda vigente no PCB.




ANITA PRESTES EM TUTAMEIA - CEM ANOS DO LEVANTE DOS 18 DO FORTE E O LEGADO DO TENENTISMO

No dia 5 de jul. de 2022, às 18h,  TUTAMÉIA entrevista a historiadora Anita Prestes, que fala sobre o levante dos 18 do Forte e os desdobramentos do movimento tenentista.


 Link da live: https://www.youtube.com/watch?v=_C8wOrQNayU

domingo, 26 de junho de 2022

Especial Clementina de Jesus Rainha Quelé (Documentário)

Pelo direito à memória. Pelo direito à perpetuação do patrimônio cultural brasileiro chamado Clementina de Jesus

Clementina de Jesus da Silva (Valença, 7 de fevereiro de 1901 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 1987) foi uma cantora brasileira. Também era conhecida como Tina ou Quelé. Deixou um grande legado no resgate dos cantos negros tradicionais e na popularização do samba, além de ser vista como um importante elo entre a cultura do Brasil e da África. (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.)



Clementina de Jesus



Especial Clementina de Jesus Rainha Quelé - Parte 01




Especial Clementina de Jesus Rainha Quelé - Parte 02



sexta-feira, 24 de junho de 2022

Consulta aos livros do acervo da Coleção Luiz Carlos Prestes (LCP) na Biblioteca Comunitária da UFSCar

Já é possível consultar os livros do acervo da Coleção Luiz Carlos Prestes (LCP), que se encontra na Biblioteca Comunitária da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos),   através do sistema informatizado de gerenciamento de dados Pergamum. Trata-se da biblioteca de livros adquiridos por Luiz Carlos Prestes (LCP). Há livros da prisão com carimbo da “Casa de Correção, RJ” - 1936-1945, muitos deles com anotações, e livros pós - prisão (1948-1958) com dedicatórias.

O acervo é composto de 1.400 livros. O acervo está no quinto andar da Biblioteca Comunitária. “Livro de filosofia, de outros países que ele procurava conhecer, livro de música. É bem diversificado o acervo dele”, afirmou a bibliotecária Izabel da Mota Franco. Muitas edições se tornaram ainda mais especiais pelas dedicatórias como a que possui a assinatura de Cândido Portinari e outra de Euclides da Cunha, autor de ‘Os Sertões’. Uma biografia de Prestes escrita por Jorge Amado em 1942 também está entre as obras. (Ver em UFSCar faz restauração de parte do acervo de 1,4 mil livros de Luiz Carlos Prestes)

Para consultar os livros da Coleção Luiz Carlos Prestes (LCP), clique no link https://www.pergamum.ufscar.br/biblioteca/index.php. Em "Opções de consulta", clicar em "Índice". Em seguida, em "Buscar por", selecione a opção "Número de Chamada". Depois no campo "Pesquisa Geral", colocar a sigla LCP e clicar em "Pesquisar". 

A Coleção Luiz Carlos Prestes (LCP) é formada pelo acervo particular que pertenceu a Luiz Carlos Prestes (03/01/1898–07/03/1990) doado, em 2018, por sua filha Anita Leocadia Prestes. Este acervo é composto um conjunto representativo de materiais diversificados tais como: livros, arquivo pessoal, documentos e objetos. Um acervo composto de diversos tipos documentais e bibliográficos de uma das personalidades políticas mais influentes no Brasil durante o século XX, que revela parte da história do país.

O referido acervo faz parte das Coleções Especiais - UMMA (Unidade Multidisciplinar de Memória e Arquivo Histórico da UFSCar): Coleção Florestan Fernandes, Coleção Luiz Carlos Prestes, Coleção Luís Martins, Revista Ilustração Brasileira, Coleção Henrique Luiz Alves, Coleção de Ficção Científica e Coleção Brasiliana.




Acervo de livros de Luiz Carlos Prestes foram doados para a UFSCar — Foto: Marlon Tavoni/EPTV (2018)



Para saber um pouco mais dos materiais diversos da Coleção Luiz Carlos Prestes (LCP) da UMMA, veja as seguintes postagens deste blog:






sábado, 11 de junho de 2022

"Der Kapitalismus löst sich nicht einfach in Luft auf“ ("O capitalismo não desaparece no ar")

 Entrevista da historiadora Anita Prestes publicada hoje (11/6/22) no jornal alemão TAZ.

Link da entrevista em alemão:

https://taz.de/Archiv-Suche/!5853340&s=Anita%2BPrestes&SuchRahmen=Print/


Segue a matéria em português, em tradução automática do Google Tradutor:


"O capitalismo não desaparece no ar"

Ela está viva porque Hitler e Goering foram bombardeados com cartas de todo o mundo sobre ela: Anita Prestes é filha da comunista judia-alemã Olga Benario, assassinada pelos nazistas, e Luís CarlosPreste, fundador do Partido Comunista Brasileiro. Hoje a historiadora mora no Rio de Janeiro – e vê sua vida como parte da história


POR NIKLAS FRANZEN

(CONVERSA) E LUISA MACEDO (FOTO)





O Palácio do Catete é um imponente edifício neoclássico no coração do Rio de Janeiro. Este é o lugar onde o governo do Brasil se sentou. Mas a cidade do Pão de Açúcar foi substituída por Brasília como capital em 1960, e hoje há um museu na antiga residência oficial, cercado por um pequeno parque público de aparência sofisticada com fontes ornamentadas, palmeiras e um lago artificial - um oásis verde no meio da metrópole de seis milhões. Anita Prestes muitas vezes caminha aqui, mesmo neste dia quente. A idosa de 85 anos é recebida por um transeunte: "Olá, senhora Anita!"

taz no fim de semana: Sra Prestes, lá no palácio, Getúlio Vargas, o ditador ditatorial suposto “presidente dos pobres” e ardente anticomunista, suicidou-se em 1954. Ele extraditou sua mãe Olga Benario para a Alemanha nazista onde ela foi assassinada. Então esse lugar tem um significado especial para você?

Anita Prestes: Não, só acho legal aqui. E devido à Baía de Guanabara adjacente, é mais fresco aqui no verão do que no resto da cidade.

Você nasceu em uma família bem conhecida: sua mãe era a comunista judia-alemã Olga Benario, seu pai, Luís CarlosPreste, fundou o PCB, o Partido Comunista do Brasil. Em 1935, seus pais e um punhado de camaradas de armas ousaram se revoltar contra o regime militar liderado por Vargas - mas falhou. Onde começa sua história pessoal?

Em outubro de 1936 minha mãe e sua companheira Elisa Ewert foram deportadas do Brasil. Eles foram levados para Hamburgo em um navio de carga e de lá foram direto para a prisão feminina de Barnimstrasse em Berlin-Friedrichshain. Nasci lá em 1936.

Como você escapou da prisão?

Houve uma grande campanha internacional liderada pela minha avó paterna e minha tia Lígia. Tratava-se da libertação de presos políticos, principalmente meu pai, por isso a campanha foi chamada de "Prestes“. Mas eles também lutaram por mim e minha mãe. De Paris, minha avó e minha tia criaram o “Comitê Prestes’, elas viajaram pela Europa com a campanha. Houve também um grande eco na América Latina, Ásia e EUA. O público estava particularmente interessado no meu caso, desde que eu ainda era um bebê. Hitler e Goering foram bombardeados com cartas e telegramas, delegações viajaram para a Alemanha para protestar pela minha libertação. Mais tarde escrevi um livro sobre isso. Pude deduzir dos arquivos da Gestapo que os nazistas ficaram extremamente perturbados com essa campanha. Por isso fui entregue à minha avó em janeiro de 1938. Fomos primeiro a Paris e depois à Cidade do México, onde muitos antifascistas encontraram o exílio.

E a sua mãe?

Ela era uma comunista conhecida. Não havia chance de libertá-la, também porque ela nunca traiu seus companheiros. A Gestapo não deixava ninguém chegar perto dela. Depois que fui resgatada, minha mãe foi enviada para um campo de concentração em março de 1938. Primeiro para Lichtenburg, depois para Ravensbrück. Em 1942, ela foi assassinada no centro de extermínio de Bernburg.

Você só soube da morte de sua mãe anos depois.

Sim. Meu pai tinha grande esperança de que ela ainda estivesse viva. Mas em 1945, quando o exército soviético tomou Ravensbrück, recebemos um telegrama de que minha mãe havia sido assassinada na câmara de gás. Foi muito ruim para o meu pai. Eu mesmo não tenho memória dela. Mas meus parentes me contaram muito, eu conhecia a história dela e adoraria conhecê-la. Claro que fiquei triste, mas não foi traumático para mim.

Quando houve anistia para presos políticos em 1945, você veio para o Brasil, terra natal de seu pai. Como você percebeu esse tempo?

O período pós-guerra foi um momento de despertar democrático. Muitas pessoas souberam o que tinha acontecido com minha mãe. A participação foi muito grande. Mas aí começou a Guerra Fria, e em 1947 o Partido Comunista foi banido do Brasil. Um ano depois, todos os deputados comunistas perderam suas cadeiras, inclusive meu pai, que era senador. Começou um período de repressão e perseguição, houve assassinatos políticos. Lembro-me da polícia passando por nossa casa o tempo todo. Depois que um mandado de prisão foi emitido para meu pai e muitos de seus companheiros, eles foram para a clandestinidade.

A partir de então você viveu separada de seu pai. Como foi isso para você?

Claro que eu gostaria de ter meu pai comigo. Mas sempre tive muita gente ao meu redor e fui criada com amor. Minha tia Lígia era como uma mãe para mim. Havia mais perigo de eu ser mimada demais.

Sempre foi claro para você que seguiria o caminho de seus pais?

Politicamente sim. Mas nunca quis fazer política profissionalmente. Por causa da perseguição e ameaças concretas, o Partido Comunista decidiu me enviar para Moscou em 1949. Lá completei todo o ensino médio, aprendi russo e muito sobre o país. Na União Soviética, tivemos grande solidariedade, o destino de minha mãe era conhecido por muitas pessoas de lá. Só que o tempo estava difícil para mim como brasileira. No verão fomos às praias do Mar Negro. Quando pude voltar ao Brasil, estudei química industrial. Na verdade, eu queria trabalhar em uma fábrica de plásticos depois. Mas não tive sorte, minha formatura coincidiu com o ano do golpe militar liderado pelo general Humberto Castelo Branco: 1964. O anticomunismo foi novamente muito forte nessa época. Qualquer pessoa suspeita de ser esquerdista foi demitida. Com meu sobrenome, não tive chance no mercado de trabalho. Então comecei a trabalhar secretamente para o Partido Comunista.

Até que você teve que deixar o país novamente...

Sim, em algum momento a repressão foi muito forte. Em 1973 tive que me exilar novamente, de volta a Moscou. Se eu tivesse ficado no Brasil, provavelmente não estaria contando minha história agora. O ódio aos comunistas era grande. Muitos dos quadros do partido foram assassinados ou acredita-se que tenham desaparecido até hoje. Então fiz meu doutorado em economia em Moscou. No Brasil, mais tarde obtive outro doutorado em história.

Você é uma historiadora, mas também faz parte da história. Isso já foi uma contradição para você?

Algumas pessoas acham que sou tendenciosa ao pesquisar e escrever sobre esses tópicos. Sempre mantive distância no meu trabalho. Nunca foi meu objetivo adoçar a história. Quando defendi minha tese de doutorado sobre meu pai, a banca examinadora também apreciou.

Você foi condenada a quatro anos e meio à revelia enquanto estava no exílio soviético. Do que você tem sido acusada?

Chamaram isso de "atividade subversiva". Fui condenada, entre outras coisas, por trabalho de educação política com funcionários da fábrica da VW em São Paulo. O que não sabíamos na época: a direção da fábrica trabalhava em conjunto com a polícia secreta e espionava os trabalhadores. Muitos de nossos camaradas foram presos e torturados. Eles me deram a pena máxima de prisão possível. Isso deve ser uma lição para o meu pai.

Em 1979, depois de mais uma mudança de governo no Brasil, você voltou para lá, como muitos outros exilados.

Houve uma anistia para os subversivos, como nos chamavam. O problema: os perpetradores do regime militar também receberam anistia. Muitos ex-torturadores assumiram cargos em agências governamentais apesar de terem cometido atrocidades ultrajantes.

Hoje, muitos explicam a vitória eleitoral do presidente de direita Jair Bolsonaro com o fracasso em chegar a um acordo com a história brasileira. Como você vê isso?

Isso é certamente um motivo. A democratização do Brasil está apenas na metade. Os militares continuaram a desempenhar um papel importante após a ditadura. Mas há outros motivos para a eleição de Bolsonaro, como a ascensão da extrema direita ao redor do mundo.

A presidência de Bolsonaro, declarado antidemocrata e admirador da ditadura militar, não é uma consequência lógica da história brasileira?

Sua escolha não foi uma surpresa para mim. O Brasil é extremamente conservador. Os episódios democráticos foram curtos, o conservadorismo sempre foi muito forte. Nós olhamos para trás em quatro séculos de escravidão. Isso moldou a mentalidade desta sociedade, não apenas da elite, mas também das pessoas comuns. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Isso queimou. A discriminação racial ainda faz parte da vida cotidiana. Aqui no Rio de Janeiro, negros são assassinados pela polícia todos os dias, e muitos aplaudem. Um bom criminoso é um criminoso morto, dizem.

Essa frase muitas vezes pode ser ouvida nas fileiras dos apoiadores de Bolsonaro. Além do racismo, negação científica e homofobia, eles também evocam regularmente o perigo de uma tomada comunista e castigam todas as formas de crítica ao governo como comunistas. Por que o anticomunismo é tão importante para essas pessoas?

O objetivo é acabar com qualquer resistência da população. A dissidência é rotulada de comunista e essa é a justificativa para combatê-la. O espectro do comunismo é um meio de contra-mobilização. E este não é apenas o caso do Brasil, mas da direita em todo o mundo. No entanto, isso não tem nada a ver com a força real dos comunistas, porque eles são fracos.

Por que na verdade?

Sua linguagem é parcialmente sectária, bastante difícil para os outros entenderem. Nos comerciais de TV, eles promovem sua causa com foice e martelo e usam palavras fortes. Isso não cai bem com as pessoas comuns. Você tem que resolver os problemas reais. Por outro lado, grandes setores da esquerda brasileira estão agora dominados pelo reformismo, ou seja, pela ideia de querer melhorar um pouco o capitalismo. Mas as chances de um estado de bem-estar baseado no modelo europeu estão se tornando cada vez menores devido ao neoliberalismo. Vejamos apenas a situação atual do Brasil: a desigualdade social está crescendo novamente. Sob Lula (ex-presidente social-democrata até 2011, nota do editor) temporariamente ficou um pouco melhor, mas isso já passou. As pessoas estão passando fome novamente neste país, a miséria é grande. Na esquina já não te pedem troco. Eles imploram por comida.

Tais condições seriam um bom terreno fértil para revoltas, certo?

Não, eu não acho. A miséria e a fome não levam à luta de classes. Os famintos correm atrás de quem lhes dá um pedaço de pão. Somente a democratização e o desenvolvimento levam os trabalhadores a se organizarem.

Então eles não acreditam na teoria do empobrecimento que diz: quanto pior as pessoas estão, mais provável é a revolução.

Absolutamente não. Teóricos marxistas como Lenin ou Gramsci já escreveram que um mínimo de democracia burguesa é necessário para a mobilização da população. Organizar no subsolo enquanto há miséria total ao mesmo tempo - não funciona.

Em outros países da América Latina, no entanto, há grandes protestos e movimentos trabalhistas. Por que a esquerda brasileira está lutando tanto?

Sua fraqueza é histórica. Sempre houve revoltas, especialmente no nordeste do país, mas elas foram cortadas pela raiz com força bruta. Por exemplo, antes que o Partido Comunista fosse banido, existiam comitês de bairro em muitas cidades. Lá, os moradores foram ensinados a ler e escrever para que pudessem lutar por seus direitos. O modelo funcionou bem por dois anos, depois os comitês foram esmagados pela polícia. Sempre foi assim. É por isso que, ao contrário da Argentina, Uruguai ou Chile, não há uma tradição tão grande de revoltas aqui. A classe dominante no Brasil sempre teve medo das pessoas comuns. Quando começaram a se organizar de alguma forma, a resposta sempre foi a violência e a repressão. Isto é parcialmente ainda o caso hoje. Além disso: No Brasil, a elite impõe suas ideias ao país. O atual ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que filhos de porteiros não devem estudar em universidades. Ele quer que as universidades sejam reservadas para uma elite. A elite explica assim as diferenças sociais como um fato natural– e assim combate as mudanças progressivas.

Para muitos comunistas, o colapso da União Soviética foi uma grande desilusão. Como foi para você?

Foi uma derrota pesada. E sim, muitos erros foram cometidos na União Soviética, que devemos analisar cuidadosamente. Mas isso não torna as ideias básicas do socialismo erradas.

Senhora Prestes, você ainda acredita no fim do capitalismo?

Não é uma questão de fé. Estou cientificamente convencida de que isso acontecerá em algum momento. Marx mostrou em “Das Kapital” que as contradições do capitalismo continuarão a se intensificar. E é exatamente isso que estamos observando agora. Mas seria errado pensar que o capitalismo simplesmente explodirá e desaparecerá no ar. É preciso um movimento organizado para que isso aconteça. A única solução é mudar os meios de produção. Até que isso aconteça, o capitalismo encontrará maneiras de sobreviver. Eu não sei quando isso vai acabar. Meu pai sempre dizia: se um comunista precisa de uma qualidade, é paciência.


FONTEhttps://taz.de/Archiv-Suche/!5853340&s=Anita%2BPrestes&SuchRahmen=Print/




quarta-feira, 8 de junho de 2022

Live de Anita Prestes sobre Astrojildo Pereira e Luiz Carlos Prestes na TV Boitempo

O revolucionário cordial e o cavaleiro da esperança | Anita Prestes



Por ocasião da reedição das obras de Astrojildo Pereira pela Boitempo no ano do centenário do PCB, a historiadora Anita Leocadia Prestes comenta alguns aspectos pouco mencionados da relação entre Luiz Carlos Prestes e o fundador do PCB, desde o primeiro contato até o final da vida de ambos.



domingo, 29 de maio de 2022

Escrito pela historiadora Anita Prestes, livro biográfico sobre Olga Benario Prestes será lançado na Alemanha

No seu blog, neste sábado, dia 28/05/2022, o jornalista Ancelmo Gois publicou uma nota informando que o livro “Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo”, publicado originalmente pela editora brasileira Boitempo em 2017, será lançado em setembro deste ano pela editora Verbrecher Verlag na Alemanha, país onde nasceu a militante comunista e revolucionária Olga Benario Prestes, em 12/2/1908, e onde foi assassinada pelos nazistas numa câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942, aos 34 anos de idade.




O livro que será lançado este ano na Alemanha trata-se, como informa a página sobre o mesmo no site da Boitempo, de uma breve narrativa biográfica que "contém não apenas preciosidades históricas e raridades documentais - que, por si sós, já valeriam a leitura -, ela oferece a perfeita dimensão da luta diária de Olga Benario Prestes por seus ideais, mesmo nas condições mais adversas". Em suas páginas, mostra ao leitor que Olga "soube conjugar a luta política, o amor pelo grande companheiro [Luiz Carlos Prestes] e a preocupação com a educação da filha, de quem fora afastada prematuramente".

Segundo o site da Boitempo:

"Após a abertura dos arquivos da Gestapo, essa filha, a historiadora Anita Leocadia Prestes, debruçou-se sobre as cerca de 2 mil páginas a respeito de Olga, recheadas de documentos inéditos, para trazer à tona informações até então desconhecidas. Com base nos documentos, a autora constrói uma narrativa cronológica que vai da inserção da jovem Olga na luta política até sua morte na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942, revelando a firmeza inabalável da revolucionária. Enquanto, na prisão, Olga nutria esperanças de conseguir asilo em outro país, e, fora dela, sua sogra e sua cunhada faziam de tudo para que ela fosse libertada, os nazistas nunca consideraram essa hipótese. No entanto, ela jamais se curvou a seus algozes, jamais entregou companheiros e nem sequer revelou suas atividades políticas, ainda que a chantageassem com a perspectiva de voltar a ver a filha. Após o relato biográfico há um caderno de fotos e uma série de anexos com a reprodução de documentos, como o passaporte que Olga se negou a assinar, fotos encontradas no arquivo da Gestapo e a tradução e a reprodução da correspondência inédita de Olga e Prestes, entre outros. Mais do que peças faltantes no quebra-cabeça da história, os documentos reproduzidos nessa obra nos permitem enxergar o presente com outros olhos."

Segundo informações obtidas pelo blog Prestes A Ressurgir, a intermediação para as tratativas da publicação do livro entre a autora, Anita Prestes, e a editora alemã foi realizada através da Fundação Rosa Luxemburgo da Alemanha.





sexta-feira, 20 de maio de 2022

Por aclamação pelo Consuni da UFRJ, a historiadora Anita Prestes será agraciada com a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico

Na sessão ordinária do Consuni da UFRJ do último dia 12/05/2022, com transmissão pelo canal da UFRJ no YouTube, foi votada por aclamação o nome da historiadora Anita Prestes para receber a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico (no vídeo do YouTube, a votação da indicação do nome da Anita está no trecho entre 1h 06min e 1h e 33 min).

Segundo a Resolução 13/2011 do Consuni, que institui a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico, a mesma foi criada "para ser concedida aos professores da UFRJ e de outras instituições, que tenham se destacado por seu desempenho e pela relevância acadêmica do seu trabalho de ensino, pesquisa e extensão". Os motivos da concessão da Medalha Minerva se basearam na trajetória acadêmica, coberta de mérito da professora Anita Prestes, bem como na sua própria história de vida, que se entrecruza, em muitos pontos, com os acontecimentos históricos internacionais e os nacionais de alguns países, como Brasil, México e União Soviética.. Anita Prestes é uma historiadora de relevância nacional e internacional, dedicada à formação de novas gerações de historiadores na UFRJ, onde prossegue atuando como Professora Colaboradora Voluntária no Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC), mantendo uma produção bibliográfica constante e de referência para a historiografia nacional.

Nascida em 27 de novembro de 1936 na prisão de mulheres da rua Barminstrasse, em Berlim, na Alemanha Nazista, Anita é filha dos militantes comunistas Olga Benario Prestes (1908-1942) e Luiz Carlos Prestes (1898-1990), sua trajetória intelectual e sua história pessoal são indissociáveis, o que dão sentido as suas escolhas acadêmicas e aos seus posicionamentos sócio-políticos. Assim, o título do seu livro de memórias "Viver é tomar partido", frase do poeta e dramaturgo alemão Christian Friedrich Hebbel retomada pelo intelectual italiano Antonio Gramsci, resume o modo peculiar como Anita Prestes encara sua vida, totalmente imbricada em seu ativismo político.




MEDALHA DO MÉRITO

Por Silvana Sá

Fonte AdUFRJ

A professora Anita Leocádia Prestes, aposentada do Instituto de História da UFRJ, será agraciada com a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico. A indicação do IH foi aprovada por aclamação pelo Consuni. A honraria é concedida a docentes que se destacam por sua produção acadêmica e relevância social. É dada a professores que não são titulares e, por isso, não podem se tornar eméritos da universidade. Anita se aposentou como associada.


Filha de Luís Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, sua vida se confunde com sua trajetória política e acadêmica. “É muito importante que a UFRJ homenageie hoje uma cientista, uma mulher, uma historiadora, uma comunista”, afirmou o professor Fábio Lessa, titular do Instituto de História.


A reitora, professora Denise Pires de Carvalho, se emocionou. “A honra é toda minha. Imagino que será uma cerimônia presencial muito bonita, uma festa da democracia, uma festa da justiça social”, declarou. “Vamos conseguir construir um futuro melhor para todos nós sem perdermos as referências do passado”.


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Conheça o livro Viver é tomar partido: memórias (Boitempo, 2019), em que Anita Prestes narra sua extraordinária trajetória de vida, militância e pensamento.



quinta-feira, 12 de maio de 2022

Astrojildo Pereira e Luiz Carlos Prestes: admiração e respeito mútuos

Na ocasião da reedição da obra de Astrojildo Pereira pela Boitempo no ano do centenário do PCB, a historiadora Anita Prestes publica texto no Blog da Boitempo, em que revela aspectos até hoje pouco conhecidos da relação entre Luiz Carlos Prestes e o fundador do PCB e que, segundo Anita, são "relações por vezes ignoradas, subestimadas ou deturpadas por diversos intérpretes da história do movimento operário e dos comunistas brasileiros".     


LINK PARA LER O TEXTO NA ÍNTEGRA:

https://blogdaboitempo.com.br/2022/05/11/astrojildo-pereira-e-luiz-carlos-prestes-admiracao-e-respeito-mutuos/      



             

Sobre a nova edição de toda a obra de Astrojildo Pereira, clique no link abaixo:

https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/caixa-astrojildo-pereira-1201




terça-feira, 3 de maio de 2022

Para download gratuito: KOLLONTAI 150

Em homenagem ao aniversário de 150 anos do nascimento da militante soviética e intelectual Alexandra Kollontai a 31 de Março de 1872, a Associação Internacional das Editoras de Esquerda lança o livro Kollontai 150 um esforço de 25 editoras em mais de 20 línguas diferentes.

[LIVRO VIRTUAL] KOLLONTAI 150

por Alexandra Kollontai, Ândrea Francine Batista, Atiliana da Silva Vicente Brunetto, Julia Cámara

Associação Internacional das Editoras de Esquerda

LINK PARA BAIXAR GRATUITAMENTE:https://expressaopopular.com.br/livraria/kollontai-150/

[É só clicar como se fosse uma compra, como o preço está zerado, e você receberá por e-mail o PDF do livro]

Sinopse

Uma das principais preocupações de Alexandra Kollontai era o feminismo e o papel das mulheres na luta de classes e no processo revolucionário. Ela também debateu a organização dos trabalhadores como um todo, como podemos ver nos seus textos sobre a oposição operária, e contribuiu grandemente para pensar e debater o amor para além da sua forma social burguesa.

Kollontai 150, o quinto livro conjunto publicado pela Associação Internacional das Editoras de Esquerda, reúne quatro dos textos de Kollontai sobre temas como o papel das mulheres nas lutas sociais, a história e a importância do Dia Internacional da Mulher (8 de Março), e reflexões sobre o amor como relação social. Estes textos são introduzidos por dois ensaios sobre a vida e obra de Kollontai, um escrito por Ândrea Francine Batista e Atiliana da Silva Vicente Brunetto do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Brasil e o outro pela historiadora, feminista e activista espanhola Julia Cámara.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Seminário "100 anos: PCB, tenentismo e modernismo"

Segunda dia do seminário "100 anos: PCB, tenentismo e modernismo" com os professores convidados: Prof. Dr. Carlos Zacarias Sena Jr (UFBA), Prof. Dr. Mauro Iasi (UFRJ) e Profª Drª Anita Prestes (UFRJ) para discutir o tema "100 anos do PCB".





sexta-feira, 22 de abril de 2022

V. I. Lênin (22/4/1870 – 21/1/1924), a luta pelo poder revolucionário e as “esquerdas” no Brasil de hoje

Artigo de Anita Prestes no blog da Ed. Boitempo

"O proletariado tem como única arma na luta pelo poder, a organização"

Vladímir Ilitch Lênin (22/4/1870 – 21/1/1924)

No 152° ano de nascimento de Vladímir Ilitch Lênin, o grande artífice da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, a historiadora Anita Prestes analisa, em artigo no blog da Boitempo, as ideias mestras das transformações revolucionárias elaboradas por Lênin, destacando como estes ainda são ensinamentos valiosos para as forças de “esquerda” no Brasil de hoje.

CLIQUE NO LINK PARA LER O TEXTO DE ANITA PRESTES NO BLOG DA BOITEMPO:

https://blogdaboitempo.com.br/2022/04/22/v-i-lenin-22-4-1870-21-1-1924-a-luta-pelo-poder-revolucionario-e-as-esquerdas-no-brasil-de-hoje/

TRECHOS DO REFERIDO TEXTO

Na atualidade, observamos que os principais partidos das ditas “esquerdas” estão voltados quase exclusivamente para os processos eleitorais em curso no país, sem revelarem preocupação efetiva com a formação do “bloco histórico” destinado a conduzir a luta pela transformação revolucionária do Brasil. Predomina nesses partidos e em diversos movimentos populares e sociais a espontaneidade, o culto à “luta de classes” sem uma direção voltada para a revolução, a defesa de uma suposta autonomia das massas e a subestimação de qualquer esforço dirigido à construção de um partido efetivamente revolucionário. Predomina o reformismo burguês, despido de um empenho efetivo em subordinar a luta pelas reformas aos objetivos da transformação revolucionária da sociedade.

As concepções reformistas apontadas alimentam a ilusão na eleição presidencial de Lula como solução para os problemas atuais do país, sem perceber que, mesmo vitorioso, mas sem o apoio de organização popular, Lula será forçado a submeter-se aos ditames do grande capital. Lideranças das ditas “esquerdas” conclamam o povo a sair à rua para protestar contra o governo e apoiar os candidatos dessas forças, esquecendo que, em determinadas circunstâncias, as massas desorganizadas podem sair às ruas e protestar, mas voltarão para casa desorganizadas como estavam. Sem um trabalho prévio de organização popular nos locais de trabalho, de moradia, de convivência, não se terá contribuído para o avanço efetivo das forças capazes de dar sustentação a um governo progressista e, muito menos, a uma saída revolucionária para a situação atual do país.

Junto ao referido predomínio das correntes reformistas no meio das ditas “esquerdas”, encontramos os partidários da fraseologia pseudo-revolucionária, capazes de impressionar os incautos e os jovens adeptos com discursos eloquentes e aparentemente radicais, desligados, entretanto, de uma prática efetiva de organização, mobilização e conscientização popular. Tais supostas lideranças costumam proclamar insistentemente objetivos finais (estratégicos) nos seus programas, eivados de generalidades e carentes de propostas táticas viáveis na realidade concreta existente, assim como desligados dos objetivos estratégicos apresentados.




quarta-feira, 20 de abril de 2022

Áudios dos anos 1970 de integrantes do Superior Tribunal Militar (STM) comprovam a prática de tortura durante a Ditadura Militar.

Conteúdo foi publicado neste domingo (17/4/2022) pela jornalista Míriam Leitão, colunista de 'O Globo'. Ao todo, são mais de 10 mil horas de gravações; áudios foram analisados pelo historiador Carlos Fico, que afirma: "A exposição desses áudios, dessas falas é uma assunção cabal do Estado brasileiro sobre tudo o que cometeu durante o regime militar."

— O Superior Tribunal Militar passou a gravar as sessões a partir de 1975, mesmo as secretas. Até 1985 são 10 mil horas. Em 2006, o advogado Fernando Augusto Fernandes pediu acesso. Não conseguiu. Foi ao Supremo, que mandou liberar. O STM não obedeceu. Em 2011, a ministra Cármen Lúcia determinou o acesso irrestrito aos autos. O plenário acompanhou a ministra. Em 2015, as centenas de fitas de rolo foram digitalizadas. Fernandes analisou apenas 54 sessões. Em 2017 consegui copiar a totalidade das sessões. Aprimorei o áudio e passei a ouvir — explica o historiador Carlos Fico, titular de História do Brasil da UFRJ. In: Áudios do Superior Tribunal Militar provam tortura na ditadura, blog Míriam Leitão, 17/04/2022 • 04:43, https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/

No seu blog, a jornalista Miriam Leitão disponibiliza alguns dos trechos daquelas sessões, que ocorreram entre 1975 e 1985. São cerca de 36 minutos, cuja a transcrição é disponibilizada na postagem "Confira os áudios inéditos de sessões do STM, inclusive as secretas" (17/04/2022 • 04:38) [https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/confira-os-audios-ineditos-de-sessoes-do-stm-inclusive-secretas.html]

Veja no link abaixo a matéria (em vídeo) apresentada pelo programa Fantástico, da TV Globo, disponível na página do G1:

https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/04/17/audios-do-superior-tribunal-militar-mostram-relatos-de-tortura-durante-a-ditadura.ghtml





domingo, 17 de abril de 2022

Para download: "Educación y lucha de clases y otros escritos", de Aníbal Ponce

 Colección: Ideas en la educación Argentina

Temas: Historia de la educación; Pedagogía; Argentina.

Ponce, Aníbal. Educación y lucha de clases y otros escritos / Aníbal Ponce; Nicolás Arata; Pablo Gentili - 1a ed. - Gonnet: UNIPE: Editorial Universitaria, 2015.


Link para download:

http://biblioteca.clacso.edu.ar/Argentina/unipe/20200415030833/educacion-y-lucha-de-clases.pdf


Aníbal Ponce Educación y lucha de clases y otros escritos

Presentación de Nicolás Arata y Pablo Gentili

Educación y lucha de clases, editado por primera vez en 1937, presenta una historia sobre las formas de enseñanza occidentales desde una perspectiva marxista. A través de sus páginas, Aníbal Ponce señaló, metódica y sentenciosamente, que la educación no era una palanca de ascenso social sino uno de los «más sutiles instrumentos de opresión» al servicio de las clases dirigentes. Su versión de la historia de la educación estaba orientada a responder a un interrogante fundamental de su tiempo: ¿qué programa educativo sirve mejor a un proyecto político de características inéditas como el desatado por la revolución bolchevique de 1917? Y si bien este pensamiento no tuvo grandes correlatos en el plano nacional, nutrió de una serie de enfoques y conceptos al campo pedagógico.




quinta-feira, 14 de abril de 2022

Anita Prestes faz um balanço crítico sobre a atuação política do partido no Seminário Nacional – Cem Anos do Partido Comunista Brasileiro

Na mesa IX, cuja temática era "O PCB e a luta contra as ditaduras (Estado Novo e 1964)", a historiadora Anita Prestes, estudiosa do movimento comunista brasileiro, apresentou a tese "de que muita gente não aceita", como a mesma afirmou, chamando a atenção de sua importância para um efetivo balanço autocrítico sobre a atuação política do partido. Sobre a tese defendida, a historiadora disse: "... estou cada vez mais convencida que ela é certa, até pra gente entender o que precisa para o movimento operário e para os revolucionários brasileiros fazerem para, realmente, conseguirem avançar rumo ao socialismo".


Para entender a tese defendida pela historiadora Anita Prestes sobre a atuação política do PCB, assista ao vídeo abaixo, apartir de 6 minutos e 25 segundos no vídeo no canal Jornal O Poder Popular:






sábado, 2 de abril de 2022

O FASCISMO E O “FENÔMENO BOLSONARO” - texto de Anita Prestes

Capítulo publicado em Neofascismo, autocracia e bonapartismo no Brasil / orgs. Mazzeo, A.C., Pinheiro, M. e Pericás, L.B.; São Paulo, Instituto Caio Prado Júnior, 2022, p. 129-142.

Leia o artigo em PDF no link: 

http://www.ilcp.org.br/prestes/index.php?option=com_content&view=article&id=506:2022-04-01-01-46-37&catid=18:artigos&Itemid=140

"Atualmente no Brasil, diante do “fenômeno Bolsonaro” que se explicitou com as eleições presidenciais de 2018, parte das “esquerdas” se depara com a seguinte questão: podemos afirmar que existe uma ameaça fascista em nosso país?"


https://lavrapalavra.com/produto/neofascismo-autocracia-e-bonapartismo-no-brasil/




quinta-feira, 24 de março de 2022

Entrevista de Anita Prestes ao Programa Faixa Livre

 Na véspera do centenário do PCB, Anita Prestes defende autocrítica

A presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes (www.ilcp.org.br) e professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Anita Prestes exaltou os 100 anos do Partido Comunista Brasileiro, celebrados na próxima sexta-feira (25), destacou os principais momentos da história do Partidão, o papel do PCB na atualidade, realçou a importância do seu pai, Luiz Carlos Prestes, nesta trajetória e defendeu um balanço autocrítico sobre a atuação política da legenda.

Ouça a entrevista de Anita Prestes ao Programa Faixa Livre, clicando no link abaixo:

http://www.programafaixalivre.com.br/noticias/na-vespera-do-centenario-do-pcb-anita-prestes-defende-autocritica/?fbclid=IwAR0OPGR49LsMBVuoP3NpvdGnjz2SgO7xm6IJ9u5VUoqPKWkkACaCgCMBxTc




sábado, 19 de março de 2022

domingo, 6 de março de 2022

A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA, AS LUTAS DE CLASSE E A EDUCAÇÃO ESCOLAR *

Texto interessante de Dermeval Saviani para contribuir nos debates e no aprofundamento  teórico, que se disponham a possibilitar  uma melhor compreensão da educação e da sociedade e contribuir para a superação do atual estado de coisas e da  educação,  bem  como produzir uma  nova  humanidade,  uma  humanidade  efetivamente  emancipada  e humana. 

Como nos aponta Saviani na conclusão do texto: 

Na  luta  dos  trabalhadores  cumpre  ampliar  o  máximo  possível  o  espectro  de  abrangência  das forças  sociais  mirando-nos,  porém,  no  exemplo  dos  clássicos  do  marxismo  (Marx,  Engels,  Lênin, Gramsci)  que procuraram  sempre  mover-se  no  âmbito  de  dois  princípios:  1)  a  diferenciação  entre  a perspectiva proletária e aquela dos burgueses e pequeno-burgueses progressistas; e 2) a firme união entre as forças que buscam expressar e fazer avançar a luta dos trabalhadores.

O advento da presente crise estruturaldo capitalismo, que irrompe exatamente quando o capital estende seu domínio sobre todo o planeta, coloca a exigência de sua superação abrindo uma nova era que podemos denominar  de transição  ao  socialismo. Nessa nova era torna-se necessário  que os movimentos sociais  populares  ascendam  à  condição  de  movimento  revolucionário,  realizando  a  passagem  das  lutas conjunturais à luta unificada da classe trabalhadora pela transformação estrutural da sociedade.

Nesse  processo,a  educação  desempenha  papel  estratégico  e  indispensável  porque,  se  a  crise estrutural  propicia  as  condições  objetivas  favoráveis  à  transição,  para  operar  nessas  condições  não deixando escapar a oportunidade histórica de transformação estrutural, impõe-se preencher as condições subjetivas  que  implicam  uma  aguda  consciência  da  situação,  uma  adequada  fundamentação  teórica  que permita uma ação  coerente e uma satisfatória instrumentalização  técnica que possibilite uma ação  eficaz. Ora, é exatamente esse o âmbito de incidência do trabalho educativo que, consequentemente, deverá estar ancorado  numa  sólida  teoria  pedagógica  que  elabore  e  sistematize  os  elementos  garantidores  dos  três aspectos    mencionados:    aguda    consciênciada    realidade,    fundamentação    teórica    coerente    e instrumentalização técnica eficaz.

Enfim,  no  que  se  refere  ao  tema  específico  desta  conferência, Pedagogia  histórico-crítica,  luta  de classes  e  educação  escolar,  podemos  concluir  quea  pedagogia  histórico-crítica  vem  sendo  construída  como umateoria pedagógica empenhada em elaborar as condições de organização e desenvolvimento da prática educativa escolarcomo um instrumento potencializador da luta da classe trabalhadora pela transformação estrutural  da  sociedade  atual.  Dizendo  de  outra  maneira:  o  que  a  pedagogia  histórico-crítica  se  propõe  é articular a educação escolar com a luta da classe trabalhadora pela superação do capitalismo e implantação do socialismo.


Link do texto completo:

 https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/9697/7085

Palavras-chave: pedagogia histórico-crítica, violência e filosofia, luta de classes e educação escolar.

Resumo

Após introduzir a abordagem da relação entre educação e luta de classes na sociedade atual, este artigo trata do significado do conceito de violência evidenciando a condição atual de um mundo regido pela violência que encontra justificativa no fascismo, definido como metafísica da violência. Em seguida aborda o problema da erradicação da violência na práxis social nas perspectivas do personalismo cristão (metafísica da não-violência), do existencialismo (concepção subjetiva da violência) e do marxismo (concepção objetiva da violência e da não-violência). Com base nessas análises explicita, na conclusão, a relação entre luta de classes e educação escolar na perspectiva histórico-crítica.


* O texto Pedagogia  histórico-crítica,  luta  de classes  e  educação  escolar foi a Conferência da Abertura da XI Jornada do HISTEDBR. Cascavel, 23 de outubro de 2013. Publicado em Germinal: Marxismo e Educação em Debate (v. 5, n. 2, p. 25-46, dez. 2013). Mais recentemente, publicado como o quinto texto do livro Conhecimento Escolar e Luta de Classes: a Pedagogia Histórico-Crítica Contra a Bárbarie, dos autores Dermeval Saviani e Newton Duarte (Autores Associados, 2021).


“O livro de Dermeval Saviani e Newton Duarte expressa a concepção de conhecimento escolar mais avançada que interessa à classe trabalhadora na luta contra a barbárie e a desumanização, que negam ou anulam direitos universais básicos, e, portanto, interessa na luta pela superação do sistema capitalista que estruturalmente as produziu. Um livro certamente indispensável na formação de professores nas licenciaturas das universidades e dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, mas não só. Indispensável na formação de quadros dos movimentos sociais e culturais da classe trabalhadora do campo e da cidade, na formação sindical e dos partidos políticos. Os quinze capítulos podem ser discutidos em conjunto num curso ou separadamente, em seminários, pois cada um trata de aspectos que incidem sobre o conhecimento que interessa na luta de classe. No fim da apresentação, os autores indicam que o caminho proposto pela pedagogia histórico-crítica implica decidir-se entre a escolha de 'se submeter ao ilusoriamente mais cômodo jugo da ignorância ou assumir os riscos da busca de conhecimento sobre o mundo, a vida e sobre si mesmo'. Trata-se de uma proposta a ser construída coletivamente pari passu com a luta de classe nos pequenos e grandes desafios. A Comuna de Paris, 150 anos depois, não foi e não será em vão!” [trecho do Prefácio, redigido por Gaudêncio Frigotto]

sábado, 5 de março de 2022

Coleção raríssima: Obras Completas de Lênin (55 volumes)

Em 1981, a Editora Progresso (soviética) iniciou a publicação da mais ampla compilação das Obras Completas de Lênin - são 55 volumes, reunindo todos os livros, folhetos, artigos, rascunhos e esboços, cartas escritas por Lênin. A edição é muito bem cuidada, com muitíssimas notas explicativas e biografias de personagens citados. 

LINK para download dos 55 volumes: https://archive.org/details/@gianferdinand?and[]=subject%3A%22obras+completas%22 (clique sobre cada volume e escolha sempre PDF, à direita, abaixo)  scan de boa qualidade.

FONTE: blog Universidade Popular