Por Jorge Cadima
O mundo mudou muito desde 1939. Há hoje fortes pontos de contacto com a realidade de então, tal como existem importantes diferenças, sendo a mais relevante o desaparecimento da URSS. De novo o capitalismo global se mostra incapaz de gerir as suas próprias contradições e crise. De novo ambições de hegemonia planetária imposta pela força das armas fazem pairar o espectro de novo conflito mundial. Os principais perigos de guerra não vêm hoje das potências emergentes, mas das velhas potências imperialistas (EUA e da UE) incapazes de estancar o seu declínio relativo e de travar a ascensão de outros países, nomeadamente extra-europeus. Importa aprender com as lições da História. Entre as quais a grande lição da II GM sobre o papel decisivo da luta dos povos, mesmo perante as maiores adversidades e quando tudo pode parecer perdido. Foi essa confiança e determinação que permitiu ao povo soviético e ao seu Partido Comunista desempenhar o difícil mas honroso combate que salvou a Humanidade em 1945.
Assinalar o fim da II Guerra Mundial na Europa e a derrota do monstro nazi-fascista nunca é mera formalidade. Tragédia maior da História humana, a II Grande Guerra (II GM) foi também, em múltiplos aspectos, um momento de viragem histórico. Mas a comemoração dos 70 anos de Maio de 1945 ganha importância ainda maior. Confrontadas com uma crise do sistema capitalista de profundidade sem precedentes, boa parte das classes dominantes aposta de novo na guerra, na ditadura e na violência, como instrumentos para afirmar o seu poder. Conhecer o fascismo, as suas origens e patrocinadores, a sua realidade e trágicas consequências, é um imperativo, não só para entender o passado, mas também o presente.
A II GM é inseparável da Grande Guerra de 1914-18, de que foi em certos aspectos a continuação; do ascenso nos anos 20 e 30 do nazi-fascismo – expressão mais brutal e violenta do capitalismo e causa directa da Guerra de 1939-45; e da grande crise do capitalismo iniciada em 1929, que alimentou o fascismo, em particular a sua variante mais violenta e perigosa, o nazismo. A primeira metade do Século XX foi de crise permanente, indissociável do sistema capitalista e das suas contradições.
Na II GM morreram mais de 60 milhões de pessoas – quase metade soviéticos – ou seja, mais de 3% da população mundial de então e quase 15% da população da URSS. Em 2 mil dias do conflito registaram-se cerca de 30 mil mortos por dia. À carnificina juntou-se a destruição em larga escala do continente europeu – em especial da URSS (e da Alemanha), onde se travaram o grosso dos combates – e parte importante do Extremo Oriente. Quase toda a Europa continental chegou a estar sob o domínio directo ou indirecto do nazi-fascismo e em 1942 parecia plausível que as potências fascistas vencessem a guerra.´
Tecnologia moderna foi usada para matar milhões de seres humanos, com blindados, aviação e foguetões como os V1 e V2 alemães que semearam a morte e destruição em Inglaterra, mas também com as bombas incendiárias anglo-americanas (que em Tóquio provocaram 100 mil mortos em 9 de Março de 1943 e em Dresden 25 mil mortos em duas noites de Fevereiro de 1945) e sobretudo no bombardeamento atómico pelos EUA das cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaqui, em Agosto de 1945. A barbárie foi levada ao extremo nos campos de concentração nazis, que eram não apenas campos de extermínio de quantos eram incapazes de trabalhar, mas também campos de trabalho [1] onde a exploração era levada até à morte, e que asseguravam a mão-de-obra a custo quase nulo para que os grandes monopólios que levaram Hitler ao poder (Thyssen, Krupp, IG Farben, etc. [2]) pudessem engordar e alimentar a poderosa máquina de guerra nazi. O professor de História Económica nas Universidades de Cambridge e Yale, Adam Tooze, na sua grande obra sobre a economia da Alemanha Nazi, escreve: «o primeiro campo a fornecer em grande escala os seus reclusos foi Auschwitz que, para além do estaleiro de construção da IG [Farben] em Monowitz, também fornecia mão-de-obra para projectos da indústria pesada em toda a Silésia. Foi seguida por Oranienburg, que forneceu 800 reclusos à Heinkel em Setembro de 1942, e Ravensbruck, que fornecia trabalhadoras à Siemens. Em breve, Mauthausen estabelecera uma relação com a Steyr Daimler Puch. Sacshausen abastecia a fábrica da Daimler-Benz em Genshagen. Dachau fazia negócio com a BMW. Outros parceiros notáveis das SS incluíam […] a fábrica da V[olks]W[agen] em Fallersleben»[3].
A caminho da Guerra
Os livros de História indicam o começo da guerra em Setembro de 1939 quando, após a invasão da Polónia pelas tropas nazis, Inglaterra e França declaram guerra à Alemanha. Mas os anos anteriores haviam sido já anos de agressões e ocupações por parte das potências fascistas. Em 1931 o Japão imperial, futuro aliado de Hitler e Mussolini, ocupa a Manchúria chinesa. Em 1935 a Itália fascista lançou a sua guerra de rapina contra a Etiópia, único país africano que havia mantido a sua independência durante a vaga de ocupações coloniais. A Etiópia foi abandonada à sua sorte. «O seu apelo à Sociedade das Nações [antecessora da ONU – N. do A.] apenas foi apoiado pela União Soviética e alguns pequenos Estados. Os EUA, Inglaterra e França não só se negaram a vender armas à Etiópia, como recorreram, na prática, a um bloqueio contra ela»[4]. Igual sorte teve a vítima seguinte, a Espanha Republicana, cujo governo democraticamente eleito foi impedido de se defender do golpe militar do fascista Franco – apesar do apoio militar que este recebeu de Mussolini e Hitler – pela vergonhosa política da «não intervenção», que na realidade representou uma luz verde das ‘democracias ocidentais’ à vitória do fascismo espanhol. Apenas a URSS se manteve solidária com a República democrática. No Extremo Oriente, o Japão, aliado desde 1936 à Alemanha nazi e à Itália fascista no «Pacto Anti-Comintern» – que, como o próprio nome indica, assentava no combate à Internacional Comunista e à URSS – lançou-se numa nova fase de ocupação da China em Julho de 1937. Em Março de 1938 foi a vez de a Alemanha anexar a vizinha Áustria (o «Anschluss»). Em seguida, Hitler virou-se para a Checoslováquia, que foi retalhada pelos acordos de Munique, um dos mais sórdidos episódios da política colaboracionista das classes dirigentes de França e Inglaterra com o ascenso do nazi-fascismo. Em 29 e 30 de Setembro de 1938, os Primeiros-ministros inglês e francês, Chamberlain e Daladier, em conjunto com Mussolini e Hitler, desmembraram aquele país – com quem a França tinha um acordo de defesa mútua. De fora da conferência ficou o Governo checoslovaco, que foi vítima das chantagens e ameaças anglo-francesas[5]. Nos dias seguintes a Alemanha nazi ocupou a zona dos Sudetas e a Polónia e Hungria ocuparam também parcelas de território checoslovaco. E em Março de 1939 a Alemanha tomou conta do que restava do país. A Polónia viria a ser a próxima vítima dos apetites expansionistas de Hitler.
Para compreender o compadrio das democracias burguesas com o ascenso do fascismo é preciso ter presente as suas raízes de classe. O fascismo emergiu das entranhas do sistema capitalista, como dominação sem entraves pelo grande capital e latifundiários, que se sentiam ameaçados pela ascensão impetuosa do movimento operário e popular na viragem do século, pela Revolução de Outubro e pelas próprias contradições e crises do sistema, que eram incapazes de controlar. Foi assim em Itália[6], na Alemanha[7], em Espanha ou Portugal. E foi assim também em França, Inglaterra ou EUA, onde sectores importantes das classes dominantes eram simpatizantes do fascismo. Norman Montagu, Governador do Banco de Inglaterra (que, sendo o banco central, foi também um banco privado até 1946), declarou numa conferência em Nova Iorque em 1934: «Hitler e Schacht [Presidente do Reichsbank e Ministro da Economia de Hitler – NA] são na Alemanha bastiões da civilização. São os únicos amigos que temos naquele país. Defendem o nosso tipo de ordem social contra o comunismo. Se eles fracassarem, os comunistas chegarão ao poder na Alemanha e, nesse caso, tudo será possível na Europa»[8]. Mesmo Churchill, que mais tarde encabeçaria o sector da classe dirigente inglesa que fez frente ao nazi-fascismo, não o fez por convicções antifascistas. O seu biógrafo inglês Clive Ponting escreve: «Churchill era um grande admirador de Mussolini, que chegara ao poder em Itália em 1922. Saudava quer o anticomunismo de Mussolini, quer a sua forma autoritária de organizar e disciplinar os italianos. Visitou a Itália em 1927 […] e encontrou-se com Mussolini, sobre quem proferiu rasgados elogios numa conferência de imprensa […]. ‘Se fosse italiano, estou seguro que estaria de todo o coração ao vosso lado, desde o início até ao fim, na vossa luta triunfante contra os apetites e paixões animalescas do Leninismo’. Durante os dez anos seguintes, Churchill continuou a elogiar Mussolini»[9]. E sobre as simpatias de Churchill pelos golpistas espanhóis escreve Ponting: «todas as suas simpatias estavam com Franco e o lado nacionalista. […] Descreveu o governo legítimo e a parte republicana como ‘um proletariado pobre e atrasado que exige o derrube da Igreja, do Estado e da propriedade e a instalação dum regime Comunista’. Contra eles erguiam-se ‘forças patrióticas, religiosas e burguesas, sob o comando do exército […] em marcha para reestabelecer a ordem através da instauração duma ditadura militar’» [sic!].
Em França, o ’susto’ da vitória eleitoral da Frente Popular em 1936 levara à fascização de largos sectores da burguesia, «começando[-se] a ouvir nos círculos da classe alta em Paris um comentário que se tornou quase num cântico: ‘antes Hitler que Blum’»[10]). Nos meses que antecederam a invasão nazi, a burguesia francesa dedicou-se a proibir e perseguir o Partido Comunista Francês (que viria a ser a força dirigente da resistência à ocupação) e a ultimar planos para um ataque militar à URSS [10]! A «opção pela derrota» (título dum livro da historiadora francesa Annie Lacroix-Riz) haveria de conduzir à capitulação frente à invasão nazi em apenas seis semanas e à constituição do ‘governo’ colaboracionista de Vichy.
A política de conivência com Hitler, conhecida por «appeasement», era na realidade muito mais do que ‘apaziguamento’. As classes dirigentes das ‘democracias ocidentais’ que acolheram com simpatia o ascenso de Mussolini, Franco e Hitler, pensavam resolver as suas rivalidades, que um quarto de século antes haviam conduzido à guerra, à custa da União Soviética, inimigo de classe comum. No seu livro de 1925-6 Mein Kampf, Hitler via aí o ‘espaço vital’ (Lebensraum) para o povo alemão. Em Munique, em Setembro de 1938, Chamberlain propôs a Hitler «a solução do problema russo»[12]. Em Janeiro de 1939, o Chefe de Estado-Maior da Marinha francesa Darlan escrevia: «Devemos antes de mais nada conservar o nosso Império. O resto é secundário. Por isso […] devemos deixar a Alemanha livre de agir no Leste»[13]. O Leste, e a URSS em particular, seria o império colonial da Alemanha – que chegara tarde à ‘corrida para África’ imperialista de finais do Século XIX. Escreve o Prof. Tooze: «No Outono de 1941 Hitler voltou repetidamente ao exemplo americano ao discutir o futuro da Alemanha no Leste. O Volga, declarou, seria o Mississipi da Alemanha. E a conquista sangrenta do Oeste Americano dava à Alemanha o direito de que necessitava para justificar a limpeza da população eslava. […] Uma população ’superior’ de colonos iria deslocar uma população indígena ‘inferior’ abrindo o caminho a uma nova era de possibilidades económicas»[14]. O anti-semitismo nazi não estava desligado desse objectivo. Escrevera Hitler no Mein Kampf: «a essência e objectivo do Bolchevismo é a eliminação das camadas da Humanidade que até aqui garantiram a liderança, e a sua substituição pela Judiaria mundial» [15]. A «conspiração judaico-bolchevique» era uma teoria então popular no seio das ‘instruídas’ classes dominantes europeias e norte-americana, da qual mesmo Churchill se fez porta-voz [16]. Escreve Tooze: «A invasão alemã da União Soviética é […] a última grande conquista territorial na longa e sangrenta história do colonialismo europeu. A destruição da população judaica era o primeiro passo para extirpar o Estado bolchevique. O que se seguiria seria uma gigantesca campanha de limpeza de território e de colonização, que também envolvia a ‘limpeza’ da esmagadora maioria da população eslava e a colonização de milhões de hectares do Lebensraum oriental com colonos alemães» [17]. A guerra era o desenlace inevitável destas concepções, mas também do facto de que a recuperação económica da Alemanha nos anos do nazismo assentara na militarização acelerada. «Quase metade (47%) do crescimento no produto nacional total da Alemanha entre 1935 e 1938 era resultado directo do aumento nas despesas militares do Reich» [18].
Durante anos, a URSS desenvolveu uma acção diplomática intensa, visando criar um sistema de segurança colectiva com acordos de não-agressão e defesa mútua entre o maior número possível de países. Em particular, procurou acordos deste tipo com as duas velhas potências capitalistas europeias, Inglaterra e França» [19], as principais potências coloniais de então, e com a maior das potências capitalistas (EUA). Esta política da URSS baseava-se numa análise sobre os perigos do ascenso do fascismo para a paz mundial e para os povos e sobre as possibilidades resultantes das rivalidades existentes. O grande dirigente búlgaro da Internacional Comunista, Dimitrov, escrevia em 1937» [20]: «Há dois anos, em Agosto de 1935, o VII Congresso da Internacional Comunista, analisando a situação internacional e procurando as vias e os meios de luta da classe operária contra a ofensiva do fascismo, demonstrou a indissolúvel ligação entre a luta contra o fascismo e a luta pela paz. O fascismo é a guerra, declarou o Congresso. […] Ao aceder ao poder, contra a vontade e os interesses do povo, o fascismo procura uma solução para as suas dificuldades internas crescentes na agressão contra outros países e outros povos, numa nova divisão do mundo através do desencadeamento de uma guerra mundial». Esta «nova divisão do mundo», que as potências fascistas pretendiam impor pela guerra exprimia as mesmas rivalidades inter-imperialistas que conduziram à I Guerra Mundial. A Internacional Comunista considerava que o perigo duma nova guerra mundial – para os trabalhadores e os povos, incluindo para a URSS socialista entretanto surgida com a Revolução de Outubro – tornava necessária a unidade de toda a classe operária, mas não só: exigia «a unidade de acção dos países interessados na manutenção da paz». Mas a política de paz da URSS não alcançou frutos imediatos: não era o fascismo que era visto pelas classes dirigentes dos países capitalistas como ameaça, mas sim os comunistas e a União Soviética socialista.
Tentar fazer crer (como está hoje na moda) que a responsabilidade da guerra recai sobre a URSS por ter assinado, em 23 de Agosto de 1939, ou seja uma semana antes do ataque de Hitler à Polónia, um Tratado de Não-Agressão com a Alemanha, é fazer tábua rasa da verdade histórica. O acordo permitiu evitar que a URSS viesse a encontrar-se isolada, combatendo simultaneamente em duas frentes: naqueles mesmos dias tropas soviéticas combatiam lado a lado com os seus aliados mongóis contra tropas japonesas invasoras, junto ao rio Khalkhin Gol. O acordo permitia ainda ganhar tempo precioso. Como escreve o gaullista De La Gorce: «Não há qualquer dúvida de que os acordos de Munique convenceram [os soviéticos] de que a França e a Grã-Bretanha, perante o risco de uma guerra geral, preferiam um compromisso com Hitler e excluíam, em qualquer caso, a opção de lhe resistir com a ajuda da União Soviética. Não há qualquer dúvida de que eles foram sensíveis a todos os indícios que sugeriam que elas deixariam a Hitler as mãos livres no Leste e que a União Soviética deveria então enfrentar, sozinha, as acções alemãs, com o risco de ver Londres e Paris intervirem mais tarde, quando a Alemanha e a Rússia se tivessem mutuamente destruído. […] Não é correcto, como fizeram mais tarde os países ocidentais, invocar qualquer semelhança entre a URSS e a Alemanha para ver nisso o verdadeiro fundamento do pacto germano-soviético. A hostilidade feroz para com o comunismo e a vontade de destruí-lo sob todas as suas formas estavam na própria raiz dos movimentos fascistas. […] Foi o partido comunista alemão que [Hitler] proibiu e esmagou em primeiro lugar»» [21]. Havia, aliás, precedentes para acordos com Hitler: o acordo anglo-germânico sobre a dívida de 1934» [22]; o tratado naval anglo-germânico de 1935, assinado «nas costas da França»» [23]; o pacto pós-Munique Bonnet-Ribbentrop; ou o tratado de não-agressão polaco-alemão de 1934. Também a história da ‘ocupação da Polónia oriental pelas tropas soviéticas’ é objecto de falsificação. A URSS aproveita a conjuntura criada em Agosto de 1939 para recuperar territórios que haviam sido seus, chegando até à linha de armistício proposta na guerra polaco-soviética em 1920 pelo então MNE inglês, Lord Curzon. Essa guerra fora iniciada pelas classes dirigentes polacas para, aproveitando as debilidades da jovem Rússia soviética, anexar território. A Linha Curzon é hoje a fronteira da Polónia, e os territórios a leste (descritos como ‘Polónia Oriental’ pela propaganda anti-soviética) são hoje território da Ucrânia, Bielorrússia e Lituânia. Incluem Vilnius, a capital da Lituânia. Nessa região, «mesmo de acordo com as estatísticas oficiais polacas do período inter-guerras, os polacos não constituíam a maioria da população» [24]. «Mal tinha sido estabelecido pelos seus amigos ocidentais, [a Polónia] travou guerras contra a Rússia, a Alemanha, a Lituânia e mesmo a Checoslováquia – em todos os casos para ocupar territórios em disputa» [25]. O ditador polaco Pilsudski, e o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros Beck «que tinha calorosas simpatias pela ditadura Nazi» aproveitaram os acordos de Munique para, a 1 de Outubro de 1939, ocuparem a região checa de Teschen. Como em França e Inglaterra, foi a cegueira reaccionária dos dirigentes polacos que conduziu o seu país à desgraça e o mundo à guerra. Não é preciso concordar-se com todos os aspectos da política externa soviética daqueles anos para perceber que a reescrita da História que é hoje moeda corrente procura escamotear as simpatias fascizantes de grande parte das classes dominantes da Europa dos anos 30 e as suas responsabilidades directas no abrir caminho para a catástrofe de 1939-45.
A Guerra
Apesar de acordos de defesa mútua entre a Polónia e a Inglaterra e França, que obrigavam estes últimos a intervir militarmente em caso de agressão à Polónia, a verdade é que à invasão nazi se seguiram sete meses de quase inactividade militar, no que ficou conhecido em inglês por «phoney war», em francês por «drôle de guerre» e em alemão por «sitzkrieg» (’guerra sentada’). Esta «falsa guerra» prolongou-se mesmo durante a invasão da Dinamarca e Noruega em Abril de 1940. Apenas em Maio, quando as tropas nazis invadem a Bélgica, Holanda, Luxemburgo e França, e quando Chamberlain é substituído por Churchill, se pode falar de reais operações militares envolvendo as tropas anglo-francesas. A Segunda Guerra, tal como a Primeira, começava como expressão das rivalidades inter-imperialistas. Hitler, receoso de ver a Alemanha entalada entre duas frentes como em 1914-18, desejoso duma desforra histórica [26] e consciente da receptividade que encontraria nas classes dominantes ocidentais, decide controlar a sua retaguarda para depois se dedicar ao objectivo estratégico de sempre: a URSS. O desastre de Dunkirk e a capitulação das classes dirigentes francesas permitiram que, em pouco tempo, Hitler controlasse o enorme potencial económico da Europa Ocidental continental, factor nada secundário para o curso da futura guerra a Leste.
Em Junho de 1941 começa o ataque à URSS. Foi nos gigantescos combates travados na Frente Leste que se decidiu a II GM. Por muito que custe à ficção hollywoodiana, «o ataque lançado pela Wehrmacht a 22 de Junho de 1941 foi a maior operação militar de que há registo histórico» e «nunca, nem antes, nem depois, uma batalha foi travada com tanta ferocidade por tantos homens, numa frente de batalha tão extensa» [27]. É impossível escamotear o facto histórico de que a grande maioria das forças armadas nazi-fascistas estava concentrada na Frente Leste, e que a sua derrota determinou a derrota final do nazismo em 1945. «Ao longo do ano 1942 o Exército Soviético combatia contra 98% do Exército Alemão operacional – 178 divisões concentradas na frente leste – enquanto que os britânicos combatiam contra quatro no Norte de África» [28]. É não apenas falso, mas vergonhoso, negar ou escamotear os incomparáveis sacrifícios do povo soviético, o heroísmo do seu Exército Vermelho, a determinação e firmeza dos dirigentes soviéticos, sem os quais o curso da História teria sido incomparavelmente mais negro para a Humanidade. Não se pode esquecer nem silenciar o heroísmo dos combatentes que, desde o primeiro dia da invasão da URSS deram a sua vida para travar o avanço da, até então invencível, máquina de guerra nazi. No final de 1941 os nazis foram travados às portas de Moscovo, numa planície sem obstáculos geográficos dignos de nota. Pela primeira vez, o caminho das tropas de Hitler fora travado [29]. Nos duros meses seguintes, e à custa de incontáveis sacrifícios e pesadíssimas baixas, a resistência foi gradualmente assentando terreno e criando condições para passar à ofensiva.
Cercada pelo avanço das tropas fascistas em Setembro de 1941, a segunda maior cidade soviética, Leninegrado, resistiu sem capitular 872 dias, até ao romper do cerco em Janeiro de 1944. A sua resistência heróica é bem o espelho do sacrifício soviético. O cerco custou a vida a quase um milhão de pessoas, das quais 650 mil morreram de fome, frio e doenças provocadas pela redução abaixo dos limites de sobrevivência das rações disponíveis.
Nos seus avanços de 1941-42, as tropas nazis penetraram em território soviético entre 850 e 1200 km, ocupando uma superfície de quase 2 milhões de km2 onde vivia cerca de 42% da população e com um terço da produção industrial [30]. Nos territórios ocupados, concretizava-se a ‘limpeza’ de Hitler. Entre as vítimas contam-se os prisioneiros de guerra soviéticos que «a Wehrmacht sistematicamente matava à fome. Até ao final de Dezembro de 1941, de acordo com os registos da própria Wehrmacht, o número de prisioneiros alcançara 3,35 milhões. Destes, apenas 1,1 milhões ainda estavam vivos e apenas 400 mil em estado físico suficiente para trabalhar. Dos 2,25 milhões que morreram, 600 mil foram fuzilados» [31]. Os nazis prometeram a sobrevivência a quantos se juntassem aos bandos colaboracionistas do ‘Exército Vlasov’, «mas a esmagadora maioria dos prisioneiros de guerra soviéticos recusou a oferta e cerca de 2 milhões […] a quem foi dada a opção, entre 1942 e 1945, de colaboração ou morte pela fome, escolheram a morte em vez de ajudar os Nazis» [32].
O recuo das tropas soviéticas retirou importante potencial económico ao esforço de guerra soviético. Foram tomadas medidas de fundo para enfrentar a emergência. Investiu-se nas vastas regiões não ocupadas (Urais, Sibéria, Ásia Central) e empreendeu-se uma épica desmontagem e transferência para Leste de «1523 empresas, entre elas 1360 grandes fábricas, a maioria de material de guerra. Em pouco mais de cinco meses foram transportados por via-férrea cerca de um milhão e meio de carruagens com instalações evacuadas» [33]. A superioridade do sistema socialista de planificação económica manifestou-se aqui em toda a sua plenitude. Nas palavras de Tooze: «Se houve um verdadeiro ‘milagre armamentista’ em 1942, ele verificou-se, não na Alemanha, mas nas fábricas de armas dos Urais. Apesar de ter sofrido perdas territoriais e perturbações que resultaram numa perda de 25% no produto nacional global, a União Soviética em 1942 conseguiu produzir mais do que a Alemanha em praticamente todas as categorias de armamento. […] Foi esta superioridade industrial, contrária a todas as expectativas, que permitiu ao Exército Vermelho, primeiro absorver a segunda grande investida da Wehrmacht e depois, em Novembro de 1942, lançar toda uma série de contra-ataques demolidores. […] os triunfos de Zhukov e seus colegas teriam sido impossíveis não fora o excelente material militar fornecido pelas fábricas soviéticas. […] Quem teve um desempenho excepcional foi a União Soviética, que em 1942 produziu o dobro das armas de infantaria, tantas peças de artilharia e quase tantos aviões de combate e tanques quantos os Estados Unidos, o campeão indiscutível de produção industrial a nível mundial. O milagre Soviético não se deveu ao auxílio ocidental» [34]. A grande industrialização soviética dos anos 30 foi decisiva para o desenlace da II GM.
A viragem nos campos de batalha deu-se em Estalinegrado. Travado no seu avanço para os grandes centros urbanos soviéticos, Hitler voltou-se para uma ofensiva mais a sul, visando o petróleo do Cáucaso, as regiões agrícolas do Volga e a indústria do Donbass e Estalinegrado. «Nesta situação começou a grandiosa batalha do Volga, que durou desde 17 de Julho de 1942 até 2 de Fevereiro de 1943. […] Em determinadas etapas participaram na batalha de ambos os lados mais de 2 milhões de pessoas […]. O bloco fascista perdeu na batalha de Estalinegrado entre mortos, feridos, prisioneiros e desaparecidos, quase 1,5 milhões de soldados e oficiais, cerca de 3000 tanques e canhões motorizados, mais de 12 000 canhões e morteiros, até 4400 aviões, ou seja, uma quarta parte das suas forças que actuavam na frente soviético-alemã» [35].
Após Estalinegrado, as tropas soviéticas passaram à ofensiva. Haveriam de se seguir outras grandes batalhas, como Kursk no Verão de 1943. No final desse ano, metade do território soviético ocupado fora já libertado. Por toda a Europa ocupada surgiam movimentos de resistência popular armada, em que os comunistas desempenhavam papel determinante e que foram cruciais na libertação da Jugoslávia, Grécia, Albânia, França, Itália e outros países. Em Julho de 1943 dá-se também a primeira acção militar importante das potências ocidentais, com a invasão da Sicília, que conduziria a um golpe palaciano que derruba Mussolini. Quando em Setembro desse ano o novo governo italiano decide retirar o país da guerra, os alemães invadem e mantêm o centro do país sob ocupação até meados de 1944 e o norte até aos dias finais da guerra.
O desembarque da Normandia, apresentado como episódio decisivo da guerra, apenas se dá em Junho de 1944, ou seja, após todas as grandes batalhas que decidiram, na Frente Leste, o curso da guerra, e numa altura em que o Exército Vermelho completara praticamente a libertação do território nacional e iniciava a libertação dos países vizinhos. A libertação de Berlim pelas tropas soviéticas, em Maio de 1945, foi o episódio final da guerra na Europa e fez justiça histórica. Fora realmente a URSS, o seu Exército Vermelho, povo e Partido Comunista, que tiveram o papel decisivo na derrota do nazi-fascismo.
O pós-guerra
O papel determinante da URSS e dos comunistas na vitória sobre o nazi-fascismo alterou profundamente a correlação de forças mundial. Por toda a parte, o prestígio dos comunistas reforçou o movimento operário e as suas organizações, que alcançaram, na nova correlação de forças, conquistas sociais e laborais sem precedentes, quer com a chegada ao poder de governos populares no Leste da Europa, quer em países onde o domínio capitalista se manteve (nalguns com comunistas no governo). O movimento de libertação nacional dos países colonizados ou semi-colonizados avançou de forma impetuosa, lançando as bases para a derrocada dos impérios coloniais. Países imensos como a Índia e a Indonésia alcançaram a independência. Noutros (China, Vietname, Coreia), a libertação nacional e social fundiram-se com a vitória de revoluções que colocavam expressamente o objectivo do socialismo. Uma nova ordem mundial progressista, consubstanciada nos princípios da Carta da ONU, aflorava no horizonte. Mesmo nos países do centro capitalista foi possível arrancar ao grande capital conquistas importantes, como nacionalizações de sectores básicos da economia ou serviços de saúde, ensino e segurança social em muitos casos gratuitos e universais. A derrota do nazi-fascismo revelava também o seu conteúdo de classe ao obrigar as classes dominantes a fazer concessões até então impensáveis.
Para travar o impetuoso movimento operário e popular no plano mundial, antes mesmo do final da II GM as potências anglo-saxónicas optaram por um realinhamento que incorporou os adversários fascistas da véspera numa nova aliança global, em nome do anticomunismo. Os crimes atómicos dos EUA em Agosto de 1945 já foram muitas vezes descritos como sendo, não o último episódio da II GM, mas o primeiro do que se convencionaria chamar «Guerra Fria». A tentativa das potências europeias de preservar os seus impérios coloniais (na Indochina francesa, na Malásia britânica, na Indonésia holandesa, entre outras), fora acompanhada da opção pela contenção e, quando possível o esmagamento pela força, das grandes organizações populares da resistência antifascista. Na Europa, este esmagamento atingiu proporções brutais na Grécia, país em grande parte libertado pelo movimento de resistência popular EAM-ELAS, no qual a influência dos comunistas era decisiva. Em Dezembro de 1944, ainda em plena II GM, tropas britânicas e antigos serventuários da ocupação nazi disparam sobre manifestantes desarmados nas ruas de Atenas, provocando 28 mortos e centenas de feridos [36]. A guerra iniciada pelos britânicos haveria de durar cinco anos e a ditadura mais três décadas. Idêntica aliança com fascistas repetiu-se a nível mundial, com especial relevância nas forças militares, policiais e repressivas de numerosos países. Salazar foi membro fundador da NATO, em 1949, e são conhecidas as ligações da PIDE com a CIA. Logo após o fim da guerra, em campos de concentração ingleses na Alemanha «suspeitos comunistas eram torturados numa tentativa de colher informação sobre as intenções militares soviéticas», sendo «pelo menos dois […] mortos à fome e pelo menos um espancado até à morte» [37]. Largas centenas de cientistas nazis, incluindo intervenientes directos nos mais sórdidos crimes, foram recrutados para trabalhar nos EUA (operação Paperclip [38]), com papel de destaque, entre outros, no programa espacial norte-americano. Milhares de colaboracionistas nazis foram igualmente reciclados. De especial importância foi o recrutamento de toda a estrutura de espionagem militar nazi na URSS, chefiada por Reinhard Gehlen, que passou a trabalhar para a CIA no pós-guerra [39], chegando a organizar operações militares clandestinas em território da URSS. Em 1956, Gehlen foi nomeado como primeiro chefe da BND, os recém-criados serviços secretos da Alemanha Federal.
O perigo do fascismo hoje
A História mostra que o fascismo torna-se uma ameaça séria quando as classes dominantes optam pelo exercício do seu poder através da violência extrema. Hoje, são evidentes os sinais de alarme.
Desde o início de 2014 que um grande país europeu, a Ucrânia, tem fascistas assumidos nos órgãos de poder, chacinando populações civis (como no martirizado Donbass ou no massacre de Odessa). Tal como os seus antecessores dos anos 20 e 30, impõem pela violência e o terror as políticas de classe e de exploração dos trabalhadores e dos povos, desta vez sob a bandeira do FMI e da UE. Reabilitam e idolatrizam os colaboracionistas e carniceiros que participaram no terror nazi de há sete décadas. A sua ascensão ao poder e o seu reino de terror não acontecem à revelia dos EUA ou da União Europeia. Pelo contrário. São múltiplos os fios que ligam os modernos fascistas ucranianos aos velhos nazis reciclados pelos EUA. E não se trata apenas da Ucrânia. No dia 16 de Março, veteranos da divisão letã das Waffen-SS nazis e seus apoiantes desfilaram em Riga, capital da Letónia, país que detém actualmente a Presidência rotativa do Conselho da União Europeia. Marchas análogas têm-se realizado nos últimos anos também na Estónia e Lituânia, sem que tal facto perturbe as boas consciências ‘liberais’ e ‘democráticas’. A conivência assumiu dimensões até há pouco impensáveis em 18 de Dezembro de 2014, quando a Assembleia Geral da ONU votou uma resolução russa condenando a glorificação da ideologia nazi. A moção foi aprovada por 115 países. Mas três países votaram contra: EUA, Ucrânia e Canadá. E todos os países da União Europeia (incluindo Portugal) abstiveram-se. Gradualmente, a falsa equação entre nazismo e comunismo vai dando lugar à reabilitação do nazi-fascismo em nome do combate ao comunismo.
O mundo mudou muito desde 1939. Mas há fortes pontos de contacto com a realidade de então. De novo o capitalismo global se mostra incapaz de gerir as suas próprias contradições e crise. De novo, ambições de hegemonia planetária imposta pela força das armas fazem pairar o espectro de novo conflito mundial. As analogias não excluem importantes diferenças. Hoje a URSS, e tudo o que ela representava, desapareceu. E, como toda a realidade dos últimos anos revela à saciedade, os principais perigos de guerra não vêm hoje das potências emergentes, mas das velhas potências imperialistas (EUA e da UE) que, incapazes de estancar o seu declínio relativo e de travar a ascensão de outros países, nomeadamente extra-europeus, procuram pela via da força e da guerra manter o insustentável status quo. O declínio dos EUA, em particular, revela-se de grande perigosidade para a paz mundial, tendo em conta o imenso poderio bélico da, até aqui, superpotência capitalista. É da maior importância acertar na identificação das linhas de clivagem existentes, mesmo entre potências capitalistas, que permitam criar uma correlação de forças mais favorável à paz, aos trabalhadores e aos povos. Importa aprender com as lições da História. Entre as quais a grande lição da II GM sobre o papel decisivo da luta dos povos, mesmo perante as maiores adversidades e quando tudo pode parecer perdido. Foi essa confiança e determinação que permitiu ao povo soviético e ao seu Partido Comunista desempenhar o difícil mas honroso combate que salvou a Humanidade em 1945.
Notas:
(1) Recorde-se a macabra inscrição que campeava na entrada de vários campos de concentração nazis: «Arbeit macht frei» («o trabalho liberta»).
(2) Veja-se o livro «Hitler: ascensão irresistível?» de Kurt Gossweiler, ed. «Avante!», 2009.
(3) Adam Tooze, «The Wages of destruction – The making and breaking of the Nazi economy», Penguin Books, 2007, p. 532. Tooze acrescenta: «a construção da fábrica da IG Farben em Monowitz custou a vida a pelo menos 30 000 reclusos» (p. 445).
(4) G. Deborin, «La segunda guerra mundial», ed. Progreso, 1977, p. 28.
(5) Uma descrição pormenorizada de Munique encontra-se no livro do jornalista norte-americano William L. Shirer, «The Rise and Fall of the Third Reich», Arrow Books, 1998.
(6) Veja-se, e.g., o artigo «Fascismo: raízes históricas e ameaça actual» em O Militante, N.º 320, Setembro 2012, para uma discussão mais pormenorizada de como Mussolini chega ao poder pela mão da burguesia ‘liberal’.
(7) Kurt Gossweiler, op. cit.
(8) Citado em «Big business avec Hitler», de Jacques R. Pauwels, ed. Aden, 2013, p. 162.
(9) Churchill, Clive Ponting, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 350.
(10) Léon Blum, primeiro Primeiro-ministro após a vitória da Frente Popular, e primeiro PM judeu de França. Citação em «The collapse of the Third Republic», de William L. Shirer, Pan Books, 1970, p. 359.
(11) Discussão em «1939-45, Uma guerra desconhecida», de Paul-Marie de la Gorce, ed. Caminho, 2004.
(12) William L. Shirer, op. cit., p. 419.
(13) Paul-Marie De La Gorce, op. cit., p. 24.
(14) Adam Tooze, op. cit., p. 469.
(15) Idem, p. 220.
(16) Clive Ponting, op. cit., p. 230.
(17) Adam Tooze, op. cit., p. 462.
(18) Idem, p. 206.
(19) Ver e.g. «L’URSS dans la lutte pour la paix à la veille de la seconde guerre mondiale – Documents et matériaux», ed. du Progrès, 1976. Vejam-se também as memórias do Embaixador soviético em Londres, Ivan Majskij, «Perché scoppiò la Seconda Guerra Mondiale?», Editori Riuniti, 1965.
(20) «O fascismo é a guerra», em O Militante, N.º 335, Março 2015.
(21) Paul-Marie de la Gorce, op. cit., pp. 47-48.
(22) Adam Tooze, op. cit., p. 87.
(23) William. L. Shirer, «The collapse of the Third Republic», Pan Books, 1970, p. 449.
(24) Mark Mazower, «Hitler’s Empire», Penguin Books, 2009, p. 98.
(25) William. L. Shirer, op. cit., Pan Books, 1970, p. 462 e 464 para a referência seguinte.
(26) Hitler impôs que a assinatura da rendição francesa fosse feita na mesma carruagem de comboio onde a Alemanha derrotada havia assinado o armistício em 1918.
(27) Adam Tooze, op. cit., p. 432 e 480.
(28) Clive Ponting, op. cit., p. 566.
(29) Jacques Pauwels, em «Big Business avec Hitler» (ed. Aden, 2013, p. 137), considera que foi às portas de Moscovo que se decidiu o curso da guerra.
(30) Números em «La Gran Guerra Patria de la Union Sovietica», compêndio de história 1941-45 do Instituto de Marxismo-Leninismo junto do CC do PCUS, ed. Progresso, Moscovo, 1975, p. 177.
(31) Adam Tooze, op. cit., p. 482.
(32) Em «Blowback: America’s recruitment of Nazis & its effects on the Cold War», de Christopher Simpson, Weidenfeld & Nicolson, 1988, p. 19.
(33) «La Gran Guerra Patria de la Union Sovietica», op. cit., p. 85.
(34) Adam Tooze, op. cit., p. 588.
(35) «A verdade e a mentira sobre a Segunda Guerra Mundial», op. cit., p. 141.
(36) «Athens 1944: Britain’s dirty secret», The Guardian, 30.11.14.
(37) «As fotografias do pós-guerra que as autoridades britânicas procuraram manter escondidas»,The Guardian, 3.4.06.
(38) «Operation Paperclip, The secret intelligence program that brought Nazi scientists to America», de Annie Jacobsen, ed. Little, Brown and Company, 2014.
(39) Descrição pormenorizada em «Blowback», obra já citada de Christopher Simpson.
* Professor universitário e analista de política internacional
Este texto foi publicado em : O Militante Nº 336 de Maio/Junho de 2015.
FONTE: ODiario.Info
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