Dossiê Hannah Arendt
marxismo21 divulga nesta seção textos que debatem aspectos centrais da teoria política de Hannah Arendt. Renomada e qualificada pensadora, Arendt tem a obra de Marx como uma de suas principais referências críticas – se não a mais importante delas; outros autores, vinculados ao marxismo, também foram objetos de seus questionamentos. A publicação deste pequeno dossiê se justifica pelo fato de que, frequentemente, nos meios progressistas e de esquerda existe uma celebração acrítica – quando não uma recepção entusiasmada – das reflexões da filósofa, fato que tem efeitos importantes na luta ideológica antimarxista. Neste dossiê colaboram pesquisadores brasileiros e autores marxistas do exterior. Integra o dossiê uma resenha sobre o filme “Hannah Arendt”, elaborada especialmente para o blog.
I. Artigos sobre a obra de Hannah Arendt
A condição (des)humana, Arendt, Maria Ribeiro do Valle
Hannah Arendt: sobre Marx e a revolução, Ronaldo Gaspar
Hannah Arendt e a recusa da violência revolucionária, M. R. do Valle
Reforma ou revolução? H. Arendt e H. Marcuse nos anos 60, M. R. do Valle
Antinomias do pensamento de Arendt: críticas a Marx, Ronaldo Gaspar
Marx à luz de Arendt, Arendt à luz de Marx, Leônidas Dias de Faria
A atividade humana do trabalho em Hannah Arendt, Theresa C. de Magalhães
H. Arendt versus Marx, Júlia Sebba Ramalho
Para uma crítica da categoria de totalitarismo, Domenico Losurdo
Gramsci, Arendt y la revolución p. I, Lelio La Porta
Gramsci, Arendt y la revolución p. II, Lelio La Porta
Marx and Hannah Arendt’s The Human Condition, W.A. Suchting
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II. Trabalhos acadêmicos sobre a obra de H. Arendt
Hannah Arendt e a Nova Esquerda, Simone Maria Magalhães
Ação contra o trabalho, Diogo Ramos
Crítica ontológica à ideologia de Hannah Arendt, Vitor Sartori
Para uma crítica ao pensamento político de Hannah Arendt, Ronaldo Gaspar
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III. Resenha do filme “Hannah Arendt”
A Banalidade da Crítica
Maria Ribeiro do Valle
- 1. Introdução
A obra de Hannah Arendt, no início da década de 60, quando escreve Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal tem pouca repercussão no Brasil. No final dos anos 60 e início dos70, continua pouco conhecida e citada entre nós a não ser por um grupo de intelectuais, diplomatas e homens públicos; entre eles, Celso Lafer, Marcílio Marques Moreira, José Guilherme Merquior e Hélio Jaguaribe. No meio acadêmico, como mostra Celso Lafer, particularmente na USP, Antonio Candido, um anti-stalinista histórico, apresenta divergências com relação ao pensamento de Arendt, ao recusar a identificação estabelecida por ela entre nazismo e stalinismo uma vez que para ele o primeiro só comporta a destruição total como alternativa para a sua vitória, enquanto o segundo pode ser modificado por dentro por ser “um projeto de passagem a uma ordem humana” [1987]. Em contrapartida, Francisco C. Weffort interessa-se pelos escritos da filósofa alemã, apontando para o “significado de resistência intelectual da obra arendtiana para os que estavam no Brasil enfrentando os ‘tempos sombrios’ do período autoritário. Salientava a importância do resgate arendtiano da vita activa; rejeitava a sua qualificação como conservadora; insistia na força de um pensamento aberto e indicava a relevância de sua contribuição para uma teoria da revolução – que era um de seus temas naquela época [1980].
Não nos cabe aqui registrar todas as interpretações da produção teórica de Arendt no Brasil, mas, em primeiro lugar, através deste pequeno leque de enfoques de seu pensamento, mostrar como ele parecia repercutir positivamente entre aqueles que tomam à frente das decisões políticas neo-liberais, relegando a questão social, versão incorporada inclusive por parte da esquerda intelectual brasileira que adere acriticamente a este pensamento. Por outro lado notamos que a crítica aos seus pressupostos é feita apenas por aqueles poucos que, arriscando repetir as façanhas a de D. Quixote, insistem em procurar alternativas às formas de pensar e agir dominantes. ler mais
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O filme “Hannah Arendt”. dirigido pela cineasta Margareth von Trotta, pode ser visto aqui
FONTE: MARXISMO21
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