Título: Lenin
Título Original: Lenin: Studie über den Zusammenhang seiner Gedanken
Subtítulo: um estudo sobre a unidade de seu pensamento
Autor(a): György Lukács
Prefácio: Apresentação e notas: Miguel Vedda
Posfácio: Orelha: Carlos Nelson Coutinho
Tradutor(a): Rubens Enderle
Páginas: 128
Ano de publicação: 2012
ISBN: 978-85-7559-193-2
Preço: R$ 29,00
Quando escreveu essa obra, György Lukács considerava que uma exposição digna da totalidade da obra e história de Lenin ainda carecia de material suficientemente completo para sua realização e deveria ser situada no mínimo no contexto histórico dos trinta ou quarenta anos anteriores. Sem tal pretensão, sua obra Lenin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento aponta em linhas gerais a relação entre a teoria e a práxis do líder revolucionário a partir do sentimento de que tal unidade ainda não estava clara o suficiente, nem mesmo na consciência de muitos comunistas. Escrito em 1924, logo após a morte de Lenin – e publicado pela Boitempo –, o livro é fruto do fascínio do filósofo húngaro pela personalidade dessa figura histórica.
O professor de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Nelson Coutinho, situa a importância de Lenin para Lukács, frequentemente citado como um exemplo de “como um ator político revolucionário deve articular teoria e práxis, mas também como deve construir uma personalidade capaz de superar o ascetismo sem perder de vista a fidelidade aos princípios”.
Lenin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento encontra-se em plena sintonia com História e consciência de classe e com a primeira fase do Lukács marxista, mas também contribui de forma significativa para o resgate de um marco na história do movimento comunista: a expectativa da “atualidade da revolução”. O processo revolucionário vitorioso na Rússia em 1917 criou uma atmosfera de entusiasmo pela extensão do comunismo ao Ocidente, que seria revisada com cautela por Lenin, no fim de sua vida, diante da necessidade de elaborar uma nova estratégia revolucionária para o Ocidente.
O livro é considerado por Miguel Vedda, professor da Universidade de Buenos Aires e autor da apresentação, como um dos produtos mais significativos da obra do jovem Lukács e um ponto de transição importante para sua filosofia madura. “O filósofo húngaro construiu, nesta obra de juventude, uma imagem sui generis do líder bolchevique, na qual se destaca toda uma série de aspectos que pouco condizem com a versão que logo haveria de divulgar o stalinismo.”
Segundo Coutinho, Lukács apresenta, com clareza e competência, algumas das principais conquistas teóricas do líder bolchevique, como a teoria do partido revolucionário e a definição da etapa imperialista do capitalismo. “Este pequeno livro nos dá mais uma ocasião para confirmar a enorme significação teórica de Lenin para o marxismo, o que nem sempre é hoje devidamente reconhecido.”
Trecho do livro
“O realismo de Lenin, sua realpolitik, é, portanto, a liquidação decisiva de todo e qualquer utopismo, a realização concreta do conteúdo do programa de Marx: uma teoria que se tornou prática, uma teoria da práxis. Lenin fez com o problema do socialismo o mesmo que fez com o problema do Estado: arrancou-o de seu isolamento metafísico, de seu aburguesamento, e introduziu-o no contexto geral dos problemas da luta de classes. Ele provou na prática, na vida concreta do processo histórico, as geniais indicações que Marx dera na Crítica do Programa de Gotha e em outros escritos, conferindo-lhes mais concreção e abrangência na realidade histórica do que fora possível na época de Marx, mesmo para um gênio como ele.
Os problemas do socialismo são, assim, os problemas da estrutura econômica e das relações de classe no momento em que o proletariado toma o poder estatal. Eles surgem imediatamente das condições em que o proletariado instaura sua ditadura e, por isso, só podem ser compreendidos e solucionados a partir desses problemas; no entanto, eles contêm – pelas mesmas razões – algo fundamentalmente novo em relação a essas condições e a todas as condições anteriores. Se é verdade que todos os seus elementos têm origem no passado, seu nexo com a manutenção e o fortalecimento do domínio do proletariado gera problemas que não podiam estar presentes em Marx nem em outras teorias surgidas antes e só podem ser apreendidos e solucionados a partir dessas condições essencialmente novas.”
Sobre o autor
Nascido em 13 de abril de 1885 em Budapeste, Hungria, György Lukács é um dos mais influentes filósofos marxistas do século XX. Doutorou-se em Ciências Jurídicas e depois em Filosofia pela Universidade de Budapeste. No final de 1918, influenciado por Béla Kun, aderiu ao Partido Comunista e, no ano seguinte, foi designado Vice-Comissário do Povo para a Cultura e a Educação. Em 1930 mudou-se para Moscou, onde desenvolveu intensa atividade intelectual. O ano de 1945 foi marcado pelo retorno à Hungria, quando assumiu a cátedra de Estética e Filosofia da Cultura na Universidade de Budapeste. Estética, considerada sua obra mais completa, foi publicada em 1963 pela editora Luchterhand. Já seus estudos sobre a noção de ontologia em Marx, que resultariam oito anos depois na Ontologia do ser social, iniciaram-se em 1960. Faleceu em sua cidade natal, em 4 de junho de 1971. Do autor, a Boitempo já publicou Prolegômenos para uma ontologia do ser social: questões de princípios para uma ontologia hoje tornada possível (2010), O romance histórico (2011) e agora Lenin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento.
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