sexta-feira, 3 de maio de 2013

Populismo e historiografia na atualidade: lutas operárias, cidadania e nostalgia do varguismo


O artigo de Felipe Demier, publicado na Revista Mundos do Trabalho (v. 4, n. 8, jul./dez. 2012), tem por objetivo levar a cabo uma discussão acerca do movimento de revisão historiográfica do populismo. Bastante em voga nas décadas de 1960, 1970 e 1980, as interpretações historiográficas sobre o período 1930-1964 baseadas na noção de “populismo” passaram a ser criticadas de modo mais enfático nas últimas duas décadas. Nas páginas deste artigo, aborda-se, de forma crítica, duas das principais correntes que conduziram (conduzem) esse movimento de revisão historiográfica do populismo, o qual parece ganhar cada vez mais adeptos nos espaços acadêmicos e midiáticos.

LEIA O ARTIGO CLICANDO NO LINK ABAIXO:

"A LUTA PELO SOCIALISMO É LEGÍTIMA", afirma Anita Prestes no 1º de maio em Petrolina (PE)

A historiadora Anita Prestes, filha dos militantes comunistas Olga Benario Prestes e Luiz Carlos Prestes, esteve em Petrolina (PE) nos dias 30 de abril e 1º de maio. A vinda de Anita deveu-se principalmente ao lançamento do livro "Luiz Carlos Prestes: o combate por um partido revolucionário (1958-1990)", obra publicada pela Editora Expressão Popular. 

Na manhã deste 1º de maio, data de celebração do Dia Internacional dos Trabalhadores, integrantes dos movimentos sociais da Via Campesina (MPA, MAB, MST), Levante Popular da Juventude, além de estudantes, educadores/as e outras organizações sociais com atuação na região estiveram reunidos na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, para conhecer um pouco sobre a mais nova obra de Anita Prestes, bem como para discutir os caminhos da construção de um projeto revolucionário para o Brasil, conforme legado de Luiz Carlos Prestes, que se fosse vivo teria completado 115 anos no último 3 de janeiro.

Em sua fala, Anita Prestes registrou a forte presença das mulheres no evento, o que tem sido destaque também nas lutas populares, ao contrário do que acontecia anos atrás. Em seguida lembrou que o 1º de maio deve ser um dia de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras e não apenas dia de comemorações festivas que mais incentivam o consumo ou premiam alguns.

Sobre o livro lançado, Anita diz que a intenção foi "resgatar a atividade política, a luta de Prestes por um partido revolucionário a serviço dos trabalhadores". Ela deixa claro que o sonho de seu pai não se concretizou, mas considera o legado da sua militância como algo importante para a formação de novos militantes políticos na atualidade.

Por fim, lamentou que "diversas lutas do povo brasileiro foram esmagadas" e avaliou que no Brasil os movimentos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo avançaram muito mais que os movimentos urbanos. Questionada sobre o sonho do Socialismo na atual conjuntura política do país, Anita Prestes concluiu: "A LUTA PELO SOCIALISMO É LEGÍTIMA".


FONTE: IRPAA

Lei da Mídia Democrática: mobilização para coletar assinaturas



Lei da mídia democrática

Para construir um país mais democrático e desenvolvido precisamos avançar na garantia ao direito à comunicação para todos e todas. O que isso significa? Significa ampliar a liberdade de expressão, para termos mais diversidade e pluralidade na televisão e no rádio.

Ainda que a Constituição Federal proíba os oligopólios e os monopólios dos meios de comunicação, menos de dez famílias concentram empresas de jornais, revistas, rádios, TVs e sites de comunicação no país. Isso é um entrave para garantir a diversidade.

Pare e pense! Como o índio, o negro, as mulheres, os homossexuais, o povo do campo, as crianças, aparecem na televisão brasileira? Como os cidadãos das diversas regiões, com suas diferentes culturas, etnias e características são representados? A liberdade de expressão não deveria ser para todos e não apenas para os grupos que representam os interesses econômicos e sociais de uma elite dominante? Existem espaços para a produção e veiculação de conteúdos dos diversos segmentos da sociedade na mídia brasileira? 

A concentração impede a circulação de ideias e pontos de vista diferentes. São anos de negação da pluralidade, décadas de imposição de comportamentos, de padrões de negação da diversidade do povo brasileiro. 

Além disso, a lei que orienta o serviço de comunicação completou 50 anos e não atende ao objetivo de ampliar a liberdade de expressão, muito menos está em sintonia com os desafios atuais da convergência tecnológica.

A Constituição de 1988 traz diretrizes importantes nesse sentido, mas não diz como alcançá-las, o que deveria ser feito por leis. Infelizmente, até hoje não houve iniciativa para regulamentar a Constituição, nem do Congresso Nacional, nem do governo.

Diante desse cenário, entidades da sociedade civil e do movimento social se organizaram para encaminhar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações para regulamentar o que diz a Constituição em relação às rádios e televisões brasileiras. A marca de 1 milhão e trezentas mil assinaturas colocará o Projeto de Iniciativa Popular por Mídia Democrática em debate no Congresso Nacional!

Vamos mudar a história da comunicação brasileira levando às ruas o debate da democratização da comunicação.

Leia com atenção a proposta da sociedade civil que vai mudar o cenário das comunicações no país. Assine e divulgue aos seus familiares, amigos e até desconhecidos!

Nesta página você encontrará todo o material para divulgar a democratização da comunicação e também para coletar assinaturas para o projeto de lei. Panfleto, Formulário para coleta de assinaturas, o Projeto de Lei. Imprima, distribua e colete as assinaturas em seu Estado!

Boa luta para todos nós!


- Panfleto Lei da Mídia Democrática 
Imprima em seu Estado, na sua cidade e espalhe a notícia!

- Panfleto Lei da Mídia Democrática em JPG
Imprima em seu Estado, na sua cidade e espalhe a notícia!

- Folha de Rosto para coleta de assinaturas (Clique aqui)
Texto explicativo do documento para ser entregue ao cidadão e cidadã juntamente com o Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

- Projeto de Lei da Comunicação Social Eletrônica (Clique aqui)
Texto completo do Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações




quinta-feira, 2 de maio de 2013

Lutamos por quê??? Quando a educação é fundamental!!!!!!!!!!!!!!!!!


"Há sempre uma forma de educação que poderemos chamar de fundamental: é aquela que faz com que o indivíduo passe a compreender a própria estrutura da sociedade em que vive, o sentido das transformações que estão se processando nela, e, assim, de mero protagonista inconsciente do processo social, passe a ser um membro atuante da sociedade, no sentido de favorecer sua transformação ou, ao contrário, a ela se opor, porque ela se dará em detrimento de seus interesses."
PASCHOAL LEMME (1904-1997), educador marxista

Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Paschoal Lemme, clique na referência bibliográfica abaixo:



Lançamento do livro da historiadora Anita Prestes na capital baiana, sexta-feira, dia 3




"Esse livro é o ponto final de todo um processo de pesquisa da vida de Luiz Carlos Prestes. A obra aborda os 32 anos finais da vida dele, sua atividade política de 1958 a 1990, quando ele vem a falecer. Foi um trabalho de vários anos de pesquisa, em que utilizei uma quantidade variada de documentos, como depoimentos de Prestes nos anos 80, arquivos nacionais e estrangeiros, além de documentos do PCB", explica Anita Prestes.


No dia 3 de maio, às 18:30h, a militante, historiadora e filha do Líder Comunista Luiz Carlos Prestes, Anita Leocádia Prestes estará em Salvador para o lançamento de seu livro “Luiz Carlos Prestes: O combate por um partido revolucionário (1958-1990)”.

O debate é organizado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude (LPJ), Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e a Consulta Popular.

Com esse Lançamento, A Editora Expressão Popular nos oferece uma grande obra, demonstrando o seu compromisso com a transformação da sociedade brasileira.

Democratizar o conhecimento, através da edição de ótimos livros, de boa qualidade e a preços acessíveis - esse é o objetivo de transformar ideias em realidade.

Na oportunidade, estarão também disponíveis dois outros livros da Autora, são eles: Luiz Carlos Prestes - Patriota, Revolucionário, Comunista; Uma Epopéia Brasileira: a coluna prestes.

O Evento acontecerá no auditório do SINDAE – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Água e Esgoto no Estado da Bahia, situado na Rua General Labatut, Nº 65, Barris, Salvador (Próximo à Biblioteca Central dos Barris).

O debate de ideias entre companheiros e companheiras, construtores reais de um outro mundo possível é fundamental nesse momento da luta de classes em nosso país.

Anita Prestes nos apresentará os resultados da sua investigação histórica sobre a atuação política de Luiz Carlos Prestes; esse bravo lutador do povo brasileiro.

Como diria José Martí, herói do povo Latino Americano “conhecer é resolver”. Assim, seguiremos a nossa Marcha com estudo, disciplina e unidade, para que possamos resolver os reais problemas do povo.


Vem aí... A campanha “Para Expressar a Liberdade”

A luta pela democratização da comunicação no país



A campanha “Para Expressar a Liberdade” conta com o apoio de entidades de diversos setores da sociedade e de partidos políticos, desde o movimento negro, das mulheres, trabalhadores, trabalhadores agrícolas, movimento dos sem terra, estudantes, jornalistas, blogueiros e radialistas, dentre vários outros. 

Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a democratização das comunicações no Brasil 
O documento trata da regulamentação das Comunicações Eletrônicas no país, rádio e televisão, setor atualmente regido pelo Código Brasileiro das Telecomunicações, e a regulamentação dos artigos de comunicação da Constituição Brasileira, como os que tratam da defesa de conteúdo nacional, diversidade regional e a produção independente.

Para ingressar no Congresso Nacional como vontade da população, deve recolher no mínimo 1,3 milhão de assinaturas. 





quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Comuna de Paris


O blog MARXISMO21 está lançando mais um dossiê, cujo tema é a Comuna de Paris e reúne trabalhos (artigos, vídeos de aula e palestras, filmes etc.)  e textos clássicos do pensamento marxista.

Significativa e relevante experiência social e política da luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais populares pela construção do socialismo,  A COMUNA DE PARIS DE 1871 foi e continua sendo um objeto permanente de reflexão e inesgotáveis ensinamentos para todos que buscam a radical transformação do Estado e sociedade capitalistas. Por ocasião dos 142 anos de sua comemoração, os socialistas revolucionários de todas latitudes continuam afirmando que os valores, ideais e objetivos desta autêntica “fulguração na história” não deixam de ser atuais enquanto persistirem em todo o mundo as estruturas iníquas e opressivas da ordem capitalista e imperialista. Nas definitivas palavras de Lênin, “a causa da Comuna é a causa da revolução social, é a causa da completa emancipação política e econômica dos trabalhadores, é a causa do proletariado mundial. E neste sentido é imortal”.


Marx e Engels sobre a Comuna de Paris de 1871.
Na alvorada de 18 de março (1871), Paris foi despertada por este grito de trovão: VIVE LA COMMUNE! O que é, pois, a Comuna, essa esfinge que põe tão duramente à prova o entendimento burguês?
“Os proletários da capital – dizia o Comité Central no seu manifesto de 18 de março – no meio das fraquezas e das traições das classes governantes, compreenderam que chegara para eles a hora de salvar a situação assumindo a direção dos assuntos públicos… O proletariado… compreendeu que era seu dever imperioso e seu direito absoluto tomar nas suas mãos o seu próprio destino e assegurar o triunfo apoderando-se do poder.”
Mas a classe operária não se pode contentar com tomar o aparelho de Estado tal como ele é e de o pôr a funcionar por sua própria conta.
O poder centralizado do Estado, com os seus órgãos presentes por toda a parte: exército permanente, polícia, burocracia, clero e magistratura, órgãos moldados segundo um plano de divisão sistemática e hierárquica do trabalho, data da época da monarquia absoluta, em que servia à sociedade burguesa nascente de arma poderosa nas suas lutas contra o feudalismo.”
“Em presença de ameaça de sublevação do proletariado, a classe possidente unida utilizou então o poder de Estado, aberta e ostensivamente, como o engenho de guerra nacional do capital contra o trabalho. Na sua cruzada permanente contra as massas dos produtores, foi forçada não só a investir o executivo de poderes de repressão cada vez maiores, mas também a retirar pouco a pouco à sua própria fortaleza parlamentar, a Assembleia Nacional, todos os meios de defesa contra o executivo.”
“O poder de Estado, que parecia planar bem acima da sociedade, era todavia, ele próprio, o maior escândalo desta sociedade e, ao mesmo tempo, o foco de todas as corrupções.”
“O primeiro decreto da Comuna foi pois a supressão do exército permanente e a sua substituição pelo povo em armas. ler mais
Uma sintética cronologia de A COMUNA DE PARIS pode ser aqui acessada
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 A perspectiva das classes dominantes sobre a  A Comuna e seus combatentes:
Que (Versalhes) transforme Paris num monte de ruínas, que as ruas se transformem em rios de sangue, que toda sua população pereça, que o governo mantenha sua autoridade e demonstre seu poder, que Versalhes esmague totalmente – seja qual for o custo – qualquer sinal de oposição a fim de dar a Paris e a toda França uma lição que possa ser lembrada e aproveitada pelos séculos que virão”.
Editorial de The New York Herald, maio 1871 (citado in La Commune de Paris 1871, excepcional filme de Peter WATKINS ).

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Textos clássicos do pensamento marxista

Marx (carta)Lenin 2
EngelsTrotsky
Lenin 1Brecht



Trabalhos sobre a Comuna publicados no Brasil:

Comuna de Paris: organização e ação, Camila do Valleacesso
Marx e Lenin sobre A Comuna de Paris, cap. dissertação, Rafael da Silvaacesso

A Comuna de Paris, partidos e movimentos sociais, Eliel Machadoacesso
A Comuna de Paris: história e legado político, Milton Pinheiroacesso
A Comuna de Paris: uma fulguração na história, Caio N. de Toledoacesso
Marx e A Comuna de Paris, Marcos Del Roioacesso
A Comuna de Paris e a Revolução Russa, Mauro Iasiacesso
 A educação na Comuna de Paris, J. Claudinei Lombardiacesso
Comuna: uma educação emancipadora, K. Lucena e M. Grilloacesso
Importância e atualidade da Comuna de Paris, Sílvio Costaacesso
A Comuna de Paris e Revolução em Marx, Valério Arcaryacesso
A I Internacional operária e A Comuna de Paris, Osvaldo Coggiolaacesso
A Comuna de Paris no Brasil, Marcelo Badaróacesso
O significado político da Comuna, Nildo Vianaacesso
Estamos aqui pela humanidade“, Paulo Barsottiacesso
A Comuna de Paris e nós, Lúcio Flávio Almeidaacesso
A Comuna de Paris, Roberto Pongeacesso
A Comuna de Paris, prelúdio das revoluções? Walmir Barbosaacesso
Dossiê da Fundação Maurício Grabois (L. Martorano, A. Buonicore e outros)acesso
Dossiê de Novos Temas (M. Pinheiro, J.Q. Moraes e outros)acesso
Dossiê de Espaço Acadêmico (A. Ozai, E. Andrade e outros)acesso



Vídeos ( seminários acadêmicos sobre a Comuna de Paris) 


Filmes sobre A Comuna de Paris

MAIS SOBRE A COMUNA DE PARIS CLIQUE AQUI: MARXISMO21


"Orgullosos de nuestra obra": cubanos desfilam unidos pelo socialismo na Plaza de la Revolución de La Habana

Veja o vídeo e as fotos

Presidente Raúl Castro lidera o desfile do Primeiro de Maio em Cuba
(clique no link abaixo para ver o vídeo)




Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Roberto Garaicoa Martínez/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

Salvador Valdés Mesa y Raúl Castro durante el desfile por el 1ro de Mayo en La Habana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.

FONTE: CubaDebate

As duas faces da CLT

Para o sociólogo Ricardo Antunes, legislação trabalhista, que completa sete décadas neste ano, trouxe ganhos na área social, mas representou perdas para o sindicalismo 



Neste 1º de maio, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) completa 70 anos. Criada por Getúlio Vargas em 1943, durante o Estado Novo, o texto unificou toda a legislação trabalhista então existente no Brasil, regulamentando as relações individuais e coletivas do trabalho.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor titular de Sociologia do Trabalho da Unicamp Ricardo Antunes faz um balanço da legislação trabalhista e comenta a recente aprovação da chamada PEC das Domésticas. “É uma herança da escravidão que finalmente começa a ser abolida”, afirma.
Leia a seguir.

Brasil de Fato - Qual o significado da CLT para a classe trabalhadora brasileira?
A CLT nasceu em um contexto muito particular: a vitória de Vargas na chamada ‘revolução’ de 30 e em um rearranjo importante dentro das classes dominantes no Brasil, onde se gestou um projeto industrializante. Na sua origem, a CLT consolida, em 1943, toda a legislação social do trabalho iniciada entre 1930 E 1943.
Essas lutas por direitosexistem desde o final do século XIX, quando você já tem notícia de ampliação das greves. Esse movimento se ampliou no século XX, basta lembrar da grande Greve Geral de 1917. A classe trabalhadora exigia e lutava por uma melhor regulamentação do trabalho e da jornada de trabalho. Só que o varguismo foi muito inteligente: fez com que uma reivindicação operária fosse entendida como sendo uma doação do Estado, ou seja, ele criou o chamado mito do pai dos pobres, o Estado bem feitor. A classe operária exigia, e o Vargas respondia criando essa legislação. Mas não como uma resposta a uma demanda, e sim como sendo uma antecipação do criador, daí o mito getulista. No projeto varguista, não haveria nenhum projeto industrial no Brasil sem regulamentação do trabalho. Por exemplo, a legislação que estabelecia o salário mínimo é uma condição fundamental para você estabelecer um patamar mínimo garantidor da exploração da força de trabalho.
No que concerne à legislação social do trabalho, a CLT contemplou uma série de direitos do trabalho muito positivos. Porém, aí vem a outra face: no que concerne à legislação propriamente sindical, ela tinha um sentidoclaro de controlar, coibir e eliminar o sindicalismo autônomo, que existia no pré-30, como a União Operária Metalúrgica, União dos Trabalhadores Gráficos. Foi uma forma de quebrar o sindicalismo autônomo. Consequentemente,a CLT não é positiva para os trabalhadores porque cria um sindicalismo de Estado que elimina, ceifa, constrange e dificulta a possibilidade de uma luta autônoma operária. Não é por acaso que muitos sindicalistas diziam que a Constituição de 37, no que concerne á questão do trabalho, era uma súmula da Carta Del Lavoro do fascismo italiano. Ela trouxe uma estrutura sindical verticalizada, burocratizada, centralizada e, no limite, estatizada. Com a Constituição de 88, muito da estrutura sindical atrelada ao Estado foi eliminada, mas não é por acaso que se manteve, a unicidade sindical e o imposto sindical, que são elementos que impedem o sindicalismo autônomo hoje.
Eu não sou a favor do sindicato único reconhecido por lei. Sou favorável a que haja um princípio da unidade sindical – se pudermos ter um sindicato, melhor; mas não por imposição do Estado. Tem que ser por uma vontade autônoma dos trabalhadores. Sou inteiramente a favor da Convenção 87 da OIT [Relativa à Liberdade Sindical e à Proteção do Direito de Sindicalização], mesmo sabendo que isso vai trazer um embaralhamento. Mas tem muitas confederações que são puramente pelegas e vão desaparecer. E isso vai obrigar o sindicalismo a criar seus organismos autônomos.
Setenta anos depois, o que os capitalistas querem: acabar coma CLT, e eu sou inteiramente contra. Se quisermos melhorar a legislação social do trabalho, vamos tomar a CLT como padrão mínimo e aumentar os direitos, como acabamos de fazer agora com as mulheres trabalhadoras empregadas domésticas.

Em relação ao tema da flexibilização, qual sua opinião sobre o projeto de Acordo Coletivo Especial?
Sou inteiramente contra. É uma visão neocorporativista de sindicato. No limite está dentro da lógica neoliberal ‘cada um por si’. O negociado não pode vir sobre o legislado. Posso até aceitar que você negocie acima do que a legislação exige. Se o índice oficial de aumento de salário é 10, isso não impede que um sindicato forte consiga 20, 30 ou 40. Se um sindicato é forte, isso tem que ser levado para o conjunto. É um erro grave que cometeu o sindicato dos metalúrgicos do ABC, e por isso foi e é enorme a grita no conjunto do país contra essa proposta.

Em que aspectos a nossa legislação trabalhista ainda deixa a desejar?
Tenho insistido nos meus trabalhos que nós temos uma nova morfologia do trabalho. Temos uma nova configuração da classe trabalhadora. No passado, por exemplo, tínhamos uma informalidade em um nível muito menor. Hoje a terceirização e a informalidade são intensas no setor de serviços, na indústria, no comércio, no serviço público. Hoje metade da classe trabalhadora brasileira é composta por mulheres. Há países capitalistas avançados, no norte, onde o contingente feminino é de mais de 60%. No setor de call center, mais de 70% é composto por mulheres e não tem tradição de luta sindical porque é uma profissão muito nova, muito diferente do sindicato dos telefônicos dos anos 60 e 70. Das trabalhadoras domésticas, mais de 90% são mulheres, mais de 60% são negras e é evidente que, como é uma profissão herança da escravidão e onde a burla e a informalidade eram crescentes, os sindicatos não tinham força.
Então houve um processo grande de terceirização, informalização, feminilização, [adoção de] tecnologias de informação, trabalho doméstico, teletrabalho, trabalho part-time [emprego com horários reduzidos], e o que acabou acontecendo: a nossa velha estrutura sindical verticalizada, burocratizada, dependente do Estado, já não dá conta. Quem representa os desempregados? Frequentemente os sindicatos até proíbem os desempregados de participarem de assembleias porque eles não pagam a taxa de associação dos sindicatos. Até isso [acontece]. Se o desempregado não tem o sindicato que o representa, ele tem que criar um movimento como criaram na Argentina, o movimento social dos desempregados, os piqueteiros. Ou seja, a possibilidade de autonomia e liberdade sindical, que ainda não conseguimos, abriria novas formas de organização desses trabalhadores. Sei que criaria uma situação difícil porque o momento é adverso, e como se faz a transição é um debate. O que temos que entender é que na Europa inteira, dos Indignados da Espanha aos Precários Inflexíveis em Portugal, está se buscando formas de organização que o sindicato já não dá conta. Quando o sindicato abarca e representa esses trabalhadores, ótimo; quando o sindicato não consegue abarcá-los eles vão buscar outras formas de organização. Estamos vendo isso surgir em várias partes do mundo.

Houve bastante resistência de alguns setores da sociedade em relação à PEC das Domésticas. O que essa resistência indica em relação á nossa sociedade?
Mostra que o patronato, seja nas fábricas, nas empresas de serviços ou  nas casas, se puder retardar o direito do trabalho, vai retardar. Se puder burlar, vai burlar.  A burla é constante no que diz respeito aos direitos do trabalho. As empresas de terceirização frequentemente fecham, e os trabalhadores ficam sem direito nenhum. E no caso das trabalhadoras domésticas, é bom lembrar, essa é uma herança colonial, da sociedade escravista, patriarcal, senhorial. Quando o trabalho escravo foi abolido, não foram os trabalhadores negros que foram para as indústrias, que recorreram ao imigrante italiano, alemão, português, espanhol, o imigrante branco. Os trabalhadores homens e mulheres negros, ex-escravos, foram trabalhar nas casas. Então foi um prolongamento do trabalho escravo dentro das famílias. Quando essas famílias mais ricas, com o processo de modernização capitalista, preferiram se transferir para as cidades, trouxeram para as cidades essa herança escravista. As classes médias também reproduziram isso. Basta você ter um padrão de vida um pouco melhor que você contrata uma empregada, um motorista. É uma herança da escravidão que finalmente começa a ser abolida. As classes médias, principalmente os setores mais conservadores, não conseguem imaginar que as trabalhadoras domésticas também tenham direito de terem as conquistas que valem para o conjunto da classe trabalhadora. É uma fotografia da mesquinhez e do nível da exploração que caracteriza o capitalismo e as classes burguesas no Brasil.