sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo"


OLGA BENARIO PRESTES (12/02/1908 - 04/1942)

ÚLTIMA CARTA ESCRITA AO MARIDO E À FILHA, NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE RAVENSBRÜCK,
ANTES DE SER CONDUZIDA À MORTE EM CÂMARA DE GÁS

(ABRIL/1942)

Queridos:

Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças – ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.

Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Corformar-me-ia, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?

Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nos últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijo-os pela última vez.

Olga
Fonte: Instituto Luiz Carlos Prestes (http://www.ilcp.org.br/)

2 comentários:

  1. Sempre me pergunto no que o "famoso Pai da Pátria, Sr. Getúlio Vargas diferia do Pai do Nazismo, Adolf Hitler.
    Comungavam das mesmas crenças:destruir sonhos e esperanças, perseguir idealistas, matar inocentes.Exercitavam com prazer, o confinamento da liberdade e, quando haviam se fartado de mortes e sequer lhes restava a glória de seus feitos, deram fim às sobras de suas vidas fracassadas.
    Norma Kirsten

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  2. O legado de Luís Carlos Prestes e Olga Benário Prestes são fontes de rejuvenescimento ao povo que busca sua liberdade; uma verdadeira liberdade concreta, humana e fraterna: a sociedade socialista.
    Viva Olga Benário Prestes, heroína do proletariado de todo o mundo!
    Viva Luís Carlos Prestes, O cavaleiro da esperança; patriota, revolucionário e comunista!
    Viva o socialismo! Viva o comunismo!

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