Artigo escrito pela historiadora Sônia Mendonça e publicado na revista Marx e o Marxismo, v. 2, n. 2 (2014).
LINK DO TEXTO COMPLETO EM PDF:
RESUMO
Inúmeros trabalhos dedicam-se ao estudo do Estado no Brasil
contemporâneo, embora, em sua maioria, não procedam do esforço de
historiadores. Em seu conjunto, eles repetem uma mesma problemática: a
concepção do Estado ora como problema da “natureza” ora como uma espécie
de “via de mão única” onde os atores sociais envolvidos são vistos como
“entidades” estranhas umas às outras. Neste registro a origem do Estado
ancora-se na ideia de um contrato social, cuja herança responde pela
consagração de um Estado-Sujeito, a “pairar” acima da “frágil”
sociedade, dotado de vontade e iniciativa próprias, sem vínculos
explícitos com os interesses de grupos sociais distintos. Foi o marxismo
que propiciou uma matriz alternativa a esta, partindo da crítica ao
individualismo subjacente à leitura liberal de Estado. Todavia, a
concepção marxista de Estado não está imune a problemas, sendo também
responsável por simplificações do conceito segundo suas diferentes
“linhagens”. Foram as transformações sociopolíticas ocorridas em inícios
do século XX, que geraram as condições necessárias para renovações no
próprio âmbito do marxismo, gerando novas reflexões sobre o Estado,
notadamente aquela produzida por Antonio Gramsci, que supera a dicotomia
presente nas matrizes jusnaturalista e marxiana, resgatando os
conceitos de sociedade civil e sociedade política de modo a recriar um
conceito de Estado: o Estado Ampliado. Este, não prima apenas pela
inovação teórica, mas, sobretudo, pelo fato de instituir-se numa
ferramenta metodológica, posto conter em si mesmo, os passos de um
“roteiro” para a execução da pesquisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário