Busto da rainha Nefertiti, durante exposição na Alemanha |
O arqueólogo britânico Nicholas Reeves, da Universidade do Arizona, diz
ter desvendado um dos grandes mistérios do Egito: a localização tumba da
rainha Nefertiti.
De acordo com o cientista, haveria uma espécie de câmara oculta, ao lado
da tumba do faraó Tutancâmon, que abrigaria os restos mortais da
governante.
Descoberta em 1922 pelo explorador Howard Carter, a tumba de Tutancâmon
foi, até agora, a única de um faraó a ser encontrada intacta. Os mais de
5.000 artefatos catalogados, além do sarcófago e da própria múmia,
lançaram luz sobre vários aspectos do Antigo Egito.
Mas como um sítio arqueológico conhecido há quase cem anos poderia
guardar um segredo tão grande quanto o paradeiro de uma das mais famosas
rainhas do Egito?
Para Reeves, faltou explorar o que está atrás das paredes do complexo.
Ele decidiu fazer essa tarefa a partir de seu próprio laboratório.
O arqueólogo analisou a tumba de Tutancâmon a partir de imagens 3D
detalhadas e de altíssima resolução liberadas pela empresa Factum Arte,
especializada em fazer reconstruções de obras de arte. O material está
disponível gratuitamente na internet desde o início de 2014.
Ao analisar as fotos, que de tão detalhadas mostram até a textura das
paredes, Reeves diz ter identificado duas passagens secretas por trás
das paredes da tumba de Tutancâmon. Elas teriam sido rebocadas e seladas
por fora para esconder a sua existência.
Apesar do esforço para ocultar os anexos, Reeves afirma que é possível
notá-los através de rachadura e marcas nas paredes das paredes.
A hipótese de Reeves, apresentada em um artigo recém-publicado, é que a
menor das passagens leve a uma sala de armazenamento e a outra, bem
maior, ao túmulo da rainha Nefertiti.
Em entrevista à revista "The Economist", o arqueólogo afirmou: "Se eu
estiver errado, estou errado. Mas se eu estiver certo, esta é
potencialmente a maior descoberta arqueológica já feita."
Embora os outros arqueólogos ainda tenham ressalvas ao trabalho de
Reeves, nomes importantes, como o americano Kent Weeks, famoso por ter
mapeado várias tumbas egípcias, receberam com otimismo o trabalho. "É um
argumento fascinante e um primeiro passo impressionante", disse Weeks.
Para o arqueólogo, a hipótese de Reeves não deve ser difícil de se testar utilizando técnicas não invasivas.
EVIDÊNCIAS
Nefertiti, considerada um grande símbolo de beleza, especialmente em
função o do busto com sua imagem encontrado em 1912, foi casada com o
pai de Tutancâmon, o faraó Aquenáton, e viveu entre 1380 a.C e 1345 a.C.
Tutancâmon assumiu o trono por volta dos nove anos e morreu ainda jovem, aos 19 anos e sem herdeiros.
Acredita-se que, devido à sua morte precoce, o túmulo de Tutancâmon não
foi feito especialmente para ele e, por isso, seria menos suntuoso do
que o de outros faraós.
Mas, segundo Reeves, o jeitão "simples" da tumba desse faraó pode ter
uma explicação mais ampla. Fora as dimensões mais modestas, há outras
coisas incomuns na tumba.
A começar pela inclinação à direita do eixo principal da tumba, que era
típico para rainhas, e não reis, do Egito. Além disso, os artefatos
encontrados com ele no local foram descritos pelos arqueólogos como
sendo "de segunda mão".
A máscara mortuária com que ele foi sepultado, que tinha orelhas furadas, também não era comum para homens.
Reeves afirma que isso pode indicar que o faraó ficou com as "sobras" do que era para a rainha.
Segundo o cientista, a tumba de Nefertiti deve ser ainda mais luxuosa do que a de Tutancâmon.
Em entrevistas à imprensa britânica, o arqueólogo disse estar confiante
de que as autoridades egípcias irão analisar com cuidado as informações
que ele propõe agora em seu trabalho.
FONTE:Folha de São Paulo
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