quinta-feira, 31 de outubro de 2013

SEMINÁRIO DOPS - OCUPAR A MEMÓRIA - UM ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO


NÃO SE VIRA UMA PÁGINA QUE AINDA NÃO FOI LIDA!


SEMINÁRIO DOPS - OCUPAR A MEMÓRIA



UM ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO



Da Primeira República à Ditadura Militar, o Prédio da Polícia, localizado na esquina das Ruas da Relação e dos Inválidos, serviu de equipamento para os órgãos de segurança, que se valiam de perseguições, espionagem, sequestro, encarceramento, tortura, execução e desaparecimento forçado. Desde 2008 o local está sem uso, resultando em uma verdadeira política de esquecimento. O abandono do prédio é um testemunho das ditaduras, mas também expressa contornos de uma frágil democracia.

PROGRAMAÇÃO

Dia 04/11

10h – Abertura (IFCS)


Prof. Marco Aurélio Santana - Diretor IFCS/UFRJ



Wadih Damous - Presidente da CEV-Rio



Nadine Borges - Membro da CEV-Rio



10h15 - Usos do prédio através do tempo



Profª Luciana Lombardo - Dpto de História PUC-Rio (mediadora)



Profª. Marcos Brêtas - IH-UFRJ
Profª. Anita Prestes - IH-UFRJ 



Profª. Jessie Jane Vieira de Souza - IH-UFRJ 



Mãe Meninazinha de Oxum - Terreiro Ilê Omolu Oxum




12h - Almoço



14h - Testemunho da Verdade - DOPS: 1964 (DOPS)



Wadih Damous – CEV-Rio



Romeu Bianchi Júnior – Ex-preso político



15h30 - Testemunho da Verdade - DOPS: 1968



Wadih Damous – CEV-Rio



Geraldo Cândido – CEV-Rio e perseguido político



Ana Miranda – Ex-presa política



Newton Leão – Ex-preso político



Dia 05/11



10h - Construção e Gestão de Espaços de Memória (IFCS)



Prof. Marco Aurélio Santana - Diretor IFCS (mediador)



Cláudia Rose Ribeiro da Silva - Museu da Maré
Marcelo Cunha - Museu Afro-Brasileiro - UFBA
Fabiola Heredia - Archivo Provincial de la Memoria de Córdoba
Kátia Filipini - Memorial da Resistência de São Paulo


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Gramsci para principiantes"

Texto de Néstor Kohan e desenhos do artista plástico Miguel Rep.
Quadrinhos em espanhol que aborda a vida, o pensamento e interpretação histórica de Gramsci.

Clique no link abaixo para download:


Ley de Medios apavora a Globo


Por Altamiro Borges


A Suprema Corte da Argentina declarou nesta terça-feira (29) a constitucionalidade de quatro artigos da “Ley de Medios” que eram contestados pelo Grupo Clarín. Com esta decisão histórica, o governo de Cristina Kirchner poderá finalmente prosseguir com a aplicação integral da nova legislação, considerada uma das mais avançadas do mundo no processo de democratização da comunicação. A decisão representa um duríssimo golpe nos monopólios midiáticos não apenas na vizinha Argentina. Tanto que a TV Globo dedicou vários minutos do seu Jornal Nacional para atacar a nova lei.



Pelas regras agora aprovadas pela Suprema Corte, os grupos monopolistas do setor serão obrigados a vender parte dos seus ativos com o objetivo expresso de “evitar a concentração da mídia” na Argentina. O império mais atingido é o do Clarín, maior holding multimídia do país, que terá de ceder, transferir ou vender de 150 a 200 outorgas de rádio e televisão, além dos edifícios e equipamentos onde estão as suas emissoras. A batalha pela constitucionalidade dos quatro artigos durou quatro anos e agitou a sociedade argentina. O Clarín – que cresceu durante a ditadura militar – agora não tem mais como apelar.



O discurso raivoso da TV Globo e de outros impérios midiáticos do Brasil e do mundo é de que a Ley de Medios é autoritária e fere a liberdade de expressão. Basta uma leitura honesta dos 166 artigos da nova lei para demonstrar exatamente o contrário. O próprio Relator Especial sobre Liberdade de Expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), Frank La Rue, já reconheceu que a nova legislação é uma das mais avançadas do planeta e visa garantir exatamente a verdadeira liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade dos monopólios midiáticos.



Aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional e sancionada pela presidenta Cristina Kirchner em outubro de 2009, a nova lei substitui o decreto-lei da ditadura militar. Seu processo de elaboração envolveu vários setores da sociedade – academia, sindicatos, movimentos sociais e empresários. Após a primeira versão, ela recebeu mais de duzentas emendas parlamentares. No processo de pressão que agitou a Argentina, milhares de pessoas saíram às ruas para exigir a democratização dos meios de comunicação. A passeata final em Buenos Aires contou com mais de 50 mil participantes.



Em breve será lançado um livro organizado pelo professor Venício Lima que apresenta a tradução na íntegra da Ley de Medios, além dos relatórios Leveson (Reino Unido) e da União Europeia sobre o tema. A obra é uma iniciativa conjunta das fundações Perseu Abramo e Maurício Grabois e do Centro de Estudos Barão de Itararé e visa ajudar na reflexão sobre este assunto estratégico no Brasil – hoje a “vanguarda do atraso” no enfrentamento da ditadura midiática. Reproduzo abaixo os quatro artigos agora declarados constitucionais pela Suprema Corte. A tradução é de Eugênio Rezende de Carvalho:



*****



ARTIGO 41. - Transferência das concessões. As autorizações e concessões de serviços de comunicação audiovisual são intransferíveis.

Excepcionalmente, será autorizada a transferência de ações ou cotas das concessões assim que tenham transcorrido cinco (5) anos do prazo de concessão e quando tal operação seja necessária para a continuidade do serviço, respeitando a manutenção, pelos titulares de origem, de mais de cinquenta por cento (50%) do capital subscrito ou por subscrever, e que este represente mais de cinquenta por cento (50%) da vontade social. Tal transferência estará sujeita à análise prévia da autoridade de execução, que deverá expedir parecer fundamentado sobre a autorização ou a rejeição do pedido de transferência, tendo em vista o cumprimento dos requisitos solicitados para sua adjudicação e a manutenção das condições que a motivaram.

A realização de transferências sem a correspondente e prévia aprovação será punida com o vencimento de pleno direito da concessão adjudicada e será nula, de nulidade absoluta.

Pessoas de existência jurídica sem fins lucrativos. As licenças concedidas a prestadores de gestão privada, sem fins lucrativos, são intransferíveis.

(...)

ARTIGO 45. - Multiplicidade de concessões. A fim de garantir os princípios da diversidade, pluralidade e respeito pelo que é local, ficam estabelecidas limitações à concentração de concessões.

Nesse sentido, uma pessoa de existência física ou jurídica poderá ser titular ou ter participação em sociedades titulares de concessões de serviços de radiodifusão, de acordo com os seguintes limites:

No âmbito nacional:

a) Uma (1) concessão de serviços de comunicação audiovisual sobre suporte de satélite. A titularidade de uma concessão de serviços de comunicação audiovisual via satélite por assinatura exclui a possibilidade de titularidade de qualquer outro tipo de concessão de serviços de comunicação audiovisual;

b) Até dez (10) concessões de serviços de comunicação audiovisual mais a titularidade do registro de um sinal de conteúdo, quando se trate de serviços de radiodifusão sonora, de radiodifusão televisiva aberta e de radiodifusão televisiva por assinatura com uso de espectro radioelétrico;

c) Até vinte e quatro (24) concessões, sem prejuízo das obrigações decorrentes de cada concessão outorgada, quando se trate de concessões para a exploração de serviços de radiodifusão por assinatura com vínculo físico em diferentes localidades. A autoridade de execução determinará os alcances territoriais e de população das concessões.

A multiplicidade de concessões - em nível nacional e para todos os serviços -, em nenhuma hipótese, poderá implicar na possibilidade de se prestar serviços a mais de trinta e cinco por cento (35%) do total nacional de habitantes ou de assinantes dos serviços referidos neste artigo, conforme o caso.

No âmbito local:

a) Até uma (1) concessão de radiodifusão sonora por modulação de amplitude (AM);

b) Uma (1) concessão de radiodifusão sonora por modulação de frequência (FM) ou até duas (2) concessões quando existam mais de oito (8) concessões na área primária do serviço;

c) Até uma (1) concessão de radiodifusão televisiva por assinatura, sempre que o solicitante não seja titular de uma concessão de televisão aberta;

d) Até uma (1) concessão de radiodifusão televisiva aberta sempre que o solicitante não seja titular de uma concessão de televisão por assinatura;

Em nenhuma hipótese, a soma do total das concessões outorgadas na mesma área primária de serviço ou o conjunto delas que se sobreponham de modo majoritário, poderá exceder a quantidade de três (3) concessões.

Sinais:

A titularidade de registros de sinais deverá se conformar às seguintes regras:

a) Para os prestadores designados no item 1, subitem “b”, será permitida a titularidade do registro de um (1) sinal de serviços audiovisuais;

 b) Os prestadores de serviços de televisão por assinatura não poderão ser titulares de registro de sinais, com exceção de sinal de geração própria.

Quando o titular de um serviço solicite a adjudicação de outra concessão na mesma área ou em uma área adjacente com ampla superposição, ela não poderá ser concedida se o serviço solicitado utilizar uma única frequência disponível na referida zona.

(...)

ARTIGO 48. - Práticas de concentração indevida. Antes da adjudicação de concessões ou da autorização para a cessão de ações ou cotas, deverá ser verificada a existência de vínculos societários que revelem processos de integração vertical ou horizontal de atividades ligadas, ou não, à comunicação social.

O regime de multiplicidade de concessões previsto nesta lei não poderá ser invocado como direito adquirido frente às normas gerais que, em matéria de desregulamentação, desmonopolização ou de defesa da concorrência, sejam estabelecidas pela presente lei ou que venham a ser estabelecidas no futuro.

Considera-se incompatível a titularidade de concessões de distintas classes de serviços entre si quando não cumpram os limites estabelecidos nos artigos 45, 46 e complementares.

(...)

ARTIGO 161. - Adequação. Os titulares de concessões dos serviços e registros regulados por esta lei, que até o momento de sua sanção não reúnam ou não cumpram os requisitos previstos por ela; ou as pessoas jurídicas que, no momento de entrada em vigor desta lei sejam titulares de uma quantidade maior de concessões, ou com uma composição societária diferente da permitida, deverão ajustar-se às disposições da presente lei num prazo não maior do que um (1) ano, desde que a autoridade de execução estabeleça os mecanismos de transição. Vencido tal prazo, serão aplicáveis as medidas que correspondam ao descumprimento, em cada caso.

Apenas para efeito da adequação prevista neste artigo, será permitida a transferência de concessões. Será aplicável o disposto pelo último parágrafo do Artigo 41.

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FONTE: Blog do Miro

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A grande convergência liberal-conservadora

Por Gilberto Maringon

Qual a real diferença de projetos macroeconômicos entre Dilma, Aécio e Eduardo Campos/ Marina Silva? Todos defendem o tripé metas de inflação, juros altos e câmbio flutuante. Todos defendem privatizações. Nenhum se dispõe a enfrentar o mercado como ele é. As diferenças – e elas existem! – são de estilo, ênfase e ritmo.

Um: surpresa, todos concordam!

Ganha uma compilação dos melhores textos de Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx e John Maynard Keynes sobre superávit primário quem apontar uma diferença de fundo entre as propostas macroeconômicas de Dilma Rousseff, Aécio Neves e a dupla Marina/ Eduardo Campos.

Há diferenças de ênfase, ritmo e estilo, obviamente.

Todos falam publicamente em melhorar, em fazer mais, em gerar mais empregos etc. Mas nenhum se arrisca a criticar as bases da política monetária vigente desde o governo FHC, com juros elevados, metas de inflação e câmbio flutuante. 

As semelhanças não param por aí.

Dois: adeus ao desenvolvimento

Dilma, em seu governo, exacerbou características liberais das gestões de Lula, sem acentuar nenhuma de suas políticas anticíclicas (aumentos reais do salário mínimo, investimentos em infraestrutura e políticas sociais emergenciais). Onde havia um esboço desenvolvimentista agora há uma opção pelo aperto fiscal.

Seguidas elevações da taxa Selic em 2011 – apesar da redução observada em 2012 e logo revertida - se materializaram em crescimentos medíocres do PIB.

Nesse quesito, ela se iguala ao segundo mandato de FHC. Sua agenda guarda fortes semelhanças com a gestão do príncipe dos sociólogos: privatizações, leilão do pré-sal, perdão fiscal bilionário – R$ 680 bilhões – a bancos e monopólios privados, desonerações ao capital, acertos com a grande mídia, favorecimento ao agronegócio, paralisação da reforma agrária, uso do BNDES para favorecer a concentração de capital, câmbio sobrevalorizado e tendência à desindustrialização.

Três: mais é melhor e melhor é mais

O PSB de Eduardo Campos exibiu suas propostas em rede nacional na quinta-feira, 10/10. Que alternativa propõe? “Fazer mais e melhor”.

Que ligação há entre essas idéias e as da Rede, de Marina Silva? Campos esclareceu, em artigo na Folha de S. Paulo do domingo (13/10), que "O desenvolvimento sustentável é a releitura contemporânea mais próxima do socialismo democrático".

Pode ser que faça algum sentido, embora não pareça.

Marina mostrou o que pensa a respeito da economia em encontro com a nata do capital financeiro, em São Paulo, na semana passada. A matéria de Talita Moreira e Daniella Chiaretti, no Valor Econômico da segunda (14/10), diz o seguinte:

“Marina Silva (PSB) fez duras críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff e defendeu o retorno do tripé - geração de superávits primários nas contas públicas, câmbio flutuante e metas para inflação - que vigorou nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. (...) Para a ex-ministra, o câmbio deve voltar a flutuar livremente sem tantas intervenções do Banco Central. Além disso, é preciso promover uma sinalização firme para que a inflação volte ao centro da meta (4,5%) - na gestão atual, a inflação média anual está girando em torno de 6%”.

Quem diria. A dama da sustentabilidade adora o neoliberalismo punk!

Quatro: sem medo de ser feliz

Quanto a Aécio... Bem, Aécio traz o velho e bom programa tucano, eternizada na máxima dos anos 1990, “O mercado quer sangue”. Trata-se de uma variante black bloc da pauta privatizante petista, sem medo de ser feliz. Ou seja, sem receio de dizer que concessão é privatização e sem freios nos favores ao capital.

Embora existam diferenças de ritmos e ênfases, as idéias-força dos distintos candidatos apresentam mais convergências do que divergências, mas isso nunca é dito claramente.

A esse respeito, a economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES no governo FHC e conhecida como “musa das privatizações”, escreveu o que se segue, na Folha de São Paulo (2/10):

“Por que um governo decide privatizar suas empresas e vender ativos?  (...) Não há, como regra, uma opção ideológica. Por isso, não só Lula continuou o processo da gestão anterior, como Dilma o ampliou. Mas, para ficar bem com os eleitores, abusa equivocadamente da ideia de que concessão é diferente de privatização”.

Com a noção de que “não há uma opção ideológica”, busca-se ocultar do distinto público o fato de que existe uma grande convergência liberal-conservadora (doravante, a Grande COLICA), fruto de escolhas conscientes e não um dado da natureza.

Parece que o lema do ex-prefeito Gilberto Kassab, afirmando que o seu PSD não seria “nem de esquerda, nem de direita e nem de centro” pegou para valer.

Cinco: Ideologia? Meu marqueteiro cuida disso

A desideologização, a marquetização e a tecnicização da política nos conduz a um perigoso senso comum, para o qual disputa é mais ou menos embate de torcida.

A expressão cristalina disso foi dada por uma pesquisa do Datafolha, divulgada na segunda (14/10). Na matéria, publicada pela Folha de S. Paulo, é dito o seguinte:

“No Brasil, há uma quantidade bem maior de eleitores identificados com valores de direita do que de esquerda. O primeiro grupo reúne 49% da população, enquanto os esquerdistas são 30%. Isso, porém, produz pouco impacto nos índices de intenção de voto para presidente em 2014. (...) Conforme os dados do instituto, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT e favorita na disputa, tem praticamente o mesmo padrão de votação entre eleitores identificados com valores de direita, centro-direita, centro e centro-esquerda”.

A sondagem mostra que definições ideológicas pouco contam na hora do voto (embora exista um núcleo mais à esquerda com Dilma e outro no espectro oposto com Aécio).

À direita não interessa marcar nitidez ideológica de nada. Aliás, quando alguém se apresenta como esquerdista, seus representantes se apressam a acusar ali uma tentativa de “ideologizar” as coisas.

Seis: metamorfose perambulante

Lula e Dilma, no governo, nunca autodefiniram ideologicamente. Na prática, se valem de um slogan cunhado pelos marqueteiros do ex-governador paulista Mario Covas, que dizia estar “fazendo o que tem que ser feito”.

Se tem que ser, será, não cabe discutir.

As exceções debitam-se numa das citações preferidas de Lula: “Sou uma metamorfose ambulante”.

Essa indiferença é a base social para a Grande COLICA.

Sete: um pequeno interregno 

O segundo mandato de Lula esboçou trilha diversa, justiça seja feita. Ali se delineou o que poderia vir a ser um Estado desenvolvimentista, de forma muito tímida e contraditória. Havia ventos favoráveis.

Aproveitando-se de um ciclo ascendente do preço internacional das commodities, Lula tomou algumas iniciativas expansionistas.

As medidas principais foram a elevação do valor real do salário mínimo em 70% (!), a expansão do crédito e uma série de medidas sociais focadas. Várias categorias profissionais tiveram aumentos reais e o BNDES abriu o cofre para financiar projetos de variados calibres. Expandiu-se a rede de universidades públicas e a Petrobrás investiu como poucas vezes fizera. A política externa diversificou-se e buscou independência em relação aos parceiros tradicionais.

A situação dos pobres melhorou em termos reais, enquanto havia margem para a distribuição do excedente gerado pelas exportações. Não foi pouco, diante de um mundo em crise, a partir de 2008.

Ao mesmo tempo, Lula atravessou todo o seu mandato com altíssimas taxas de juros e com o real perigosamente valorizado. A Lei Geral de Desestatização, de 1991, renovada seis anos depois, segue em vigor, impávida. Aliás, nenhuma das medidas ultraliberais do mandato de FHC foi revogada.

A gestão dos serviços públicos privatizados segue tal e qual, com as agências reguladoras não fazendo jus ao nome.

Oito: A perigosa comapração com FHC

Dilma nem isso tentou. Seu governo se definiu logo de cara. Preocupada com o crescimento de 7,5% do PIB em 2010 e com possíveis gargalos na infraestrutura, a presidenta atendeu ao lobby do mercado financeiro.

Depois de passar a tesoura em R$ 55 bilhões das contas públicas e elevar cinco vezes – entre janeiro e setembro – a taxa Selic, ela viu o crescimento minguar para 2,7% em 2011, 0,9% em 2012 e algo em torno de 2% neste ano. São números que a aproximam perigosamente dos resultados do segundo – e pior – mandato de FHC: 0,3% em 1999, 4,4% em 2000, 1,4% em 2001 e 2,7% em 2002.

Aliás, quem mostra identidades entre as gestões tucanas e petistas não é nenhum esquerdista ensandecido. É Octávio de Barros, o competente economista-chefe do Brasesco. Em agosto último, em palestra na Universidade Federal do ABC, ele afirmou algo cristalino: “Os governos Fernando Henrique e Lula foram complementares”.

Nove: eu sou você amanhã

Além de Barros, muita gente importante não vê diferenças entre as gestões.

O PMDB – com Sarney, Renan Calheiros, Nelson Jobim e outros -, o PP – de Paulo Maluf -, a bancada ruralista – com a senadora Katia Abreu à frente – e tantos outros se aboletaram nos mandatos tucanos e petistas como se em casa estivessem.

O caso mais significativo é o do Ministro da Pequena e Média Empresa, Guilherme Afif Domigos. Sem fazer muita ginástica, ele consegue ser vice-governador da mais reluzente gestão tucana, a de São Paulo, e compor o primeiro escalão da governança petista.

Certamente estarão com Campos e Marina, caso estes cheguem ao Planalto um dia.

Assim, voltamos à pergunta: qual a diferença estrutural do projeto macroeconômico como ele é de PT, PSDB e PSB?

Atenção: a pergunta é sobre a gestão fiscal e monetária!

Dez: as diferentes diferenças

Há diferença entre as três postulações?

Sim, há. Mas tudo fica no acessório, em uma política focada aqui, outra ali e nada mais.

A candidatura de Dilma Rousseff, obviamente, tem vantagens sobre as outras.

A velha direita perdeu espaço porque o PT soube habilmente incorporar demandas da base social tradicional desses setores – capital financeiro, comercial e agronegócio – às suas práticas de governo. O partido não sabe ainda o que propor ao capital industrial, vitimado pela defasagem cambial. Mas busca compensar as perdas com desonerações e perdões fiscais.

A Grande COLICA precisa de alguns pressupostos para se manter como até aqui.

Um deles é buscar evitar grandes solavancos na economia. Até agora, nada parece indicar algo que não uma desaceleração paulatina até as eleições de 2014.

Se a toada se mantiver, a formidável máquina do Estado e a preferência aberta da grande burguesia darão toda vantagem a atual presidenta. Para o grande capital, mudar seria um risco desnecessário, diante da boa aplicação de suas diretrizes por parte da gestão petista.

Outro é fazer de tudo para que as ruas não saiam do controle, como em junho último. Embora manifestações assim tenham largo grau de imprevisibilidade, distúrbios sociais às vésperas do pleito de 2014 podem ser fatais para quem estiver à frente das pesquisas.

É preciso levar em conta que o PT apresenta uma vantagem inigualável: o enraizamento popular nos setores organizados. Ou seja, uma administração do partido dispõe de maior legitimidade que as demais para aplicar a Grande COLICA, sem grandes faíscas com os de baixo.

Onze: Show de marquetagem

A campanha de 2014 promete ser um show de marquetagem, à falta de diferenças marcantes entre grandes personagens da trama. Quem tiver os melhores efeitos especiais, a melhor trilha sonora e mais dinheiro, leva.

A convergência se consolida.

Mesmo assim, é possível destoar de um coro assim tão afinado.

Uma candidatura de esquerda pode não conseguir alcançar grandes índices de preferência num jogo em que o que conta é o financiamento privado.

Mas pode marcar um contraponto necessário, a depender da conjuntura do ano que vem.

LEMBRETE 1 – Para quem não acha que o PT consolidou seu giro rumo à Grande COLICA, é bom acompanhar o processo de eleições diretas (PED), interno à sigla. As correntes de esquerda – tudo indica – serão literalmente tratoradas pelo que se convencionou chamar de “campo majoritário” nas votações que ocorrerão dentro de um mês.

LEMBRETE 2 – Sobre o prêmio aludido no início desse texto, sentimos informar. Não será possível entregá-lo. Nenhum economista clássico jamais falou em superávit primário. Trata-se de uma pegadinha do mercado financeiro, criada nos anos 1990.

FONTE: Carta Maior

Os limites do humor

Maior doadora de leite materno do Brasil processa Danilo Gentili após piada

Michele com os filhos Gabriel, 3, e Mariana; ela é a maior doadora de leite humano do Brasil (Foto: Divulgação)

Conhecida por ser a maior doadora de leite humano do Brasil, a técnica de enfermagem Michele Rafaela Maximino, 31, entrou na semana passada com uma ação de ressarcimento por danos morais contra o humorista Danilo Gentili, do programa “Agora é Tarde”, da Rede Bandeirantes.

No programa do último dia 3, o comediante fez piadas em rede nacional utilizando uma foto dela sem autorização. Gentili chegou a comparar Michele com o ator pornô Kid Bengala. “Em termos de doação de leite, ela está quase alcançando o Kid Bengala.”

Ao ser exibida a foto de Michele no programa no momento em que ela fazia a ordenha para doar o leite,  o comentarista Marcelo Mansfield, colega de palco de Gentili, ainda afirmou que não era uma “espanhola, mas uma América Latina inteira”.

Michele, moradora da pequena cidade de Quipapá, na zona da mata de Pernambuco, diz que pretende parar de doar leite pois se sente humilhada. “As pessoas nas ruas têm me chamado de vaca, vaca do Gentili. Parabenizar pelo meu ato, ninguém faz, mas xingar é o que mais acontece nas ruas depois da piada na TV”, reclama.

Segundo Michele, que conseguia retirar até dois litros de leite por dia, a repercussão negativa  prejudicou até a sua produção de leite. Atualmente, ela conta que consegue retirar apenas 600 mls por dia. Ela já chegou a doar mais de 351,8 litros para unidades de saúde.

Michele é mãe de duas crianças – Gabriel, 3, e Mariana, 1 ano e quatro meses – e doa o seu leite desde que a caçula tinha apenas sete meses. Ela conta que Mariana ainda é alimentada por ela que diariamente estereliza os potes, faz a ordenha e congela o leite para fazer a doação. Ela e o marido ainda rodam 80 km para levar o leite até o Hospital e Maternidade Jesus Nazareno, em Caruaru. “É um ato de amor para salvar outras vidas”, comenta Michele. A filha dela também nasceu prematura e foi aí que ela descobriu a importância da doação de leite humano.

A diretora geral da maternidade Flora Raquel de Freitas Araújo confirma que a produção de leite de Michele chegou a ser responsável por 90% do estoque do banco de leite da maternidade, que foi criado em 2007. Ela ressalta que como a doadora está abalada psicologicamente o estoque reduziu no último mês. “Em setembro, ela doou 39 litros e agora em outubro conseguiu 17”, lamenta a diretora da unidade hospitalar.

Flora Raquel diz que o hospital está dando ajuda psicológica para Michele. “O programa de TV fez um desserviço em rede nacional ao relacionar a mama de uma mulher que amamenta ao ato sexual. Acho que eu e todas as mulheres que assistiram ficaram ofendidas”, diz a diretora do hospital, que é o maior da rede pública de Pernambuco em número de partos. Por mês acontecem, em média, 500 partos na unidade.

Conforme mostrou o Maternar no post no post ‘Mães de leite salvam vida de bebês prematuros nas UTIs, a doação de leite materno ajuda a salvar diariamente vida de bebês prematuros que não podem ser alimentados por suas mães.

O advogado de Michele, Cláudio Lino, diz que ação foi ingressada na 2ª Vara Cível do Fórum de Olinda no dia 22 de outubro. “O humor ultrapassou dos limites. Expor uma mãe de família com termos chulos, como relacionar a doação de leite com a masturbação fere a dignidade dela”, diz o advogado. “Ela mora em uma cidade pequena e tem sido motivo de piadas.”

A assessoria de imprensa da Rede Bandeirantes informou que a emissora não se posiciona sobre questões jurídicas. Já a assessoria do comediante não retornou as ligações feitas pelo Maternar.


Os "baderneiros" de ontem e de hoje: os resquícios da ditadura militar nas ações da polícia e as ameaças da lei de terrorismo para a luta popular

MÍDIA REPETE 1964 AO DENUNCIAR BADERNA



Ouça no link abaixo a entrevista do prof. Francisco Carlos Teixeira (UFRJ e IUPERJ) sobre a ação fascistizante da PM e a criminalização dos movimentos sociais no país. Em seguida veja as fotos dos "baderneiros" de 1968 lutando pela liberdade.


EM 1968: "BADERNEIROS" LUTARAM PELA LIBERDADE



Da página do Facebook "Autorizado Chico Teixeira":

Algumas fotos dos "baderneiros" e "vândalos" de 1968: naquela ocasião a mídia pediu rigor e a polícia e a repressão torturou e matou! 


A mídia esqueceu a história e esqueceu o que escreveu... Peçam desculpas já e parem de criminalizar os movimentos sociais!

Vândalos fogem das forças da ordem...

Pichação de um bem público....

As forças da ordem reprimindo vândalos...

Cenas de baderna na Rio Branco...

Invasão e pichação da Câmara Municipal por vândalos...


Sinais de trânsito depredados...


Cenas de Vandalismo...

Vândalos invadem o patrimônio público...

1968: "vândalos"! atacam a propriedade privada...