segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

30 fatos sobre a vida de Olga Benario Prestes por ocasião dos 110 anos do seu nascimento

Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro



1. Olga Benario Prestes nasceu em uma família abastada de Munique (Alemanha) a 12 de fevereiro de 1908.

2. Aos 16 anos de idade, Olga saiu de casa e, sob a influência do ambiente revolucionário então existente em seu país, participou ativamente das lutas da juventude trabalhadora no distrito “vermelho” de Neukölln em Berlim. 

3. Em outubro de 1926, Olga e Otto Braun, seu namorado e dirigente do Partido Comunista da Alemanha, foram presos. Ainda que Olga tenha ficado detida apenas dois meses, Otto permaneceu preso, acusado de “alta traição à pátria”.

4. Em abril 1928, Olga Benario, à frente de um grupo de jovens comunistas, tornou-se conhecida pela decidida participação na libertação de Otto Braun da  prisão de Moabit, considerada uma prisão de “segurança máxima”.

5. Depois da ação em Moabit, coroada de êxito, Olga e Otto tiveram suas cabeças postas a prêmio pelas autoridades policiais, sendo forçados a abandonar a pátria e fugir para Moscou.

6. Em Moscou, Olga tornou-se dirigente destacada da Internacional Comunista da Juventude, com intensa atuação política em diversos países europeus, como Inglaterra e França, em que chegou a ser detida por curtos períodos. 

7. Submeteu-se em Moscou à formação militar e procurou aprofundar seus conhecimentos de teoria marxista-leninista. 

8. Olga considerava-se uma comunista convicta, disposta a fazer qualquer sacrifício na luta pela revolução mundial. 

9. No final de 1934, já terminado seu relacionamento afetivo com Otto Braun, Olga foi convidada por Dimitri Manuilsky, dirigente da Internacional Comunista (IC), a cuidar da segurança de Luiz Carlos Prestes em seu regresso ao Brasil para participar da luta antifascista então em curso. 

10. Apresentados por Manuilsky às vésperas da viagem, Prestes e Olga partiram clandestinamente de Moscou no dia 29 de dezembro de 1934, disfarçados de casal endinheirado em viagem de lua de mel.

11. Durante a longa e acidentada viagem rumo ao Brasil, Prestes e Olga se apaixonaram, tornando-se efetivamente marido e mulher.

12. No Brasil, a função de Olga era zelar pela segurança de Prestes, aclamado presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), e viabilizar  seus contatos com antigos companheiros da Coluna, com o secretário-geral do PCB e com os membros do Bureau Sul-americano da Internacional Comunista, de maneira a evitar sua localização pelos agentes policiais. 

13. Embora Olga comparecesse junto com Prestes a reuniões políticas, não interferia fosse nas discussões fosse nas decisões tomadas, pois essa atribuição não lhe cabia. 

14. Com a derrota dos levantes antifascistas de novembro de 1935, Olga e Prestes foram presos e separados para nunca mais se verem.

15. No momento da prisão, ocorrida em 5 de março de 1936, Olga salvou a vida de Prestes, interpondo-se entre ele e os policiais, impedindo o assassinato do líder revolucionário, uma vez que havia ordem aos agentes policiais para a liquidação física de Luiz Carlos Prestes.

16. A convivência entre Olga e Prestes, desde o primeiro encontro em Moscou até a prisão no Rio de Janeiro, durou exatos um ano, três meses e vinte e dois dias.

17. Poucos dias depois após sua prisão, já na cela da Casa de Detenção da então capital da República, Olga descobriu que estava grávida.

18. Embora as leis então em vigor no Brasil garantisse a sua permanência no país por dar à luz a um filho brasileiro, Olga Benario Prestes foi extraditada para a Alemanha nazista, no sétimo mês de gravidez.

19. O advogado Heitor Lima impetrou habeas-corpus em favor de Olga, recusado pelos juízes do Supremo Tribunal Federal.

20. Junto com Elise Ewert, outra comunista e internacionalista alemã que participara da luta antifascista no Brasil e fora barbaramente torturada durante sua estada no cárcere, Olga foi embarcada à força, na calada da noite, no navio cargueiro alemão “La Coruña”, viajando ilegalmente, sem culpa formada, sem julgamento nem defesa. 

21. O capitão do navio cargueiro alemão “La Coruña” recebera ordens expressas das autoridades policiais para não parar em nenhum outro porto europeu, pois havia precedentes dos estivadores e portuários da Espanha e da França resgatarem prisioneiros políticos de embarcações que aportaram nessas cidades. 

22. Após quase um mês de viagem, em condições extremamente penosas e em total isolamento até mesmo dos demais passageiros do navio, no dia 18 de outubro, Olga e Elise foram desembarcadas em Hamburgo, com intensa vigilância policial, sendo imediatamente conduzidas sob escolta para a prisão feminina da rua Barminstrasse em Berlim.

23. Na prisão, incomunicável, sem poder corresponder-se com a família, Olga sempre se recusou a prestar qualquer declaração que pudesse incriminar os companheiros tanto na Alemanha quanto no Brasil. 

24. O regime de extremado rigor a que estava submetida era justificado pela Gestapo não tanto por Olga ser judia, mas principalmente por ser considerada uma “comunista perigosa”, mulher do líder comunista Luiz Carlos Prestes, e que, por isso, jamais deveria ser posta em liberdade.

25. A 27/11/1936, na enfermaria da prisão de Barminstrasse deu-se o nascimento da filha de Olga e Prestes, Anita Leocadia.

26. Olga escolheu o nome da filha em homenagem a duas mulheres fortes – Anita Garibaldi e Leocadia Prestes, sua sogra, a quem chamava de mãe. 

27. Numa cela da prisão de Barminstrasse, submetida a regime de rigoroso isolamento, Olga conseguiu criar a filha até a idade de 14 meses, graças à ajuda, em alimentos, roupas e dinheiro, que recebeu da mãe e da irmã caçula de Prestes, Lygia. 

28. Sob a direção de Leocadia Prestes, uma campanha de solidariedade internacional, que mobilizou personalidades e organizações humanitárias de vários países, conseguiu pressionar as autoridades nazistas para que a criança Anita Leocadia fosse entregue à avó paterna – uma mulher valente e decidida, a quem o grande poeta chileno Pablo Neruda dedicou o poema Dura Elegia, que se inicia com o verso : “Señora, hiciste grande, más grande, a nuestra América...”

29. Logo após a retirada de sua filha, Olga foi transferida, em fevereiro de 1938, para o campo de concentração de Lichtenburg, na localidade de Prettin, e em maio de 1939, com a inauguração do campo de concentração de Ravensbrück, destinado exclusivamente a mulheres, Olga foi transportada com uma leva de outras prisioneiras para esse novo local, situado 80 quilômetros ao norte de Berlim.

30.  Após ser submetida a todo tipo de privações, assim como à prática de trabalho escravo exaustivo, em condições extremamente penosas, e mantendo-se firme, corajosa e solidária com suas companheiras, Olga Benario Prestes foi assassinada, em abril de 1942, na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg.

"Olga foi uma vítima do fascismo entre milhares de outras e que seu martírio deve servir de exemplo para que não permitamos que tais horrores se repitam." (Anita Leocadia Prestes em Homenagem a Olga Benário Prestes, minha mãe).

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