O cineasta brasileiro Claudio Kahns recebeu de um acervo francês fragmentos da campanha internacional pela libertação de Luís Carlos Prestes, preso por Getúlio Vargas após o fracasso da revolta comunista de 1935 no Brasil.
Por Cláudio Kahns (*)
Há alguns anos, pesquisando materiais sobre o ator José Lewgoy para um documentário, acabei localizando as representantes de um acervo de filmes em Paris, onde constava “SOS Noronha”, um thriller rodado em 1957 na Córsega, cujo enredo se passava supostamente em Fernando de Noronha, onde Lewgoy atuou ao lado do grande ator Jean Marais.
Uma destas senhoras me contatou recentemente para ver se eu poderia ajudá-las na restauração de um outro filme, Santo Módico, rodado em Salvador em 1961, numa onda de filmes musicais feitos pós Orfeu Negro, que teve enorme sucesso internacional e, dentre outros prêmios, ganhou a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Santo Módico, dentre outras curiosidades, tem uma trilha especialmente composta por Antonio Carlos Jobim, Baden Powell, Vinicius de Morais e Carlos Bonfá! O filme nunca foi lançado, afora algumas poucas exibições, pois o produtor ficou sem grana no final, coisa nada incomum no mundo do cinema.
Mas toda esta história para dizer que a mesma senhora me enviou há alguns dias alguns documentos que fazem parte de seu acervo e que acredito, tem algum interesse histórico; trata-se da campanha internacional feita em 1936/37 em favor de Luís Carlos Prestes, um dos 16 mil prisioneiros da ditadura Getúlio Vargas.
Dentre outros, existe um folheto onde a mãe de Prestes apela por sua liberdade, até cartas do Comitê Francês “Carlos Prestes”, integrado por grandes personalidades como o escritor e futuro Ministro André Malraux e o professor Lucien Febvre, endereçadas ao Ministro de Relações Exteriores, Yvon Delbos, pedindo sua interferência junto a Embaixada Brasileira em Paris, pela libertação do Cavaleiro da Esperança.
Pode ser material de interesse para historiadores e pesquisadores, pois a perseguição política infelizmente não é algo novo em nossa história e tende a se repetir, como sabemos.
(*) Claudio Kahns é cineasta e jornalista.
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