Aline Durães
A ofensiva do governo do Estado do Rio de Janeiro contra a criminalidade e o tráfico de drogas, ocorrida nas últimas duas semanas e simbolizada, principalmente, pela ação policial que culminou com a ocupação do Complexo do Alemão, continua rendendo debates e reflexões. Uma delas aconteceu na última quinta-feira (2), na Associação Scholem Aleichem Cultura e Recreação (ASA), em Botafogo, e contou com a participação de Chico Alencar, professor licenciado do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ e deputado federal pelo estado (PSOL).
Em exposição curta e direta, o professor de História comentou a cobertura dos conflitos pela imprensa e enumerou alguns pontos indispensáveis para a solução dos problemas de segurança pública enfrentados pelos fluminenses.
Chico criticou o uso da palavra “guerra” recorrente em jornais, revistas e programas de TV durante a cobertura do episódio da invasão da favela carioca. “Guerra exige confronto, projeto de nação, choque de ideologias. O que houve ali não foi nada disso”, observou o parlamentar.
Vocábulos como esse, na opinião de Chico Alencar, ajudaram a criar no espectador a impressão de que há uma polarização concreta que divide policiais e bandidos. “Essa polarização deixou de existir. Esse discurso triunfalista e ufanista da primeira página de jornais e revistas já aconteceu antes. Em 2007, por exemplo, a revista Veja trouxe na capa o Capitão Trovão, que invadiu o Alemão e capturou 19 traficantes. Todos disseram, na época, ‘agora a bandidagem vai perder’, mas nada aconteceu”, lembrou.
O professor defendeu que o público precisa ver além do que os veículos de Comunicação tentam propagar. “Dizer que o Rio de Janeiro deu um novo passo depois da ocupação do Alemão, quando grupos como as milícias estão prosperando, é algo temerário. Para além da espetacularização midiática, o que pode estar acontecendo é um reconfiguração do crime no estado”, afirmou, sugerindo a possibilidade de existirem articulações futuras entre grupos de milicianos e traficantes.
A imprensa internacional também foi alvo de críticas por parte de Chico Alencar. Ele destacou que alguns jornais estrangeiros elogiaram as incursões policiais em morros cariocas por associá-las aos preparativos da cidade para recepcionar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. “Temos que combater a violência não pensando nos megaeventos esportivos, mas no nosso cotidiano, que deve ser de paz.”
Durante a palestra, o professor licenciado da UFRJ elogiou, entretanto, o caráter denunciativo da imprensa, no que diz respeito às acusações de abusos perpetrados por policiais aos moradores das comunidades ocupadas nas últimas semanas. “Com o pobre, é pé na porta. Para a classe média, não existe policiais arrombando casas e revirando móveis. Aí, existe, sim, um viés de classe. Uma nova concepção de segurança pública envolve, então, uma mudança de concepção da sociedade. Enquanto não houver reformas radicais na polícia e na política, estaremos apenas enxugando gelo”, finalizou.
Em exposição curta e direta, o professor de História comentou a cobertura dos conflitos pela imprensa e enumerou alguns pontos indispensáveis para a solução dos problemas de segurança pública enfrentados pelos fluminenses.
Chico criticou o uso da palavra “guerra” recorrente em jornais, revistas e programas de TV durante a cobertura do episódio da invasão da favela carioca. “Guerra exige confronto, projeto de nação, choque de ideologias. O que houve ali não foi nada disso”, observou o parlamentar.
Vocábulos como esse, na opinião de Chico Alencar, ajudaram a criar no espectador a impressão de que há uma polarização concreta que divide policiais e bandidos. “Essa polarização deixou de existir. Esse discurso triunfalista e ufanista da primeira página de jornais e revistas já aconteceu antes. Em 2007, por exemplo, a revista Veja trouxe na capa o Capitão Trovão, que invadiu o Alemão e capturou 19 traficantes. Todos disseram, na época, ‘agora a bandidagem vai perder’, mas nada aconteceu”, lembrou.
O professor defendeu que o público precisa ver além do que os veículos de Comunicação tentam propagar. “Dizer que o Rio de Janeiro deu um novo passo depois da ocupação do Alemão, quando grupos como as milícias estão prosperando, é algo temerário. Para além da espetacularização midiática, o que pode estar acontecendo é um reconfiguração do crime no estado”, afirmou, sugerindo a possibilidade de existirem articulações futuras entre grupos de milicianos e traficantes.
A imprensa internacional também foi alvo de críticas por parte de Chico Alencar. Ele destacou que alguns jornais estrangeiros elogiaram as incursões policiais em morros cariocas por associá-las aos preparativos da cidade para recepcionar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. “Temos que combater a violência não pensando nos megaeventos esportivos, mas no nosso cotidiano, que deve ser de paz.”
Durante a palestra, o professor licenciado da UFRJ elogiou, entretanto, o caráter denunciativo da imprensa, no que diz respeito às acusações de abusos perpetrados por policiais aos moradores das comunidades ocupadas nas últimas semanas. “Com o pobre, é pé na porta. Para a classe média, não existe policiais arrombando casas e revirando móveis. Aí, existe, sim, um viés de classe. Uma nova concepção de segurança pública envolve, então, uma mudança de concepção da sociedade. Enquanto não houver reformas radicais na polícia e na política, estaremos apenas enxugando gelo”, finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário