terça-feira, 4 de maio de 2010

Sobre a questão judaica - Karl Marx

Em um de seus mais notáveis livros, Sobre a questão judaica, Karl Marx realiza reflexões sobre as condições dos judeus alemães em meados do século XIX e estabelece propostas para a solução de suas questões concretas. Mais do que a análise de uma conjuntura específica, esta obra traduz a passagem definitiva de Marx para o materialismo histórico e o comunismo, se tornando assim uma leitura fundamental para a apropriação de seu legado.

Neste ensaio, Marx critica a teorização sobre a tentativa de emancipação política por parte dos judeus na Prússia realizada em dois estudos de autoria de outro jovem hegeliano, Bruno Bauer – cuja produção serve de base para Marx realizar sua própria análise dos direitos liberais. Publicado em Paris no ano de 1844, no único número dos Anais Franco-Alemães, o texto reflete sobre a incapacidade de Hegel para resolver a questão da relação da sociedade civil burguesa com o Estado.

A obra marca, assim, um momento crucial da mudança intelectual e política de Marx que desembocaria na sua teorização sobre a luta de classes e a revolução permanente. O livro reúne ainda cartas trocadas por Marx e Arnold Ruge, publicadas nos Anais, além de um prefácio e um ensaio do filósofo francês Daniel Bensaid, recentemente falecido, que atualizam a discussão a respeito da “questão judaica” e suas reflexões, discutindo com profundidade questões teóricas apontadas por Marx e também elucidando polêmicas, rejeitando por exemplo os vestígios de “anti-semitismo” ou “totalitarismo” encontrados por alguns nesta obra.

Trecho da obra

Temos de emancipar a nós mesmos antes de poder emancipar outros. A forma mais cristalizada do antagonismo entre o judeu e o cristão é o antagonismo religioso. Como se resolve um antagonismo? Tornando‑o impossível. Como se faz para tornar impossível um antagonismo religioso? Superando a religião. Assim que judeu e cristão passarem a reconhecer suas respectivas religiões tão somente como estágios distintos do desenvolvimento do espírito humano, como diferentes peles de cobra descartadas pela história, e reconhecerem o homem como a cobra que nelas trocou de pele, eles não se encontrarão mais em uma relação religiosa, mas apenas em uma relação crítica, científica, em uma relação humana. A ciência constitui então sua unidade. Todavia, na ciência, os antagonismos se resolvem por meio da própria ciência.

Sobre o autor

Karl Marx, filósofo alemão, é pai do socialismo científico, também conhecido como marxismo. Seus trabalhos influenciaram diversas áreas do saber humano, como a sociologia, a economia, a filosofia e a história.

Sobre a Coleção Marx e Engels

Ao editar a Coleção Marx e Engels, a Boitempo desenvolve um trabalho de recuperação da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, com novas traduções feitas diretamente do alemão e um aparato editorial que faz de seus livros uma referência para todos os interessados na obra marxiana.

Sobre autor do posfácio

Falecido em janeiro de 2010, Daniel Bensaïd era professor na Universidade de Paris VIII, e tem seu nome marcado na história como um dos principais líderes do movimento contestador de Maio de 1968. Foi um dos fundadores da Liga Comunista Revolucionária, partido francês que posteriormente compôs o Novo Partido Anticapitalista, do qual Bensaïd também participou da fundação. Escreveu diversos trabalhos políticos e filosóficos, pautando-se pela defesa de um marxismo aberto e renovado.

Ficha técnica

Título: Sobre a questão judaica
Autor: Karl Marx
Apresentação e posfácio: Daniel Bensaïd
Tradução do alemão: Nélio Schneider
Tradução do francês: Wanda Brant
Páginas: 144
Coleção Marx e Engels – Boitempo Editorial

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EDITORA EXPRESSÃO POPULAR

CATEGORIA: CLÁSSICOS

TITULO DO LIVRO: Para a questão judaica

ISBN: 978-85-7743-106-9

AUTOR: Karl Marx

Número de Páginas: 88

Redigido no semestre de 1843 (quando o seu autor tinha 25 anos) e publicado em 1844, Para a questão judaica é um dos escritos mais importantes de jovem Marx. O texto de Marx é uma resenha crítica das idéias que Bruno Bauer divulgara pouco antes, analisando a situação dos judeus na Alemanha da época – privados, então, de direitos civis e políticos. Polemizando com o filósofo, o jovem Marx aponta os limites e os equívocos da proposta de Bauer e esclarece por que ele chegou a soluções teórico-políticas contraditórias e insuficientes.

O autor de Para a questão judaica não escreve a partir de uma posição revolucionário –proletária – em 1843, Marx todavia não alcançara essa perspectiva analítica. De fato, quando redige Para a questão judaica, ele é um democrata radical que faz a crítica do liberalismo.

Mas, já então, a crítica de Marx avança numa direção metodologicamente correta, o que lhe permite equacionar problemáticas ainda fundamentais para o nosso século 21 – como, por exemplo, as relações entre a emancipação política e a emancipação humana. E a argumentação do jovem Marx revela-se extremamente atual inclusive diante dos impasses com que hoje se defronta a vigência real do direito burguês à propriedade.

Por estas razões, entre outras, a leitura de Para a questão judaica interessa não só a especialistas, acadêmicos e estudantes das ciências sociais. Interessa a todos os que, diante da crescente barbarização da vida na sociedade capitalista, compreendem que a luta emancipatória também exige qualificação teórica.

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